Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Mais uma vez sinto o meu pescoço queimando por dormir torta nesse sofá. Eu tenho que parar com essa mania de ficar dormindo em qualquer canto da casa. Apesar de que depois que a minha mãe me deixou aqui sozinha, eu não demorei muito pra me entregar a esse sono. Tudo isso é sono atrasado, isso sim. Ainda mais esse sono depois do almoço, no meio da tarde. Respiro fundo e solto o ar firme pelo nariz conforme me levanto e me espreguiço. Alongo brevemente meu pescoço, esfregando uma das minhas mãos na região que queima enquanto saio da sala. Escuto barulho vindo da cozinha e caminho então até lá. Paro na entrada da cozinha acompanhando os movimentos da minha mãe por ela. A reprovo com o olhar mesmo de costas pra mim por perceber que está aprontando.

Angélica: O que você ta fazendo, dona Maria? – Coloco as minhas mãos na minha cintura com um sorriso de canto em meus lábios. Ela leva um breve susto, mas ri baixo.

Maria: Resolvi fazer alguma coisa pra comermos, meu amor. Só que não achei muita coisa nessa sua cozinha... – Ela dizia terminando de lavar algumas folhas de salada na pia, ainda de costas. Logo, continua: Por isso vai ser a minha especialidade: salada. – Aos poucos fecha a torneira na frente dela, podendo enfim, virar de frente pra mim.

Angélica: Você já foi melhor, mãe... – Rio ao escutar seu riso e então entro na cozinha, me direcionando até o balcão central. Digo pelo percurso: E não precisa se preocupar com isso. Eu nem to com fome! Na verdade, dormir daquele jeito toda torta no sofá me deixou indisposta.

Maria: Falando nisso, nunca te vi dormir assim de tarde. Ta tudo bem? – Ela decide se aproximar do balcão da mesma forma, mas do lado oposto do meu.

Angélica: Ta tudo ótimo, mãe.  Esses dias foram bem tensos, tava com sono acumulado. – Ela mantém seu olhar nos meus. Logo esse olhar é desviado pra alguma coisa atrás do meu corpo. Entendo o porquê.

Jaime: Boa noite, Angelicas da minha vida! – Ele diz em um tom alegre conforme entra pela cozinha. Se aproxima também do balcão e para ao lado da ponta dele, ficando então entre o meu corpo e o da minha mãe. Diz com um sorriso nos lábios ao olhar para mim e em seguida para minha mãe: Vim saber o que as madames querem pra jantar.

Maria: Nada, meu querido! Fiz uma salada que tenho certeza nunca ter comido uma igual. – Ela ri conforme volta novamente em direção a pia. Sou desconcentrada dos seus movimentos quando escuto ao fundo o meu celular tocando. Acredito que está na sala.

Aproveito que agora minha mãe tem uma ótima companhia e saio da cozinha sem dizer nada pra ir atender o celular. Sinto os olhos do Jaime acompanhando meus movimentos. Ao chegar no hall de entrada, demoro um pouco pra perceber da onde vinha o som e ao encontra-lo em cima da mesinha de centro da sala de visitas, deslizo rapidamente o dedo pela tela antes que caísse a ligação pela demora até conseguir achá-lo.

Angélica: Bueno? – O atendo na duvida por não saber quem era.

Manny: Oi, Angie! Sou eu... – Ele deixa a frase subentendida. Muitas vezes tenho medo de quando as pessoas fazem isso. É muito chato quando não sei quem é do outro lado, mas, esse não é o caso.

Angélica: Oi, Manny! Ta tudo bem? – Demonstro um tom de preocupada na minha voz. É estranho ele me ligar agora sendo que nos vimos mais cedo.

Manny: Na verdade, ta tudo ótimo. Melhor do que eu imaginava! – Percebo seu sorriso do outro lado da linha. Isso me faz sorrir também.

Angélica: Uau. Fico feliz. – Realmente gosto de vê-lo feliz assim, mas ainda não entendi o porquê da ligação.

Manny: E isso eu devo a você, Angélica. Fiquei assim depois de te ver hoje cedo! – Abaixo um pouco o meu rosto, sorrindo envergonhada com isso. Mesmo ninguém me vendo, eu ainda sinto vergonha quando falam assim.

Angélica: Para de bobeira. Ta assim todo feliz porque fechou um ótimo negócio hoje. – Rio baixo e escuto sua risada do outro lado da linha.

Manny: Para você de bobeira. Pelo jeito continua sem acreditar quando te elogiam, não é? – Sorrio levantando meu rosto novamente.

Angélica: Talvez um pouco. – Ele ri gostoso do outro lado da linha. Continuo com o mesmo sorriso.

Manny: Um dia tem que se acostumar com a ideia de que causa esses efeitos nas pessoas, Angélica. – Ele diz um pouco mais sério agora.

Angélica: Vou me esforçar mais, prometo, Manny. – Digo no mesmo tom. Fica um silêncio por alguns instantes que ele logo corta.  

Manny: Bom, aproveitar que te liguei pra perguntar se tiveram alguma duvida sobre hoje? – Essa pergunta me faz lembrar do contrato que assinamos e pensar na sua pergunta.

Angélica: Não! Pra mim ficou tudo claro. O Jaime também não comentou nada, então acredito que pra ele também está tudo certo. – Digo, mas em seguida continuo ao lembrar: Aliás, obrigada por nos mostrar tudo assim, em cima da hora.

Manny: Depois que vi que era pra você, toda a correria valeu a pena. – Nossa, mas ele está inspirado hoje.

Angélica: Obrigada. – Sorrio sem jeito.  

Manny: Bom, liguei mesmo pra saber se tinham alguma dúvida sobre o contrato. Ainda te ligo pra combinarmos algo, hein. Até, Angie. – Assim nos despedimos. Trago o celular na frente do meu rosto pra deslizar o dedo por ele e finalizar assim a ligação.

Eu ainda não entendi muito bem a finalidade dessa ligação. Foi mais pra me deixar sem jeito o do que pra perguntar alguma coisa relevante sobre o contrato. Ele sabe que se alguma coisa causasse alguma dúvida eu ligaria pra ele. Enfim. Dou de ombros quando abaixo meu corpo pra deixar o celular em cima da mesinha de centro novamente. Viro meu corpo e trago uma das minhas mãos na altura do meu coração, contra o meu peito, quando assusto com o corpo do Jaime parado na entrada da sala. Esta com seus braços cruzados e me olhando firme. Mais uma vez vejo sua mandíbula contrair hoje. Acho que isso não é um bom sinal.

Angélica: Que susto! Não te ouvi chegar. – Abaixo minha mão conforme meu coração volta a bater normalmente.

Jaime: Era impossível escutar mesmo qualquer coisa que não fosse suas risadinhas. – Ele diz em um tom de deboche. Sorri sem mostrar os dentes.

Angélica: Vai mesmo começar com isso de novo? – Decido me aproximar do corpo dele sem deixar de olhá-lo nos olhos.

Jaime: Você que começou de novo com essa moral todo pra cima dele. – Reviro os olhos quando finalmente paro na frente do seu corpo. Volto a olhá-lo.

Angélica: Eu não dei moral. Para, vai... – E eu de novo apelando pro tom de suplico pra tentar domar esse ciúme que se não fosse pelo momento tenso, estaria achando lindo.

Jaime: Certo. Ele ligou pra quê? – Ele mantém firmes seus braços cruzados contra o seu peitoral e o seu olhar no meu. Sua cabeça abaixa conforme aproximo mais do seu corpo.

Angélica: Na verdade, não sei ao certo. Eu também não entendi! Mas acredito que a finalidade era saber se tínhamos alguma dúvida. – Levo minhas mãos na altura dos seus braços cruzados e as deixo apoiadas ali. Começo a fazer breve carinho com os polegares.

Jaime: Na próxima vez eu vou esclarecer a dúvida que eu acho que ele ainda tem em relação a você. – Isso me deixa um pouco confusa. Demonstro na minha pergunta.

Angélica: Como assim? – Meus olhos ficam fixos nos dele.

Jaime: Não quero esse cara te ligando, Angélica. Ele ta em cima, alguma coisa ele quer. E se você não quer me assumir pra ele, eu o faço por você. – Solto minhas mãos dos braços do Jaime. Dou um breve passo pra trás.

Angélica: Para de exagerar as coisas. Ele só ta sendo educado! E eu não vou parar de falar com ninguém porque você não gosta. – Agora eu que cruzo os braços firmes contra meus seios.

Jaime: Ah, ótimo. Continue falando com ele então. Não ta mais aqui quem falou... Na verdade, eu vim te chamar pra jantar e só! – Ele solta seus braços conforme diz e gesticula com as mãos.

Angélica: Eu to sem fome. Vou pro meu quarto... – Sorrio sem mostrar os dentes e caminho determinada pra sair da sala. Escuto sua bufada quando instantaneamente ele segura meu braço com uma das mãos, me impedindo de sair dali.

Jaime: Você não pode ficar sem comer nada. – Tenho que virar meu corpo de frente pro dele pela forma que me segura.

Angélica: Eu perdi a fome. Não quero comer. Agora vai me obrigar a isso também? Além de não poder falar com quem eu quero? – Digo em um tom irônico. Ele respira fundo, soltando meu braço aos poucos.

Jaime: Só um pouco. Para de ser teimosa! Lembra bem do jeito que ficou quando ficou sem comer por muito tempo. – Odeio quando ele tem razão nessas situações. Agora eu que dou uma bufada.

Viro meu corpo e caminho pra fora da sala indo em direção à cozinha. Chego à mesma e minha mãe já esta sentada na mesa se servindo. Entro e não digo nada. Apenas me dirijo ao lado dela e me sento na cadeira. Seguido de mim, o Jaime entra na cozinha da mesma forma, mas senta do lado oposto de mim e da minha mãe. Me sirvo com algumas folhas da salada e com o suco. Como o que tinha no meu prato sem dizer nada e muito menos olhar pra alguém. Nem pra minha mãe. Ela saberia que estou bem brava agora se olhasse se quer uns instantes pra ela. Como sempre, ela respeita meu silencio e não pergunta nada. Ou seja, comemos todos em silencio até ela começar a perguntar algumas coisas para o Jaime. Perguntas específicas do seu novo trabalho como ator. Ela fica fascinada pelas coisas que o Jaime lhe conta, da mesma forma que qualquer pessoa ficaria.

Aproveito mais uma vez que minha mãe tem com quem conversar e levanto da mesa. Levo meu prato junto com meus talheres pra pia. Lavo ambos e deixo escorrendo ao lado. Em seguida saio da cozinha deixando eles nos assuntos sobre a série. Pela forma que minha mãe conversa com ele, esta realmente interessada no assunto. Subo as escadas e caminho pro meu quarto. Nunca vou esquecer de agradecer pelo meu coração saudável. Mas que 0porra0 de cama é essa? Aproximo da cama nova que está no lugar da outra e acabo rindo baixo, balançando a cabeça. Como ele consegue fazer essas coisas sem que eu saiba? E o pior que está tudo intocável, como se nada tivesse acontecido dentro do quarto. Essa é um pouco maior que a outra. O Jaime sempre com seu dom de grandiosidade. É bonita, grande, espaçosa, mas não deixa de ser apenas uma cama. Respiro fundo e decido caminhar pro meu banheiro onde escovo meus dentes. Termino minha higiene ali e saio do banheiro ao mesmo tempo em que vejo o corpo do Jaime entrando pelo quarto.