Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Fico com o olhar perdido no olhar da minha mãe. Eu realmente não sei o que responder pra ela. Não pensei sobre isso. E não vou conseguir pensar agora, nessa pressão toda. Somos interrompidas dos nossos pensamentos com a campainha ecoando pela casa. Desvio meu olhar pro corpo da Paula que prontamente atravessa o quarto pra atender a porta. Minha mãe não diz mais nada enquanto se aproxima do meu corpo na cama e senta no espaço que sobra. Começa a passar aquele algodão molhado pelos arranhões da minha perna que ardem por isso. Mas não chega perto do incomodo que sinto no restante do meu corpo. Acompanho seus movimentos com o olhar, mas sou distraída ao escutar uma voz vinda da porta.

Otto: Você tem que parar com essa mania de sempre me assustar! – Viro meu rosto pra olha-lo com o corpo parado e suas mãos na altura da sua cintura.

Angélica: Eu to tentando. Juro! – Abro um sorriso conforme ele se aproxima da cama, cruzando o quarto pra cumprimentar a minha mãe primeiro.

Otto: Obrigado por me manter informado esses dias. – Ele diz sorrindo pra ela enquanto ela muda seu foco da minha perna pro cumprimento do Otto que faz ao abaixar seu rosto em direção ao corpo da minha mãe.

Maria: Eu que agradeço pela preocupação e pelo carinho de sempre que transmite pra nós. – Ela diz conforme Otto volta com o seu corpo ao normal, voltando a sua direção pra mim.

Otto: Como se fosse possível não me preocupar. – Ele da alguns passos em minha direção, abaixando um pouco o seu rosto pra manter o seu olhar no meu conforme continua: Se eu te falar que cheguei até aqui no automático, você acreditaria?

Angélica: Pior que eu acredito. – Sorrio agora sem mostrar os dentes, inclinando um pouco o meu rosto pra cima.

Maria: Bom, vou deixar vocês a sós. Volto mais tarde, meu amor. –Minha mãe diz se levantando da cama e já atravessando o quarto, sem olhar pra ninguém. Caminha determinada pra fora dele.

Otto: Eu precisava ver com meus próprios olhos que estava realmente bem e em casa. – Ele decide se agachar ao lado da cama e assim fica com o seu rosto na direção do meu: Você está bem? Realmente? Seja sincera, Angie. – Ele sorri.

Angélica: Eu to melhorando, Otto. Posso te dizer com toda sinceridade que estou melhor do que há dois dias. – Ele fica observando alguma expressão em meu rosto que diga ao contrário, mas aos poucos se tranquiliza.

Otto: Quero deixar claro que pode contar comigo pra o que precisar. Conheço muitos médicos que podem te dar o suporte que necessite. – Ele diz levando uma das suas mãos de encontro com a minha, a segurando conforme faz carinho com o polegar sobre ela.

Angélica: Eu sei. Muito obrigada por isso! – Deito um pouco a minha cabeça pro lado, sorrindo terna pra ele.

Otto: Afinal, o que aconteceu? Quando eu liguei pra sua mãe, na sexta de madrugada, ela tava indo pra Santa Mônica. Ela também não sabia o que tava acontecendo. E depois nos falamos exclusivamente sobre você e como estava. Não toquei mais no assunto do porquê de ter acontecido o que aconteceu. –Acho que sempre ao lembrar daquela noite vou fechar instantaneamente o meu rosto.

Angélica: Fiquei sabendo que saiu alguns vídeos... – Deixo a frase subentendida na tentativa de não ter que contar. Principalmente porque não quero lembrar.

Otto: Você sabe muito bem que não ligo pra essas fofocas de vídeos, revistas, internet, mídia em geral. – Ele continua com o seu carinho em minha mão com o polegar conforme diz fazendo certas caretas. Sorri.

Certo. Lá vai eu contar toda a história de novo. To pensando seriamente em já deixar gravada em algum lugar pra não ter que ficar lembrando toda hora os detalhes daquela noite que quero realmente esquecer. Mas, vejo que vai ser praticamente impossível esquecer. Conto a historia toda pro Otto. Ele faz suas caretas características conforme a historia prossegue. Fica um pouco chocado com as consequências físicas que adquiri por causa do acidente e um pouco perplexo com a perda do “bebê”.  Confesso que fiquei muito receosa em lhe contar sobre esse detalhe. Eu lembro muito bem que umas semanas antes de encontrar com o Jaime na homenagem no México, estávamos tentando aumentar a família e eu queria engravidar. Pelo menos na época eu acreditava que queria isso com o Otto. Enfim. Ele não demonstra nenhuma tristeza em suas expressões ao saber e isso me da liberdade pra continuar contando a historia até chegar onde estamos. Ao terminar, ele fica com o olhar perdido no meu por alguns instantes antes de dizer.

Otto: Uau... Eu sabia que você era forte, mas está provando que é muito mais que forte. – Eu mantenho meu olhar no dele. Respiro fundo.

Angélica: Não se engane com as aparências, Otto. – Abaixo meu rosto quando percebo meus olhos marearem. Eles fazem isso cada vez com mais facilidade.

Otto: Ei... – Otto levanta seu corpo que estava agachado ao lado da cama e inclina pra sentar ao meu lado, no que sobra do colchão na altura da minha cintura. Não solta minha mão e com a outra, segura meu queixo com a ponta dos dedos, dizendo: Não fica assim, Angie. O pior já passou!

Angélica: Eu fui do céu ao inferno em questão de segundos, Otto... – Eu já chorava quando inclino meu rosto pra cima ao sentir seus dedos puxando meu rosto em sua direção.

Otto: Eu sei, mas já passou. Você ta em casa agora. Ta segura aqui. – Ele mantém fixo seu olhar em meus olhos que o enxergam um pouco embaçados pelas lágrimas.

Angélica: Eu to mais pra morta do que segura... – Digo com a voz falha, mas ele logo me corta.

Otto: Nem brinca com uma coisa dessa, Angélica. Por favor... – Ele faz uma expressão de suplico em seu rosto conforme seus dedos correm pela minha bochecha, a enxugando: Não seja egoísta com as pessoas que estão preocupadas com você. Você tem ideia do que aconteceria com a vida de muita gente se algo de mais grave acontecesse contigo? Tem que agradecer por estar bem assim. Está perfeita como sempre! – Fico olhando pra ele assimilando o que me diz. Respiro fundo.

Angélica: Um pouco manca, talvez... – Eu sorrio em meio a lágrimas.  

Otto: Eu sei que não são machucados só por fora, mas principalmente por dentro... Dê tempo ao tempo. – Ele diz tirando aos poucos sua mão do meu rosto enquanto corresponde ao meu sorriso.

Angélica: Eu sei. To me esforçando pra isso. Acredite. – Desvio meu olhar por alguns instantes do seu e ao fazê-lo que percebo o corpo do Jaime parado na porta. Levo um susto com isso e o Otto percebe meu olhar assustado, pois também olha em direção à porta: Desde quanto ta aí?

Jaime: Acabei de chegar. – Ele ta com o seu corpo escorado na porta e seus braços cruzados contra o peitoral. Ta com uma expressão tranquila. E com certeza não acabou de chegar.

Angélica: Você não pode ficar escutando as conversas das pessoas... – Otto levanta da cama e fica com o corpo parado, desviando sua atenção pra mim.

Otto: Ta tudo bem, Angie. Eu dei uma passada rápida hoje só pra saber realmente como está. Vou me instalar na cidade e aí venho te visitar com mais tempo. – Ele termina de dizer inclinando o seu corpo em direção do meu e deposita um beijo bem demorado no topo da minha cabeça.

Angélica: Desculpa por isso, Otto... De verdade! – Digo com o meu olhar cruzado com o seu quando ele inclina pra ficar com o corpo normal.

Otto: Não tem que pedir desculpa de nada. Ta tranquilo. Sério. – Ele sorri e isso acaba me tranquilizando.

Vira seu corpo e decide sair do quarto, atravessando-o. Eu acompanho com o olhar os seus movimentos que param ao lado do corpo do Jaime que nessa altura já tinha dado breves passos pra dentro do quarto. Eles ficam com o corpo parado, um do lado do outro. O Jaime mantém sua expressão tranquila e pela posição do Otto não consigo ver a sua. Mas me surpreendo quando vejo uma das suas mãos pousar sobre o ombro do Jaime, dar uma breve apertada ali seguida de alguns tapinhas seguido da sua voz.

Otto: Cuida bem dela. Você, definitivamente, não vai conhecer alguém melhor que ela. – Jaime fica encarando-o por alguns instantes, mas em seguida abre apenas um breve sorriso seguido de um movimento de positivo com a sua cabeça.

Com isso o Otto sai do quarto e eu mantenho meu olhar no corpo deles se distanciando. Hoje ta todo mundo na intenção de me fazer chorar. Abaixo mais uma vez o meu rosto e limpo as minhas bochechas com as pontas dos dedos. Quando percebo o corpo do Jaime já esta próximo do meu. Eu ergo meu rosto e vejo que continua com a mesma roupa e com o mesmo olhar fundo. Em uma das suas mãos tem uma caixa retangular que ele logo estica em minha direção, para pegá-la. Eu fico confusa e demonstro isso na minha fala.

Angélica: O que é isso? – Desvio meu olhar da sua mão pro seus olhos.

Jaime: Seu novo celular. Na confusão, eu não sei onde o seu outro celular foi parar. – Ele da mais um passo em minha direção, deixando a caixa do celular mais perto de mim.

Angélica: Você não ta tentando me comprar, não é? – Contraio brevemente meus olhos observando suas expressões.

Jaime: Meu Deus, Angélica... – Ele me olha incrédulo. Continua: É só um celular. Pensei que o seu estava te fazendo falta. Teus fãs estão preocupados. – Ele falar isso me fez pegar o celular quase que instantaneamente da sua mão.

Angélica: Obrigada. – Trago o celular junto a mim e aproveito pra me distrair com ele, abaixando meu rosto enquanto tento abrir a caixa.