Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Angélica: Eu não queria que continuasse aqui em casa. – Claro que teria coragem. Tanto tenho que sou direta na sua pergunta.

Jaime: Certo. Diz isso olhando pra mim! – Ok. Talvez eu não tenha tanta coragem assim.

Angélica: Jaime, não dificulta as coisas... – Eu digo inclinando meu rosto pra cima e assim o olho da forma que quer.

Jaime: Eu quem estou dificultando? – Ele faz uma voz de surpreso conforme gesticula na minha frente: Olha as coisas que está me pedindo. Totalmente sem sentido.

Angélica: Sem sentido? Eu estar desse jeito é sem sentido pra você? – Acabo deixando a caixa com o celular de lado.

Jaime: O que mais você quer que eu fale pra entender que eu faria de tudo pra ta no seu lugar? – Ele diz firme sem deixar de me olhar nos olhos.

Angélica: Não é questão de quem ta ou não ta no meu lugar, Jaime. – Eu retruco com o mesmo tom de voz.

Jaime: É do que então? – Ele expressa confusão em seu rosto.

Angélica: Das coisas que aconteceram, como aconteceram e principalmente porque aconteceram. – Desvio meu olhar do dele por alguns instantes.

Jaime: Angélica, eu não protegi ela! – Ele diz em meio a uma bufada.

Angélica: Eu to cansada de falar sobre isso, Jaime. – Abaixo meu rosto e pego novamente a caixa do celular, me distraindo com ela.

Jaime: Por que não acredita em mim? – Cutuco com a ponta do dedo o lacre da caixa bem lentamente, não querendo tirar meus olhos dali.

Angélica: Porque se você não tivesse ficado do lado dela, nada disso teria acontecido. – Mais uma vez me lembrando dessa historia. Mais uma vez a dor. Mais uma vez os olhos mareados.

Jaime: Eu não fiquei do lado dela, por Deus... Eu só queria entender o que tava acontecendo e você tava descontrolada. – Ele diz em um tom impaciente.

Angélica: Ta certo. – Digo baixo e com a voz embargada.

Jaime: Eu só queria te tranquilizar. – Ele percebe o tom da minha voz, pois me diz agora em um tom de me confortar. Continua: Acredita em mim!

Angélica: Certo. Você pode acreditar em um teatrinho e eu não posso acreditar no seu? – Decido levantar o meu rosto pra olhá-lo.

Jaime: Você acha que eu to fazendo teatro? – Ele me olha surpreso, como se tivesse dito que matou alguém.

Angélica: Ai... Eu não sei. Não sei de mais nada. – Bufo, cansada desse assunto. Volto pra minha atenção pro lacre da caixa. Ele demora pra continuar.

Jaime: Ta bom! Vou cuidar de você esses dias e quando sua mãe vier me dizer que você está realmente boa pra ficar sozinha, eu saio da sua casa. Por isso, a avise quando você estiver pronta. – Ele diz com a sua voz firme, porém embargada.

Quando levanto meu rosto pra olhá-lo, ele já virou o seu corpo e caminha determinado pro banheiro, esfregando as mãos no rosto, puxando seus cabelos pra trás até finalmente entrar no banheiro e fechar a porta. Fico com o olhar parado na porta piscando lentamente conforme minhas lágrimas terminam de cair pelas minhas bochechas. Respiro fundo na tentativa de controla-las, mas isso é completamente em vão esse dia. Inclino minha cabeça pra trás a deixando apoiada no travesseiro enquanto meus olhos agora ficam fixos no teto do meu quarto. Eu to tão cansada que não consigo pensar em nada. Tenho a sensação de que minha cabeça ta vazia. Apenas fico olhando pro teto.

Maria: Achou o que tanto procura aí em cima? – Levo um susto que me faz levar minhas mãos juntas contra o meu peito.

Angélica: Nossa, mãe. É o destino querendo que eu morra? – Consigo relaxar aos poucos, ainda sentindo o coração na boca.

Maria: Da pra você parar de ficar repetindo isso? Que coisa chata. – Termino de limpar minhas bochechas conforme ela se aproxima do meu corpo.

Angélica: Ai, ta bom. – Dou de ombros voltando definitivamente com a minha atenção pra caixa do celular.

Maria: Onde ta o Jaime? – Ela se senta onde estava anteriormente e volta a passar o algodão molhado pela lateral da minha perna. A respondo apontando a cabeça pro banheiro: Tenho que saber alguma coisa sobre o que conversaram?

Angélica: Eu te aviso quando estiver boa. Aí ele pode ir embora. – Trago o celular rente ao meu rosto ao terminar de colocar seus acessórios para funcionar.

Maria: É realmente isso que você quer? – Ela para o que ta fazendo pra levantar seu rosto e me olhar.

Angélica: Mãe, a única coisa que eu quero agora é tranquilizar meus fãs. – Eu faço o mesmo para olhá-la.

Volto a olhar pro celular e o ligo determinada pra fazer isso. Acabo sendo um pouco grossa com a imnha mãe, mas eu realmente estou cansada disso. E tem pessoas que são muito importantes pra mim preocupadas. Portanto, instalo o que tinha que instalar e na primeira oportunidade deixo claro que estou bem e em casa pros meus fãs e amigos. Em seguida me distraio completamente com as notificações, e claro, como todos esses dias, choro. Mas, agora choro de uma forma diferente. É muito bom sentir esse carinho de pessoas que moram tão longe. Elas não fazem ideia do poder que isso tem sobre mim. São tantas homenagens lindas. Tanto apoio. Tanto amor. Dou um jeito de agradecer por tudo isso e acabo tirando uma foto com um pedaço do meu sorriso com um pouco umedecido pelas minhas lagrimas que agora são de agradecimentos. Ao bloquear o celular, o deixo de lado e mais uma vez inclino minha cabeça pra trás até encostar no travesseiro e respiro fundo quando fecho meus olhos. Abro um sorriso. Ver tudo isso me deixou mais tranquila.

É claro que essa tranquilidade tava muito boa pra ser verdade. Mais uma vez to nesse corredor bem iluminado em um hospital completamente vazio. Vejo a mesma porta no final desse corredor, mas agora não quero entrar ali. Eu sei que não tem saída. Viro meu corpo pelo calcanhar e seguro a minha respiração pelo susto que levo ao quase cair dessa janela. Eu tava até agora em um corredor e agora estou em pé do lado de fora de uma janela com uma avenida bem movimentada cheio de carros que buzinam alto. Levo as minhas mãos na altura das minhas orelhas e as tampo da forma que consigo. Que alto. Como eu saio daqui agora? Não tem pra onde ir. Não posso ficar aqui pra sempre. Tem que ter uma saída. Eu preciso de uma saída. Olho pra cima e vejo que o prédio é imenso. Praticamente igual a um dos prédios que tem pelo centro da Cidade do México. Olho pros lados e não tem mais nenhuma janela. Olho pra baixo e me assusto com o sangue escorrendo pelo meio das minhas pernas. Instantaneamente levo minhas mãos contra o meu ventre que começar a dar pontadas. Aperto firme ali. Bem forte com as pontas dos dedos.

Jaime: Angélica, por favor...  Acorda! – Sua voz ta alta e firme. Levo um susto com o rosto do Jaime bem perto do meu e suas mãos em meus braços, dando breves chacoalhadas em meu corpo.

Olho ao redor pra me situar onde estava. Meu Deus. Outro sonho desse e morro do coração pela forma que ele fica pulsando forte contra meu peito. Parece que vai explodir. Conforme acordo percebo a minha respiração completamente descompensada. To na mesma posição que estava quando a minha mãe estava cuidando da minha perna. E ta bem escuro o quarto, lá fora. Já deve ser bem tarde. Eu odeio ficar completamente perdida assim. Volto com o meu olhar pro do Jaime que mantém o dele em mim. Ele me olha completamente preocupado. Desvio meu olhar pro seu corpo que está ao lado da minha cama, com o seu tronco inclinado pra baixo em minha direção. Está apenas de cueca e com o cabelo bagunçado. Estranho a cadeirona que sempre fica embaixo da janela estar agora desse lado da cama.

Jaime: Meu Deus, fala alguma coisa! – Ele diz preocupado interrompendo meus pensamentos.

Angélica: Foi só um sonho... – Minha voz ta bem pesada por ter acabado de “acordar”.

Jaime: Só um sonho? Você tava gritando. – Ele solta aos poucos meus braços conforme percebe que eu estou bem. Inclina de uma vez o seu corpo e se senta ao meu lado, no espaço que sobra.

Angélica: Na verdade, parece tão real... – Mais uma vez percebo as minhas mãos apertando a região do meu ventre com as pontas dos dedos. Caiu meu olhar sobre elas.