Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

(Gostei dessa brincadeira, então lá vai mais uma música: Cover Boyce Avenue feat. Hannah Trigwell com The Scientist – Coldplay. Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=9GZc8r-JNBA  Lembrando que aviso a hora pra colocá-la.)

Eu permaneço na mesma posição com as minhas mãos apoiadas nas laterais dos seus braços e ele também não se movimenta, deixando apoiadas as suas mãos na minha cintura. Fico com o olhar fixo no dele que olha também pro restante do meu rosto em busca de alguma expressão que respondesse o que ele queria. Mesmo não ter tido nenhuma pergunta, eu acredito que ele espera uma resposta. E eu sinceramente não sei o que pensar ainda. Está tudo tão recente, tão dolorido dentro de mim que até pra contar a historia do que aconteceu eu tento evitar. Não quero ficar pensando nisso e muito menos pensando no por que as coisas terem acontecido. Abaixo aos poucos minhas mãos dos seus braços até tirá-las completamente do seu corpo, mantendo meu olhar no dele.

Angélica: Jaime, eu... – Ele me corta com uma expressão desconsolada.

Jaime: Ta tudo bem, Angélica. Você não precisa falar nada agora. Eu não to te dizendo nada disso pra ter alguma coisa resposta, só queria mesmo desabafar. Como bons hermanos que somos. – Ele sorri forçado limpando rapidamente as suas bochechas com os dedos e antes que eu pudesse lhe responder, continua: Agora me deixa te ajudar pelo menos. Por favor. Isso eu imploro se for preciso.

Mais uma vez não espera a minha resposta e já se movimenta pelo box, esticando seu corpo pra pegar a bucha, despejando sobre ela o sabonete. Faz espuma, se concentrando nos seus movimentos, sem me olhar. Eu acompanho seus movimentos com um certo peso na consciência. Eu não sei se devo responder alguma coisa agora, mesmo ele não querendo alguma resposta. Portanto, escolho ficar na minha. Deixando que me de o banho que tava precisando. Confesso que essa ajuda facilitou muito pra mim. Não demoro pra acompanhar os seus movimentos ao fechar o chuveiro. Ele se afasta do meu corpo até sair completamente do box e do lado de fora me esperar com a toalha. Demoro um pouco pra chegar perto dele por andar mancando e ainda por estar em um piso molhado, mas ele mantém seu olhar nos meus movimentos. Paro na sua frente e ele rapidamente começa a enxugar meu corpo. Nem me olha. Af. Que nervoso. Agora eu entendo como ele deveria se sentir quando eu não o olhava.

Angélica: Jaime... – Digo baixinho com o meu rosto acompanhando os movimentos das suas mãos junto com a toalha pelo meu corpo.

Jaime: O que eu fiz? Ta doendo? – Ele diz tirando suas mãos do meu corpo com uma expressão tensa em seu rosto ao me olhar.

Angélica: Não... Não é isso. – Cruzamos nossos olhares e ele então se tranquiliza.

Jaime: Não pode falar assim. Assusta. – Ele desvia seu olhar do meu e volta a se concentrar com a toalha em sua mão, terminando de me enxugar. Meu Deus. Por que eu to com tanta dificuldade em respondê-lo?

Angélica: O que aconteceu com ela? – Ele demonstra uma certa confusão em seu rosto conforme vai abaixando seu corpo na minha frente pra enxugar o que falta.

Jaime: Com Heidi? – Ele pergunta desviando seu olhar pros meus por alguns instantes e ao fazê-lo, movimento positivamente minha cabeça. Logo, ele continua: Depois que você foi atropelada, eu não vi ela. Na verdade não via nada direito, mas enfim... Acredito que ela foi embora da mesma forma que tinha chegado até lá.

Angélica: E agora? – Tenho que abaixar todo meu rosto pra baixo pra continuar com meu olhar em seus movimentos.

Jaime: Ela ta na casa dela, que por acaso não é mais minha. Ela vai ficar com a casa. – Ele termina e volta com o seu corpo ao normal, rente ao meu, terminando: Como eu não vou mais ficar aqui, amanhã vou dar uma olhada em outra casa.

Angélica: Eu ainda não sei sobre isso. Não precisa falar assim. – Agora é a vez dele de não me olhar diretamente nos olhos.

Jaime: Tudo bem. Só to comentando. – Ele sorri sem mostrar os dentes e ao continuar muda de assunto: Preciso que me diga o que quer vestir.

Seu corpo se afasta do meu mais uma vez. Ele não fica muito tempo perto de mim, não mantém um assunto por muito tempo e nem me olha. Isso é angustiante. Deixa a toalha pendurada onde tinha que pendurar e aos poucos eu decido andar pra fora do banheiro, ainda manca, mas sentindo um pouco mais de firmeza por estar em um piso seco agora. Ele acompanha meus movimentos atrás de mim, sem me tocar, apenas sinto a segurança do seu corpo por perto. Continuo até parar rente a cama enquanto ele caminha pro closet e traz a camisola que pedi. Não demora pra estar com o seu corpo perto do meu e assim me ajudar a colocar a camisola. Tudo bem que era só esticar os braços pra cima, mas é exatamente esse o problema. Solto o ar firme pela boca depois de sentir o tecido deslizando pelo meu corpo e eu poder finalmente abaixar os braços. O Jaime fica com o seu olhar em mim, observando se demonstrava alguma careta de dor que não fosse comum. Ao ver que está tudo sobre controle, ele se afasta, só pra variar, mas o paro segurando da forma que consigo um dos seus braços. Não faço muita força, mas ele para. (Opcional a música agora, pessoinhas. )

Angélica: Jaime... – Ele estranha minha mão o segurando, mas aos poucos volta com o seu corpo na frente do meu. Então, crio coragem e digo: Eu não te acho culpado!

Jaime: Não precisamos falar sobre isso. Ta tranquilo. – Sua expressão se tranquiliza conforme diz. Ele tenta se afastar de mim e eu o seguro mais uma vez.

Angélica: Eu realmente não te acho o culpado. – Insisto, olhando-o firme nos olhos. Quero que ele acredite.

Jaime: Não precisa ter pena de mim, Angie. – Ele corresponde esse olhar.

Angélica: Eu não to com pena...- Dou uma breve pausa ao pensar sobre isso, continuo: Na verdade eu sei que a culpada foi eu. E por mais... – Ele me corta com um olhar incrédulo.

Jaime: Não fale bobagem, por favor. – Ele quase não termina sua fala e eu já estou falando por cima.

Angélica: Mas é verdade. Eu não deveria em momento algum atravessar uma rua que nem uma louca... – Pauso mais uma vez ao pensar sobre aquela noite, continuando: E muito menos ter caído no joguinho nojento da Heidi.

Jaime: Uma das primeiras coisas que eu te disse quando acordou no hospital, foi que nós três fomos culpados. Não tem um só culpado nessa história. – Ele abaixa um pouco o seu rosto conforme aproxima um pouco mais do meu corpo.

Angélica: Queria conseguir pensar dessa forma. – Entorto os lábios com meu olhar no dele.

Jaime: Eu não quero que fique com esse tipo de pensamento, Angie. Até porque, agora não adianta achar um culpado. Nada disso vai mudar o que aconteceu. Claro, eu ainda faria de tudo pra que fosse eu no seu lugar, mas aconteceu assim... – Ele faz uma pausa acompanhando as expressões que faço em meu rosto: É uma coisa que foge do nosso controle. Não temos o que fazer a não ser viver por isso que estamos passando.  

Angélica: Viver. É. – Sorrio irônica, desviando meu olhar do dele pelos meus olhos marearem.

Jaime: Angélica, você tem que parar com essa mania de dizer que não está mais viva. Pare! Tem tanta gente feliz que não aconteceu nada contigo e você com esses pensamentos... Você continua aí perfeita, mostrando pra todos ao seu redor o quanto é forte. E isso... Isso me faz te amar mais ainda. – Ele diz com os seus olhos firmes nos meus. Fico olhando-o por alguns instantes antes de desabafar.

Angélica: Eu não consigo sem você, Jaime. – Volto a olhá-lo sem controle das minhas lágrimas e com a voz embargada.

Jaime: Mas eu to aqui, Angélica. – Ele me olha com tristeza enquanto inclina suas mãos até segurar meus braços, dando o último passo que separava nossos corpos. Abaixa seu rosto pra manter seu olhar no meu: Por Deus... Eu não quero sair daqui. Não me tira daqui!  

Angélica: Ta tão, mas tão difícil, Jaime... – Abaixo um pouco o rosto. Ele passa uma das suas mãos por trás da minha cabeça e assim a leva em contato com o seu peitoral, a deitando ali.

Jaime: Eu imagino que esteja difícil e esse é um dos motivos por não querer ficar longe de você. Eu não quero isso. Eu quero ficar aqui e te ajudar a ficar bem. – Ele diz com a sua mão atrás da minha cabeça acariciando meus cabelos.

Angélica: Não falo só por isso... – Trago meu rosto pra trás e ele facilita tais movimentos ao frouxar sua mão de trás da minha cabeça. Continuo ao cruzar nossos olhares: Não é só pelo o que aconteceu ou pelas dores que estou sentido. É tudo. Eu não sei agora como vai ser daqui pra frente com o restaurante. Eu não sei se vão esperar que eu me recupere pra começar a turnê com o musical. De um dia pro outro a minha vida mudou completamente. Saiu do meu controle. Eu não to sabendo lidar com isso. – Minhas lágrimas deslizavam com facilidade pelas minhas bochechas.

Jaime: Angie, você não tem que pensar em nada disso agora. Não esquece que você não ta sozinha nessa do restaurante. Eu não sou apenas o seu sócio financeiramente. Quero te apoiar quando precisar e se for necessário eu tomo conta e corro atrás do que tem que correr ate que possa voltar. – Ele da uma pausa para que eu assimilasse sobre isso primeiro. Logo, termina: E sobre a peça, você pode conversar com eles. Com certeza eles sabem o que ta acontecendo contigo. Juntos podem achar alguma solução.

Angélica: Jaime, você tem muitas coisas pra fazer. Tem seu trabalho que toma todo seu tempo que eu sei. Alem disso, tem Heidi que também precisa do pai da criança por perto dando apoio e... – Ele me corta com facilidade por estar com a voz falha por chorar.

Jaime: Antes que continue, você precisa saber de uma vez por todas que antes de qualquer coisa na minha vida, vem você. Só você. Eu consegui ajustar meus horários nas gravações até que fique realmente bem. E sobre meu filho, ele tem meu apoio no que ele precisa e vai continuar assim, mas a mãe dele não. É ele quem me importa e não ela. Eu não vou mais deixar que ela se interfira assim entre a gente. Pode ter certeza. Então não precisa se preocupar com isso. - Ele me diz com o olhar firme nos meus.

Angélica: Eu não quero te prejudicar. Ainda mais nesse seu projeto que é um passo gigantesco pra sua carreira. - Eu correspondo esse olhar enquanto ele entorta seus lábios ao me escutar.

Jaime: Estar ao seu lado e cuidar de você também são um passo gigantesco pra minha felicidade. Não vou me privar mais disso, Angélica. – Ele diz trazendo sua mão de encontro com o meu cabelo e colocando-o atrás da minha orelha.

Angélica: Como é teimoso. Nossa. – Acabo abrindo um breve sorriso conforme controlo o meu choro e ele de imediato corresponde a esse sorriso.