Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Angélica: Desculpa pelo susto. – Digo um pouco envergonha.

Jaime: Você não tem que pedir desculpa de nada. Você sabe muito bem aqui quem tem que pedir perdão e eu sei que quando estiver realmente pronta, vai me perdoar. – Ele sorri terno e isso acaba me confortando.

Me perco no seu olhar. Não sei qual é o meu problema. Eu quero desculpá-lo. Quero dizer de uma vez por todas que quero seguir em frente; não pensar mais nesse dia que me fez tão mal não só fisicamente, mas principalmente emocionalmente. Eu quero, mas ainda não posso. Tem alguma coisa dentro de mim que me bloqueia a fazer isso. É como se fosse uma duvida. Como se eu voltasse a desconfiar dele. Da lealdade dele. Como se a qualquer momento ele fosse proteger e preferir a Heidi. Principalmente por ela esperar um filho dele. Um filho que querendo ou não eu não consegui segurar dentro de mim. E isso dói tanto. Dói ainda mais ao pensar pelo motivo de tê-lo perdido. Às vezes me da a impressão que foi uma situação tão banal. Tão idiota. Como eu fui deixar tudo isso acontecer? Ainda mais eu que sempre sou a razão entre nós dois. Quando percebo meus olhos estão embaçados olhando para o Jaime por mais uma vez estarem mareados. Essa falta de controle até do meu choro, me deixa exausta.

Jaime: Ei, Angie, por favor... Não faz isso comigo. Eu não aguento mais te ver desse jeito. – Ele demonstra sua tristeza em sua voz e em suas expressões enquanto traz suas mãos de encontro com o meu pescoço, segurando meu rosto com os seus polegares limpando as lágrimas.

Angélica: Eu nunca vou superar. – Digo com a voz baixa, abaixando o meu olhar junto com o meu rosto.

Jaime: Shh, não diz isso... – Da uma breve pausa inclinando meu rosto pra cima com as suas mãos até encostar suavemente nossas testas: Você é uma mulher tão forte. Sabe disso.

Angélica: Por Deus, parem de ficar só me olhando por fora. - Acabo afastando o meu rosto do dele, revirando os olhos, irritada.

Jaime: Não estou olhando por fora. –Ele estranha a minha atitude, mas continua agora com o rosto rente ao meu: Eu sei que ai dentro esta a Angélica que muitas vezes me disse a mesma coisa e que depois de um tempo se recuperou. Não é a toa que me apaixonei como um louco por você. Pela mulher incrível que é.

Angélica: Mas em momento algum antes eu perdi um filho, Jaime. – E aqui estou mais uma vez lembrando dessa história e, claro, chorando.

Jaime: Para de ficar pensando que o perdeu. Não foi culpa sua. Você poderia sofrer um aborto dentro de casa, deitada numa cama. Simplesmente aconteceu assim. – Ele diz gesticulando. Eu fico olhando-o nos olhos por alguns instantes.

Angélica: Eu to cansada... Quero deitar. – Digo, mudando de assunto e respiro fundo, soltando o ar pelo nariz. Respirar fundo assim ainda me incomoda um pouco.

Ele mantinha suas mãos firmes no meu pescoço e antes que pudesse me dar conta, seu rosto estava bem próximo do meu novamente. Ele aos poucos deita seu rosto até encaixar nossos lábios, mas fica com os seus olhos abertos acompanhando minhas expressões ate cair com os seus olhos sobre os meus lábios. Faço o mesmo e assim introduzo a minha língua pela sua boca. Eu sei que esse seu jeito de me olhar é como se pedisse algum sinal para que ele pudesse prosseguir. E o faço por ele. Começo esse beijo bem lentamente, com a minha língua esfregando pela dele. Eu posso ficar dois segundos sem beija-lo que vou sentir saudade, imagina então ficar por dias. Eu não sei como sobrevivi anos beijando outra pessoa que não fosse ele. Não sei quem queria enganar.

 Só sei que agora não preciso me privar disso. Não preciso e não quero. Muitas pessoas estão me ajudando nesse momento. Mas, só o Jaime me da forças só pela forma que me olha, só com a sua voz próxima de mim. Com um simples toque eu me fortaleço mais e mais. Seus beijos me fazem voltar a viver. Independente do momento que esteja passando. Por isso aproveito desse poder que ele me passa pra me entregar em seu beijo. Ele desliza uma das suas mãos pra trás da minha cabeça e ali acompanha seus movimentos enquanto a outra cai ate a lateral do meu braço, apenas apoiando-a. Ele não encosta seu corpo no meu e todo momento que toca em mim é bem cuidadoso acredito que por medo de me machucar. Decido parar o beijo com esses pensamentos, mas mantenho meu rosto rente ao dele com os nossos narizes suavemente encostados.

Angélica: Eu preciso tanto de você, tanto... – Digo baixinho ainda de olhos fechados.

Jaime: Eu não vou sair daqui. Mesmo que me mande embora. – Nossas respirações se misturam e eu acabo abrindo um sorriso com o que diz. Abro os olhos e o seu olhar esta em mim.

Angélica: Então, por que disse pra avisar minha mãe quando estivesse boa? – Digo afastando meu rosto pra olha-lo melhor com uma expressão curiosa.

Jaime: Por que... Ué. – Ele da de ombros de um jeito engraçado, meio sem jeito, segurando seu riso: Só queria te agradar. Eu faria e ainda faço qualquer coisa pra que fique boa e tranquila. Naquele momento eu sabia que queria escutar aquilo, por isso o disse. – Sua vontade de rir vai diminuindo conforme diz até terminar me olhando sério.

Angélica: Me abraça? –Digo quase que instantaneamente após escutar suas palavras e elas fizerem sentido pra mim.

Jaime: Eu não quero te machucar, pequena. – Ele sorri, mas com uma expressão triste em seu rosto.

Angélica: Por favor. Não vai me machucar. – Digo firme com os meus olhos nos dele.

Ele me olha mais uma vez antes de trazer suas mãos na altura dos meus ombros e dali as descerem pras minhas costas. Eu não me movimento por estar manca e no momento com a região das minhas costelas queimando de dor por estar tanto tempo em pé. Mas, 0foda-se0. Eu preciso disso. Por isso, quando ele por fim passa seus braços por cima dos meus e me abraça, eu envolvo os meus braços na sua cintura. Viro meu rosto por tê-lo na altura do seu peitoral e ali o deito ao me aconchegar em seus braços. Aperto um pouco firme os meus na sua cintura, mesmo sentindo dores. Eu sinto seu queixo apoiar no topo da minha cabeça e em seguida seu peito enchendo de ar, soltando-o pelo nariz. Mais uma vez estamos naquela fase que me perco no tempo em que ficamos dessa forma. É disso que eu preciso. Do toque dele, da voz dele, do beijo dele, do abraço dele. Só dele. Solto um gemido de dor baixinho quando sinto agora meu calcanhar latejando.

Jaime: Ei, vamos descansar. Ta há muito tempo em pé. – Ele traz seu rosto junto com o seu corpo rente ao meu. Tenho que desvencilhar meus braços da sua cintura.

Dessa vez tenho que concordar com ele movimentando positivamente minha cabeça. Ele se afasta dando espaço pra que eu caminhe até o meu lado da cama. O faço mancando um pouco mais que o normal pelo fato do calcanhar estar realmente incomodando. O Jaime acompanha os meus movimentos com o seu corpo ao meu lado, dando o apoio das suas mãos quando necessário. Ele arruma meus travesseiros na base da cama e em seguida me ajuda a sentar e então deitar na cama. Deito com uma certa dificuldade, mas estava cansada de ficar o tempo todo sentada. Ele fica em pé, ao lado da cama, acompanhando minhas expressões e como sempre, só se afasta quando percebe que ta tudo bem. Caminha até o closet e depois de alguns instantes está com uma cueca diferente. A outra de certo deve ter molhado ao me dar banho. Sorrio pequeno ao lembrar disso. Ele se direciona pra cadeirona ao lado da cama e eu estranho.

Angélica: Você não vai deitar comigo? – Tenho que virar apenas o meu rosto para olhá-lo por não conseguir me movimentar direito.

Jaime: Não. Eu te disse que não to conseguindo dormir. Além disso, tenho medo de te machucar durante a noite. – Ele diz parando com o seu corpo ao lado da cama novamente.

Angélica: Eu quero que durma comigo. – Forço um bico nos meus lábios. 

Jaime: Angie... – Ele me repreende com o olhar.

Angélica: Por favor. Você não vai ter coragem de deixar uma manca desamparada nessa vida dormir sozinha numa cama dessa. Ou vai? Você sabe que posso chorar aqui, não sabe? Gosto da comédia, mas nunca tive problemas pra chorar. – Eu seguro meu sorriso pra não desfazer o meu bico.

Jaime: Sua mãe sabe que criou você pra chegar a essa altura da vida e jogar sujo assim com as pessoas? – Ele diz sorrindo dando a volta pela cama balançando negativamente a cabeça.

Eu acompanho seus movimentos mordendo brevemente o meu lábio inferior com um sorriso por ter conseguido o que queria. Ele para do outro lado da cama e puxa a coberta fina que estava intacta. Da mesma forma que eu, se deita de barriga pra cima. Suspirando baixo ao finalmente relaxar o seu corpo. Viro meu rosto mais uma vez para olhá-lo. Observo mais de perto suas expressões. Só agora que percebo o tamanho da sua olheira. Deve ta tão cansado. Coitado. Isso me faz sorrir terna enquanto minha mão percorre a cama até encontrar com a sua. A seguro firme e isso o faz virar seu rosto pra me olhar também. Ficamos com os nossos olhares perdidos um no outro. Respiro fundo e então digo.