Fanfic: Solo Dios Lo Sabe/ Nani. | Tema: A Feia Mais Bela

Acordo num pulo. Levo rapidamente as minhas mãos na altura do meu peito, contra a direção do meu coração que está bem acelerado. Meus olhos estão um pouco arregalados conforme inclino meu corpo pra frente e sento, percebendo a minha respiração pesada. Eu não lembro o que sonhei. Mas seja o que for, eu tenho que parar de sonhar com isso antes que meu coração realmente não aguente mais. Tento controlar a minha respiração e levo as minhas mãos em meus cabelos, fazendo um coque alto atrás da minha cabeça. Fazer esses movimentos com facilidade me faz estranhar. Reparo no meu corpo sentado na cama e eu não sinto dor alguma. Desço as minhas mãos, alisando meu corpo e mais uma vez não sinto dor alguma. Ué. Viro meu rosto e olho ao redor. Também estranho o quarto estar vazio desse jeito. O corpo do Jaime não está mais do meu lado. Com certeza foi trabalhar. Dou de ombros.

Viro meu corpo com facilidade pela cama e saiu da mesma com um pulinho. Não sei como fiquei boa assim do nada, mas espero que isso não mude tão cedo. Caminho pra fora do quarto, a procura de alguém pela casa pra contar essa ótima novidade de estar bem assim. Caminho pelo corredor e conforme ando por ele, olho por dentro dos cômodos pra ver se tinha alguém. Continuo meu percurso e paro no pé da escada. Levo uma das minhas mãos na altura da minha boca e a tampo com mais um susto que levo ao ver toda a parte de baixo da casa alagada. Desço instantaneamente as escadas, gritando pelo nome da minha mãe, do Jaime e até o do Paula. Sei lá. Só queria que alguém me dissesse o que estava acontecendo. Ninguém me responde e isso agora me da um pouco mais de medo. Decido subir as escadas e mais uma vez sou surpreendida por não conseguir sair do lugar. É como se a minha escada tivesse virado uma escada rolante, com os degraus deslizando abaixo de mim. Claro que com o meu jeito estabanada eu tropeço e um dos degraus e caiu.

Solto um gemido alto de dor conforme pisco forte. Sinto todo o meu corpo queimando, principalmente na região das minhas costelas. Elas doem mais pelo fato da minha respiração estar pesada e apressada. Ao finalmente conseguir abrir os olhos e acordar, percebo meu corpo deitado na cama. Mais uma vez eu tava sonhando. Confesso que to ficando com medo desses sonhos. Não demoro pra ver o corpo do Jaime sair apressado do banheiro. Deve ter acabado de sair do banho, pois está com os seus cabelos completamente molhados, empurrados pra trás, pingando em seus ombros e uma toalha envolta da sua cintura. Seu peitoral ta nitidamente molhado. Ele ta com uma expressão super preocupada conforme se aproxima da cama e para ao lado do meu corpo. Abaixa um pouco o seu tronco pra me olhar.

Jaime: O que foi? Ta tudo bem?  O que aconteceu? Diz alguma coisa... – Ele pergunta tudo tão rápido que não me da tempo de respondê-lo.

Angélica: Estão cada vez mais reais. – Continuo na mesma posição enquanto minha respiração volta ao normal, mas minha voz sai pesada por ter acabado de “acordar”.

Jaime: Meu Deus, Angélica... Você precisa ver o que ta acontecendo. – Aos poucos ele abaixa seu corpo e senta do meu lado, no espaço que sobra. Leva uma das suas mãos na altura do meu rosto, e coloca um pouco do meu cabelo atrás da orelha.

Angélica: São só sonhos. – Abaixo um pouco o meu rosto e esse simples toque dele sempre me conforta.

Jaime: Você sabe que não são só sonhos. Isso ta me preocupando. – Ele tira sua mão do meu cabelo e a traz de encontro com a minha, ao lado do meu corpo.

Angélica: Não precisa se preocupar. – Não quero pensar que tenho outro motivo de problema pra minha vida. Portanto, mudo logo de assunto: Me ajuda a levantar, por favor?

Jaime: Ainda ta super cedo. Descansa mais um pouco. – Ele dizer isso me faz reparar no quarto. As cortinas estão fechadas, mas se fosse mais tarde, estaria mais iluminado.

Angélica: Então fica aqui comigo. – Aproveito que sua mão esta por cima da minha e a seguro como consigo com as pontas dos dedos, tentando puxar seu corpo pra baixo. Digo com manha.

Jaime: Não faz isso comigo, pequena... – Ele me repreende com o olhar, mas abre um sorriso. Voltei a sorrir instantaneamente com os sorrisos dele: Eu ficaria se pudesse. Não esquece que agora tenho dois trabalhos. Na série e de noite peguei um bico aí de Super Nanny, sabe? – Ele acaba soltando seu riso e eu sorrio larga pra isso.

Angélica: Espero que esse bico não esteja te prejudicando. – Viro um pouco mais meu rosto pra manter o meu olhar no dele. Ele sorri terno.

Jaime: Claro que não. Não me prejudica em nada. – Ele diz se levantando da cama, mas ficando com o seu tronco baixo. Seu rosto fica próximo do meu quando continua: Ta tudo bem mesmo?  

Angélica: Ta sim. Fica tranquilo! – Ele permanece na mesma posição com o seu olhar percorrendo cada canto do meu rosto. Inclina aos poucos o seu rosto em direção ao meu até juntar nossos lábios em um selinho demorado.

Jaime: Vou me trocar então. – Ele diz levantando seu tronco junto com o seu rosto. Me observa mais uma vez antes de virar seu corpo e caminhar em direção do closet.

Gosto de vê-lo aqui dessa forma, todo tranquilo em transitar por onde ele quer. Ele nunca foi de fazer cerimônias pra se instalar em alguma casa nova. Na semana em que sofri o acidente eu já pedi pra que trouxesse suas coisas pra cá. Ou pelo menos o que era mais essencial pra ele. O Otto também facilitou isso liberando o espaço dos armários. Além de tê-lo frequentemente aqui, sem ter que ficar indo embora pra trocar de roupa ou pra tomar banho, ele também não precisa ficar muito tempo com a sua “querida”. Ela deve estar se corroendo por dentro e é inevitável não sorrir com isso. Enfim. Não demora muito ele sai todo apressado do closet com a camisa aberta e uma calça jeans e entra no banheiro. Em seguida, sai fechando essa camisa com as mãos e se aproxima de mim. Se despede rápido de mim com mais um selinho demorado e eu acho graça desse seu jeito. Ainda mais ele que é rigoroso com os horários. Odeia esperar alguém e, portanto, não gosta de deixar ninguém esperando também. Quem dirá em gravações que os horários são mais rigorosos ainda. Acompanho seus movimentos até vê-lo parar rente a porta e virar pra mim.

Jaime: Viu... – Da uma pausa pra respirar fundo, abrindo um sorriso em seus lábios ao continuar: Eu te amo! 

Eu fico com o olhar boba pra ele. Nunca pensei que ouvir isso fosse me fazer tanta falta. Ainda mais com esse “ritual” que não sei da onde ele tirou. Também não importa. Só não quero que pare com isso. Não demora pra virar seu corpo e continuar seu caminho. Perco o seu corpo de vista ao caminhar decidido pelo corredor e descer as escadas. Viro meu rosto e fico com o olhar perdido no teto. Por mais orgulhosa que eu possa ser com alguém, com o Jaime é praticamente impossível continuar assim. Mesmo ele tendo uma parcela de culpa, eu também tenho e a “querida” dele também tem. Preciso tirar esse sentimento ruim em relação a ele de dentro de mim. Ele ta se esforçando pra isso e eu também tenho que me esforçar. Respiro fundo, soltando o ar pelo nariz. Começo a piscar pesado quando o sono toma conta de mim novamente. Por mais que esteja com um certo medo de dormir, acabo me entregando.

Contraio meus ombros, me espreguiçando em seguida quando sinto uma mão acariciando meus cabelos. Abro os olhos lentamente e vejo o corpo da minha mãe ao lado do meu corpo, sentada no mesmo espaço de sempre da cama. Sorrio pequeno enquanto termino de espreguiçar meu corpo pela forma que consigo. Respiro fundo e solto firme pelo nariz, abrindo de uma vez os olhos. Pisco forte. Nossa. Parece que dormi só cinco minutos e agora ta tudo tão claro. Viro um pouco o meu rosto e vejo um copo de suco em cima do criado mudo. Ela mantém seu olhar em meus movimentos e ao perceber que estou acordada, diz.

Maria: Bom dia, meu anjo. – Ela sorri tirando a sua mão da minha cabeça e a deixa apoiada sobre uma das minhas mãos.

Angélica: Bom...Dia. –Digo devagar com a voz pesada enquanto volto a olhá-la.

Maria: Te deixei descansar o máximo que pode. Já está na hora do almoço, meu amor. – Ela levanta da cama e inclina seu corpo pra pegar o suco junto com uma cartela de remédio.

Angélica: Que? Mãe... Não deveria ter me deixado dormir tanto assim. – Acompanho seus movimentos com o olhar.

Maria: Você tava dormindo tão tranquila quando vim aqui mais cedo. Não quis atrapalhar. – Realmente dormi mais tranquila agora de manhã. Pelo menos não tive nenhum sonho. Ela logo continua me distraindo: Mas, agora precisa tomar seu remédio.  

Angélica: Tudo bem. – Sorrio de canto enquanto trago as minhas mãos ao lado do meu corpo, me dando um certo apoio pra conseguir me sentar. Ainda sinto dores, mas está bem mais suportável.

Maria: Fico feliz que consiga se movimentar melhor, meu amor. – Ela diz se concentrando no remédio em sua mão e ao tirá-lo de uma cartela, direcioná-lo pra mim junto com o suco.

Angélica: Eu to me sentindo melhor hoje, mami. – Estico minhas mãos pra pegar o remédio que em seguida já coloco na boca, tomando o suco junto.

Maria: E o Jaime tem alguma coisa a ver com isso? – Sorte que já tinha engolido o suco, porque com certeza engasgaria com essa pergunta tão direta. Minha mãe sempre tão sincera.

Angélica: Não sei... – Eu sorrio um pouco envergonha. E sorrio sem fazer qualquer tipo de força pra isso. Penso um pouco nessa hipótese e continuo: Talvez.

Maria: E essa cadeirona fora do lugar? – Ela diz deixando o copo com o remédio em cima do criado mudo novamente. Se movimentando ao lado da cama.

Angélica: Essa noite ele dormiu ai. – Minha mãe para seus movimentos e me olha com uma expressão bem surpresa. Logo, continuo pra acalmá-la: Mas, amanheceu aqui comigo. Fique tranquila.

Minha mãe agora faz uma expressão curiosa e reviro os olhos quando percebo sua intenção no olhar em querer entender o que eu tava querendo dizer com isso. Acabo que sou “obrigada” a explicar pra ela como as coisas aconteceram. Mais uma vez, eu pulei a parte dos sonhos. Ela bem que estranhou me ver deitada e com outra roupa sendo que ontem me deixou sentada aqui na cama ao ver que peguei no sono. Contei o que aconteceu essa madrugada e que a gente não ta forçando nada. Estamos deixando as coisas acontecerem, mas eu necessariamente, não preciso tratá-lo mal pra isso. E claro que não pude deixar de contar que ele me faz bem. O pouco que já fez e já conversou comigo, ta me ajudando e muito nesse momento. Por mais que eu tenha o apoio dela e das pessoas que gostam de mim, nenhum apoio se compara ao dele. Não da pra explicar. É como se eu tivesse ficado vazia desde sexta e aos poucos ele ta me completamente novamente. É como voltar a viver, literalmente. Minha mãe fica com um olhar bobo em minha direção ao terminar.

Angélica: Bom... É isso. – Eu olho pros lados, tentando entender o porquê desse olhar.

Maria: O amor de vocês é tão lindo, sabia? – Eu a olho curiosa.

Angélica: Por que ta me dizendo isso agora? – Correspondo essa curiosidade na minha voz.

Maria: Porque eu acho que só agora estou vendo de perto a força desse amor de vocês dois. Na época das gravações da novela, os dois eram muito imaturos. Ainda mais pelas situações que tinham que lidar, mais as pressões das gravações, imprensa, e tudo mais que os rodeavam. Mas, agora é diferente...  Agora sabem exatamente o que estão fazendo. Os dois são adultos, com os ideais de vida formados e ele Angélica... – Ela da uma pausa desviando um pouco o seu olhar como se estivesse pensando em alguma coisa, com um sorriso em seus lábios: Ele definitivamente te ama. E muito. Eu sofri muito com tudo isso, claro, minha filha, mas ele sofreu muito mais. Quer dizer, é como se ele tivesse apagado esses dias. Eu tive algumas oportunidades de falar com ele, e a culpa que sente é de cortar o coração. – Ela termina com o seu olhar nos meus novamente, mas agora um pouco tristes.

Angélica: É... Eu sei. – Acabo abaixando um pouco o rosto. Além de não saber ao certo o que responder, não quero ficar lembrando das coisas que ele me disse.

Maria: E ele já te pediu perdão, não é? – Acabo levantando meu rosto pra olhá-la. Respiro fundo.

Angélica: Mãe, eu não quero falar disso. Me ajuda a levantar e ir ao banheiro, por favor. – Digo em um tom de suplica enquanto minha mãe fica me olhando por alguns instantes antes de me ajudar.

Se posiciona ao lado da cama, em pé, mas não toca em mim. Eu faço praticamente tudo sozinha agora. Dói, mas tenho mais forças pra suportar essas dores ou elas estão realmente diminuindo. Que seja. Logo estou em pé e já ando sem mancar tanto. Uau. To impressionada e querendo realmente que não seja outro sonho. Sorrio com esse pensamento enquanto entro no banheiro e agora com algumas ajudas da minha mãe, faço minha higiene e troco de roupa. Ainda escolho pelos vestidos por serem mais fáceis já que sinto dor tudo de uma vez só ao levantar os braços. Além que com vestido eu não sinto dor alguma por algo me apertar ou algo do tipo. Ficar sem a cinta ao redor do meu corpo também facilita meus movimentos. Desde sábado de manhã, hoje bati meu recorde em trocar de roupa rápido. Minha mãe estendeu sua mão um pouco no ar pra que eu batesse na dela por isso. Ela saiu toda rindo do banheiro e eu acompanho seu corpo mais lentamente com um sorriso nos lábios que logo é desfeito quando vejo seu corpo parado no meio do quarto.