Fanfic: Aqui estaré | Tema: ValeCamil

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Ainda que parecesse estranho a festa terminou sem Otto dizer uma palavra. Todos começaram a ir embora e eu agradeci todos pela visita.

Heidi: Bom já vamos, a festa estava ótima comadre – eu revirei os olhos ao ouvi-la.

Angie: Obrigada Heidi, eu agradeço por ter vindo –fui simpática.

Heidi: Que nada foi ótimo, além disso eu tenho que acompanhar meu maridinho né? Não dá pra deixar ele sozinho por ai, sabe como são os homens – riu. Jaime me olhou sem graça.

Angie: Ah! O Otto é tranquilo, quanto a isso não me preocupo – voltei minha atenção pra ela. Jaime viu que Otto vinha vindo e decidiu acabar com aquela conversa.

Jaime: Bom então vamos. Até outro dia Angie – se despediu de mim, pegou Elena e foram embora.

Angie: É...parece que todos já foram – sorri pra Otto.

Otto: Ótimo assim você pode me explicar o que fazia trancada com Jaime no banheiro – me olhou sério. Fechei o sorriso ao perceber a expressão em seu rosto.

Angie: Como assim trancada com Jaime? Você diz cada coisa Otto – desconversei.

Otto: Angie eu não sou mais criança! Eu sei muito bem que ele esteve lá, eu vi o boné dele e...

Angie: E o que isso prova Otto? – perguntei o interrompendo - Ele não pode ter estado lá assim que sai ou antes de mim e eu não percebi? – botei as mãos na cintura.

Otto: Porque o boné dele estaria dentro do box? – perguntou aos gritos.

Angie: E eu que vou saber? Ao invés de me acusar porque não perguntou a ele? – falei no mesmo tom que ele.

Otto: Eu falei com ele mas...

Angie: Não! – o interrompi novamente – Você deve ter o acusado, como fez comigo. E assim como está agora, estava fazendo uma cena no meio da festa do SEU FILHO – falei irritada.

A.M : O que é que está acontecendo aqui? – chegou sem entender nada.

Otto: Porque você não fala pra sua mãe o que você estava fazendo com o Jaime na festa do nosso filho? – foi irônico. Eu arregalei os olhos com o que ele disse, nunca tinha visto ele falar daquele jeito comigo antes.

A.M: O que? Do que ele ta falando minha filha? – me olhou assustada.

Angie: Nada mãe, ele só ta sendo um idiota – o olhei com raiva. Virei de costas e subi as escadas em direção ao meu quarto. Estava com um misto de tristeza e raiva. Sabia que tinha mentido para Otto e que muito provavelmente se ele não houvesse chegado aquele momento, eu teria feito coisa bem pior naquele banheiro. O problema é que eu não podia evitar sentir raiva pelo modo que ele havia falado comigo...pelo modo que havia falado na frente da minha mãe. Me joguei na cama e suspirei, tudo o que estava acontecendo era culpa dele.

Angie: O que eu estou pensando? É claro que o Jaime não tem toda a culpa, afinal eu deixei me levar também – pensei em voz alta – mas se ele não tivesse voltado…– falei pensativa – Merda! Porque ele tinha que voltar? – completei. Ouvi baterem na porta e me assustei, será que era Otto? Ele tinha ouvido? Até onde ele tinha ouvido? Porque eu não sei pensar como gente normal?

A.M: Filha? Você está ai? – perguntou do lado de fora. Senti um alivio por todo meu corpo ao ouvir sua voz. Pelo menos não era Otto. Pensei muitas vezes se abriria ou não, eu amava falar com minha mãe, ela era minha melhor amiga, me dava os melhores conselhos, mas eu sabia exatamente o que ela poderia me dizer e eu não se se estava pronta para ouvir. Continuei calada e ela voltou a falar – Filha eu sei que você não deve querer conversar agora mas eu estou preocupada com você – olhei para porta. Não queria preocupa-la e sabia como ela ficaria se eu não abrisse. Respirei fundo, caminhei até a porta e destranquei. Ela me olhou de cima a baixo como se procurasse algum vestígio de que eu estivesse chorando, o que surpreendentemente feito como todas as outras vezes em que a gente brigou. Me sentia mal sim por tê-lo magoado mas, ao invés disso estava tranquila. Dei espaço para ela passar e assim que ela entrou voltei trancar a porta. Ela se sentou na cama e me olhou nos olhos, sabia que não viria boa coisa, minha mãe era minha amiga sim mas isso não significa que ela concordasse com tudo que eu fazia. Ela se sentou na cama e me encarou.

A.M: Minha filha, o que aconteceu lá embaixo? Eu nunca vi vocês brigarem daquele jeito – tinha uma expressão de preocupação em seu rosto.

Angie: As coisas mudam – respondi tranquila, desviando meu olhar do dela. Sentei ao seu lado.

A.M: O que ele disse é certo? – segurou no meu queixo e levantou meu rosto para voltar a encara-la.

Angie: Você sabe que ele exagera – falei para tranquiliza-la.

A.M: Eu não acho que ele tenha essa imaginação toda – respondeu segura.

Angie: Ah mãe! O Otto...

A.M: Se não vai me dizer a verdade não me diga nada – sorriu. Me conhecia tão bem.

Angie: Está certo! – levantei da cama e comecei a caminhar pelo quarto – digamos que aconteceu algo – completei.

A.M: Eu já imaginava – deu uma risada.

Angie: Mas eu não queria, eu juro! – a olhei nervosa.

A.M: Angie! – me olhou séria

Angie: Ta bom, ta bom...digamos que queria um pouquinho – me rendi.

A.M: Ah...um pouquinho...sei – foi irônica.

Angie: Eu não queria magoar o Otto mas você sabe como me sinto quando...

A.M: Sei exatamente – me interrompeu de novo – o problema é que vocês não são mais os jovens de antes. Você tem uma família e ele também meu amor – segurou minhas mãos.

Angie: Eu sei mamãe, eu até disse isso a ele mas acontece que em um minuto estou firme e no outro volto a ficar frágil perto dele. Ele me conhece tão bem, sabe que acabo me rendendo e parece que faz de propósito. Porque tem que ser assim? – a olhei triste.

A.M: Filha, eu não vou brigar com você – acariciou minhas mãos com as pontas dos dedos – eu só peço que você pense muito bem no que vai fazer e tome cuidado, apesar de tudo o Otto é um homem bom e não merece ser magoado – completou com um beijo em minha mão.

Angie: Eu sei mamãe – beijei a mão dela de volta.

Otto: Angie você está ai? – bateu na porta. Olhei para minha mãe nervosa e ele continuou – Eu sei que eu pirei lá embaixo, eu não devia ter te acusado. Me desculpa. – caminhei até a porta, botei a mão na chave e olhei para minha mãe. A mesma sorriu pra mim e balançou a cabeça positivamente, então eu abri e fui recebida por um abraço de Otto.

A.M: Bom...acho que vocês têm muito o que conversar – sorriu – Até amanhã – saiu do quarto. Otto me deu um selinho e eu sorri sem jeito, meu corpo já não respondia mais a ele e eu sabia exatamente o motivo. Eu tinha que fazer alguma coisa para mudar isso, afinal eu tinha casado com Otto e não podia me dar ao luxo de levar tudo a perder por um dia de loucura.