Fanfic: La Dueña de Mi Vida | Tema: ValeCamil fanfic

Jaime POV

O médico fechou a porta atrás de si e pediu que eu o acompanhasse até a sala ao lado. Não era um consultório comum, na verdade lembrava essas salas de terapia dos filmes. Havia um sofá, uma mesa de centro, uma estante com alguns livros, uma mesa de vidro com um notebook e uma poltrona logo atrás dele. Parei de pé próximo ao sofá e esperei que o médico falasse algo.

Médico: Sou o doutor Perez. - Estendeu a mão para mim e só então notei que ainda não sabia o nome dele. Cheguei tão nervoso que não fiz nem questão de perguntar. Nos cumprimentamos rapidamente e ele continuou. - Venho acompanhando sua esposa há algum tempo e fico feliz que tenha vindo com ela dessa vez.

Jaime: Ela nunca me avisava quando viria e...

Perez: Sim, ela já me disse que preferia evitar que você viesse. - Ele me cortou. - Sente-se, por favor. Preciso fazer algumas perguntas. - Assenti e me sentei no sofá. Por que não fala logo o que está acontecendo? Ele foi até o notebook e digitou algo. Ficou ali por alguns instantes como se lesse alguma coisa. Em seguida, veio com a primeira pergunta. - Bom... Há quanto tempo estão casados?

Jaime: Quase um ano.

Perez: Tem um bom relacionamento?

Jaime: Sim. - Um filme passou na minha cabeça em poucos segundos. Brigas, cenas de ciúmes, dramas. Respirei fundo e mudei minha resposta. - Razoável.

Perez: Razoável quanto? - Ele parecia digitar cada palavra que eu dizia, como se eu tivesse culpa do que está acontecendo com Heidi; seja lá o que for isso.

Jaime: Ora razoável, razoável ué.

Perez: Vou ser mais claro com o senhor. Com que frequência brigam, com que frequência ficam juntos, como é a vida sexual de vocês?

Jaime: Bom... Para falar a verdade Heidi e eu discutimos diariamente. Ela é muito ciumenta e desconfia de tudo. - Bufei ao lembrar das reclamações dela sobre meus fãs e meu trabalho. - Tudo mesmo.

Perez: E quanto ao resto?

Jaime: Não, espera aí. Me diz o que isso tem a ver com a Heidi e com o bebê?

Perez: Sua esposa não está gravida. - Tenho sorte por estar sentado. Antes eram só afirmações de Otto mas agora tenho uma confirmação médica. Puta que pariu, Heidi, qual a necessidade de mentir dessa forma? Soquei o braço do sofá, pronto para me levantar e ir tirar satisfações com ela, mas o médico me impediu. - Se acalme, por favor.

Jaime: Me acalmar? Como posso me acalmar se descobri que minha mulher estava fingindo todo esse tempo? Essa manhã minha cara esteve em todos os jornais confirmando essa tal gravidez, que diabos vou fazer agora?

Perez: Senhor Jaime, por favor se acalme e me escute. - Ele se levantou e se posicionou a minha frente, como se quisesse me segurar ali. - Sua esposa desenvolveu o que chamamos de pseudociese, que é um transtorno psicológico entre mulheres que desejam engravidar e não conseguem. Ela se vê grávida, tem os mesmos sintomas, ou seja, os enjoos, desejos, etc., mas não tem bebê algum no útero.

Jaime: Então ela realmente acha que tá grávida?

Perez: Exato. Já iniciamos o tratamento psicológico mas preciso entender exatamente o que causou isso, por isso perguntei sobre o relacionamento de vocês. - Me debrucei sobre meus joelhos e tapei o rosto com as mãos. Não é possível que isso esteja acontecendo. - Pode responder minhas perguntas por favor?

Jaime: Para ser sincero, meu relacionamento com ela é péssimo. Brigamos constantemente e por tudo. Ela tem ciúmes dos meus amigos, das pessoas com quem trabalho e dos meus fãs. Isso me desmotiva, sabe? Evito ficar em casa e... Quase não toco nela.

Perez: E tem alguém que a faça sentir ameaçada? Digo, como sua esposa.

Jaime: Sim... - Será que esse cara nunca lê os jornais? Eu e Angélica estávamos estampados neles nos últimos dias. - Eu tenho uma amiga, quase uma irmã, chamada Angélica Vale. Você já deve tê-la visto por aí, ela fez uma novela comigo. Heidi a odeia. Sempre que brigamos, ela a envolve, mesmo quando não tem nada a ver.

Perez: Uma rivalidade, entendo...

Jaime: Pior que isso. É quase uma obsessão. Ela tende a copiar tudo que a Angélica faz, tenta se igualar a ela. Irrita. Daí discutimos.

Perez: Você e Angélica nunca tiveram nada?

Jaime: Ah cara, pode parar de ser tão profissional. Tenho certeza que pelo menos uma vez na vida tu me viu nos jornais com ela. Não precisa ficar fazendo esse monte de perguntas como se eu fosse um desconhecido.

Ele assentiu e voltou para o computador. Digitava algo e me olhava vez por outra. Isso me deixa nervoso. Mais do que já estou. Me levanto e fico andando de um lado para o outro, com as mãos no bolso. O único barulho da sala vem do teclado e de um relógio de parede. Respiro fundo, tentando não sair correndo dali.

Perez: Bom Jaime. Sei que parece algo grave mas na verdade não é. Tudo que Heidi precisa é do seu carinho e atenção. Ela precisa entender que não precisa de estar gravida para te ter ao lado dela. Chame-a para sair, leve-a ao cinema, ao parque.... Surpreenda com pequenos gestos, entende? Coisas como levar flores ou preparar o café da manhã a ajudarão bastante. Você precisa provar o quanto a ama.

Caminhei até a porta e parei diante dela enquanto ele falava. Fiquei de costas para ele. Não consigo me ver dando flores para Heidi ou fazendo qualquer coisa das que ele mencionou. Soquei a porta de leve, tentando me acalmar. Mais uma vez ele se posicionou próximo a mim. Talvez pense que estou um louco. Talvez eu esteja.

Jaime: Só me diz uma coisa. Como vou provar uma coisa que eu não sinto? Como posso expressar amor por alguém que nunca amei?