Fanfic: She Won`t Go | Tema: Uckerroni

"Era 1895. Em uma primavera ensolarada em St. Louis, uma criança de cabelos extremamentes negros, brincava com a lama. Sua mãe gritava enlouquecidamente para que ela largasse aquele monte, pois era perigoso. Entretanto, ela não dera ouvidos. Tudo o que importava naquele exato momento, era fazer o seu bolinho de barro, e levar para a garota ruiva dentro de sua casa. Dona Emiliana, pegou a menina pelos braços, a puxando com muita violência para dentro de casa.

— Porquinha! — disse ela, dando tapas nas frágeis mãozinhas da filha — Quantas vezes eu já lhe disse que não se pode brincar lá fora?

— Muitas, mamãe. — a pequena menina, disse em lamúrias para a mais velha.

— E por que diacho continua fazendo a mesma coisa, menina? — questionou ela, muito irritada.

— Queria fazer bolinhos para a Maria, antes de ela ir morar com o moço lá de cima.

A doce criança calou-se ao sentir sua face arder. Em seus anos de inocência, não entendia o porquê de sua amada mãe lhe dar um tapa.

— Suba para o seu quarto agora, e reze dez aves marias! — ela ordenou, vermelha — Nunca mais quero ouvir isso da sua boca, está me ouvindo? Ninguém ira morrer nessa casa! O que acabou de dizer é pecado, e Jesus castiga! Ande, suba logo!

Os olhinhos dela, se encheram de lágrimas, deixando o seu pequeno rostinho inchado a medida que ia chorando. Ela subiu correndo para o quarto, se trancando lá dentro. Ao contrário do que sua mãe disse, ela não iria rezar as porcarias das aves marias.

Sua irmã precisava de ajuda, e sua mãe negligenciava. Para Emiliana, Deus era a resposta para todas as coisas, por isso, Dulce Maria não precisaria de um médico. Maite, mesmo sendo jovem, sabia que sua mãe estava errada. A cada dia que se passava, sua irmã apodrecia em cima da cama por uma doença até hoje, desconhecida. Como ela poderia levar a mais velha ao médico, sendo que nem idade para ir a escola sozinha, ela tinha? A única solução era conversa com o homem lá de cima, quem sabe ele não a ajudaria? Então, Maite se ajoelhou fazendo como a mãe ensinou:

— Querido Deus, rogo a ti pela vida da minha irmã. Ela está muito doente, e precisa muito de ajuda. Eu disse a mamãe, que teríamos que ir ao médico, mas ela me disse que apenas o senhor poderá ajudar. Então, manda a sua forcinha aqui pra baixo, e cura ela. Eu não sou boba, eu sei que ela está morrendo... Se for preciso, eu trocaria de lugar com ela. Assim como Jesus, trocou de lugar com a humanidade na cruz. Eu morreria por ela, Deus. Porque ela é tudo o que eu tenho, e se ela não existir no mundo, ele vai deixar de ser doce. Espero que me ouça, e faça um serviço a jato. Amém.

Pronto. Agora, era só esperar, ela pensou.
Maite se sentou, no chão ao lado da cama, olhando a pele da irmã adquirir um tom mais pálido a cada minuto que se passava. Seus lábios estavam roxos e rachados, o cabelo opaco e sem vida. Dulce estava um caco. Mas, Maite esperou. Tanto esperou, que adormeceu mantendo a esperança de que tudo iria melhorar. Talvez ela tivesse razão. 

Naquele mesmo dia, por volta das seis da tarde, uma luz pairou sobre as meninas. Era brilhante, até mais do que o próprio sol, podendo cegar a qualquer um que a visse. De dentro dela, saiu alguém. Um ser celestial, conhecido como anjo. Suas asas eram enormes e belas, seduzindo e transmitindo um sentimento de paz. Era realmente, magnífico.

As duas crianças abriram os olhos, cegas pela luz. Ao finalmente, poderem enxergar o anjo, se assustaram, encolhendo-se em seus respectivos lugares. O anjo sorriu para a menina morena, se abaixando e ficando a sua altura.

— Minha pequena Maite... — sussurrou, com a voz aveludada — Cuidarei de seus passos, com o propósito de adiar esse dia.

O anjo tocou-lhe em sua face, e depositou um beijo em seus pequenos lábios, levando-a para um iminente desmaio.

Maite havia recebido o beijo da morte."

Dizer que ela estava assustada com a lembrança, era pouco para o Maite realmente sentia. Ela suava feito um porco, tentando controlar sua respiração descompassada, e organizar as ideias na sua mente.

Galadriel estava lá no dia em que Dulce melhorou. Todos acharam que fora um milagre dos céus, e em partes, estavam certos. Entretanto, não foi Deus e seu coração bondoso e sim, May e sua alma pura que salvou a irmã, e por consequência, lhe condenou a morte.

— Vejo que já descobriu. — disse Galadriel, se sentando ao lado dela.

May não se assustou, ou se moveu por puro reflexo. Estava atônita demais para fazer qualquer coisa. Se ainda tivesse lágrimas, teria chorado. Tudo agora fazia todo sentindo. Galadriel selou uma espécie de pacto com ela, onde trocaria de lugar com Dulce. Ela morreria no lugar de Dulce. Ela, perderia tudo no lugar de Dulce. Tudo por um pedido feito aos seus ternos anos de inocencia, onde ela não poderia decidir o seu futuro por si só, imagina entregar a sua vida no lugar da irmã.

— Por que fez aquilo, Galadriel? — perguntou ela, em um sussuro — Por quê? 

— Porque você pediu, Maite.

— Eu não tinha idade pra pedir nada, Galadriel. Eu não sabia o que eu queria.

— Sabia sim, seu coração sabia.

— Isso não é justo, Gale. Não é. — disse ela, se deitando no ombro dele — Por quê eu não morri antes?

— Porque aquela não era a hora. — disse ele, suspirando — Escute May, eu fiz de tudo pra evitar esse dia. Admito que foi um descuido meu, mas não podemos alterar o que está escrito no livro.

— Que livro? — ela questionou, o encarando — De que livro fala, Galadriel?

— O livro do destino. Estava escrito que você deveria morrer no lugar de Dulce, mas eu não sabia nem o dia e nem a hora. Todos esses anos eu protegi você, mas depois de algum tempo, comecei a achar que Ele havia esquecido e diminui a proteção em cima de você. Me perdoa, May.

Maite o encarava, sem reação, pensando em tudo o que descobrira. De uma forma muito estranha, ela sentia-se feliz. Estava feliz por não ser Dulce ali. Feliz, porquê de uma maneira ou de outra, ela iria morrer fazendo o bem para outra pessoa; o bem para sua irmã mais velha. Por outro lado, ela estaria acabando com Christopher, o homem que ela amava. Estaria fatiando o coração dele em pedacinhos. Oh sim, em pedacinhos.

Mas, talvez, ele poderia se recuperar. Se tivesse uma outra pessoa em sua vida, que a substituísse, seria muito bom, porquê assim, ele sofreria menos. Entretanto, a quem ela iria confiar o amor da sua vida? Deveria ser uma linda mulher, engraçada, romântica, que adorasse música country e filmes de faroeste. Teria de ser alguém como ela. Teria de ser alguém como Dulce Maria.

Ela seria a mulher perfeita para o seu Christopher. Ela o faria esquecer toda dor. Ela era linda, e Christopher adorava a ruiva. Eles dariam muito certo.

— Pode me contar, o que sua cabecinha vem pensando? — perguntou Galadriel, sorrindo de lado.

— Você não lê pensamentos? — ela indagou, com o olhar divertido.

— Você pediu pra que eu parasse, lembra?

— E desde quando você ouve o que eu falo?

— Desde quando você nasceu.

Maite sorriu sem graça, e se levantou, esticando sua mão até as do anjo.

— Me leva pra um lugar?

— Qual?

— A casa de alguém especial.

— Que seria...

— Alfonso Herrera.

Notas da Autora: 

Pedir perdão não seria o bastante, eu sei. Entretanto, quero que saibam que eu tentei escrever o mais rápido que eu consegui e mesmo assim, não saiu como eu queria. Prometo que na próxima atualização, irei dar o melhor de mim :) 

- Cerejinha: Cê ainda tá viva, jovem? Eu realmente espero que sim, esse capítulo foi dedicado a você!

Poderiam dar uma olhada na minha nova fic? O nome dela é "Tons de Vermelho" Vou deixar o link aqui, ok? Bjinhos amorecas, e mil perdões! 

> Tons de Vermelho: http://fanfics.com.br/fanfic/40471/tons-de-vermelho-amizade-barken-drama-ponny-tragedia-uckerroni

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