Fanfic: O Turista AyA - [ Finalizada ] | Tema: Ação, Drama, Hot, Ponny

Quatro meses depois, uma Anahí calma olhava o medico enquanto finalmente recebia alta, sentada numa cadeira. Não usava mais camisa de força. Mas antes de chegarmos até então, vamos falar sobre o tempo. O tempo foi doce de certa forma, comparado ao que já havia sido. Alfonso se libertou. Dulce observava Anahí definhar sentindo uma felicidade que superava a própria felicidade. Carlos observava os avanços dela como um pai atencioso, velando-a. Após o incêndio do apartamento, que ruiu até as fundações, partiu de Londres e não olhou atrás. Não foi ver Anahí nem uma vez. Fizera amizade com Robert, e se teve noticia de que os dois fizeram sucesso no roubo de um estojo com jóias de uma nobre da era renascentista, e que esse foi dado de presente de aniversário a Kristen pelos dois. A marca de Alfonso eram os canivetes, facas e relacionados. Não gostava de armas de fogo. Já Anahí teve várias recaídas, onde voltava a chamar pela filha, mas logo essas se tornaram rápidas, até que não mais vieram mais. Christopher, como prometera, não a deixou. Passara a morar no hospital, só saindo de perto quando o medico batia pé, indo pra poltrona atrás da porta e conversando com ela o tempo todo, prova de que seguira ali. Ian também permanecera. O FBI nunca teve tempos tão calmos desde o surgimento do clã Pierce.

Christopher: Pra onde você quer ir? – Veio o som de um apito de trás deles. Ian, Katherine e Madison festejavam. Todos usavam chapéu de aniversário, haviam balões e risos. Anahí sorria, mas o sorriso não aparecia em seu rosto – O céu é o limite.

Anahí: Nem tanto, ainda estou cativa. – O medico recomendara nada de emoções extremas, e ela tinha consulta todas as semanas. Outro apito. – Ian! – Chamou, enquanto Christopher abria a porta pra ela. O outro apenas riu.

Christopher abriu a porta e ela saiu. Nevava em Londres, tudo estava coberta por uma grossa camada branca. Anahí sentiu os pés afundarem na neve e fechou os olhos, respirando fundo, sentindo o frio alfinetá-la. Há meses tudo se resumia no quarto do hospital. A liberdade tinha um sabor doce. Ela ergueu a mão, apanhando alguns flocos de neve ali, e se perguntando o que havia de errado. A resolução veio dias depois, sozinha em seu quarto, após um jantar onde todos se atualizaram dos passos que estavam sendo dados, agora sem eles.

Ela reparou o modo inconsciente como Christopher já se posicionava como carta fora do baralho. Ela sabia que era por ela, e não gostou. O mesmo para Ian, Katherine, Madison... Todos inutilizados, desistindo do que gostavam de fazer pra cuidar dela. Era absurdo.

Anahí: Eu estou indo em embora. – Disse, na sala, na manhã seguinte. Três pares de olhos se viraram para encará-la: Um azul claríssimo, um preto absoluto, um amêndoa claro e um castanho escuro. Todos chocados.

Katherine: Como? – Perguntou, hesitante. Anahí sorriu de canto. Katherine estava achando que ela tivera outro acesso... Mas havia meses que isso não acontecia mais.

Anahí: Eu estou bem. – Ela viu os olhares duvidosos – Eu sou Anahí, Rosalie está morta, Alfonso foi embora, eu fiquei louca, não estou mais. – Recitou, e os outros relaxaram.

Madison: Defina “ir embora”. – Pediu, no sofá, entre as pernas do marido.

Ian: Pra onde? – Pressionou.

Anahí: Não sei ainda. – Respondeu, honestamente. Desde que tomara a decisão sabia que era o certo, mas não pensara pra onde – Vou saber disso assim que chegar ao aeroporto. 

Katherine: Nós vamos com você. – Disse, obvia. 

Anahí: Não. – Negou, imediatamente.

Katherine: Porque? – Perguntou, confusa.

Anahí: Porque eu preciso sair de Londres, porque eu preciso reorganizar minha vida, e porque vocês não podem ser minhas babás a vida toda. – Disse, se sentando em uma das poltronas livres. Ian tinha a cara de quem estava formulando um discurso contra aquilo, mas foi Christopher que se pronunciou.

Christopher: Porque você acha que eu vou deixar? – Perguntou, sério, olhando-a.

Anahí: Porque você quer o meu bem, e não vai me deter contra minha vontade. – Disse, sorrindo de canto – Porque você é bom, Christopher. Essa é uma das suas maiores fraquezas. Sorte minha, do contrário você não teria tirado o corpo de uma adolescente moribunda de um necrotério, anos atrás. – Completou, com carinho.

Christopher: Não pode me pedir isso. Você acabou de sair da clinica, se você tiver uma recaída e não tiver ninguém por perto... – Interrompido.

Anahí: Não vou voltar pra uma camisa de força. – Disse, decidida. – Se eu enlouquecer de novo, não há mais esperança pra mim, então terá acabado. Não vou mais voltar pra um hospício. – Ian parecia sem voz. 

Katherine: Não acha que soa como ingratidão nos abandonar, sendo que passamos o ultimo ano rezando pra que você voltasse? – Perguntou, observando.

Anahí: Pelo contrário. Sinceramente, olhem pra vocês. Ian, a quanto tempo você não mata ninguém? – Perguntou, encontrando o olhar ainda chocado do outro. – Vocês são bons demais pra terminarem assim. 

Ian: Não. – Disse, absoluto.

Anahí: Nós somos uma bela arvore. Não é porque uma fruta estragou que vamos derrubá-la, sejamos racionais. – Disse, sorrindo de canto, se lembrando dos seus dias dourados. A vida parecia tão bonita...

Christopher: Não. – Respondeu, fazendo coro a Ian. Madison balançou a cabeça em concordância ao marido.

Anahí: Vão me manter presa, contra minha vontade? Porque quero ir embora, vocês estão me segurando. – Disse, respirando fundo 

Ian: O que você espera que façamos? – Perguntou, debochado.

Anahí: Que retomem de onde paramos isso tudo. Que continuem fazendo o que somos bons em fazer. Que criem problema e façam barulho, assim quando der nos jornais eu vou ver, onde quer que eu esteja, e vou me sentir feliz. Vamos lá, é só polir e vocês estão novos. – Disse, sorrindo.

Madison: E você? – Perguntou, o rosto severo.

Anahí: Está acabado pra mim. Não tem polimento que me salve. Acredite, eu queria que tivesse. – Disse, com um sorriso severo. Ninguém contestou. A magreza, fragilidade e tristeza constante de Anahí não era algo que pudesse voltar ao jogo – Eles só tinham concordado que todos tinham que parar. Ninguém nem pensara em deixá-la pra trás – Vou embora hoje a noite. – Disse, se levantando. O silencio que se seguiu foi pesado, e ela saiu antes que houvesse outro argumento.