Fanfic: Um amor desastrado - GN | Tema: GN
O Píer Vinte e Oito estava repleto de casais comemorando o Dia dos Namorados. Provido de um confortável bar, muito espaço e uma fantástica vista para o oceano, o lugar justificava a preferência dos turistas e habitantes locais. Estavam no bar, esperando por uma mesa, quando ela notou que Alexandre a observava. Embora houvesse contado com o relacionamento entre ele e Robin para diminuir a tensão, sentira-se mais que nervosa enquanto preparavam-se para o jantar.
Por medida de segurança, saíra do banheiro vestida num traje simples e fresco, mas sentira o olhar fixo em suas costas enquanto prendera os cabelos num coque solto. E tinha de admitir que havia sido quase um sacrifício não suspirar ao vê-lo aplicar o hidratante nos ombros antes de vestir a camisa.
Alexandre era um homem muito atraente, e sentia-se orgulhosa por ser sua acompanhante naquela noite especial. Quando haviam saído juntos em Savannah, não experimentara aquela estranha vaidade por estar ao lado dele. Todos sabiam que ele era noivo de Lucy Montgomery, e por isso nunca perdera tempo imaginando que tipo de casal formavam aos olhos alheios. Mas agora sabia que atraíam uma boa dose de atenção, e tinha consciência de que formavam o que as pessoas chamavam de "parceria ideal". castanhos, altos e bronzeados, eram a imagem da felicidade e da beleza. Mas as aparências podem enganar.
— Ora, se não são os recém-casados! — uma voz masculina ecoou atrás dela. Giovanna registrou a mudança de expressão no rosto de Alexandre e virou-se. Eram Lila e Cheek, o casal de nudistas que, felizmente, não haviam voltado a ver sem roupas.
— Cheek — Lila censurou o marido com tom maternal. — Eles não são casados, lembra-se? São apenas amigos.
— Exatamente — Giovanna e Alexandre responderam em uníssono.
— Não foi um lindo dia? — Lila perguntou, apontando vagamente na direção da praia.
— Belo vestido! — Cheek elogiou, sem disfarçar o interesse pelos seios de Giovanna.
— Obrigada — ela respondeu constrangida.
— Está obtendo um lindo bronzeado — Lila comentou.
— Passei o dia todo na praia — Giovanna explicou.
— Na praia do hotel? — Cheek surpreendeu-se. Em seguida, inclinou-se como se fosse divulgar um segredo militar. — Há uma praia de nudismo cerca de vinte quilômetros ao norte daqui. São cinco dólares por cabeça, mas vale a pena.
— Vamos nos lembrar disso — Alexandre respondeu irritado. O sujeito virou-se para Giovanna e disse:
— Se decidir ir, ficaremos felizes em oferecer uma carona.
— Já disse que vamos nos lembrar disso — Alexandre repetiu com tom ríspido.
— Ótimo — Cheek respondeu satisfeito, sem dar importância ao tratamento hostil. — Querem ver se conseguimos uma mesa para quatro?
— Não! — Giovanna e Alexandre gritaram ao mesmo tempo.
— É uma ocasião muito especial para nós — ela explicou com um sorriso.
Alexandre enlaçou-a pela cintura e confirmou:
— Sim, preferimos um pouco de privacidade esta noite.
— Ohhh! — Lila entoou com olhos brilhantes. — Amigos, não é? Estou ouvindo sinos de casamento?
Giovanna tentou pensar em alguma coisa que pudesse dissipar o constrangimento.
— Acha que podemos dizer que foi a idéia do casamento que nos trouxe a Fort Myers, não é, Alexandre?
Ele hesitou por um instante.
— Bem... sim.
Lila riu encantada.
— Ding-dong, ding-dong. — Ela inclinava a cabeça de um lado para o outro.
Felizmente o garçom os chamou e puderam despedir-se.
— Pensei que nunca mais nos livraríamos deles — Alexandre comentou quando se sentaram.
— São inofensivos.
— Deviam estar em casa com os netos, em vez de saírem por aí promovendo matinês de nudismo.
O garçom ofereceu o cardápio, anotou o pedido do vinho e afastou-se. Giovanna riu e abriu o menu.
— Puritano — disse.
— O quê?
— Seu segundo nome.
— Não.
— Pudico?
Ele riu.
— Não. Esqueça, Giovanna. Não vou contar.
— Diria se eu acertasse?
— É claro que sim. Mas você jamais conseguiria.
— Pembroke?
— Não.
— Quem sabe?
— Só meus pais e irmãos... e juraram guardar segredo.
— Lucy não sabe?
— Não. O que vai querer?
Giovanna consultou o cardápio.
— Carne, talvez.
— Frita?
— E claro.
— Por que não a lagosta?
Ela se encolheu ao ver o preço do prato.
— Duvido que o prêmio do concurso inclua lagosta.
— Esqueça o prêmio. Ontem à noite fui dormir sem jantar, e na noite anterior comi um pão duro sem manteiga na cela da delegacia. Vamos comer lagosta.
Ela o viu fechar o cardápio e olhar em volta.
— O garçom disse que voltaria num minuto — indicou.
— Eu sei. Só estou verificando se não nos colocaram perto de alguma criança. Fiz um pedido especial quando chegamos.
— Relaxe. Não vejo nenhuma criança num raio de quatro metros.
— Elas podem se esconder — e olhou em baixo da mesa.
— O P deve ser de paranóico.
— Ainda não desistiu dessa bobagem?
— Alexandre, crianças também têm de comer!
— Ótimo! Desde que não estejam perto de mim... Todas as vezes que Lucy e eu... — Calou-se. — Lá vou eu novamente.
Giovanna sentiu uma onda de piedade ao ver a expressão de sofrimento no rosto dele.
— Alexandre, você e Lucy conviveram por muito tempo, e é natural que tenham histórias em comum. Pode contá-las sempre que quiser. Sempre que você e Lucy o quê? — Como a amiga revelara que a vida sexual com o ex-noivo era quase inexistente, podia contar com a certeza de não ser submetida a confidências íntimas. Por causa dos segredos da amiga, sempre havia considerado Alexandre uma espécie de peixe molhado, frio e escorregadio, mas agora constatava que havia se enganado.
Ele ergueu os ombros e forçou um sorriso.
— Sempre que saíamos para comer fora, nossa refeição era perturbada por uma criança mal-educada gritando, jogando comida e promovendo espetáculos revoltantes. Agora me pergunto se o relacionamento já havia perdido o encanto, e por isso eu buscava desculpas para justificar o clima de estranheza.
— O que há de tão tenebroso numa criança, afinal? Alexandre abriu a boca para responder e parou, confuso.
— Não sei. São... barulhentas.
— Eu também sou.
— E fazem confusão.
— Eu também faço.
— E as fraldas...
— Ah, agora você me pegou — ela riu.
— Gosta de crianças?
Giovanna encolheu os ombros.
— Eu praticamente criei minha irmã caçula.
— Não sabia que tinha uma irmã mais nova.
O orgulho iluminava seu rosto sempre que pensava em Dinah.
— Ela é dez anos mais jovem que eu. Atualmente está com vinte e dois. Eu a mandei para o ginásio de seus pais, mas tomei o cuidado de certificar-me que ela concluiria os estudos.
— Onde ela está agora?
— Terminando a Notre Dame — revelou satisfeita. — E irá para a faculdade de Direito no próximo semestre.
Alexandre assobiou admirado.
— Nada mal.
— Quis ter certeza de que pelo menos um Antonelli seria bem-sucedido e se manteria dentro da lei — comentou, pensando nos irmãos.
— Você também conseguiu sucesso. É a melhor corretora da maior imobiliária de Savannah.
Giovanna sentiu-se envaidecida pelo elogio, mas sabia que, por maiores que fossem suas realizações, era e sempre seria uma Antonelli. Dinah informara recentemente que não voltaria à cidade natal para exercer sua profissão, e Giovanna suspeitava de que as nódoas no nome da família haviam influenciado sua decisão. Olhando para Alexandre sentado do outro lado da mesa, cujo nome era suficiente para colocá-lo acima da maioria dos mortais, sentiu-se profundamente perturbada.
— Pode pedir por mim, por favor? — Desculpando-se, deixou a mesa para ir ao banheiro, dizendo a si mesma que tinha de livrar-se das idéias ridículas que galopavam por sua mente cada vez que olhava para Alexandre.
No banheiro, lavou as mãos e a nuca com água fria e ponderou sobre deixar Fort Myers antes do previsto. Assim que estivesse de volta ao seu ambiente normal, os sentimentos despertados pelo ex-noivo da melhor amiga deixariam de existir. Inventaria alguma coisa sobre ter sido chamada ao escritório com urgência e partiria na manhã seguinte. O fato de não querer deixá-lo era assustador o bastante para fortalecer a decisão. Ao deixar o reservado, sentia-se triste, mas determinada.
A caminho da mesa, uma voz masculina a deteve.
— Temos de parar com esses nossos encontros, Giovanna.
Ela se virou e viu Enrico vestido com uma calça preta e uma tamisa vermelha e cintilante. A impaciência retornou com força espantosa.
— Não posso parar para conversar. Preciso voltar à minha mesa.
Ele sorriu com um misto de malícia e persistência ao dar o primeiro passo para acompanhá-la.
— Seu marido também veio, ou foi abandonada mais uma vez?
— Sim, ele veio, e estamos tendo um jantar romântico e apaixonado. — Mas ele a seguiu até o centro do salão, onde Giovanna parou estupefata.
Alexandre estava em pé ao lado da mesa, trocando um beijo cinematográfico com Robin, a Dama da Informática.
Autor(a): GN
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Vários segundos se passaram antes que Alexandre percebesse que estava sendo beijado e conseguisse se livrar de Robin, que parecia ter surgido do nada.— Não creio que este seja o lugar...— Oh, e que tal aqui? — ela murmurou, puxando a cintura de sua calça com força. Um botão se soltou e voou longe.Uma exclamaçã ...
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