Fanfic: Um amor desastrado - GN | Tema: GN
O sol já brilhava no céu quando Giovanna abriu os olhos. Apesar da temperatura amena, um manto gelado a envolvia. Fizera sexo com o ex-noivo da melhor amiga!
Em pânico, tentou livrar-se dos braços que a mantinham cativa e ignorar a ereção monstruosa sob o lençol.
— Oh, meu Deus, oh, meu Deus, oh, meu Deus...
— Ei, aonde vai?
— Tire as mãos de mim!
— Devia dar um jeito nesse seu mau humor matinal — ele comentou em meio a um bocejo.
— Mau humor? Então não percebe que estamos encrencados?
Confuso, Alexandre sentou-se na cama e apoiou os pés no carpete marrom.
— Do que está falando?
— Fizemos sexo ontem à noite!
— Sim, eu sei. Estava lá, lembra-se?
Esse era o maior problema. Lembrava de cada detalhe. Perturbada, enrolou-se numa toalha e jogou outra na direção dele.
— Por favor, cubra-se. E agora, o que vamos fazer?
Depois de enrolar a toalha na cintura, Alexandre esfregou os olhos e suspirou.
— Não sei. Que tal irmos a Disney World?
— Não tem graça.
— Será que posso dispor de alguns segundos para acordar... e buscar alívio para o mal que me atormenta?
A noite não significara nada para ele. E por que teria algum significado especial? Não era ela quem teria de encontrar Lucy regularmente quando voltassem para casa. Do ponto de vista masculino, dormir com a melhor amiga da mulher que o abandonara altar era uma vingança perfeita. Ferida, sentiu-se a maior de todas as tolas por não ter visto a situação com clareza na noite anterior. Giovanna apontou para o banheiro.
— Sinta-se em casa — disse com tom frio.
Assim que Alexandre fechou a porta, ela se aproximou do guarda-roupa, apanhou a enorme bolsa de praia e começou a jogar dentro dela todos os objetos de uso pessoal. Deixaria as roupas nos cabides. Como Alexandre as comprara, poderia dispor delas como bem entendesse.
Voltaria para casa de ônibus para evitar uma repetição da traumática experiência vivida dias antes. Preferia passar dois dias na estrada a entrar num avião. Aproveitaria o tempo para decidir o que diria a Lucy. Ou melhor, se diria alguma coisa.
Nervosa, ensaiou um breve discurso.
— Giovanna, você e ele já estavam separados, e o clima daquele lugar é realmente sensual. Juro que nunca houve nada entre nós enquanto ainda eram noivos.
— Giovanna.
A voz profunda mexeu com seus nervos abalados e, assustada, ela derrubou a bolsa e a toalha. Cobrindo-se depressa, virou-se e encontrou Alexandre apoiado no batente.
— O que está fazendo? — ele quis saber.
— O que pareço estar fazendo? Vou embora, é claro.
— Para casa? Por quê? Acha que essa é a melhor maneira de lidar com o que aconteceu entre nós?
— Tem alguma idéia melhor?
— Tente não exagerar nas proporções. Já é um bom começo. Eu estava ferido, você estava sozinha... Tivemos uma noite romântica, bebemos garrafa de champanhe... Desculpe-me, Giovanna. Sinto-me culpado por tê-la trazido para cá e...
— Veja só a confusão que criamos! E não precisa se desculpar, Alexandre. Não me lembro de você ter apontado uma arma para a minha cabeça.
— Não fomos muito sensatos, considerando as circunstâncias, mas somos adultos, e podemos nos comportar de forma a impedir que o fato se repita.
— Não pode se repetir!
— Certo. Já que estamos de acordo, pode ficar.
— Ah, é? E o que vou dizer a Lucy?
— Nada. Ela é casada, Giovanna. Não tem o direito de interferir em nossas vidas, e nem deve se importar com o que fazemos na intimidade.
— Mas como vou encará-la?
— Como se nada houvesse acontecido.
A resposta deixava claro que o fato de terem dormido não havia significado nada para Alexandre.
— Não posso mentir para Lucy. Ela é minha melhor amiga.
— Está bem. Se Lucy perguntar se dormimos juntos, você dirá que sim.
— Ela jamais perguntaria.
— É o que estou tentando dizer. Mas vai acabar despertando a curiosidade dela se voltar para casa antes da data prevista. Fique, e prometo ficar fora do seu caminho até sábado. Ainda podemos ser amigos, não?
Ele fazia tudo parecer tão simples! Alexandre, o Sr. Prático. Talvez o P fosse de prático. E talvez estivesse certo. Precisavam de alguns dias para recuperar o relacionamento casual. Sabia que nunca mais seria capaz de olhar para Alexandre como antes, mas seria uma pena perder sua amizade por causa de um lapso.
— Está bem, eu fico — disse com um sorriso. — Hoje irei fazer compras e conhecer a cidade.
— E eu encontrarei alguma coisa para fazer. Quer tomar banho primeiro?
— Sim, obrigada.
Rápida, dirigiu-se ao banheiro para escapar de atmosfera de estranheza e intimidade, mas deparou-se com as evidências do interlúdio da noite anterior. O sutiã do biquíni dentro da banheira, a garrafa aberta, as velas queimadas...
— Giovanna...
Assustada, virou-se e pisou num objeto pequeno que emitiu um ruído estranho ao ser pressionado contra o chão.
— O que é?
— Viu meus óculos?
Ela olhou para baixo, levantou o pé e fez um movimento afirmativo com a cabeça.
Alexandre ajeitou os óculos sobre o nariz, franzindo a testa ao sentir a fita adesiva que mantinha unidas as duas metades do objeto. Sentado na poltrona macia do cinema, comia pipoca enquanto esperava pelo início do filme e imaginava-se ao lado de Giovanna ali, rindo e fazendo comentários engraçados.
Era estranho como mudara de idéia a respeito dela nos últimos dias. Giovanna ainda era a bomba sexual que o deixava nervoso, mas... agora vislumbrara a mulher sensível, divertida e afetuosa que se escondia sob a fachada de frivolidade. O sexo ardente da noite anterior fora apenas uma grande e brilhante cereja sobre o sundae mais delicioso que imaginara existir. Mas... se Giovanna Antonelli era tão interessante, por que não a perseguia com determinação? Imaginou-a contando as razões nos dedos.
— Porque minha amizade com sua ex-noiva é mais importante que qualquer relacionamento que possamos manter. Porque existe uma dúzia de homens esperando por mim. Porque você não é o tipo de homem com quem eu passaria o resto da vida.
O filme começou, mas Alexandre não conseguia acompanhar a seqüência rápida do enredo. Giovanna Antonelli não saía de sua cabeça e, ao final de duas horas, decidiu permanecer onde estava e assistir à sessão seguinte. Talvez conseguisse entender alguma coisa do enredo.
Pela primeira vez em seus trinta e tantos anos de vida, sentia-se perdido, confuso e consumido por causa de uma mulher. Uma mulher que estava fora do seu alcance.
Quando saiu do cinema, a noite já começava a cair. Caminhando pela calçada repleta de transeuntes, decidiu que tudo seria diferente quando voltassem a Fort Myers. Retomaria o ritmo frenético da empresa de consultoria e ela voltaria a envolver-se com o trabalho de corretora de imóveis. Se encontrariam ocasionalmente em algumas festas, trocariam acenos, e ninguém jamais imaginaria que haviam dormido juntos.
Sem saber o que fazer, Alexandre continuou caminhando e olhando vitrines. Na frente de uma joalheria, viu um pingente de ouro em forma de castelo de areia e ficou encantado. Queria que Giovanna levasse uma lembrança do que acontecera entre eles, e o objeto parecia perfeito. Dez minutos mais tarde voltou à calçada levando no bolso a caixa com o pingente e uma delicada corrente de ouro. Não sabia se daria a jóia a Giovanna, ou quando o faria, mas comprá-la já havia sido suficiente para satisfazê-lo temporariamente.
Num bar movimentado, pediu um sanduíche e uma cerveja. O garçom que o atendeu no balcão usava uma camiseta justa com as mangas arrancadas para exibir as tatuagens que cobriam seus braços. Alexandre tentou não demonstrar muita curiosidade, mas fracassou.
— Já teve uma tatuagem? — o rapaz perguntou.
— Não — e apontou para o bíceps do sujeito. — Isso é um anúncio?
— Sim. É o melhor tatuador da cidade. Fica do outro lado da rua, e consegui um desconto por exibir o anúncio.
— Painéis humanos... Aí está uma indústria de potencial inesgotável.
— Tem razão. Está ocupado esta noite?
— O quê? Oh, eu... Bem, está enganado a meu respeito, companheiro.
— Não é o que está pensando. Minha namorada vai passar por aqui com uma amiga. Gosta de ruivas?
— Sim, mas...
— Ótimo! O nome dela é Pru.
— Espere um minuto, eu não disse que...
— Uau! — Algo perto da porta havia chamado a atenção do rapaz. — Seria capaz de cometer uma loucura por um petisco como aquele!
Alexandre virou-se no banco e viu Giovanna entrando. Ela usava um conjunto de short e camiseta sem mangas que teriam passado despercebidos em noventa e nove por cento da população feminina. Parecia procurar algo na bolsa, e por isso demorou a notá-lo. Quado ergueu a cabeça e o viu perto do bar, ela aproximou-se com um sorriso tímido, quase confuso.
— Mundo pequeno... — Alexandre comentou, apontando para o banco vazio a seu lado. — Sente-se. Quer uma cerveja?
— Não, obrigada. Estou procurando um telefone público. A bateria do meu celular acabou bem no meio de uma conversa com a Sra. Wingate.
— Ela decidiu comprar a casa dos Sheridan?
— Ainda não, mas está lá com um padre que vai benzer os canteiros de flores.
— Bem, se precisa cuidar dos negócios, não me deixe atrasá-la.
— Tudo bem. Ela deve ter interpretado a interrupção como um presságio, e é bem provável que não atenda mais ao telefone. — Giovanna olhou para o garçom. — Bela obra de arte — elogiou, apontando para os braços tatuados.
— Obrigado.
— O que fez durante todo o dia? — Alexandre perguntou, tentando ignorar o ciúme despertado pelo olhar insistente do garçom.
— Fui conhecer a cidade. A arquitetura local é interessante, e o mercado imobiliário parece promissor.
— Está pensando em se mudar para cá? — ele riu.
— Não. Gosto de Fort Myers, mas Atlanta seria minha opção, caso decidisse deixar Savannah. Tenho muitos amigos lá.
Giovanna tinha amantes em todos os estados!
— Atlanta é uma cidade divertida.
— Sim. Mas enquanto minha mãe estiver viva, acho que não deixarei Savannah — ela confessou.
— Prefiro não pensar nesse assunto. Não consigo imaginar em que estado encontrarei minha mãe quando voltar.
— Ela gostava muito de Lucy, não é?
— Mamãe vivia dizendo que Lucy seria a esposa ideal para dar um impulso à minha carreira e organizar minha vida pessoal.
— Ela sabia que vocês não queriam ter filhos?
— Sim, mas não se importava com isso. Minha irmã tem dois filhos, e mamãe já está satisfeita com os netos que tem.
— Sorte sua! Minha mãe não tem nenhum neto. Quero dizer, não que saibamos. Mas conhecendo meus irmãos, estou quase certa de que existem alguns pequenos Antonelli correndo pelo mundo.
Alexandre riu e bebeu mais um pouco de cerveja. Todas as famílias, ricas ou pobres, tinham suas disfunções.
— Já jantou?
— Não estou com fome. Na verdade, estava pensando em voltar ao hotel e ir descansar mais cedo.
— Ah, vamos lá! — Alexandre insistiu, tentando disfarçar o incômodo provocado pelo comentário. — Por que não fica para uma cerveja? Somos amigos, lembra-se?
Giovanna hesitou, mas acabou sorrindo e aceitando o convite.
— Está bem. Só uma cerveja.
Alexandre acordou assustado e estranhou o gosto amargo na boca. A cabeça doía, e os roncos de Giovanna a seu lado indicavam que haviam dormido na mesma cama. Lembrava-se de terem consumido litros de cerveja antes de saírem do bar, mas a memória recusava-se a passar desse ponto. Teriam voltado diretamente para o hotel? E depois?
Lentamente, abriu os olhos e ajeitou os óculos quebrados que, por um milagre qualquer, permaneciam sobre seu nariz. Virou a cabeça para examinar o reflexo no espelho do teto e não pôde conter um gemido. Estavam nus, as pernas entrelaçadas numa posição íntima.
De novo não.
Giovanna estava deitada de bruço, e o lençol puxado revelava a rosa falsa tatuada em seu traseiro. Assustado com a reação provocada pela visão, Alexandre levantou-se e, cambaleando, dirigiu-se ao banheiro.
Os músculos da região glútea doíam, em função do exercício provocado pela atividade sexual. Enquanto abria o chuveiro, massageou a área em busca de algum alívio. Mas o movimento só aumentou a dor e, intrigado, ele se aproximou do espelho. Devia ter ficado muito bêbado, mas havia permitido que Giovanna aplicasse uma daquelas ridículas tatuagens falsas em seu traseiro. Uma toalha molhada e um pouco de sabão resolveriam o problema
Quando começou a esfregar a tatuagem, a dor aumentou e o desenho permaneceu inalterado.
— Devo ser alérgico à tinta — resmungou, esfregando com mais força. Minutos mais tarde, ao notar que a tatuagem continuava no mesmo lugar, Alexandre reconheceu a primeira onda de pânico.
— Não! — gritou. — Não pode ser real!
Aproximou-se novamente do espelho para ver melhor, mas não conseguiu decifrar a seqüência de letras na ordem inversa. Usando o espelho portátil que Giovanna havia deixado no banheiro decifrou o significado da tatuagem e quase desmaiou.
Giovanna!
Giovanna acordou assustada, sem saber de onde partia o som que havia interrompido o sono profundo. Engolindo a dor, moveu a cabeça. O som de vidro se quebrando no banheiro a fez sentar-se.
— Alexandre? — chamou, segurando a cabeça. — Tudo bem?
A porta se abriu e ele apareceu nu, o rosto vermelho e perturbado.
— Não, não está tudo bem. Na verdade, nunca estive tão mal. Giovanna massageou o quadril dolorido e fez uma careta.
— Vá direto ao ponto, está bem? Não tenho energia para jogos de adivinhação.
— Você me convenceu!
Ela suspirou.
— Fizemos aquilo de novo.
— Sim, mas não é disso que estou fAlexandredo.
— Então, do que está fAlexandredo?
— Disto! — ele gritou, virando-se e apontando para uma das nádegas.
— Uma tatuagem? Você fez uma tatuagem? — e explodiu num acesso de riso. Girando o corpo, olhou para o próprio quadril e viu o novo desenho. — Nós dois fizemos tatuagens! Uma rosa! Não é lindo? — Animada, levantou-se e aproximou-se dele. — Deixe-me ver a sua. — Ao ver o nome escrito dentro de um coração vermelho, ela empalideceu. — Giovanna? — e cobriu a boca com as mãos, cravando os olhos arregalados em seu rosto.
— Existem procedimentos cirúrgicos para remover tatuagens — ela garantiu quando seguiam pelo caminho que levava à praia. Alexandre seguia em silêncio. — Mas o que realmente importa é que... o que houve ontem à noite não pode se repetir.
— Tem razão.
— Só temos mais um dia e uma noite, e somos perfeitamente capazes de nos manter sóbrios e distantes um do outro.
— Certo.
— Vamos tentar aproveitar o tempo que nos resta.
— Que tal tentarmos sobreviver até amanhã com o mínimo possível de calamidades?
— Está bem — Giovanna encolheu os ombros.
Na areia, Alexandre esperou que ela se acomodasse na espreguiçadeira e puxou a dele para bem longe antes de sentar-se.
— Medida de precaução — disse, abrindo o jornal como se quisesse esconder-se do mundo.
Irritada, Giovanna abriu um livro e tentou não pensar em Alexandre. Aceitara o convite para uma cerveja no bar do centro da cidade porque, depois de um dia inteiro longe dele, havia sido agradável encontrá-lo. Sentira falta de Alexandre, uma constatação que a intrigava e assustava.
Lembrava-se de tê-lo convencido a fazer a tatuagem, animada com a impressionante coleção do garçom, mas não sabia de onde ele havia tirado a idéia de gravar a palavra "Giovanna" no traseiro. E o fato de terem dormido juntos novamente só aumentava a confusão.
As coisas seriam melhores quando voltassem a Savannah. Raramente o veria, já que a ligação entre eles, Lucy, deixara de existir, e assim não teria de passar o resto da vida lembrando o tempo que haviam passado juntos num hotel à beira-mar.
— Olá.
Giovanna desviou os olhos do livro e viu Enrico parado ao lado da cadeira. Resplandecente num espremedor de ovos cor de laranja, ele acenou para Alexandre que permanecia escondido atrás do jornal.
— Vejo que seu acompanhante a negligenciou novamente. Talvez eu possa remediar a situação.
Aborrecida, Giovanna abriu a bolsa.
— Duvido.
— Quer dar um passeio pela praia?
— Não — disse, e pôs os óculos escuros.
— Que tal um drinque?
— Não.
Ele aproximou-se e o hálito de álcool a atingiu em cheio.
— Gosta de provocar, não é?
— Não — Alexandre respondeu atrás dele.
Giovanna o viu parado com o jornal dobrado sob o braço, os olhos fixos no rosto de Enrico.
— Eu posso cuidar disso, Alexandre — disse irritada.
Ele encolheu os ombros e voltou à cadeira.
Mas Enrico o seguiu.
— Decidiu que ela não merece uma boa luta, señor!
— Já chega! — Giovanna ergueu o corpo. — É melhor ir embora, Enrico.
— É mulher demais para você? — ele insistiu.
A paciência de Giovanna chegou ao fim e ela se levantou.
— Vá embora, Enrico!
— Qual é o problema? O mocinho precisa da mulher para se defender?
Furiosa, Giovanna investiu contra ele e pendurou-se em seu pescoço, montando nas costas peludas enquanto tentava atingi-lo com tapas desferidos às cegas. Alexandre levantou-se para ajudá-la, mas Enrico deu um passo à frente e o derrubou na areia, caindo sobre ele. Os três rolaram pelo chão enquanto Giovanna esmurrava as costas do sujeito.
A areia os cegava. A briga era uma confusão de braços e pernas. Alexandre e Enrico trocavam golpes violentos. Alguém gritou pela polícia e, enfurecida, Giovanna decidiu que era hora de pôr um ponto final da cena lamentável. Cerrando um punho, preparou-se para acertar um direto no queixo de Enrico. Afastando o braço, pôr toda a força que tinha no movimento e desferiu o golpe. O gemido aflito comprovou que ela atingira seu objetivo.
Ofegante, levantou-se para limpar a areia dos olhos e, ao massagear os dedos doloridos, viu Enrico correndo pela praia, aparentemente imune ao soco com que acabara de brindá-lo.
Quando olhou novamente para o local da luta, Sentiu o estômago contrair-se. Alexandre estava sentado na areia, cobrindo o olho direito com uma das mãos.
Adoraria pedir desculpas, mas a chegada da polícia a impediu de falar.
— Olá — o oficial cumprimentou. — Sabia que nos encontraríamos novamente.
— Veja pelo lado positivo — Giovanna aconselhou-o na manhã seguinte enquanto caminhavam até a limusine estacionada em fila dupla.
Atordoado depois de mais uma noite na cadeia e sentindo uma dor intensa no olho ferido, Alexandre, suspirou:
— O que há de positivo nisso?
— Não fizemos sexo ontem à noite. E vamos embora hoje. Já encerrei nossa conta no hotel. Twiggy mandou lembranças. Comprei uma mala e já trouxe todas as suas coisas. Estão no porta-malas.
Alexandre parou e olhou para os dois novos amassados no carro azul-celeste, mas não disse nada. Em vez disso, abriu a porta de trás, sentou-se no banco e bateu a porta com violência.
— Vai me deixar dirigir até o aeroporto? — Entusiasmada, Giovanna acomodou-se atrás do volante e abriu a divisória de vidro entre os bancos.
Alexandre pôs o cinto de segurança.
— Estou exausto demais para discutir.
— Então relaxe. Que tal comermos alguma coisa a caminho do aeroporto? Ainda temos muito tempo antes do vôo.
— Como quiser — disse, e tirou os óculos para não ver o que estava prestes a enfrentar.
Por piores que fossem suas expectativas, não antecipara que ela tentaria passar por um drive-thru com a limusine. Ficaram presos no corredor estreito por mais de quarenta minutos, enquanto um manobrista desesperado tentava ajudá-la a liberar a passagem para a fila de clientes que aumentava a cada segundo. Quando sentiu que não suportaria o ruído do metal contra a parede cada vez que ela punha o carro em movimento, Alexandre ligou a tevê e pediu um sanduíche.
Autor(a): GN
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Como ele ocupara sua alma ferida com o corpo de uma mulher ardente e disponível depois de ter sido abandonado por Lucy.Desesperada, Giovanna abriu a agenda de telefones e discou para um determinado número em Atlanta. Seria bom ouvir a voz de um velho e querido amigo, alguém com ombros largos, fortes e desinteressados.— Alô?— Manny? Sou ...
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