Fanfic: Um amor desastrado - GN | Tema: GN
— Isso é sério? — Giovanna olhou pela janela para a estrutura de quatro andares. Metade das letras no luminoso estavam apagadas.
— É aqui — Jack confirmou.
— Linda disse que o hotel era o mais antigo da região, mas tinha estilo — Alexandre comentou com a testa franzida. — Fica perto da praia... Creio que posso ouvir o barulho do mar.
— Bem, é difícil dizer muito no escuro — Giovanna ofereceu enquanto saía do caminhão. Alexandre a segurou pela cintura e colocou-a no chão a poucos centímetros dele, provocando uma reação tão intensa que, assustada, ela retrocedeu um passo.
Os dois acenaram para o motorista do caminhão. Jack pôs a cabeça para fora da janela e gritou:
— Gostaria de estar no seu lugar, amigo! Ela é um estouro! Vaidosa, Giovanna sorriu e olhou para Alexandre. Ele estava vermelho e seu sorriso era tenso enquanto despedia-se com um gesto breve e silencioso. O constrangimento era tão evidente que, penalizada, Giovanna decidiu mudar de assunto.
— Vamos entrar. Mal posso esperar para livrar-me desta roupa. Tarde demais, percebeu que havia acrescentado combustível ao fogo. Alexandre tossiu e virou-se para a entrada. Sem as luzes do caminhão, o estacionamento mergulhou na escuridão. Ela deu o primeiro passo, tropeçou e agarrou o paletó de Alexandre antes de cair, ameaçando arrastá-lo na queda. Alexandre conseguiu manter-se em pé e ajudou-a a levantar-se. Infelizmente, era impossível ver onde punha as mãos e, ao puxá-la, ouviu o ruído do tecido se rasgando e soube que agarrara o horrível babado de chiffon do vestido cor de pêssego. Irritado, colocou-a em pé com um movimento brusco.
— Acha que podemos percorrer os últimos cinco metros sem nenhuma catástrofe?
Ela respondeu com um movimento afirmativo de cabeça, chocada com as sensações provocadas por aquelas mãos. Era o álcool, o cansaço, a fome, a escuridão... Todos os fatores combinavam-se para criar falsas impressões. Precisava descansar e ver a luz do sol para lembrar que aquele era Alexandre, o Aborrecido.
Ele agarrou seu braço e levou-a para o saguão. Giovanna foi subitamente invadida por uma premonição quanto ao lugar e à semana que passariam juntos, mas manteve a boca fechada e enfiou os babados rasgados dentro do decote.
Entre duas enormes palmeiras plásticas, a entrada era menos que espetacular. Um cheiro de pó e umidade os recebeu quando pisaram no carpete desbotado do saguão. À direita, cadeiras de vinil muito velhas e mais plantas artificiais cercavam um antigo aparelho de tevê. Um casal de meia-idade assistia a um programa de compras por telefone. À esquerda, a butique liquidava uma infinidade de produtos com a estampa de Elvis. Giovanna apertou os lábios. Talvez pudesse expandir sua coleção.
Olhou para Alexandre e viu que ele franzia a testa, pronto para explodir.
— Não era bem isto que eu esperava — ele resmungou. Giovanna mordeu a língua para conter as palavras que gostaria de dizer. Sentia-se aborrecida com a atitude arrogante de Nero. Duvidava que ele houvesse passado uma única noite na vida em acomodações com menos de quatro estrelas.
O balcão de recepção erguia-se majestoso na frente deles, escondendo a loura magricela e desanimada que esperava para atendê-los.
— Posso ajudá-los? — ela perguntou sem interesse.
A decoração era simplesmente horrível. Tecidos desbotados, madeira corroída, plantas de plástico, tudo colaborava para criar um clima de abandono e descuido. Lucy, a ex-noiva de Alexandre, uma bem-sucedida decoradora, teria desmaiado diante de tamanho atentado ao bom gosto. Mas, para Giovanna, o lugar tinha um certo charme retro.
— Não sei se vim ao lugar certo — Alexandre começou. — Existe outro hotel chamado Paliçadas do Prazer nesta região?
A réplica de Twiggy levantou a cabeça e não tentou esconder a admiração ao ver o novo hóspede.
— Não — respondeu com interesse súbito. — Este é o único. Alexandre olhou para Giovanna com ar preocupado e voltou-se para a recepcionista.
— Tem alguma reserva em nome do senhor e Sra. Nero? — terminou constrangido.
— Nero? — Ela jogou os cabelos tingidos sobre um ombro, virou-se para o empoeirado terminal de computador e manuseou o teclado com pouca habilidade. — Nero... Nero, sim aqui está. Alexandre P. Nero. Suíte nupcial de luxo a partir da noite de sexta-feira. O vídeo-cassete e a videoteca são cortesia da casa, já que nos aproximamos do Dia dos Namorados.
Alexandre arregalou os olhos numa resposta alarmada.
— Estamos mesmo no lugar certo?
Twiggy não respondeu. Sorrindo, fez uma enorme bola com o chiclete que mascava e recolheu-o com a ponta da língua.
— O quarto deve ser confortável — Giovanna sussurrou, tentando mostrar-se otimista. Desde que tivesse água quente, o resto não fazia diferença.
Ele apontou um dedo para a funcionária.
— Só um momento — e puxou Giovanna para o lado. — Deve ter havido algum engano. Vou telefonar para Linda e esclarecer esta confusão agora mesmo. Vi um Hilton antes de chegarmos aqui. Alugaremos um quarto para esta noite e depois...
— Não vou a lugar nenhum, Alexandre. Não agüento dar nem mais um passo.
— Chamaremos um táxi.
— Você chama o táxi, e você vai sozinho para o Hilton — ela explodiu. — Estou cansada, suja, faminta e com uma terrível ressaca. Desde que o quarto seja limpo, ficarei aqui mesmo.
— Não precisa ser grosseira.
— Lamento, mas não consigo ser delicada no estado em que me encontro. Olhe para mim! — e abriu os braços, exibindo o vestido manchado.
— Está bem, está bem. Vamos passar esta noite aqui mesmo. Mas só esta noite!
Dois minutos mais tarde, a recepcionista entregava a chave do quarto e explicava:
— E o 410 no fundo do corredor. A vista é linda e há uma varanda de onde poderão apreciá-la. Infelizmente o elevador está quebrado, e terão de subir pela escada. Tenham uma boa estada.
Alexandre deu alguns passos na direção indicada, mas Giovanna o segurou Pelo braço.
— Preciso comprar algumas coisas básicas — lembrou, apontando para a butique.
— Precisa de alguma coisa da loja? — a recepcionista perguntou, Sem esperar por uma resposta, retirou um cartaz da gaveta e colocou o aviso de "Volto Já" apoiado numa lata de refrigerante sobre o balcão. — Sou a vendedora, também — e saiu de trás da monstruosidade de madeira.
Giovanna seguiu a jovem até a minúscula butique, esfregando os olhos cansados.
— Alexandre? — ela o chamou assim que entraram. — Do que é o P?
— O quê?
— O P. No meio do seu nome — ela explicou, explorando as prateleiras empoeiradas.
Ele ficou em silêncio por alguns segundos antes de responder:
— Não importa.
Curiosa, Giovanna continuou recolhendo alguns objetos de higiene pessoal e sorriu.
— Vamos lá, qual é seu segundo nome?
— Esqueça, está bem?
— Deve ser algo muito estranho, ou não estaria tentando escondê-lo.
— Giovanna! Por favor, não insista, está bem?
Ela fez uma careta e concentrou-se nas prateleiras. Precisava de um par de cuecas e uma camiseta, sem mencionar as roupas íntimas. Havia acabado de ver um pacote de shorts masculinos de algodão quando percebeu que Alexandre estendia a mão para a mesma mercadoria.
— Nunca pensei que usasse esse tipo de coisa, Alexandre.
— Nem eu, Giovanna.
— Você não me conhece.
— Preciso usar roupas de baixo — ele protestou, incluindo o pacote entre suas compras.
Giovanna abriu os braços.
— Bem, como nunca fiz questão de roupas de baixo, pode ficar com eles.
— Que tal dividirmos? São quatro peças no pacote. Duas para cada um.
Talvez fosse a voz rouca, ou a timidez, ou o ar quase infantil, mas o fato é que se sentiu subitamente atraída por Alexandre, e isso a assustava.
— Melhor não — respondeu com tom antipático.
— Como quiser. Já encontrou tudo que procurava?
— Sim — ela disse, pegando uma camiseta com a estampa de Elvis e um short cor-de-rosa do cabide mais próximo. Todos os objetos foram jogados sobre o balcão.
Alexandre depositou as coisas que escolhera sobre as dela.
— Eu pago — anunciou, abrindo a carteira. Giovanna ameaçou protestar, mas ele ergueu a mão. — É o mínimo que posso fazer — e estranhou ao ver a balconista selecionar um pacote de adesivos plásticos entre as coisas de Giovanna.
— Sempre quis ter uma tatuagem ela explicou encabulada. Cinco minutos mais tarde, equilibrando o pacote de compras, ela olhou para a escada que teriam de subir. Estava exausta, e a decisão de dividir um quarto com Alexandre por uma semana parecia mais absurda a cada instante. A caminho do quarto tiveram de parar várias vezes para descansar, mas finalmente alcançaram o corredor escuro que passava por várias portas antes de chegar ao 410.
Giovanna ouvia as ondas do mar quebrando na praia e, animada, debruçou-se sobre a balaustrada para tentar enxergar alguma coisa. Alexandre a enlaçou pela cintura e puxou-a para trás com um movimento brusco, quase desesperado. As costas de Giovanna encontraram o peito masculino e ela emitiu uma exclamação de espanto. Depois de alguns segundos Alexandre a soltou e aconselhou-a em voz baixa:
— Nunca mais faça isso. Não confio nesta balaustrada, e não estou com disposição para visitar o hospital depois de tudo que já enfrentamos.
Com o coração disparado, Giovanna riu de maneira uma risada nervosa e esperou enquanto ele lutava com a fechadura no escuro.
— Podiam pôr algumas lâmpadas por aqui — ele reclamou. Em seguida, empurrou a porta e acionou o interruptor.
Atônitos, pararam na soleira e olharam para o interior da suíte.
— Parece que todas as lâmpadas estão aqui — ele acrescentou. Giovanna afirmou com um movimento de cabeça, sem fala. O quarto era uma ofuscante coleção de luzes coloridas, multiplicadas dezenas de vezes pelos espelhos que cobriam as paredes.
— É uma discoteca — ele resmungou.
A cama ocupava o centro do espaço. Enorme e circular, fora colocada sobre uma plataforma de madeira. Uma luminária presa à cabeceira lançava sua luz brilhante sobre o edredom dourado, e era óbvio que o objetivo do decorador não era estimular o hábito de ler.
— Pelo menos o carpete é novo — ela disse ao entrar.
— Sim, e devem ter pago uma fortuna por ele. Marrom desbotado é difícil de encontrar.
Ela olhou em volta, examinando a cozinha verde-abacate e a sala de estar composta por um velho sofá-cama e duas poltronas em forma de saco de feijão. O ambiente ficava separado do dormitório por duas cortinas orientais que não chegavam nem perto do chão, e a tevê fora colocada num ponto estratégico que podia ser visto de todas as partes da suíte.
— É espaçoso — ela observou. — E funcional.
— Sim... para orgias.
Rindo, Giovanna deixou a bolsa e as compras sobre uma cadeira e foi inspecionar a cama. Tocou o edredom e viu os movimentos ondulatórios provocados pelo movimento sutil.
— É um colchão de água! — riu. — E veja isto — apontou, notando a garrafa apoiada sobre os travesseiros. — Licor de canela. Deve ser bom.
Alexandre suspirou e olhou em volta com ar de desgosto, como se estivesse procurando uma forma de passar a noite ali sem tocar em nada.
— Que droga! — irritou-se.
Giovanna deixou a garrafa sobre a cama. Era uma repetição da cena que testemunhara na locadora de automóveis. Alexandre Nero não aceitava menos que o melhor.
— Relaxe, Alexandre! Isto é divertido!
— Fale por você.
Erguendo os ombros, ela pôs as mãos na cintura e encarou-o:
— Por que não desce do pedestal e vem conhecer a vida do outro lado do mundo?
— O que está querendo dizer?
— Quero dizer que a vida nem sempre é de primeira classe, e você precisa aprender a lidar com as circunstâncias.
— Sou capaz de lidar com elas, desde que sejam boas.
— Alexandre, você não passa de um menino rico e mimado.
— Não gostei do que disse.
— Azar seu, porque é a pura verdade. — Levando a sacola com os objetos de uso pessoal, ela se dirigiu ao que parecia ser o banheiro. Ao abrir a porta, não pôde conter uma exclamação admirada. — Uau!
Uma enorme banheira vermelha dominava o espaço de azulejos claros. A pia, o chuveiro e o vaso sanitário pareciam ter sido encolhidos para acomodar o utensílio exótico, onde três adultos podiam banhar-se com todo o conforto.
— Humm — Alexandre resmungou atrás dela. — Mais uma novidade.
— Mas não a última — e ela apontou para a janela sobre a banheira.
O quarto que ocupavam era o último numa formação semicircular, o que conferia visão completa de todos os outros aposentos do andar. Num deles a cortina havia sido deixada aberta e podiam ver um casal idoso que obviamente desprezava a moderna indústria da confecção. Giovanna olhou fascinada para as duas pessoas que, nuas, moviam-se pela cozinha com desembaraço.
— É como ver um desastre de automóvel — disse. — Ninguém quer olhar, mas é impossível conter-se.
A mulher virou-se de repente e, notando a presença dos vizinhos, cutucou o marido. Giovanna e Alexandre ficaram paralisados, como dois animais pegos pelos faróis de um carro. O casal sorriu e acenou. Alexandre adiantou-se e fechou a cortina.
— É inacreditável — resmungou. — Aqueles dois têm idade suficiente para serem meus pais!
Giovanna abriu a torneira de água quente. Os primeiros pingos de água pareceram enferrujados, mas depois de alguns segundos o jato normalizou-se e ela tampou a banheira, despejando nela um punhado de sais de banho que encontrou numa embalagem plástica.
— Nem todos perdem o interesse por sexo quando ficam mais velhos, Alexandre. — Os comentários que a amiga fizera sobre o relacionamento íntimo com o namorado invadiram sua mente. — Isto é, desde que algum dia tenham se interessado por sexo.
Levando os braços às costas, encontrou o zíper do vestido e começou a abri-lo. Então se lembrou que ele ainda estava no banheiro e parou.
— Alexandre, não tenho energia para jogá-lo para fora, mas saiba que vou me despir nos próximos trinta segundos. Se não quer ser embaraçado pela segunda vez na mesma noite, é melhor sair.
Pálido, ele saiu como se um fantasma o perseguisse. Giovanna riu, abriu o zíper e livrou-se do vestido fétido e imundo. Depois de tirar a desfiada e o sutiã preto, entrou na banheira e deixou-se envolver pela água morna e perfumada.
— Ahhhh! — exclamou satisfeita, mergulhando até o pescoço. De olhos fechados, deslizou as mãos pelo corpo para remover a gordura, a poeira e o suor do dia tenebroso. Enquanto desfrutava do prazer proporcionado pelo banho, pensou em tudo que vivera nas últimas horas.
Alexandre Nero era o homem mais conservador que já havia conhecido. Compreendia que sua personalidade fora desenvolvida de acordo com tradicional família a que pertencia, gente de dinheiro e poder que já haviam merecido até uma placa numa das principais praças da cidade, a praça Nero. Diferente dela, que não tinha outra opção senão progredir, Alexandre era um pilar da comunidade.
E ali estavam eles, duas forças opostas, juntos num quarto de hotel de terceira categoria. Fósforos e papel. Rosas e espinhos. Centro e periferia.
Convidá-la para aquela viagem havia sido a coisa mais espontânea que Alexandre já fizera. Irônico era saber que ele era o único homem em Savannah capaz de convidá-la para qualquer coisa sem intenções sexuais. Giovanna repousou a cabeça na banheira. Podia relaxar. O relacionamento com Alexandre Nero jamais deixaria de ser platônico.
Alexandre passou a mão pelo rosto e caminhou até o outro lado do quarto. Não acreditava que fosse possível estar tão cansado e tão alerta ao mesmo tempo. A cabeça clamava por oito horas de sono para superar a ressaca, mas o resto do corpo respondia à presença de Giovanna Antonelli, o caracol Antonelli, nua no aposento contíguo.
Irritado, arrancou a gravata e jogou-a do outro lado do quarto. Quando viu o próprio reflexo num dos inúmeros espelhos, parou e surpreendeu-se com a raiva estampada em seu rosto. Orgulhava-se de estar sempre calmo, qualquer que fosse a situação, mas naquele dia... Naquele dia fora posto em prova por duas mulheres diferentes. A risada foi breve e amarga. Se não as conhecesse bem, suspeitaria de uma conspiração.
O estômago roncou, o que o levou a ligar para a recepção. A voz aborrecida de Twiggy ecoou do outro lado.
— Sim?
— Meu... nosso pacote inclui refeições, e gostaria de saber se o restaurante do hotel ainda está aberto.
— Acabou de fechar.
— Oh, não! Estamos famintos! Posso pedir serviço de quarto? Twiggy suspirou.
— O que vai querer?
— Dois filés e uma garrafa de vinho.
— Verei o que posso fazer.
— Obrigado.
Como sua secretária havia conhecido esse lugar? Pensar nisso o fez pensar na necessidade de encontrar acomodações para o resto da semana e ele chamou o serviço de recados de Linda, deixando uma mensagem para entrar em contato urgentemente. Depois telefonou para a locadora de automóveis, que prometeu substituir o veículo defeituoso na manhã seguinte.
Tentando esquecer os eventos das últimas horas, Alexandre removeu a faixa que mantinha a camisa dentro da calça do fraque e despiu-se até a cintura, dobrando as peças com cuidado e deixando-as nas costas de uma cadeira da cozinha. Depois tirou os sapatos e as meias, e no carpete desbotado, executou cinqüenta flexões. Ofegante, levantou-se e torceu o nariz para o cheiro do próprio suor. Uma ducha antes do jantar seria como visitar o paraíso.
— Giovanna? — chamou, batendo na porta do banheiro. — Pedi nosso jantar no quarto. A comida já deve estar sendo trazida.
Ela não respondeu. Impaciente, imaginou se Giovanna teria adormecido na banheira, e já estava pensando em chamá-la novamente quando a porta se abriu e ela apareceu triunfante, segurando as pontas de uma toalha muito fina sobre os seios, os cabelos molhados e a pele brilhante. De repente Alexandre teve a impressão de que as paredes o sufocavam. Giovanna sorriu:
— Deixei minhas roupas aqui fora — e apontou para uma sacola no chão.
Ao vê-la passar, Alexandre sentiu o perfume do óleo do banho e estremeceu. Era impossível não acompanhá-la com os olhos. As pernas longas e bem torneadas pareciam não ter fim, e seu coração ameaçou parar quando a toalha, um pouco mais baixa nas costas, exibiu a cintura estreita e o começo do...
— Adstringente — ela murmurou.
— O que disse?
— Lembre-me de comprar adstringente quando formos às compras amanhã — ela explicou, abaixando-se e mostrando mais da metade das coxas.
Alexandre sentiu que os joelhos fraquejavam e olhou para o teto, buscando forças.
— Está bem — respondeu.
— E um secador de cabelos.
— Entendido. — Ele arriscou mais uma olhada. Giovanna permanecia de costas, inclinada sobre a sacola, quase totalmente exposta diante de seus olhos. Fechando-os, suprimiu um gemido.
— Está sentindo alguma coisa?
Alexandre abriu os olhos. Giovanna o fitava com uma mistura de espanto e curiosidade.
— Oh, apenas fome e cansaço. Como você, suponho.
— Vai sentir-se melhor quando tomar um banho.
Grato pela desculpa, ele escapou para o banheiro e fechou a porta, apoiando-se nela em busca de um pouco de controle. Mas ainda estava descomposto minutos mais tarde, quando se colocou sob o jato frio do chuveiro. Qualquer outro homem teria arrancado aquela toalha e levado Giovanna para a cama. Por que não ele? Suspirando, massageou os músculos tensos da nuca. Porque Giovanna teria recebido com entusiasmo qualquer outro homem, mas o tratava como a um irmão mais velho. Um ser assexuado. Caso contrário, não teria desfilado pelo quarto seminua, como se ele não estivesse presente. Não reconhecia sua masculinidade nem mesmo Para manter um mínimo de modéstia. Só porque não era como os Neanderthals com quem ela costumava sair, não precisava tratá-lo como se estivesse morto.
As batidas na porta do reservado do chuveiro o assustaram.
— Alexandre?
Perplexo, virou-se e cruzou as mãos sobre as partes íntimas num gesto instintivo.
Autor(a): GN
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Giovanna piscou. Havia visto corpos regulares e bons, mas quem teria imaginado que aquele magnífico exemplar percorrera as ruas de Savannah durante tantos anos difarçado de Alexandre Prish? Ombros amplos e musculosos, peito definido, abdome plano... Se pelo menos ele tirasse as mãos do caminho.Através da porta embaçada, o rosto estava conto ...
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