Fanfics Brasil - 6 Um amor desastrado - GN

Fanfic: Um amor desastrado - GN | Tema: GN


Capítulo: 6

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Giovanna piscou. Havia visto corpos regulares e bons, mas quem teria imaginado que aquele magnífico exemplar percorrera as ruas de Savannah durante tantos anos difarçado de Alexandre Prish? Ombros amplos e musculosos, peito definido, abdome plano... Se pelo menos ele tirasse as mãos do caminho.
Através da porta embaçada, o rosto estava contorcido numa máscara furiosa.
— Giovanna! — ele gritou. — Costuma sempre invadir a privacidade das pessoas dessa maneira?
— Não precisa ficar tão nervoso. A menos que o seu seja verde, você não tem nada que não tenha visto antes. Sua secretária está no telefone.
— Linda?
— Quantas secretárias você tem?
— Ela já encontrou outro lugar para me... para nos hospedar?
— Não perguntei. Para ser sincera, acho que ela ainda está se recuperando do susto de ter sido atendida por uma mulher.
— Oh, meu Deus! Pelo menos disfarçou a voz?
— Para quê, Alexandre? Ela não me conhece!
— Tem razão. Além do mais, Linda nunca suspeitaria de que está aqui comigo.
— Ninguém suspeitaria. Nem em um milhão de anos.
— E então?
— E então... o quê?
— Pegue uma toalha, por favor!
Giovanna riu, divertindo-se com o constrangimento de Alexandre. Ainda havia uma toalha na prateleira, e ela a pendurou na porta do chuveiro e observou enquanto ele considerava revelar-se para pegá-la. Trinta segundos se passaram.
Alam moveu-se, o rosto vermelho como um pimentão.
— Por favor, jogue-a por cima da porta, sim? Apertando os lábios para conter o riso, Giovanna fez o que ele pedia e o viu agarrar a toalha quase no chão, quando teve certeza de que ela havia passado pela linha da cintura. BAlexandreçando a cabeça e rindo, ela saiu do banheiro e o deixou em paz.
Espantoso, pensou, sentando-se numa das poltronas para deembaraçar os cabelos. Alexandre era modesto! Tratava-se de uma característica inesperada num homem atraente, bem diferente das técnicas exibicionistas e pré-históricas de seus amantes transitórios. Pensando bem, talvez ele não fosse apenas modesto. Talvez tivesse traumas de infâncias, coisas que o impediam de desfrutar das delícias do sexo. Lucy nunca falara muito sobre o assunto, e apesar da curiosidade sobre os detalhes, nunca a pressionara nem invadira a privacidade da amiga.
O som da porta do banheiro invadiu seus pensamentos. Alexandre surgiu numa calça de moletom azul- marinho e dirigiu-se ao telefone. Estava limpando os óculos com a toalha de banho e evitava encará-la, mas a posição rígida dos ombros indicava que ainda estava aborrecido com sua invasão.
— Alô, Linda?
Giovanna aproveitou a oportunidade para examiná-lo melhor. A pele estava úmida e brilhante, dourada e aparentemente lisa como a de um nadador.
— Acabou de voltar do casamento? Deve ter sido uma recepção inesquecível!
Os ombros largos exibiam músculos bem definidos que passeavam sob a pele a cada movimento dos braços.
— Não, Linda, não precisa pedir desculpas. Fico feliz por ter gostado do champanhe. Sim, obrigado pelas condolências, mas ninguém morreu, lembra-se? E acho que foi melhor assim.
Podia sentir o perfume do sabonete mesmo a distância.
— Sim, decidi viajar assim mesmo.
Giovanna notou o tamanho dos pés, fez alguns cálculos mentais e apertou os lábios com admiração.
— Bem, o lugar não era exatamente o que eu esperava.
A calça larga revelava o elástico da cueca que ele usava. Ser um gênio da informática devia exigir mais do físico que ela imaginava.
— Francamente, Linda, é uma pocilga!
Agora que pensava no assunto, passara por ele na porta da academia de ginástica uma ou duas vezes.
— O que quer dizer com isso? Este não pode ser o único quarto disponível!
O quadril era estreito e firme, com linhas aerodinâmicas que sugeriam velocidade. O desejo começou a se formar numa parte mais baixa de seu ventre, surpreendendo-a.
— A mulher que atendeu? — Alexandre lançou um olhar rápido por cima do ombro e virou-se. — Não era ninguém. Quero dizer, ninguém que conheça. Sim, apenas uma camareira.
Giovanna franziu a testa, mas uma batida na porta a impediu de interferir. Irritada, foi abrir e praticamente arrancou a bandeja da mão da recepcionista.
— Desligue — ordenou com tom seco. Alexandre fez um sinal positivo com o polegar.
— Continue procurando, Linda, e avise-me assim que encontrar alguma coisa.
Quando desligou, Giovanna já estava sentada de pernas cruzadas sobre a cama.
— Más notícias — ele começou, sentando-se na beirada do colchão e provocando uma pequena oscilação.
— Eu sei. Não temos picles — e olhou para o prato de sanduíches de queijo grelhado.
— Linda disse que com a alta temporada e a aproximação do dia dos Namorados, todas as acomodações estão reservadas.
— Droga! — ela resmungou, enterrando os dentes no sanduíche. — Queria picles.
— Ela vai ligar se encontrar alguma coisa.
— Hummm — e lambeu a gordura que escorria pelos dedos. Alexandre olhou para a bandeja.
— Pedi dois filés. Isto não é filé.
— Mas é gostoso — Giovanna respondeu, abrindo uma lata de refrigerante.
— E isso também não é vinho.
— Você pediu vinho?
— Estava incluso no preço. E o valor da estadia já foi pago.
— Pensei que estivesse cansada demais para comer, mas vejo que me enganei.
Alexandre pegou um sanduíche e cheirou-o.
— Estamos na cidade do colesterol.
— Minha terra natal. — Giovanna sorriu, partindo para o segundo lanche. — Viva um pouco, Alexandre.
Ele torceu o nariz e provou o sanduíche, mastigando devagar.
— Linda disse que o casamento foi um grande evento. Sabia que devia dizer algo reconfortante, mas as palavras lhe faltavam.
— Pensei que Lucy me amasse.
— Ela amava. Somos amigas e trocamos confidências, e ela me falou do amor que sentia por você.
— Então nos enganou.
— Está sendo injusto, Alexandre. Lucy nunca mentiu Veja como esteve perto de se casar com você por considerar a atitude correta.
— Giovanna, não tente não tente me consolar, está bem? Vai conseguir fazer com que eu me sinta ainda pior.
— Reconheço que o desfecho não foi o esperado, mas tem de admitir que ela foi honesta. E estava muito preocupada com você.
— Sabia que John Sterling me traria problemas no instante em que o vi pela primeira vez.
— São necessários dois para um tango, Alexandre.
— Tem razão. Ela deve ter se apaixonado pelo sujeito. Uma onda de piedade a invadiu. Alexandre fora roubado do futuro que planejara. Precisava dizer alguma coisa adequada.
— Se quer saber minha opinião, Lucy saiu perdendo com a troca. — Estendeu a mão para afagar o ombro dele num gesto de amizade, mas assustou-se com a descarga elétrica provocada pelo contato.
Alexandre virou-se e os rostos quase se chocaram. Por alguns segundos nenhum dos dois falou. Depois ele se recuperou e respirou fundo.
— Acha mesmo que ela saiu perdendo?
Sirenes de alerta ecoavam na cabeça de Giovanna. Tinha de lutar contra as estranhas sensações que a invadiam. A tensão sexual a impedia de raciocinar. No meio de toda a confusão, uma mensagem clara foi enviada ao cérebro. Ei, esse é Alexandre, e ele ainda está apaixonado por sua melhor amiga.
Giovanna respirou fundo e afastou-se com cuidado, tentando não tornar o momento ainda mais incômodo. O colchão de água os mantinha em constante movimento. Ela riu nervosa.
— Sim, eu acho — e abriu os braços. — Veja só o que ela perdeu em sua noite de núpcias!
Para seu alívio, Alexandre sorriu e olhou em volta.
— Algo me diz que Lucy não teria apreciado esta atmosfera tanto quanto você. Ela nunca teria entrado naquela banheira ridícula.
— Foi divertido.
— E nunca teria escolhido uma cadeira em forma de saca de feijão para sentar-se ao pentear os cabelos.
— Na minha opinião, aquela é a peça de mobília mais cafona que existe no mercado.
— E esta cama... — riu. alisando o edredom dourado. — Ela jamais... — e parou, o rosto tingido por um rubor intenso.
Giovanna encolheu os ombros.
— Ela poderia tê-lo surpreendido. Além do mais, colchões de água despertam fantasias.
— Aposto que fala por experiência própria.
— Minha primeira experiência, para ser mais exata. Foi tudo tão sem graça, que me espanto por não ter péssimas recordações.
— Minha primeira vez também foi menos que memorável. Desde aquele dia tenho verdadeira aversão a escadas em forma de caracol.
— Escada...? Você?
— Foi a primeira vez que bebi o famoso uísque de Kentucky.
— Ah! Agora entendo. — Giovanna deixou o que restava do sanduíche no prato e bocejou. — Acho que os eventos do dia estão começando a surtir efeito em meu corpo. E ainda não são nem dez!
— Que tal assistirmos a um filme antes de... de irmos dormir?
— Boa idéia — ela aceitou, estendendo-se na cama de acordo com o arranjo previamente combinado. Sentia-se perturbada pela recém-descoberta atração por Alexandre, e grata por ele não partilhar de sua insanidade temporária. A idéia de dormir com Alexandre e voltar a Savannah para encarar a melhor amiga era terrível.
Pelo canto do olho, viu quando ele foi deixar a bandeja sobre a cômoda. Movia-se com elegância casual, passando a mão pelo cabelo numa tentativa frustrada de alinhar as mechas rebeldes. Giovanna gemeu e cruzou os braços sobre os seios.
— Oh, meu Deus, dai-me forças para não ceder à tentação — rezou num murmúrio.
— Espero que a tal videoteca tenha algo decente a oferecer — e aproximou-se do armário sobre o qual repousava a televisão, abrindo as portas duplas para examinar as fitas disponíveis. Quando se abaixou, a calça desceu mais um pouco e revelou parte da pele mais clara abaixo do elástico da cueca. — Ótimo! Denise Dorme em Denver, Grande, Escuro e Solitário, e o promissor clássico Homem Tripé.
— E por favor, faça com que a tentação não se torne grande demais.
— Disse alguma coisa, Giovanna?
— Não. Estava apenas recitando a lista de coisas que devo fazer amanhã.
— Está pensando nas compras?
— Não, eu... tenho de telefonar para Savannah e verificar uma transação que estava em andamento. — Era verdade, embora não houvesse pensado no assunto até aquele momento.
— Algum lugar que eu conheça?
— A casa dos Sheridan. Ele assobiou.
— A comissão será espantosa.
— Por isso preciso acompanhar o negócio de perto.
Depois de guardar as fitas, ele apanhou o controle remoto da tevê e foi sentar-se nos pés da cama. De costas para ela, perguntou:
— A casa dos Sheridan não é assombrada?
— Por favor, não alimente esses rumores. Aquela casa está no mercado há quase dois anos e finalmente encontrei um interessado. — E por favor, não chegue mais perto.
— Ei, é o Arquivo X! — Feliz, Alexandre acomodou-se ao lado dela na cama. Com as costas apoiadas nos travesseiros, estendeu as pernas e cruzou-as na altura dos tornozelos.
Giovanna prendeu o fôlego, perturbada com a proximidade. A cabeça latejava a cada movimento do colchão.
— Já vi esse episódio — disse. Ele a encarou e ajeitou os óculos.
— É mesmo? Gosta dessa série?
— Adoro! Na verdade, sou fascinada por ficção científica. — Eu também.
Giovanna manteve-se imóvel, a coxa quase tocando a dele.
— Acha que Mulder e Scully algum dia ficarão juntos?
— Espero que não.
— Por quê?
— Porque eles são excelentes parceiros. Sexo acabaria por... Ah, você sabe...
— Complicar as coisas? — Giovanna tentou.
— Exatamente. — Sorrindo, forçou-se a tirar os olhos dela e concentrar-se na televisão. A pele arrepiava-se a cada intervalo de dez segundos, e tinha de manter uma das pernas flexionada para esconder a reação física que ela provocava.
— É evidente que Mulder considera Scully muito sexy.
— Você acha?
— Sem dúvida. — E arriscou mais um olhar na direção dela. Os olhos estavam no mesmo nível do peito de Giovanna... que não usava sutiã. Ela o fitou, sorriu, e Alexandre sentiu a perna tremer. — Não percebe pela maneira como ele a segue com os olhos?
Giovanna olhou para a tevê.
— Ele faz isso?
— Sim, e estão sempre invadindo o espaço pessoal um do outro.
— Como pode afirmar?
— Meio metro. Os americanos gostam de preservar um espaço privado de meio metro em torno deles. — Começou a desenhar um arco imaginário à sua volta, mas parou ao perceber que a linha a incluiria no círculo. Perna não parava de tremer. — Esse é o espaço reservado para... para...
— Intimidades? — ela sugeriu, com ar inocente. Alexandre sentiu o coração disparar.
— Ou teclados...
Giovanna o encarou com as sobrancelhas erguidas.
— O que disse?
Ele encolheu os ombros, sentindo-se tolo.
— Trata-se de uma piada de computador. A maior parte de nós passa mais tempo com seu terminal do que com outras pessoas.
— Tem razão — ela riu, incapaz de conter um bocejo. Ótimo, Nero. Além de deixá-la com sono, você se comporta como um adolescente idiota!
Sabia que, quando o assunto era sexo, ela gostava de experimentar. O que era como uma bofetada no rosto, considerando o fato de estarem na cama juntos e ela lutar para manter os olhos abertos.
Olhando para a televisão, tentou perder-se na fantasia exibida na tela. Sua noite de núpcias acabara sendo menos excitante do que havia imaginado. É claro que não convidara Giovanna como uma substituta para Lucy. Dormir com ela nem passara por sua mente.
Bem, talvez houvesse passado, mas não seriamente. Era como ver uma modelo ou uma atriz atraente no cinema. Para ele, Giovanna Antonelli sempre fora uma criatura distante e intocável. E embora uma de suas coxas estivesse quase roçando na dele, era como se ainda estivesse em Savannah, tal a distância que os separava.
Frustrado, mordeu o interior do lábio. Se virasse o corpo para a esquerda, estaria com o rosto muito perto dos seios da mulher mais linda e sensual que jamais conhecera. Talvez só precisasse dar o primeiro passo. Então ela arrancaria as próprias roupas e exibiria o que metade de Savannah sonhava ver. Talvez fossem bons juntos e tivesse um orgasmo alucinante.
Confiante, tomou uma decisão. Pela primeira vez na vida agarraria o momento e jogaria todas as fichas numa só cartada. Antes que pudesse mudar de idéia, respirou fundo e girou o corpo, percebendo tarde demais que cometera um pequeno erro de cálculo com relação ao tamanho dos seios de Giovanna. O queixo encontrou a pele macia e perfumada e a mente girou mais depressa. Tentando encontrar algo apropriado para dizer, lutou contra o pânico que explodia em seu peito e ergueu a cabeça, temendo o momento de fitá-la. Estava apavorado... até perceber que ela dormia.
Alexandre levantou-se e deixou escapar um suspiro de alívio e frustração. Os olhos vagaram pelo corpo curvilíneo, detendo-se nas sombras escuras dos mamilos sob a camiseta fina. Elvis sorria, feliz por estar deitado sobre o ventre de uma mulher tão atraente.
Uma parte de sua anatomia despertou para a vida e ele gemeu. Devagar, estendeu a mão na direção das pernas reveladas pela camiseta curta. Ela dissera não usar roupas íntimas. Teria coragem de espiar? Afinal, ela o vira nu no banheiro.
Não. Não era um pervertido. Se algo acontecesse entre eles, teria de ser consensual.
— Giovanna — sussurrou.
Ela suspirou e virou-se de lado, o rosto voltado para ele. Mas não acordou.
— Giovanna — Alexandre repetiu em voz mais alta.
Prendeu o fôlego ao ver que ela abria os olhos e movia os lábios, como se fosse falar. O desejo era tão intenso que o coração batia depressa, antecipando o momento d tê-la em seus braços.
— Alexandre? — ela sussurrou, fechando os olhos novamente.
— S... sim? — gaguejou esperançoso.
Ela umedeceu os lábios, enlouquecendo-o com o gesto simples. Alexandre aproximou-se da boca entreaberta, disposto a acordá-la com um beijo, mas o som que brotou de sua garganta o fez parar.
Giovanna estava roncando... alto o bastante para fazer vibrar o espelho do teto.


CAPÍTULO V


Giovanna sentiu uma coceira na perna. Tentando ignorá-la, afundou a cabeça no travesseiro e desfrutou dos últimos momentos de sono. Mas a coceira persistiu até que ela estendeu a mão e coçou o joelho. Sabia que devia ter se depilado, mas não imaginava que a pele estivesse tão grossa.
Ao abrir os olhos, deparou-se com uma imagem assustadora no espelho do teto. Alexandre, usando apenas cueca, dormia enroscado em seu corpo como um urso coala num tronco de eucalipto, um braço atravessado sobre seu peito e uma perna flexionada em cima de seu abdome. Sentia a respiração quente em seu pescoço. A mente girou depressa e o pânico a invadiu. A última coisa que lembrava era de ter assistido à televisão... Teriam... Oh, Deus, que volume era aquele em sua perna?
Giovanna o empurrou e o arrastou ao tentar rolar para longe do corpo adormecido. O colchão fluido bAlexandreçou, os envolveu e jogou um contra o outro, despertando Alexandre de seu sono profundo.
— O que foi? — ele resmungou, levantando a cabeça.
Os óculos estavam tortos sobre a cabeça e os cabelos haviam terminado de secar em todas as direções, menos na descendente.
— Saia de cima de mim — Giovanna exigiu com clareza. Sonolento, ele não parecia ouvi-la.
— Alexandre, não sou Lucy! Saia de cima de mim!
As palavras provocaram o efeito desejado.
— Giovanna?
— Em carne e osso.
Ele não perdeu tempo em afastar-se, mas levou alguns segundos para pisar no chão. Giovanna o seguiu com os olhos, preferindo não se deter no volume que marcava a parte frontal da cueca. Para não tornar ainda pior a terrível dor de cabeça que ameaçava estragar seu dia, permaneceu quieta até que o colchão parou de bAlexandreçar.
Tateando pela superfície dos móveis, provavelmente procurando os óculos, Alexandre se chocou contra o sofá-cama. O encontro entre carne e metal provocou um ruído assustador.
— Onde estão meus... — perguntou, enquanto virava-se de um lado para outro.
— Estão na sua cabeça, Einstein.
Alexandre colocou os óculos e olhou para a cama como se ainda não houvesse compreendido a situação.
— Presumo que tenha dormido bem — Giovanna comentou sarcástica. Depois de alisar os cabelos com as mãos, ele se abaixou para apanhar a calça de moletom.
— Como poderia, se você roncou a noite toda?
Irritada, levantou-se de repente e sentiu a dor explodir como um cogumelo em seu cérebro.
— Sempre se encolhe naquela posição fetal quando está aflito? Combinamos que você dormiria no sofá!
— Tentei abrir aquela coisa, mas ela está emperrada. Giovanna massageou as têmporas e olhou para a janela, notando os raios de sol além da cortina fechada.
— Que horas são?
Alexandre segurou a calça com uma das mãos e apanhou o relógio com a outra.
— Quase dez.
— Bem, pelo menos as lojas já estão abertas.
— Esqueça as lojas. Quero um restaurante.
— Está bem. Comeremos alguma coisa e depois iremos às compras. — Felizmente a tensão começava a dissipar-se. — Gostaria de saber qual é a previsão da meteorologia para esta semana.
Alexandre pegou o controle remoto, ligou a tevê no canal da meteorologia e jogou o equiGiovannaento sobre a cama. Sem dizer mais nada, foi para o banheiro mancando.
Giovanna franziu a testa. Ele não precisava ser tão indelicado. Afinal, não só a convidara para a viagem, como insistira muito para que aceitasse o convite. Não estava sendo um anfitrião muito gentil.
Pelo menos a mãe natureza decidira colaborar. De acordo com a jovem que apresentava o boletim, estavam no meio de uma forte onda de calor que garantiria temperaturas altas para a estação e muito sol.
Mais animada, Giovanna saiu da cama e caminhou até o extremo oposto do quarto, o mais afastado do banheiro. A luz do dia o lugar era horrível. Gemendo, espreguiçou-se e abriu as cortinas que cobriam a porta de correr. A varanda que a recepcionista mencionara com tanto orgulho era do tamanho de um refrigerador cercada por grades de ferro. Apesar da dor provocada pela luz intensa, abriu a porta e saiu para o ar fresco, sentindo que as energias se renovavam com a chegada de um novo e lindo dia.
Um lance de escada de aparência duvidosa levava a um caminho estreito que desaparecia entre palmeiras e grama. Giovanna deu um passo e parou, decidindo não abusar da sorte. Se caísse e quebrasse uma perna, Alexandre a sacrificaria para não ter de levá-la ao hospital.
Não fosse pelo imenso luminoso do Hotel Grand Sands, ao lado, teriam realmente uma vista esplêndida. Apesar da obstrução, podia vislumbrar uma faixa estreita de areia branca ocupada por turistas madrugadores que, cheios de energia, caminhavam e procuravam conchas. O ar era salgado. Respirando fundo, sentiu os aromas típicos do litoral e experimentou uma onda de felicidade por ter aceitado o convite de Alexandre. As circunstâncias não eram ideais, mas amava o oceano e as praias de Savannah eram frias demais nessa época do ano.
Cantarolando, voltou para o quarto e fechou a porta de vidro. Os olhos encontraram a porta do banheiro e o entusiasmo evaporou. Era evidente que Alexandre se arrependera de tê-la convidado para participar de sua lua-de-mel. Não podia substituir a mulher que ele amava. Mas estava ali, e prometera a Lucy que cuidaria dele. Culpada, pensou em todas as vezes que o observara e teve certeza de que não era bem isso que a amiga tinha em mente. Erguendo o queixo, reuniu toda a força de vontade de que dispunha. Podia manter a luxúria sob controle por uma semana, mas não o deixaria choramingar e estragar o único período de férias que havia tirado nos últimos vinte meses!
Ao ver seu reflexo num dos muitos espelhos disponíveis, Giovanna não pôde conter um gemido. Como se ele estivesse interessado! Sua amiga Lucy saía da cama com a melhor aparência possível, mas ela parecia ter sido arrastada por um cavalo selvagem.
Deixando-se cair na cama desfeita, agarrou o telefone. Precisava ouvir os recados e verificar se a Sra. Wingate decidira comprar a casa dos Sheridan, apesar dos boatos sobre assombrações. Conseguiu uma conexão com o serviço de mensagens na primeira tentativa. O recado de Nick, o Noite-Toda era quente o bastante para derreter a linha. E Lucy havia ligado para perguntar se conseguira alcançar Alexandre. Esperava notícias.
Giovanna olhou para a porta do banheiro no instante em que ela foi aberta. FAlexandredo no diabo... Engolindo em seco, examinou a tentadora visão revelada pelo short preto e a camiseta cavada. Ele ofereceu um sorriso tímido, sinal de que o banho servira para melhorar seu humor. Giovanna ergueu o dedo num pedido de silêncio e voltou ao telefone, tentando concentrar-se no recado da amiga. Com um suspiro preocupado, Lucy agradeceu por ela ter ido atrás de Alexandre e pediu para telefonar para a casa de John, ou melhor, para sua casa. Giovanna sorriu, feliz pela amiga, mas perturbada com a confusão que deixara para trás.
— Lucy deixou um recado — disse.
Alexandre manteve o rosto impassível. Impassível demais.
— O que ela queria?
— Oh, apenas saber se eu tinha notícias suas.
— Por quê? Não sou mais problema dela.
— Lucy está preocupada com...
— Escute, nunca tive tendências suicidas, e ela sabe disso. Giovanna levantou-se e pôs as mãos na cintura.
— Matar o portador de más notícias é uma prática que foi abandonada há muito tempo.
— Desculpe. Não estou me sentindo muito bem.
— Bem-vindo ao clube.
— Você não parece tão ruim. Quero dizer, sua aparência é... bem razoável.
Giovanna sorriu e virou-se para o banheiro.
— Bela tentativa. Vou tomar uma ducha rápida.
Alexandre a seguiu com os olhos e viu a curva dos quadris delineada sob a camiseta.
— Isto é loucura! — disse para seu reflexo no espelho.
— Por que está tão preocupado? — o reflexo devolveu. — Durma com ela e pronto!
— Não posso. Ela é a melhor amiga de minha ex-noiva.
— Melhor ainda.
Alexandre fechou os olhos e contou até dez. Depois os abriu e argumentou com o espelho.
— Parece que nos metemos numa bela confusão.
Talvez a secretária encontrasse acomodações menos insinuantes.
Giovanna voltou ao quarto minutos mais tarde, radiante como um raio de sol. A pele brilhava e os cabelos haviam sido presos num jovial rabo-de-cavalo. O short de corrida e a camiseta larga e confortável a tornavam ainda mais tentadora.
— Pronto? — ela perguntou.
— E bem-disposto — Alexandre mentiu, pegando a carteira sobre a cômoda.
No último instante, ambos calçaram chinelos de borracha que mais pareciam instrumentos de tortura, tal o desconforto que provocavam.
A recepção estava vazia. Uma mulher gorda e carrancuda tomava café diante da televisão, e apontou na direção do restaurante ao notar que estavam perdidos. Giovanna e Alexandre caminharam na direção indicada e logo sentiram o cheiro da comida.
Alexandre foi o primeiro a perder o entusiasmo diante do restaurante lotado. Agarrando o cotovelo de Giovanna, indicou a fila do bufê.
— Se conseguiu pegar comida para nós dois, tentarei encontrar uma mesa.
Ela moveu a cabeça em sentido afirmativo e dirigiu-se à fila. Alexandre percorreu o salão e logo notou uma família deixando uma mesa coberta por pratos vazios. Aproximou-se apressado, e chegou junto com um casal carregando bandejas cheias.
O homem de cabelos grisalhos sorriu.
— Que tal dividirmos a mesa?
— É claro — Alexandre aceitou.
— Somos os Kessinger — o homem anunciou. — Meu nome é Cheek, e esta é Lila.
Alexandre apresentou-se e puxou uma cadeira para a mulher.
— Estou acompanhado — disse.
— Somos de Michigan — Lila contou.
— Savannah — ele respondeu ao sentar-se. Simpáticos, os Kessinger revelaram que costumavam viajar todos os anos, fugindo do inverno rigoroso de Michigan.
— Aí está você! — Giovanna exclamou, equilibrando dois pratos cheios de comida.
Alexandre pegou um deles e apresentou-a ao casal.
— Como vão? — Giovanna cumprimentou cordial antes e sentar-se. Alexandre examinou o prato com a testa franzida. Todos os itens selecionados eram fritos.
— Vejo que não se preocupa muito com o colesterol — reclamou.
— Coma! — Giovanna comandou autoritária, começando por uma salsicha empanada.
Imaginando frutas frescas e pão integral, Alexandre engoliu alguns bocados da refeição gordurosa. Lila falava sem parar e Cheek não tirava os olhos de Giovanna, o que o levou a reconhecer uma surpreendente e intensa pontada de ciúme.
— São recém-casados? — Lila quis saber.
— Não. Somos apenas...
— Amigos — Alexandre interferiu.
— Companheiros — ela confirmou.
— Oh. Pensei que fossem casados. Estão na suíte nupcial, não?
— Como sabe em que quarto nos hospedamos? — Alexandre estranhou. Lila sorriu.
— Estamos na suíte do outro lado do corredor. Lembram-se que acenamos?
Ele franziu a testa, tentando lembrar, e gemeu ao sentir o pé de Giovanna em contato com sua canela. Só precisou olhar para as sobrancelhas erguidas para recuperar a memória. O casal de nudistas! Vermelho, deixou o garfo sobre o prato.
— Desculpem, não os reconheci...
— Porque somos míopes — Giovanna cortou. — Não enxergamos muito bem a distância. Não é verdade, Alexandre?
— Sim, é isso mesmo. Na verdade, não vimos nada. Disse que acenaram?
Lila respondeu com um movimento afirmativo de cabeça, enquanto Cheek debruçou-se sobre a mesa e continuou devorando Giovanna com os olhos.
Alexandre consultou o relógio e fingiu estar assustado.
— Meu Deus, vejam que horas são! Precisamos ir — e começou a se levantar.
— Mas eu ainda não acabei de comer!
— Compraremos alguma coisa na rua.
Estranhando a impaciência de Alexandre, ela achou melhor segui-lo.
— Está bem — concordou, limpando a boca antes de levantar-se. — Foi um prazer...
Alexandre a segurou pelo braço e quase a arrastou para fora do restaurante.
— Tire a mão de cima de mim! — ela exigiu furiosa, soltando-se com um movimento brusco. — Qual é o problema com você?
— Essa é a gratidão que recebo?
— Gratidão? Por quê?
— Aquele velho sujo parecia prestes a transformá-la em café da manhã!
Giovanna jogou a cabeça para trás e riu.
— Alexandre, você está com ciúmes!
— O quê? Isso é ridículo!
— Tem certeza?
— Não seja tola, Giovanna. Pensei que quisesse ir fazer compras.
— Oh, eu quero. Você não imagina quanto! — Ela sorriu triunfante.
— Então, vamos ver o que a locadora de automóveis nos mandou.
Girando tão depressa quanto permitiam os chinelos de borracha, dirigiu-se ao saguão com passos rápidos e furiosos. Odiava aquela provocação maliciosa que o colocava na mesma categoria de seus admiradores.
Twiggy retomara seu posto, e parecia tão entediada quanto na noite anterior. Ao ser interpelada sobre um carro enviado pela locadora, ela apanhou a chave numa gaveta e apontou para o estacionamento sem dizer nada.
— Finalmente alguma coisa está dando certo!
Alexandre dirigiu-se ao estacionamento e parou ao ver o veículo com o selo de identificação da agência de aluguel.
— Uma limusine! — Giovanna exclamou, rindo até perder o fôlego. Mas Alexandre não via graça nenhuma na situação.
— É inacreditável — reclamou, apanhando o bilhete deixado no pára-brisas.
— Caro, sr. Nero, por favor, aceite este veículo como um pedido de desculpas pelos inconvenientes causados anteriormente. — Depois de ler a mensagem, olhou para o automóvel azul celeste e suspirou.
— Meu Deus... Eles me mandaram um bordel ambulante.
Giovanna ainda ria.
— Que maravilha!
Paralisado pelo choque, viu quando ela abriu a porta traseira.
— Uau! Alexandre, temos até uma televisão a bordo!
Estou vivendo um pesadelo!, pensou.
— Vamos devolvê-la.
— Por quê? Não podemos!
— É claro que podemos.
Giovanna uniu as sobrancelhas e valeu-se de sua arma secreta: o bico. Maldição! Devia saber o que aquela boca fazia com ele!
— Bem, talvez fiquemos com ela, mas só por hoje.
Ela sorriu e entrou no automóvel.
— Vou no banco de trás — anunciou, batendo a porta com força. Sentindo-se o maior de todos os idiotas, Alexandre olhou em volta antes de ir sentar-se atrás do volante. Giovanna já havia encontrado o botão que operava a divisória entre eles e estava subindo e descendo o vidro.
— É divertido!
Ele olhou pelo espelho retrovisor para o rosto sorridente, viu que Giovanna apertava botões e explorava, e sentiu um estranho aperto no coração. Por mais irritante que fosse, seu entusiasmo também era contagiante. Em algum ponto entre a infância e a juventude de aspirante a executivo de sucesso, perdera o gosto pelas coisas simples. Agora se perguntava quantos prazeres puros e maravilhosos deixara de conhecer nos últimos anos.
— Há um refrigerador! — ela gritou. — E azeitonas!
Alexandre entrou na estrada sempre atento a Giovanna. Ela estava reclinada no banco, as pernas apoiadas no assento lateral e o vidro de azeitonas em uma das mãos. Comia os pequenos frutos como um esquilo engole nozes. Por alguma razão, Alexandre considerou a cena provocante.
— Ei, alguma vez ficou nu numa limusine?
Perturbado, saiu da faixa central e quase bateu de frente com um veículo que vinha em direção contrária. Respirando fundo para controlar o súbito fluxo de adrenalina que invadia seu corpo, respondeu:
— Não. Nunca fiquei nu numa limusine.
— Nem eu.
Apesar da confissão surpreendê-lo, Alexandre não disse nada. Por alguns instantes pensou na possibilidade de compartilhar da primeira sugestão sexual de Giovanna. Pelo que ouvira dizer, a única variável que podia acrescentar à sua vasta experiência era a localização. Banindo a idéia da mente, manteve a boca fechada e os olhos atentos às placas. Precisava encontrar um centro comercial.
Assim que localizou um shopping center, Alexandre enfrentou a árdua tarefa de conseguir uma vaga no estacionamento. Finalmente passaram pelas imponentes portas de vidro e ele teve a sensação de recuperar parte da normalidade ao deparar-se com pessoas comuns num ambiente elegante. Determinado, seguiu para uma conhecida loja de departamentos.
— Podemos nos separar — Giovanna sugeriu.
— De jeito nenhum. Vou pagar pelas compras.
— Ei, você não...
— Não discuta comigo. Eu a convenci a vir, e é minha responsabilidade...
— Sou perfeitamente capaz de cuidar de mim mesma.
Alexandre recuou ao ouvir a veemência nas palavras simples.
— Sei que pode cuidar de si mesma, mas me sentiria mal se você ainda tivesse de gastar algum dinheiro. Eu a afastei do trabalho, lembra-se? Por favor, deixe-me fazer as coisas ao meu modo. Vou me sentir melhor assim.
Giovanna refletiu sobre o que acabara de ouvir e, encabulada, sorriu.
— Acho que está é a primeira vez que um homem se oferece para fazer algo por mim a fim de sentir-se bem.
— Talvez tenha se envolvido com os homens errados.
O sorriso desapareceu de seus lábios e ela o encarou.
— Talvez tenha razão — respondeu num sussurro.
Alexandre estudou o rosto triste e respirou fundo, certo de que o peito ia explodir. Aquela mulher o estava enlouquecendo. Num minuto o fazia sentir-se um adolescente inepto, e no instante seguinte era dominado pela necessidade de protegê-la, cuidar dela.
O que era absurdo, já que acabara de ouvir a própria Giovanna declarando-se capaz de cuidar de si mesma.
Cruzando os braços, conteve o ímpeto de afastar a mecha de cabelos que caía sobre o rosto suave. Gostaria de segurar o queixo delicado e virar aquela pele de porcelana na direção do sol. E adoraria beijar a boca rosada e carnuda.
— O que está esperando?
Alexandre chegou a dar um passo na direção dela antes de perceber que Giovanna falava sobre as compras.
— Por onde começamos?
— Pela loja de sapatos masculinos.
— O quê?
Ela apontou para os chinelos nos pés dele e riu.
— Vai precisar de calçados confortáveis para acompanhar-me.
Havia sido uma boa idéia, Alexandre decidiu três horas mais tarde, sentado ao lado de um cavalheiro mais velho do lado de fora do provador de uma loja feminina.
— Aniversário? — O homem perguntou aborrecido.
— Não.
— Alguma comemoração especial — ele insistiu, tirando um cigarro do maço e colocando-o na boca.
— Também não.
— Ah... andou fazendo algo errado e quer que ela o desculpe.
— Não.
— Oh, não! Não me diga que está apaixonado!
— Giovanna! — Alexandre chamou impaciente. — Preciso comer alguma coisa nutritiva, para variar. Estou começando a ficar tonto.
— Acho que encontrei um traje de banho — ela respondeu antes de abrir a porta. — O que acha?
— Meu bom Deus! — O homem deixou cair o cigarro apagado. Alexandre agarrou-se ao banco para controlar a tontura. As curvas de Giovanna eram surpreendentes! Dourado, o sutiã do sumário biquíni mal cobria os mamilos dos seios generosos. A calcinha cavada em "U" realçava a cintura fina e o quadril arredondado. Sentia a garganta oprimida e sabia que gotas de suor brotavam acima de seu lábio superior, apesar do ar-condicionado. Giovanna deixou de sorrir.
— Não gostou?
— Ele adorou! — o homem gritou entusiasmado. Em seguida bateu no braço de Alexandre com tanta força, que o jogou para fora do banco.
Deitado de costas no carpete macio, Alexandre umedeceu os lábios ressequidos e respirou fundo antes de responder com voz rouca:
— É bonito...



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Autor(a): GN

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— Não está com frio? — Alexandre perguntou pela décima vez. Giovanna encarou-o e ajeitou os óculos de noventa e nove centavos.— Não.— Parece estar com frio.— Então pare de olhar. — Ela reclinou a cabeça na espreguiçadeira de plástico branco que a mantinha alguns centímet ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • opslolo Postado em 01/10/2015 - 15:34:07

    awwnn qe lindo,to apaixonada nessa historia


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