Fanfics Brasil - 7 Um amor desastrado - GN

Fanfic: Um amor desastrado - GN | Tema: GN


Capítulo: 7

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— Não está com frio? — Alexandre perguntou pela décima vez. Giovanna encarou-o e ajeitou os óculos de noventa e nove centavos.
— Não.
— Parece estar com frio.
— Então pare de olhar. — Ela reclinou a cabeça na espreguiçadeira de plástico branco que a mantinha alguns centímetros acima da areia branca e úmida. — E pare de falar.
Depois de ter passado o dia anterior fazendo compras com ele e ter dividido um jantar silencioso, estava pronta para começar a gritar. Haviam passado o dia todo tensos, e a situação culminara numa violenta discussão sobre as acomodações que ocupavam. Alexandre se recusava a dormir no sofá-cama quebrado. No final Giovanna conseguira convencê-lo a manter os arranjos acertados previamente, mas ele passara a manhã toda reclamando de dor nas costas.
Apesar do silêncio, ele a estava enlouquecendo, escondido atrás das lentes espelhadas recomendadas por um especialista, lembrando-a que estava praticamente nua e ao alcance das mãos dele e, no entanto, ele não tinha nenhuma intenção de tocá-la. Melhor assim, porque esmurraria o nariz dele se ousasse encostar um dedo em seu corpo.
Como se fosse cometer a insanidade de se envolver com o ex-noivo da melhor amiga. Giovanna fechou os olhos e concentrou-se, tentando dissolver a tensão sexual que a envolvia.
Afinal, quando voltassem a Savannah, Alexandre encontraria Lucy em uma ou outra festa, mas Giovanna a veria pelo menos duas vezes por semana. Lucy sempre fora uma grande amiga, e não tinha a intenção de arriscar um relacionamento verdadeiro por um romance de férias, por mais atraente que fosse o objeto em questão.
O sol brilhava absoluto num céu sem nuvens. Conforme havia sido previsto, a temperatura mantinha-se em torno dos vinte e sete graus, mas a água era fria. Mesmo assim, várias pessoas brincavam nas ondas brancas, algumas com barcos, outras com máscaras de mergulho.
A praia estava mais cheia do que esperava. Estéreos portáteis emitiam todo o tipo de música e o aroma de óleo de bronzear misturava-se ao ar salgado, mascarando um pouco o cheiro de peixe. Guarda-sóis ocupavam boa parte da extensa faixa de areia e garçonetes desviavam dos corpos seminus para levarem drinques e sanduíches aos clientes do quiosque que funcionava na entrada da praia. A atmosfera de veraneio era mais uma dentre as muitas surpresas que a viagem proporcionara, ela pensou, lançando um olhar de soslaio para Alexandre.
Atento ao livro que comprara no shopping, ele parecia relaxado e tranqüilo. Giovanna torceu o nariz numa expressão azeda. Enquanto ardia consumida por pensamentos impróprios, ele lia!
— O que é agora? — Alexandre perguntou, desviando os olhos da página. — Minha respiração a incomoda?
Os olhos vagaram pelo peito coberto de óleo, notando os músculos que se expandiam e contraiam a cada cinco segundos. Podia ver-se refletida nas lentes dos óculos escuros, e imaginou se ele tinha idéia do que estava fazendo com seu equilíbrio. Incapaz de suportar a confusão e o esforço para manter a calma, levantou-se e amarrou um sarongue preto e curto em torno dos quadris.
— Vou dar uma volta.
Alexandre fechou o livro, tomando o cuidado de marcá-lo com um dedo.
— Quer companhia?
— Não, obrigada — e partiu antes que ele insistisse.
A faixa entre a areia e o mar era a melhor para caminhadas. Giovanna atravessou o oceano de banhistas, ignorou alguns comentários mais vulgares e enterrou os pés na areia molhada. A água molhou suas pernas, provocando um arrepio gelado.
A praia estendia-se interminável diante de seus olhos. Giovanna respirou fundo e começou a caminhar devagar, certa de que nada podia exercer melhor efeito sobre uma mente confusa do que o vento, a água e o céu.
Enquanto andava, notou que vários rapazes atraentes passavam correndo ou caminhando em direção contrária, e diversos se mostraram interessados. Um sorriso distendeu seus lábios. Uma forma de combater a ridícula atração por Alexandre era encontrar outro homem para distraí-la. Alguém parecido com Robert Redford passou por ela e sorriu. Giovanna virou-se e o viu afastar-se. Era um pouco baixinho, mas definitivamente atraente. Ele havia feito meia-volta e corria em sua direção, sem sequer tentar disfarçar o interesse em sua silhueta. Depois de parar para cumprimentar um grupo de adolescentes, ele despediu-se e seguiu seu caminho.
— Não me diga que está sozinha — uma voz profunda disse atrás dela.
Assustada, Giovanna virou-se e fitou o desconhecido de olhos e cabelos negros. Ele parecia ser latino-americano, e a pele bronzeada reluzia tanto quanto o ouro que enfeitava seu pescoço, os pulsos e a orelha esquerda. O sorriso exibia dentes perfeitos. Moreno, perigoso, bonito... exatamente seu tipo.
— Eu... sim — respondeu. — Por enquanto. — Uma mulher tinha de ser cuidadosa num ambiente desconhecido.
O homem estendeu a mão bem cuidada. Ele usava uma ferradura de diamantes no dedo médio.
— Enrico — apresentou-se com tom sedutor. Giovanna sorriu e aceitou o cumprimento.
— Giovanna.
— Ah, Giovanna. Mora aqui, ou está de férias?
— Estou de férias.
— Certamente acabou de chegar, ou eu já teria notado tão bela presença.
— Sim, cheguei de Savannah ontem.
— Sabia que havia detectado um leve... sotaque. É assim que dizem?
— Sim, é isso mesmo. E você, de onde é?
— Nasci em Porto Rico, mas vivo nos Estados Unidos há muitos anos.
— Em Fort Myers?
— Não. Como você, também estou passando férias aqui. — Inclinando-se na direção dela, abaixou o tom de voz. — E já estava começando a ficar entediado.
Era estranho, mas sentia apenas indiferença diante do latino sedutor. Nenhum arrepio. Nenhum tremor. Nem mesmo um ligeiro interesse.
— Bem, vou continuar caminhando — disse, desviando dele para seguir em frente. — Foi um prazer conhecê-lo, Enrico.
— Até a próxima vez, Giovanna.
Mantendo os olhos fixos num ponto distante para evitar novos e inquietantes encontros, caminhou cerca de três quilômetros e, notando um grupo de rapazes praticando windsurf, decidiu que experimentaria o esporte antes de partir. Assim ocuparia o tempo e distrairia a mente, em vez de se meter em confusões com o companheiro de viagem. Precisava encontrar alguma coisa que a fizesse esquecer Alexandre.
Qualquer coisa... menos Enrico. Voltando sobre os próprios passos, sentiu uma onda de antecipação ao pensar em reencontrar Alexandre, mas o sentimento foi seguido por um horrível remorso.
Ao aproximar-se das cadeiras que haviam alugado, notou que ele conversava com uma morena elegante e sorridente.
Um ciúme absurdo e inconveniente a invadiu, mas ela o sufocou de imediato. A mulher era impecável, alta e magra num maio branco, discreto e simples, com um chapéu que oferecia sombra ao rosto sorridente. Podia ser irmã de Lucy, tal a semelhança entre as duas. Aquele era definitivamente o tipo de Alexandre. Giovanna mordeu o lábio, dividida entre a necessidade de reforçar a camada de protetor solar sobre a pele e a certeza de que ele queria alguma privacidade. Pararia apenas para apanhar o frasco de loção, e depois iria procurar a miniatura de Robert Redford.
Alexandre sorria, o livro esquecido sobre as pernas. Acima do ruído de vozes e músicas desencontradas, ouviu a voz dele entrecortada por rajadas mais fortes de vento.
— Companhias demonstram... produtividade elevada... automação... disponibilidade de dados...
A mulher parecia impressionada. A voz revelava interesse e segurança.
— Fornecedores... centralização... procedimentos de restauração de dados... Aha! Uma alma gêmea!, pensou, divertida.
No meio de tanta gente, como haviam conseguido se encontrar? Giovanna suspirou. Exatamente como ela e Enrico, o Romeu de língua enrolada, haviam se encontrado. Farinha do mesmo saco... Moldes do mesmo barro... Bem, se Alexandre estava ocupado, pelo menos podia contar com uma redução no nível de tentação.
— Olá — cumprimentou com entusiasmo forçado ao aproximar-se do casal informática.
— Olá — Alexandre respondeu com um sorriso esquisito.
— Só vim buscar meu bronzeador.
— É claro. Está é Robin — ele apresentou. A mulher apertou os lábios ao vê-la.
— Como vai, Robin? — Giovanna ofereceu com simpatia. — Belo chapéu.
— Obrigada — e virou-se para Alexandre. — Bem, acho que já vou indo.
— Não se incomode comigo — Giovanna interferiu, mostrando o frasco de loção.
— Oh, não! Estava mesmo de saída. Meus amigos já devem estar preocupados com minha demora — e sorriu, examinando a figura de Alexandre da cabeça aos pés. — Espero encontrá-lo novamente.
Ele parecia ter perdido a língua, e por isso Giovanna intercedeu mais uma vez.
— É claro que voltarão a se encontrar. Ele estará aqui até sábado. E está disponível...
Robin sorriu constrangida e olhou para ele.
— Giovanna, por favor...
Mas ela o silenciou com um gesto eloqüente.
— E você é...?
— Sou a irmã dele — ela respondeu apressada. — Giovanna.
— Oh... Bem, foi um prazer conhecê-la, Giovanna. Até logo, Alexandre.
— Apareça — Giovanna convidou.
— O que significa isso? — Alexandre perguntou assim que ficaram sozinhos. Os braços estavam cruzados sobre o peito e a expressão sugeria contrariedade.
Giovanna encolheu os ombros e viu o movimento refletido nas lentes dos óculos espelhados.
— É plausível. Temos a mesma cor de cabelos. Além do mais, quem acreditaria na verdadeira história?
— Desisto de tentar seguir sua lógica.
Depois de acomodar-se na espreguiçadeira, Giovanna começou a espalhar o protetor solar pelo corpo todo. Reclinado na cadeira vizinha, Alexandre abriu novamente o livro.
— Ei, é Dr. Moonshadow! — ela exclamou ao ver a capa. — O melhor livro da série!
— Leu a série Anos-Luz?
— Oh, sim! Já chegou à parte em que os Cavaleiros da Luz retornam com a cabeça do rei numa caixa?
Alexandre fechou os olhos e contou até dez antes de responder.
— Imagino que essa seja uma das últimas cenas.
— Sim, a última para ser mais exata.
Furioso, ele jogou o livro na areia e levantou-se.
— Agora eu vou dar uma caminhada.



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Autor(a): GN

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Giovanna o viu afastar-se e admirou os músculos bem desenhados. Muitas mulheres o seguiam com os olhos e, disposta a ignorar os sentimentos incômodos que experimentava, Giovanna apanhou o celular e um pedaço de papel na bolsa de praia. Talvez ele encontrasse Robin, a cd-rom de saias.Assim seria forçada a deixar de pensar em Alexandre, nos interesse ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • opslolo Postado em 01/10/2015 - 15:34:07

    awwnn qe lindo,to apaixonada nessa historia


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