Fanfic: Um amor desastrado - GN | Tema: GN
Giovanna sentiu o coração bater mais depressa e, nervosa, percebeu que Alexandre também havia se dado conta da tensão sexual que crescia entre eles. Ele estava parado, os olhos fixos em seu rosto, e sabia que, como o cavalheiro que era, só esperava por um sinal. Atingiram um ponto no qual tudo que diziam e falavam assumia duplo sentido, provocando respostas insinuantes que poderiam levá-los à ruína, a menos que alguém assumisse o controle.
Como Alexandre ainda sofria os efeitos da recente rejeição, estava vulnerável à idéia de vingança sexual, mesmo que não tivesse consciência de suas motivações naquele momento. Era seu dever certificar-se de que não faria parte da festa na qual ele se vingaria por ter sido deixado no altar.
Com voz suave, recusou o convite ao flerte.
— Queimaduras de sol sempre pioram depois do anoitecer — disse, feliz por estarem perto das cadeiras. — Depois de jogar o frasco de protetor solar na direção dele, vestiu a saída de praia e apontou para o quiosque além da inclinação de areia. — Vou buscar uma cerveja.
— Grande idéia — ele aprovou, ameaçando vestir a camiseta.
— Fique aqui e eu trarei as bebidas — ela sugeriu, desesperada para afastar-se dele e dos efeitos provocados pela proximidade. Enquanto caminhava na direção do quiosque, dizia a si mesma que tinha de encontrar uma forma de resistir ao magnetismo que surgira entre eles. Afinal, estariam juntos por mais quatro dias!
As mesas do quiosque estavam lotadas, e ela se dirigiu ao balcão para fazer o pedido.
— Ah, Giovanna, nos encontramos outra vez — disse uma voz profunda atrás dela. Assustada, virou-se e viu o belo Enrico segurando um drinque exótico na mão enfeitada pelo anel.
— É... — respondeu com um sorriso pálido. Por mais perigoso que parecesse, no momento ele era a opção mais segura.
— Aproveitou a tarde? — Enrico perguntou, sentando-se no banco alto ao lado de onde ela havia parado. Possuía um tórax bem desenvolvido e coberto por cabelos escuros e espessos. Giovanna fez uma rápida comparação com o físico de Alexandre e, furiosa, mordeu o lábio ao reconhecer sua preferência.
— Sim, bastante — disse, virando-se para pegar as duas cervejas que o garçom deixou sobre o balcão.
— Vejo que está com sede!
— A outra é para um amigo.
— Entendo. E ele é ciumento?
— Não sei.
— Sujeito tolo — Enrico comentou com um sorriso ousado, inclinando-se para tocar seus cabelos. — Eu não a deixaria afastar-se de mim nem por um ins... aiiiiii! — Assustado, retrocedeu ao ver o braço musculoso descer sobre o balcão entre ele e Giovanna.
Giovanna arregalou os olhos ao ver Alexandre bater a mão espalmada sobre a superfície de madeira e sorrir.
— Estava ficando com sede — ele disse.
Era muita ousadia! Como ele se atrevia a aparecer enquanto tentava esquecê-lo?
— Alexandre! — protestou. — O que pensa estar fazendo? Ele encarou o desconhecido por alguns instantes.
— Esse sujeito estava incomodando você?
— Não!
— Com licença — Enrico levantou-se do banco. — Até outra hora, Giovanna — despediu-se, acenando com a mão bronzeada antes de afastar-se levando o drinque colorido.
Alexandre o observou por alguns segundos antes de resmungar:
— Alguém devia avisá-lo que suas costas precisam de um corte de cabelos.
— O que significa tudo isso?
— Estava defendendo sua honra... mais uma vez. E veja só a gratidão que recebo!
— Sabe de uma coisa? Acho que estou começando a conhecê-lo de verdade, Alexandre P. Nero. Aposto que o P é de pré-histórico.
Ele a encarou em silêncio.
— Paternal?
Mais silêncio.
— Seria de... "putz"?
Alexandre pegou um dos copos de cerveja.
— Sei interpretar uma indireta. Se prefere aquele... gorila disfarçado de árvore de Natal, quem sou eu para ficar no caminho? Mas se por acaso engasgar-se com um fio de cabelo mais longo, não venha me pedir ajuda.
A campainha do celular de Giovanna interrompeu a conversa. Ela abriu a bolsa e encontrou o pequeno aparelho no meio de todos os objetos que levara à praia.
— Alô?
— Giovanna?
— Oh... olá, Lucy.
Alexandre bebeu metade do copo de cerveja.
— Estava pensando se poderia falar com Alexandre. Gostaria de explicar o que aconteceu.
— Quer falar com Alexandre?
Ele negou com as mãos e a cabeça.
— É uma pena mais ele acabou de sair de perto de mim. Foi buscar uma cerveja.
— Estão se divertindo?
— Sim, aqui é tudo muito divertido — e forçou uma risada exagerada.
— Que bom. Pode dizer a Alexandre que telefonei, e que espero conversar com ele assim que retornarem? E que... lamento muito tudo o que aconteceu?
— É claro que sim. Darei seu recado.
— E Giovanna, obrigada mais uma vez por ser tão boa amiga. Não tem idéia do que está fazendo por mim e por Alexandre.
— Esqueça. Até a volta, Lucy. — Giovanna guardou o telefone e olhou para Alexandre. — Ela disse que espera poder conversar com você quando voltarmos, e que lamenta muito tudo o que houve.
Alexandre esvaziou o copo e pediu mais uma cerveja.
— Pensando bem, acho que vou ficar aqui e me embriagar — disse, acomodando-se no banco que Enrivo estivera sentado.
Giovanna sentou-se no banco vizinho.
— Não sei se é uma boa idéia — respondeu sorrindo. — Na última vez em que ficou bêbado, me convidou para acompanhá-lo em sua lua-de-mel.
— Tem razão. — Alexandre relaxou e riu. — Devíamos tentar incluir essa história no livro dos recordes. Acha que sou o único homem da história que não terá sexo em sua lua-de-mel?
— Não precisa ser assim. — Ao vê-lo arregalar os olhos, tentou corrigir-se. — Quero dizer, existem muitas mulheres na praia. Sua amiga do chapéu, por exemplo...
— Robin — ele completou, bebendo a cerveja com gosto.
— Robin! Belos dentes!
— É bonitinha.
— Para quem gosta do gênero intelectual...
— Ela tem belas pernas.
— Os tornozelos são grossos demais.
— Os cabelos são bem cuidados.
— Ressecados...
— Estamos fAlexandredo sobre a mesma pessoa? Conversei com ela vinte minutos, e você conseguiu fazer um exame completo em menos de trinta segundos? Como notou todas essas coisas?
— Uma mulher sempre sabe.
— Ela é gentil.
— Sim, é... Se está disposto a se contentar com gentileza...
— O que há de errado numa pessoa gentil?
— Normalmente é aborrecida.
— O tédio de alguns pode ser a segurança de outros.
— Alexandre, estamos fAlexandredo sobre um romance de férias. Segurança não faz parte da lista — e olhou em volta, disposta a ajudá-lo e garantir a própria sanidade mental. — Veja, mulheres em todas as partes. Por que não escolhe uma?
— Você faz tudo parecer tão...
— Espontâneo?
— Ia dizer barato.
— Que tal a ruiva naquela mesa? — perguntou, apontando com discrição.
— É bonitinha — Alexandre encolheu os ombros.
— Não precisa ficar tão excitado — ela debochou. — Talvez prefira as morenas.
— Não — respondeu, esvaziando o copo e sorrindo. — Há tanto tempo não procuro por companhia feminina, que acho que perdi a capacidade de discriminar.
Giovanna terminou de beber e aceitou uma segunda dose. Comera pouco ao longo do dia, e por isso já começava a experimentar uma leve tontura, mas a bebida fresca e espumante era deliciosa depois das horas de exposição ao sol.
— Que tal aquela no biquíni verde?
— É muito magra — Alexandre reprovou.
— Pensei que os homens gostassem das magras.
Esbeltas, sim. Com algumas curvas nos lugares certos e sem excessos ou flacidez. Mas sopa de ossos nunca foi meu estilo.
— E aquela de short amarelo e cabelo preso?
— É uma possibilidade.
— Não. Ela ri como uma hiena. Posso ouvir os uivos daqui — e bebeu mais um pouco.
— Uau! Veja aquela no maiô vermelho!
Giovanna examinou com atenção e bAlexandreçou a cabeça.
— São falsos — disse.
— Como pode saber?
— Então não vê? Eles não se movem!
— E daí? Ela não está num trampolim. Além do mais, nem todos os homens se importam como esse tipo de detalhe.
— Não precisa me ensinar nada sobre os homens.
— Tem razão. Esqueci que estava fAlexandredo com uma especialista. Sabe, sempre tive uma curiosidade. Existe algum homem em Savannah que não esteja atrás de você?
Ela riu.
— Dois reverendos da igreja Batista. E você.
— Sim, e eu — e esvaziou o terceiro copo, chamando o garçom e pedindo mais um. — Nunca se casou?
— Não.
— Como conseguiu?
Giovanna deslizou o dedo pela borda do copo plástico enquanto refletia.
— Acho que nunca me apaixonei de verdade.
— Essa história de apaixonar-se é só uma invenção, um boato que começou há milhares de anos com o primeiro casamenteiro da história.
Giovanna riu, invadida por uma enxurrada de recordações.
— Certa vez estive muito perto de me casar. Tinha dezessete anos e procurava uma maneira de sair daquele lugar horrível onde eu morava. Ele tinha dezenove e segurava o mundo na palma da mão.
— O que aconteceu? Por que não se casou?
— Porque ele também tinha outras três garotas na palma da mão, todas mais ricas e educadas que eu.
— Oh.
— Foi então que decidi variar, em vez de arriscar todas as fichas em um só cavalo. É mais seguro. De lá para cá, tenho escapado com alguns poucos ferimentos leves.
— Qual é seu segredo para permanecer solteira? — ele perguntou, esvaziando mais um copo de um só gole.
— Oh, é fácil. Basta não fechar os olhos.
— O que disse?
— Quando beijar alguém, não feche os olhos.
— Essa é sua arma secreta? — ele insistiu com aparente incredulidade.
Giovanna afirmou com um movimento de cabeça e estranhou o fato do mundo continuar se movendo, mesmo depois de ter parado de mover-se.
— Quando fecha os olhos durante um beijo, a mente começa a fazer jogos perigosos. Você começa a imaginar um mundo de faz-de-conta onde o amor conquista tudo, e esquece que a maioria dos casamentos termina em divórcio... ou coisa pior.
— Meus pais são muito felizes.
— Sorte deles. Os meus separaram-se quando eu ainda era um bebê. Para ser franca, nem me lembro de tê-los visto juntos.
— Sinto muito.
— Eu também. Por isso prefiro ficar sozinha. Odiaria arrastar uma criança para o meio do campo de batalhas em que se transforma um casamento falido.
— Concordo com essa sua idéia de não ter filhos. Um brinde — sugeriu com voz pastosa. — Aos olhos abertos!
— Tim, tim! — Giovanna cantarolou alegre, batendo o copo contra o dele e rindo ao ver a cerveja cair pelas bordas. Uma rajada de ar frio a fez estremecer. A noite chegava depressa, e a temperatura caía rapidamente. — Acho melhor ir trocar de roupa.
Alexandre desceu do banco devagar.
— Preciso ir verificar se minha secretária encontrou outras acomodações. Não quero passar mais uma noite na Hospedaria do Inferno.
— Não é tão ruim.
Caminhavam devagar e com cuidado pelo caminho escuro. A noite clara e a lua brilhante tornavam a caminhada mais fácil, e a praia deserta estendia-se diante deles como uma fita de cetim branco.
— Veja quantas estrelas! — ela exclamou apontando para o céu. — Vamos dar um passeio.
— Qualquer coisa é melhor do que voltar ao quarto.
— A areia parece neve. — A maré subia depressa, forçando-os a caminhar por cima das nuvens, na parte mais fofa do terreno. O ar era frio e revigorante, e Giovanna tentou concentrar-se em alguma coisa que não fosse a atmosfera romântica que os cercava. — Acha que existe vida em outros planetas?
— É claro que sim — Alexandre respondeu sem hesitar. — Seria muita arrogância presumir que todo o universo foi criado só para nós.
— Tem razão. Mas é um pouco assustador imaginar outras formas de vida?
— Por quê? Se quisessem nos atacar, à esta hora não estaríamos mais aqui. Além do mais, com todos os problemas sociais e ambientais que enfrentamos, a Terra deve ser motivo de riso em outros planetas.
— Está tentando me convencer de que vivemos no subúrbio da galáxia? Na periferia do sistema solar?
— De certa forma, sim — ele riu.
— Tudo bem, o P é de pessimista, certo?
Ele riu mais uma vez, um som que Giovanna começava a apreciar.
— Reconheço que não tenho sido um modelo de entusiasmo, especialmente nos últimos dias.
— O que não nos mata nos fortalece — ela citou um velho ditado. Caminhavam pelas dunas mais afastadas do hotel e do quiosque, cercados pela mais completa escuridão. Quem estava tentando convencer? Alexandre, ou ela mesma? Distraída, tropeçou num graveto e caiu. Tentou segurar-se no braço de Alexandre, mas ele estava tão tonto que acabou caindo, também. A princípio sentiu-se constrangida, mas em seguida percebeu que era delicioso estar na posição horizontal. Alexandre também permanecia deitado a seu lado, o rosto coberto de areia. Ela explodiu num acesso de riso.
— Você está perdida! — ele ameaçou.
Gritando, Giovanna tentou levantar-se e fugir, mas ele agarrou seu tornozelo e puxou-a. Fraca em função das gargalhadas descontroladas, tentou rastejar para longe dele, mas Alexandre a puxou de volta, virou-a e a imobilizou com a força dos braços.
O riso silenciou e os dois trocaram um olhar prolongado, intenso e cheio de promessas. A camiseta de Alexandre subira um pouco com os movimentos bruscos do corpo, e Giovanna podia sentir a pele em contato com o estômago através do tecido fino da saída de praia. Todos os músculos do corpo estavam tensos e o sangue latejava em seus ouvidos.
— Alexandre... — chamou com voz rouca.
— Por favor, não me peça para parar.
— Não. Ia dizer... para me beijar.
Por um instante ele ficou tão quieto, que teve medo de vê-lo levantar-se e fugir. Mas depois inclinou a cabeça lentamente até que os lábios se encontraram, deflagrando um fogo devastador que os tomou de assalto. Foi um beijo ardente, apaixonado e erótico, e as mãos exploravam com ansiedade contida buscando a satisfação que há dias tentavam ignorar. Alexandre a surpreendeu. Esperava hesitação, frieza, falta de experiência, mas ele a segurava com mãos firmes e a beijava com o conhecimento de quem já tivera muitas mulheres, provocando-a e despertando seu desejo. Os dedos acariciavam um de seus seios e ela inclinava as costas numa oferta silenciosa, deslizando as mãos por baixo da camiseta para poder tocá-lo, também. Alexandre estava deitado entre suas pernas, e movia-se numa imitação perfeita e alucinante do ato sexual.
Incapaz de conter-se, Giovanna começou a despir o calção discreto que ele vestia.
— Aqui não — Alexandre protestou com voz fraca. — Alguém pode...
— Estamos numa praia deserta. Ninguém vai nos ver. Além do mais — murmurou, terminando de despi-lo e arrancando a camiseta com habilidade espantosa —, acho tudo isso muito excitante.
Alexandre estava nu e excitado, beijando-a como se quisesse devorá-la. As mãos acariciavam cada parte do corpo tentador com luxúria, tentando registrar na memória todos os detalhes e curvas.
De repente uma luz intensa brilhou além dos ombros dele, ameaçando cegá-la.
— Quieto! — ordenou uma voz masculina.
Alexandre ficou gelado. Devagar, virou a cabeça para ver quem os surpreendera, mas a luz intensa o ofuscava.
— O que é isso...?
— Polícia — o homem identificou-se. — Levante-se devagar e ponha as mãos na cabeça.
— Não pode estar fAlexandredo sério!
— Já disse para se levantar!
Giovanna fechou os olhos com força. Não queria ver. Quando finalmente arriscou uma olhada rápida, Alexandre estava em pé com as mãos na cabeça, exibindo uma ereção que em outras circunstâncias teria sido motivo de orgulho e alegria.
— Deus... — o policial resmungou contrariado.
— Espero que me deixe ao menos vestir o calção.
— Seja rápido — o oficial instruiu. — Odeio prender homens nus.
— Prender? — Giovanna gritou assustada.
O policial sorriu e exibiu um par de algemas.
— Esta é uma praia pública freqüentada por famílias decentes, seu pervertido. Está preso por atentado ao pudor.
Autor(a): GN
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—Nunca fui tão humilhado em toda minha vida! — Alexandre declarou ao sair da delegacia em companhia de Giovanna. Ela usava um short vermelho e blusa branca, uma combinação perfeita para a manhã ensolarada e clara, mas ele ainda mantinha o calção de banho e a camiseta do dia anterior. O colchão duro onde havia se de ...
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