Fanfics Brasil - Capítulo 8 Para sempre ❤

Fanfic: Para sempre ❤


Capítulo: Capítulo 8

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 Entrei no quarto e senti um aperto no coração, Vick estava pálida, extremamente pálida, tinha fios por toda a parte, alguns estavam ligados a um aparelho e no outro, havia um liquido que estava indo direto para suas veias, ela dormia tranquilamente, e eu tinha tanto, tanto medo que ela não acordasse nunca mais, eu já havia passado por isso e não queria que se repetisse, apertei os olhos, puxei uma cadeira que tinha ali e sentei ao lado dela, passei os dedos com cuidado pelo seu rosto e depois peguei sua mão.


 Ablon: Quando foi que você transformou tanto a minha vida hein ? Há um tempo atrás tudo que eu pensava em fazer da minha vida era sobreviver, sobreviver aos soldados de Miguel que me caçavam e também aos soldados de Lúcifer, para depois, conseguir fazer justiça, fazer valer a pena a morte de todos aqueles que lutaram ao meu lado, me apresentar diante de Deus e voltar ao céu, ser o general que eu sempre fui, continuar lutando, continuar mantendo a justiça, honrando tudo aquilo no qual eu fui feito para honrar. Eu era um anjo guerreiro, era a minha natureza, era para isso que os querubins haviam sido feitos. Mas aí, aí você apareceu, toda marrenta e durona, nunca abaixou a cabeça para mim, se fosse no céu, mesmo que eu fosse seu general, não duvido nada que você acabasse desobedecendo as minhas ordens – sorri de lado – mas não, você não precisou ser uma mulher anjo para ser uma guerreira como eu, você já é guerreira, é guerreira aqui na terra, passou por tantas coisas e ainda está aqui, está aqui e mesmo sem saber, você mudou totalmente a minha vida, mesmo que você não se lembre de nada, olha o que eu era antes e olha o que eu sou agora ? Estou irreconhecível, onde está o General Ablon, líder dos renegados ? Aquele que muitos temiam, aquele que muitos queriam seguir, aquele que era um ícone, eu fui deixando de ser tudo isso assim que você apareceu, você apareceu e simplesmente mudou a minha vida, a minha personalidade, eu deixei de ser um anjo guerreiro para ser um homem apaixonado, fiz e faço tudo por você, tudo gira em torno de nós agora, da nossa família, graças a você eu tive o privilégio de sentir o que poucos anjos sequer ouviram falar, eu posso ter salvado o mundo, mas no fim, quem me salvou foi você, me salvou de mim mesmo e me apresentou um mundo novo, nós começamos da forma errada, eu sei, mas hoje, graças a você eu sou homem, eu serei pai, eu terei uma família, que guerra que eu vencesse que poderia me proporcionar isso ? Que guerra me ensinaria a amar, a sentir ciumes, a perdoar, a querer por perto,a sentir desejo, a querer construir algo além, a querer fazer o outro cada vez mais feliz, eu daria a vida pelos meus irmãos sim, mas não seria como eu daria a vida para você, por eles, seria por ser da minha natureza, por honra, por obrigação, por você seria simplesmente por amor, porque eu não sei viver aqui sem você, então, eu prefiro ir no seu lugar, prefiro te dar a chance de viver, eu já vive muito, e você ainda tem muito o que viver, eu disse ao Doutor que abri mão de tanta coisa por você, mas e você ? Você abandonou tudo por mim, me aceitou do jeito que eu era e enfrentou coisas que não eram pra você. E agora está aí, mais uma vez, eu deveria deixar de ser tão egoísta a ponto de arriscar tanto a sua vida pra tê-la comigo. Mas eu te amo, amo tanto que nem sei como explicar, é um sentimento novo pra mim, avassalador, eu tive tantas e tantas oportunidades para amar alguém, mas nunca amei, e nada do que eu já tenha sentido se compara ao que eu sinto por você, antes era tão mais simples resolver as coisas, era prático, mas agora, eu não tenho que pensar só em mim, tenho que pensar em vocês, e isso me deixa tão confuso, não é só montar uma tática de guerra e pronto, e o pior de tudo é que eu não posso contar para você o quanto é dificil pra mim, porque no fundo, eu não quero que você lembre de nada, quero construir uma vida em cima de tudo que passou, mas será que isso é possível ? Vou conseguir me virar e me ajeitar sozinho, me adaptar a essa nova vida sem sua ajuda ? Sem magoar e afetar você ? É tudo tão novo pra mim, e eu queria tanto que você pudesse me ajudar, que pudéssemos nos ajudar. Não gosto do jeito que as coisas estão agora mas, o que eu devo fazer ? Eu agradeço a Deus sim por essa oportunidade, mesmo que eu saiba que Ele não pode me ouvir, e é sabendo disso que eu sei que preciso de você, porque só você pode me ajudar, não quero te perder amor, eu sou todo durão, todo prático, todo... - engoli - ou eu costumava ser, agora não sei mais quem sou, eu estou perdido – limpei uma lágrima que insistia em correr – Só te peço que não desista de mim, não desista, por favor, porque eu nunca, nunca vou desistir de você. Eu te amo – sussurrei e me aproximei dela selando nossos lábios – eu preciso de você, então, não me abandone, apesar de que eu mereça, não me abandone – alisei mais uma vez seu rosto e encaixei minha cabeça ali, ao seu lado, enquanto alisava o seu braço e pensava no que eu iria fazer quando ela acordasse, contaria tudo e correria o risco de estressá-la e fazê-la perder os nossos filhos ? Ou não contaria e correria o risco de perdê-la ? Como eu queria poder rezar e pedir a Deus uma luz, só que eu sabia que isso não seria possível, eu teria que tomar uma decisão, sozinho -


 


Vick narrando 


 Estava em um lugar estranho, onde tudo era branco, tão branco que chegava a doer, olhei ao meu redor e eu não achava nada e nem ninguém, eu não gostava daquele lugar, era um lugar vazio, eu precisava sair dali, caminhei por algum tempo, mas parecia que eu nunca tinha saído do lugar, o desespero começou a bater e eu não sabia o que fazer, tudo começou a girar e então eu me sentei, no chão, e comecei a chorar, não sei quanto tempo eu fiquei ali, chorando, pedindo mentalmente que alguém me tirasse dali, pedindo para que quando eu abrisse meus olhos, eu não vesse mais aquele branco sem fim, até que eu ouvi uma voz, levantei a cabeça rapidamente e olhei para os lados, de onde vinha aquela voz ? 


 Não tinha mais ninguém ali, tentei gritar por diversas vezes mas a minha voz não saiu, meu Deus, que desespero, comecei a correr então, correr sem parar, tentando me aproximar da voz, e quanto mais eu corria, mais parecia que eu tinha muito ainda o que correr, quando eu estava extremamente exausta, eu parei colocando as mãos nos joelhos e a voz ficou mais perto. 


 XXX: Eu era um anjo guerreiro, era a minha natureza, era para isso que os querubins haviam sido feitos. 


 ABLON ?” - eu gritei confusa mentalmente, era ele ? 


 XXX: Estou irreconhecível, onde está o General Ablon, líder dos renegados ? Aquele que muitos temiam, aquele que muitos queriam seguir, aquele que era um ícone, eu fui deixando de ser tudo isso assim que você apareceu, você apareceu e simplesmente mudou a minha vida, a minha personalidade, eu deixei de ser um anjo guerreiro para ser um homem apaixonado. 


 É ele, só pode ser ele, Ablon, do que você está falando ? O que você está querendo dizer com anjo guerreiro ? ME TIRA DAQUI, EU QUERO SAIR, ME TIRA, ABLON, ABLON....” - eu disse tudo mentalmente de novo, porque eu não conseguia falar ? Porque ele não podia me ouvir ? E o que era aquilo que ele estava falando ? - 


 Eu estava tão confusa, não sabia o que fazer, não sabia o que pensar, eu voltei a correr e então de repente um buraco se abriu sob os meus pés, e eu comecei a cair, eu estava caindo em uma grande velocidade, e aquele buraco não parecia ter fim, depois de horas caindo, eu finalmente bati em algum lugar, levantei cambaleando, e rapidamente coloquei a mão na barriga, meus filhos, onde estavam ?


 Eu não tinha barriga nenhuma, senti minha cabeça latejar e coloquei a mão, ela doía muito, e eu mal conseguia levantar os olhos para ver onde estava, depois de muito insistir e conseguir levantar, eu arregalei os olhos, haviam ... não sei, vários telões ali, olhei para cima e eles não tinham fim, eu não estava entendendo nada até que comecei a prestar atenção no que se passava em cada um deles.


 Vi uma bebe olhando para a mãe e sorrindo, vi essa mesma bebe começando a andar, falar, vi ela sentindo ciumes do novo membro da família, vi ela querendo a atenção dos pais, passei mais alguns telões e vi uma menininha correndo de bicicleta e caindo, quebrando um pedacinho do dente ao bater a boca no chão, vi ela correndo atrás de um cachorro, vi ela admirando um garoto na escola, vi ela sofrendo a primeira dor do amor, vi outras cenas daquela menina brincando, crescendo, se tornando uma mulher. 


 Aquilo eram... eram minhas lembranças, tudo ali fazia parte da minha vida. Era como se eu estivesse vendo tudo em um filme.


  Fui caminhando e olhando a cada telão, cada momento da minha vida, até que cheguei na parte em que conheci Ablon, franzi a testa.


  Porque aquele parte estava em branco ? 


 Não tinha nada ali, os telões que deveriam estar com a nossa história estavam em branco, alguns telões passavam algo sobre nós, mas estavam com falhas, muitas falhas, pulavam partes e... e mais nada, não tinha mais nada, era como se alguém não quisesse que eu lembrasse como tinha sido a nossa vida, eu fiquei por horas encarando aqueles telões tentando me lembrar, mas nada vinha, minha cabeça começou a doer e eu ouvi vozes e vi algumas coisas, cenas confusas, eu nem sabia se eram reais ou não, e então eu vi uma pequena luz, fechei os olhos novamente e me esforcei para abri-los, alguém me chamou, e eu queria ver quem era.


  XXX: Vick ? Fica calma, eu vou chamar o médico. 


 NÃO” - eu tentei gritar, mas a voz não saiu, eu não queria ficar sozinha, não queria voltar para aquele lugar, voltei a me esforçar para abrir os olhos -


  XXX: Ela acordou ? - ouvi vozes um pouco longe - 


 XXX: Sim, estava tentando abrir os olhos quando fui te chamar – eles estavam próximos agora -


 XXX: Ei, Bela Adormecida – ele entrou na minha frente tampando a luz que ainda me incomodava – Eu sei que a luz está te incomodando, mas vamos lá, faça um esforço. 


 Obedeci seu pedido e voltei a tentar, meus olhos estavam pesados, então estava tudo um pouco difícil, porém, com ele tampando a luz que me incomodava, eu acabei conseguindo. 


 XXX: Oi, lembra de mim ? - ele me encarava, sorrindo - 


 O olhei por alguns instantes me acostumando com o seu rosto e quando ele finalmente ficou fixo na minha mente eu consegui assentir lentamente.


  Vick: Dou... - minha voz soou fraca travando logo em seguida - 


 XXX: Não se desespere Vick, você ficou apagada por algumas horas e está um pouco fraca, já você consegue falar normalmente tá ? Mas, sim, sou o Doutor Bernardo, e nós vamos fazer alguns exames ok ? - ele pegou uma luz e colocou nos meus olhos, fechei-os rapidamente – Não, não, vamos Vick, abra – ele forçou os dedos e abriu, que opção eu tinha ? -


 Acho que fiquei durante uma, ou duas horas fazendo exames e fui “liberada”, eu já estava falando, respirando e vendo normalmente, então uma enfermeira apareceu para me ajudar a levantar e queria me ajudar a tomar banho e eu claro, tomei banho sozinha, não precisava de tudo aquilo, eu não estava doente, quer dizer, eu não estava né ? 


 O médico não havia falado muita coisa e eu também não perguntei a Ablon, sim ele estava ali, mas até agora não tinha me dirigido a palavra.


  Voltei para o quarto, sentei na cama e fiquei esperando a minha deliciosa comida que com certeza viria de um dos melhores restaurantes da cidade, só que não né, respirei fundo ao pensar na gororoba, mas com a fome que eu estava, comeria sem reclamar. 


 Vick: Vai ficar aí parado me olhando ? – perguntei sem erguer os olhos e enfiei a colher na boca, sim, colher, era sopa, ouvi ele respirar fundo -


  Ablon: Não quero te aborrecer – olhei para ele que estava sentando em um sofá um pouco distante de mim - 


 Vick: Se não quer me aborrecer, porque esta aqui ? Ou você achou que sua presença não me aborreceria ? - o encarei, ele desviou o olhar - 


 Ablon: Eu só não queria te deixar sozinha, Vick, por favor, não vamos brigar. Você não pode se estressar.


 Vick: Uma hora nós vamos ter que ter essa conversa, e com certeza eu irei me estressar, então que seja aqui, eu já estou no hospital, poupamos tempo. - dei de ombros, ele me olhou e sustentou meu olhar -


 Ablon: Eu não trai você – ele me encarava fixamente – eu errei sim em ter contratado a Tamara, errei em não ter te contado e errei mais ainda em ter colocado ela na sua sala, ultimamente eu estou cometendo muitos erros, mas uma coisa eu sei, e sei que nunca vou errar nisso, eu nunca te trairia Vick, eu amo você, eu posso cometer muitos erros, mas isso não. 


 Vick: Não sei se consigo acreditar em você – disse calma – eu estou magoada, muito magoada e eu não sei quando isso vai passar.


 Ablon: Eu sei, você pode ficar magoada comigo o quanto quiser, só não quero que fique pensando que eu te trai, porque eu não fiz isso.


  Vick: Ela é linda, jovem, inteligente, e não está com uma barriga desse tamanho. Você não toca em mim, e se não é por isso que você não toca em mim, isso pode levá-lo a me trair do mesmo jeito, já que consequentemente você está cheio de desejos e tem uma secretária super gostosa na sala ao lado - fiz cara de nojo e voltei a olhar para a sopa -


  Ablon: Posso me sentar aí ? - ele apontou para a cama -


  Eu ergui o olhar em sua direção novamente, olhei para cama e voltei a olhar para ele, dei de ombros. Ele levantou e eu pude notar que ele ainda estava com a mesma roupa que estava quando eu o vesti. 


 Vick: Você não foi pra casa ? - ele havia se sentado, com um pouco de cautela e um pouco longe de mim - 


 Ablon: Isso importa ? - ele disse ajeitando a camisa - 


 Vick: É claro que sim, não é porque eu estou magoada e com raiva de você que vou querer que você morra, vá para casa agora, tome um banho e coma alguma coisa que eu tenho certeza que você não comeu, e também tenho certeza que não dormiu, então durma também. Humanos precisam disso sabia ? Você não é um super-herói. - eu o encarava e ele desviou o olhar, franzi a testa - 


 Ablon: Estou bem, só não queria te deixar sozinha, vou para casa quando você for – ele disse encarando a parede - 


 Vick: Mas, Ablon... - ele me interrompeu - 


 Ablon: Não estou com fome, nem com sono e nem cansado, quero ficar aqui, e quero terminar a nossa conversa – ele disse tudo calmamente mas em um tom firme, na verdade ele realmente não parecia cansado, e isso era tão estranho - 


 Vick: Tudo bem, não vou discutir isso, você já é bem grandinho pra saber o que faz. - terminei de tomar a minha sopa e empurrei o “carrinho” onde estava tudo, eu não sei como chama aquilo, e nem me interessava em saber também, enfim, levantei com cuidado e sentia os olhos de Ablon em mim o tempo todo, como que esperando um vacilo meu para me pegar, mas isso não aconteceria, eu já estava bem melhor, fui até o banheiro, fiz a minha higiene e voltei para a cama – Então ? - ele deu um longo suspiro e começou a falar -


  Ablon: Eu sei que ela é linda, jovem, inteligente, mas você também é, e ela não está com uma barriga desse tamanho que você insisti em mencionar, porque não é ela que está gravida de dois filhos meus, não foi ela que eu escolhi para ser a minha mulher, a mãe dos meus filhos, para passar o resto da vida ao meu lado, podem aparecer milhares de mulheres lindas, jovens e inteligentes, mas nenhuma delas será você, então, para que eu vou querê-las ? Como eu vou querê-las ? Se tudo que eu quero é você ? Eu sei que não estou sendo um dos melhores companheiros, mas eu não estou te traindo, e se for preciso que eu repita isso mil vezes para que você acredite, eu vou repetir, você é a única mulher que eu desejo – revirei os olhos – Eu sei, não parece, já que eu praticamente não demonstro, só que essa é a verdade, não consigo desejar outra mulher, então, mesmo que a decisão seja minha eu acabo sofrendo junto contigo. Eu queria que... queria que você pudesse entender – ele havia abaixado as costas e estava com os cotovelos apoiados nos joelhos enquanto enfiava as mãos nos cabelos - 


 Vick: Então me explica.


 Ablon: Eu não posso, ainda mais agora. 


 Vick: Porque ainda mais agora ?


 Ablon: O médico disse que você não pode se estressar, e eu não sei que efeito isso causaria em você, não quero colocar a sua vida, nem a dos nossos filhos em risco.


  Vick: E está disposto a colocar o nosso relacionamento em risco ? - ele ficou em silencio por alguns momentos e depois levantou a cabeça me olhando - 


 Ablon: Eu prefiro perder você para outro homem e saber que você está viva, que eles estão vivos, do que perder vocês para a morte. Para ela, eu não teria esperança, nem chance nenhuma de lutar. 


 Ele tinha razão, não dava para ter esperanças ou chance alguma contra a morte, a partir do momento que ela vence, é o fim, não é só “perder uma batalha mas ainda temos a guerra”, não, isso não funciona contra ela, tudo que temos que fazer é nos conformar e seguir as nossas vidas, eu sei que eu não conseguiria me relacionar com outro homem, era ele que eu amava, era ele o único homem da minha vida e era ele o pai dos meus filhos, mas eu sei também que se eu resolvesse partir, não queria que fosse para a morte, porque eu sei o quanto é ruim perder alguém que é importante na sua vida, e eu não suportaria vê-lo sofrer tudo e mais do que eu havia sofrido. 


 Só que eu estava confusa, queria perdoá-lo, queria acreditar nele, acabar com aquele clima ali mesmo, abraçá-lo e beijá-lo, mas eu estava consciente que meu orgulho não deixaria, e se eu quisesse passar por cima dele, precisava pensar, mas sem ele ali. 


 Vick: Eu quero ficar sozinha – disse finalmente e ele me olhou confuso – Eu preciso pensar, e não vou conseguir pensar com você aqui, me deixa sozinha, por favor.


  Ablon: Vou ficar preocupado se te deixar aqui. 


 Vick: Ligue para a Lari e peça para que ela venha, quando ela chegar, você pode ir para casa. 


  Ablon: Você tem certeza ? 


 Vick: Tenho. Ligue para a Bá antes e pergunte se ela não se importa de ficar com a Yasmin, depois ligue para Lari e diga pra ela deixá-la lá. 


 Ablon: Tudo bem, vou fazer isso, mas você vai me prometer que qualquer coisa... - eu não deixei que ele terminasse - 


 Vick: Qualquer coisa eu te chamo, só quero pensar e tomar uma decisão, a partir do momento que fizer isso, eu peço para que ela te chame de volta. 


  Ablon: Vou ficar esperando.


 Ele pegou o celular no bolso, ligou para casa primeiro e é claro que a Cláudia aceitou, depois ligou para Lari e eu pude ouvir ela xingando ele de longe por não tê-la avisado antes, sorri. 


  Ablon: Ela disse que vai me bater – fez careta - 


  Vick: Você merece, deveria ter avisado. 


 Ablon: Eu não pensei nisso na hora – coçou a cabeça - 


 Vick: Agora apanha então.


  Ablon: Você deveria me defender. 


 Vick: Eu não, ajudo ela bater ainda – ele fez cara feia e eu dei risada – então, ela vai vir ?


 Ablon: Vai, Rafael vai levar ela em casa primeiro para deixar a Yasmin e depois ele traz ela para cá.


 Vick: Ótimo. - o silenciou reinou e Ablon não parava de me encarar, aquilo estava me matando – Está me olhando tanto assim porque hein ? - ergui a sobrancelha -


  Ablon: Só estou com saudade.


  Vick: Hum. - e o silenciou reinou novamente - 


 Ablon: Esqueci de falar. - ele disse depois de uns dez minutos quebrando o silencio - 


 Vick: O que ? - disse no mesmo tom que ele - 


 Ablon: O médico disse que você já poderia fazer o exame para ver os sexos dos bebes. 


 Vick: VERDADE ? – eu disse um pouco alto sorrindo, e depois mordi o lábio inferior -


  Ablon: É sim – ele também sorriu, negando – para de fazer isso – ele levantou a mão e com o dedão separou meus lábios – Você sabe que isso me provoca – ele me encarava - 


 Vick: Desculpa, é involuntário – desviei o olhar dos seus, eu não podia me deixar levar por aqueles olhos azuis que tanto me hipnotizavam - 


 Ablon: Eu sei, mas me dá uma vontade maior ainda de te beijar, e se você não quer que eu te beije a força, tente não fazer isso.


  Vick: Urrum – respirei fundo – não vou, mas eu vou te esperar para fazer o exame tá ? 


 Ablon: É ? Pensei que você gostaria de fazer com a Larissa. 


 Vick: Ela é minha melhor amiga, não o pai dos meus filhos, você tem o direito de saber no mesmo momento que eu e eu quero que você esteja ao meu lado, não ela. - ele deu um sorriso de lado, aquele meu sorriso, e tudo que eu pude fazer era sorrir junto com ele, meu Deus, como eu amava aquele homem - 


 Ablon: Fico muito feliz em saber disso, muito mesmo. 


 Vick: Para de sorrir feito um bobo – fiz careta e neguei - 


 Ablon: Só estou feliz, não posso não ? 


 Vick: Não. 


 Ablon: Mas eu estou, isso é um sinal. 


 Vick: Sinal ? Sinal de que ?


 Ablon: Que você vai pensar com carinho na nossa relação. 


  Vick: Ah, se eu fosse você não se enganava tanto comigo não hein. 


 Ablon: Não faz isso – ele desmanchou o sorriso - 


 Vick: Só estou sendo realista, desculpa. - ele ia dizer alguma coisa mas a porta se abriu -


 XXX: Eu vou bater nele amiga, dá licença – ela entrou feito um furacão e foi para cima de Ablon – Como – tapa – você – tapa – pode  – tapa – fazer – tapa – isso – tapa – comigo – tapa –


  Ablon: Aí Larissa, chega, já está doendo, Rafael, cade a camaradagem pô ?


 Rafa: Já chega amor – ele a segurou enquanto dava risada – Você mereceu cara, deveria ter nos avisado. 


 Lari: É claro que deveria, como você pode fazer isso ? Ela é minha amiga antes de te conhecer tá bom ? Você deveria ter um pingo de consideração, amiga, não quero que você case com ele mais – ela cruzou os braços e fez bico - 


 Vick: Oi Vick, como você está, como estão os bebes, você vai morrer ? Não amiga, eu estou bem, pode ficar tranquila – eu disse imitando primeiro a voz dela e depois falando normal com a minha voz -


  Lari Aí, desculpa – ela se soltou do Rafa e veio até mim me abraçando – é que eu fiquei com raiva desse ingrato – fuzilou Ablon com os olhos – você está bem não é ? 


 Vick: Eu acho que sim – fiz careta – o médico não falou muita coisa ainda, pelo menos não para mim.


  Lari: Ablon ? - ela levantou a sobrancelha para ele -


 Ablon: Ele só disse que ela não pode se estressar, que isso pode colocar em risco a vida dela e dos bebes, fora isso, está tudo ok.


  Lari: E porque você se estressou a ponto de vir parar aqui ? - ela me olhava e eu olhei para Ablon - O que você fez ? - ela voltou a olhá-lo com raiva – eu vou matar você.


 Rafa: Para de acusar sem saber amor, deixa eu dar um abraço na minha irmãzinha – ele se aproximou e abaixou me abraçando – Você sabe que pode contar comigo, não sabe ? - sussurrou no meu ouvido e eu apenas assenti – então, qualquer coisa, me chama – ele sussurrou de novo – agora eu tenho que ir trabalhar – disse ficando ereto – Depois eu volto aqui, beijo amor – e deu um selinho na Lari – beijo branquinha – e me deu um beijo na testa – Você vem ? - olhou para Ablon que estava sentado ainda, olhando tudo - 


 Ablon: Vou sim. Devo me despedir de você ? - olhou para Lari - 


 Lari: Óbvio que não, sai logo daqui – fez gesto de “fora” com a mão - 


 Ablon: Ok então né, e de você ? - ele agora me olhava - 


 Vick: Pode ué.


  Ele abaixou e dei um beijo na minha barriga sussurrando “papai já volta, amo vocês” e depois se endireitou vindo me dar um selinho, virei o rosto, ele suspirou e dei um beijo na minha cabeça.


  Ablon: Qualquer coisa, me chama – e saiu com o Rafa - 


 Olhei para Lari e ela me olhava atenta. 


 Lari: O que ele aprontou hein ? 


 Vick: Longa história – me encostei com cuidado nos travesseiros, ela se ajeitou mais na cama e disse -


  Lari: Tenho muito tempo.


 Vick: Ah, tudo começou... - contei tudo para Lari que me escutava atentamente – e foi isso que aconteceu desde que voltamos ao Paraná. - terminei de falar depois de sei lá, uma hora – É estranho sabe ? As vezes eu acho que faltam algumas lacunas para ser preenchidas nas minhas memórias, e algo me diz que estas lacunas em branco são as respostas para o mistério dele. 


 Lari: Isso é muito estranho, muito meeeeeesmo, mas antes que você tente preencher essas lacunas, o que vai fazer com a tal secretária ?


  Vick: Isso é o mais importante ? 


 Lari: Claro, se fosse o Rafael já tinha cortado aquilo lá que... que... que é uma delicia, mas eu cortaria, e a tal fulaninha já estaria a sete palmos – ela fez cara de brava e eu dei risada - 


 Vick: Isso, judia de mim.


  Lari: De você, porque ?


  Vick: Porque tem um tempo que eu não sei o que é a delicia, maravilha, gostosura do Ablon – fiz bico e ela caiu na gargalhada - 


 Lari: Pois eu vejo o meu todo dia – fez cara de safada -


  Vick: Como se a Yasmin deixasse – revirei os olhos - 


 Lari: Tá, óbvio que não é aquela coisa que digamos: NOSSA que pique hein. Mas, sempre que ela dá um descanso a gente mata a saudade – mordeu o lábio inferior - 


 Vick: Vou fingir que você não é minha melhor amiga e ele meu irmãozinho para não imaginar a cena – fiz cara de nojo - 


 Lari: Isso é inveja – mostrou a língua – Mas, então ? Vai demiti-la ? 


  Vick: Pensando bem... não. 


  Lari: Não ? - me olhou surpresa – Porque não ? 


 Vick: Tenho um plano melhor, muito melhor – sorri -


 Lari: Pode ir abrindo o bico – ela disse afobada -


  Vick: Não conto, não conto, não conto. 


 Lari: Ai amiga, você não vai fazer uma maldade dessas com a sua amiguinha aqui não é ? Poxa. 


 Vick: Tá bom, vou fazer o seguinte... - contei a minha decisão a ela - 


 Lari: Aaaaah, arrasou amiga, super apoio. Me convida pra ver isso ? 


 Vick: Claro. Com todo o prazer. 


 Lari: Sua má.


  Vick: Só um pouquinho – pisquei para ela - 


 Ficamos ali por um bom tempo conversando coisas aleatórias, eu estava sentindo falta de ter um tempo assim, só com a minha amiga, deveríamos fazer isso mais vezes, seria ótimo para nós duas. 


 Lari me contou como ela estava bem e feliz, apesar dela ter perdido uma oportunidade ótima de trabalho para ficar com a Yasmin, ela não se arrependia, já que apesar de tudo, a filha era a vida dela e trabalho é o que tem de sobra, claro que eu fiquei imaginando como seria quando eu tivesse os meus babys, e quer saber ? 


 Eu não me importava nenhum pouco em saber que dedicaria 24 horas do meu dia para eles, eles já eram minha vida também.


 XXX: Posso entrar ? - ele havia batido na porta e enfiado metade do seu corpo para dentro - 


 Vick: Já está praticamente dentro – dei de ombros -


 XXX: Larissa, Rafael está te esperando lá fora, ele não pode entrar porque está com a Yasmin. 


  Lari: Ain amiga, eu preciso ir. 


  Vick: Óbvio né amiga, você já passou um tempão comigo, vai lá, e dê um beijo nos dois por mim. 


 Lari: Mas eu queria ficar mais – fez bico – pode deixar.


 Vick: Você tem que aparecer lá em casa, está me devendo uma visita. 


 Lari: É verdade. Mas, nos vemos antes disso – piscou para mim - 


 Vick: Para de ser curiosa – dei risada - 


 Lari: Eu preciso ver isso amiga. 


 Vick: Vou pensar no seu caso, agora vai. 


 Lari: Tá, tá, já estou indo, beijo – e me deu um beijo - 


 Vick: Amo você – a apertei em meus braços -


  Lari: Eu também te amo – ela retribuiu – E você – levantou se endireitando e apontou para Ablon que estava ali, ao nosso lado – se não cuidar bem da minha amiga vai se entender comigo, entendeu ? - ela cruzou os braços o encarando - 


 Ablon: Entendi sim. Vou cuidar. 


 Lari: Eu acho bom hein, amiga, qualquer coisa me liga, bye – pegou sua bolsa e foi em direção a porta - 


 Vick: Bye. 


 Lari saiu nos deixando a sós e o silencio voltou a dominar o ambiente, odiava aquilo e principalmente odiava aquele lugar. 


 Vick: Você falou com o médico ? - perguntei quebrando o silencio, ele estava parado a poucos metros de mim, com uma camisa verde escura, uma calça jeans escura também, com o cabelo molhado e as mãos estavam enfiadas nos bolsos da frente da calça, ele assentiu – E ? - ele não respondeu - Aconteceu alguma coisa ? Não me diga que tem algo de errado com meus filhos Ablon - eu falei tudo rapidamente já desesperada – Tem ? Fala caramba – eu bati as mãos na cama - 


 Ablon: Não tem nada, se acalme – ele veio rapidamente até mim e segurou minhas mãos – desculpe, eu só, só estava pensando. 


 Vick: Pensando em que ? Ablon, não mente para mim que é pior. 


 Ablon: Está tudo bem, eu juro, estava pensando... pensando em nós. É que é horrível te ver nesse lugar. 


 Vick: Nem me fale, quero sair daqui logo. - bufei - 


 Ablon: E mais uma vez foi culpa minha – ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha – uma vez já é o suficiente, eu deveria cuidar de você para não haver uma segunda. - ele me olhava nos olhos – Me perdoe amor. 


 Vick: Mais uma vez ? Segunda ? Do que você está falando Ablon ? É a primeira vez que eu passo mal, não a segunda. - ele desviou o olhar – Não é a primeira ?


 



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Autor(a): Fraanh

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XXX: Como está a minha paciente ? - a voz dele invadiu o ambiente e interrompeu a nossa conversa, Ablon aproveitou para se levantar e se afastar de mim, pisquei alguns vezes tentando assimilar o que havia acabado de acontecer – Então ? - ele já estava ao meu lado e eu nem sequer estava querendo prestar atenção nele – Senhor ...


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