Fanfic: Para sempre ❤
Ablon narrando
Assim que ela saiu eu deixei que meu corpo caísse totalmente na cadeira enquanto jogava a cabeça para trás e alisava meu rosto. Abaixei a cabeça e soltei um suspiro.
Ablon: Isso que dá não controlar você – disse olhando para o … bem …. para o … O SenhorAutoridade. - Ela ficou irritada, viu ? E você fica aí, sozinho agora, para você aprender. - bufei, eu estava mesmo fazendo isso ? Franzi a testa – Droga, a culpa não é sua, a culpa é toda minha, é impossível não sentir desejo estando perto dela, mas a minha cabeça acabou atrapalhando mais uma vez, eu não vou conseguir tocá-la desse jeito, já que estou escondendo algumas coisas e não consigo olhar em seus olhos. O Que eu faço ? Se eu continuar assim é perigoso que eu a perca para sempre, mas e se eu falar ? Tenho medo de ter que passar por isso de novo, de ter que explicar o que eu sou e o que nossos filhos possam ser, e se ela me odiar ? E se mesmo assim eu perder ela também ? Estou encurralado – joguei meu corpo para frente e apoiei os cotovelos na mesa apoiando a cabeça nas mãos, apertei meu cabelo com força – O que eu vou fazer ?
Alguém bateu na porta e eu ergui a cabeça. Era Cláudia. Ela não disse absolutamente nada, apenas entrou, pegou as coisas que tinha trazido para Vick e antes de sair disse baixinho.
Cláudia: Vou levar essas coisas para a biblioteca – e saiu -
Aquilo era para me dizer discretamente que Vick estava lá e que eu deveria ir atrás dela ? Suspirei e neguei com a cabeça, não, depois nós resolveríamos isso.
Voltei a atenção para o computador, lendo novamente as regras do tal concurso, mas eu não conseguia me concentrar em uma só palavra do que tinha lá. Bufei e levantei empurrando a cadeira. Eu tinha que falar.
E tinha que ser agora, antes que fosse tarde demais. Ela disse que eu podia contar para ela não disse ? Então, não tem porque ter medo, ela vai entender, ela tem que entender.
Sai do escritório e caminhei lentamente em direção a biblioteca. Entrei na biblioteca e ela estava abraçada aos seus joelhos.
Ablon: Vick – chamei-a baixinho, mas alto o suficiente para que ela me ouvisse -
Vick: Sai daqui – ela disse sem me olhar -
Ablon: Nós precisamos conversar...
Vick: Eu não quero te ouvir, não quero, quero ficar aqui, quero me acalmar – ela levantou a cabeça e me encarou - e não ter que ficar magoada ou nervosa e afetar os meus filhos que não têm nada a ver com isso, porque eles não tem culpa, não tem culpa que os pais deles não conseguem ser um casal normal apenas por um dia, nós nunca seremos não é ? Principalmente se depender de você. Será que é pedir demais ? Eu falei pra você que você podia contar comigo, que podia contar qualquer medo seu e você não olha nos meus olhos, não toca em mim, e nem sequer tentou conversar comigo novamente, agora é tarde, agora eu já estou magoada, e você sabe o que acontece quando eu fico magoada ? Eu demoro, muito, muito, muito para perdoar e eu nunca esqueço, mesmo que eu perdoe, você diz que me ama mas parece fazer de tudo para me afastar de você. Eu te dei a oportunidade Ablon – as lágrimas que ela segurava já estavam saindo descontroladamente pelos seus olhos – e você não soube aproveitar, não está tentando comigo, então por favor, me deixa sozinha – apontou para a porta -
Ablon: Vick...
Vick: Estou te pedindo por favor, não me faça me sentir pior do que eu já estou.
Respirei fundo e engoli em seco.
Ablon: Eu... eu... sinto muito. - foi apenas o que eu consegui dizer antes de sair -
Fechei a porta e encostei nela, enquanto a ouvia soluçar de tanto chorar, eu sentia meu coração apertado, joguei a cabeça para trás e chorei junto com ela.
Vick narrando
Fiquei chorando por algumas horas, eu não conseguia parar, eu o amava tanto, não queria brigar com ele, não queria que as coisas chegassem a esse ponto, mas aí eu lembrava que ele estava escondendo algo de mim, que estava me rejeitando e isso doía ainda mais, como seriamos um casal com segredos e mentiras ? Como eu aguentaria mais uma rejeição ?
Nenhuma mulher gosta de ser rejeitada, principalmente pelo homem que ela ama e sem nem sequer saber o motivo. Tentei parar de chorar muitas vezes mas eu não conseguia, aí eu lembrei que geralmente mulheres grávidas não conseguem controlar seus sentimentos...
Vick: Não – limpei as lágrimas – não eu, eu sempre tive controle de tudo, não vai ser agora que vai ser diferente, até porque eu tenho que ser mais forte do que nunca, pelos meus filhos – alisei minha barriga – Vocês devem estar tristes pela mamãe não é ? Me desculpem, prometo não fazer isso de novo, vocês nem conhecem o mundo aqui fora ainda, não merecem sofrer antecipadamente. Mamãe não vai chorar mais. A não ser que seja de felicidade, e será por vocês, que já são minha vida. Que tal uma história agora ? Para distrair nós três ? Espero que vocês tenham o mesmo hábito que o meu de leitura, espero sim – abri um pequeno sorriso -
Levantei e fui em direção a estante, tinha uma prateleira cheia de livros novos, que ainda estavam com o plástico, escolhi um que me chamou atenção e sentei novamente.
Vick: Se chama A Batalha do Apocalipse – falei alto para eles ouvirem -
Passei as primeiras páginas e comecei a ler.
Vick: Há muitos e muitos anos, há tantos anos quanto a número de estrelas no céu, o paraíso celeste foi palco de uma terrível levante. Armados com espadas místicas e coragem divina, querubins leais a Yahweh travaram uma sangrenta batalha contra o arcanjo Miguel e os anjos que o seguiam.
Deus, o Senhor Supremo de Todas as Coisas, continuava imerso no profundo sono em que caíra apos ter concluído o trabalho da criação – o descanso do sétimo dia. Enquanto Ele permanecia ausente, os arcanjos ditavam as ordens, impondo seus desígnios no céu e na terra. Sentados no topo de seus tronos de luz, cada um deles almejava alcançar a divindade.
Concentrando todo o poder debaixo de suas asas, os poderosos arcanjos, onipotentes e intocáveis, utilizavam a palavra de Deus para justificar sua própria vontade. Revoltados com o amor do Criador para com os seres humanos e movidos por um ciúme intenso, decidiram ir contra as leis do Altíssimo e destruir todo o homem que caminhasse sobre a terra, acabando assim com parte da criação do Divino.
Impulsionando por essa fúria, Miguel, o Príncipe dos Anjos, enviou a Haled, diversas calamidades, mas, como insetos persistentes, os mortais resistiram. Os tiranos alados desejavam um regresso a aurora dos tempos, quando só os animais povoavam o mundo. Eles nunca aceitariam venerar uma criatura feita do barro, uma vez que tinham sido gerados a partir do próprio esplendor e glória do Senhor.
Decidido a eliminar de vez a humanidade ordenou que os ishins, a casta angélica que controla as forças da natureza, arquitetassem a destruição final. Submissos, eles derreteram as calotas polares e a terra foi inundada por um volumoso diluvio. Não obstante, os mortais novamente subsistiram.
Diante de tanta morte e devastação, uma conjuração teve inicio. Em sua inocência politica, os lideres dessa conjuração foram traídos por outro Arcanjo, Lúcifer, a Estrela da Manhã, o único que conhecia o plano dos revoltosos para libertar o paraíso da opressão a que era submetido. Quando o Arcanjo Sombrio denunciou as ideias revolucionárias, os rebeldes foram derrotados expulsos do céu e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o fim dos tempos. Enquanto a luz do sétimo dia brilhar, enquanto Deus continuar adormecido, os anjos renegados serão perseguidos e mortos pelos agentes celestiais.
Com o poder e prestigio que conseguiu por ter delatado os insurgentes, Lúcifer arquitetou sua própria revolução. Movido por interesses nem um pouco justos, o Arcanjo Sombrio pretendia tomar o principado de Miguel e ascender acima mesmo do Criador, coroando-se em Tsafon, o Monte da Congregação, e tornando-se assim igual a Deus, O Filho do Alvorecer não queria apenas vencer seu irmão , desejava tornar-se ele próprio Deus- subjugar não apenas o monarca, mas também Yahweh.
Muitos anjos, revoltados com a politica celeste, não conheciam as motivações egoístas de Lúcifer e se juntaram a ele. Ao descobrir a traição, o Príncipe dos Anjos declarou nova guerra, e uma segunda batalha estalou. Por seus atos e ambições macabros, a Estrela da Manhã e seus seguidores foram lançados ao Sheol, poço obscuro de trevas e sofrimento, um lugar terrível, um cárcere permanente. Lá, o Arcanjo Sombrio governa e espera o momento certo para iniciar sua vingança. Hoje, os mortais conhecem essa dimensão pelo nome de inferno.
Muito milênios se seguiram as duas guerras angélicas, e então os humanos reinventaram o período das grandes catástrofes, com suas grandes armas modernas.
No céu e no inferno, o Armagedon marca o inicio de uma nova era. Quando o ciclo for completado, Deus despertará de deu sono e todas as sentenças serão revistas. O tecido da realidade cairá. Antigos inimigos se enfrentarão, e não haverá fronteiras entre dimensões paralelas. Esse será o Dia do Ajuste de Contas. O crepúsculo do sétimo dia se aproxima, e a noite cairá em breve.
Parei de ler e fechei o livro novamente, olhando a capa que continha um anjo segurando uma espada. Procurei pelo autor do livro e o nome destacado era Spohr.
Abri o livro novamente e reparei em uma coisa que eu não tinha visto ali antes, havia uma dedicatória.
"Para o meu grande amigo Ablon, meu companheiro de muitas e muitas horas. Resolvi escrever esse livro e eu nem sei o porque, espero que não me julgue. Um grande abraço. Aziel Spohr".
Porque aquela história não me parecia estranha ? E nem aquele nome ?
Minha cabeça parecia confusa, parecia que eu conhecia aquela história, que eu já sabia o que iria acontecer no final, mas ao mesmo tempo parecia loucura, porque eu procurava respostas e elas não estavam lá.
Eu sempre amei livros sobre anjos, mas nunca, nenhum havia chamado tanto a minha atenção quanto aquele, depois de alguns minutos tentando entender, desisti e a única forma de saber se eu estava certa era, lendo, não era ?
Então folheei o livro e comecei a ler de onde havia parado.
Ablon narrando
Fiquei ali, mesmo com aquela porta nos separando, esperando por algum sinal que indicasse que ela havia se acalmado. Depois de muito tempo não ouvi mas o seu choro, pelo menos aquilo serviria de alguma forma como um pequeno alivio para mim.
As palavras dela ecoavam na minha mente o tempo todo.
“Eu não quero te ouvir, não quero, quero ficar aqui, quero me acalmar, e não ter que ficar magoada ou nervosa e afetar os meus filhos que não tem nada a ver com isso, porque eles não tem culpa, não tem culpa que os pais deles não conseguem ser um casal normal apenas por um dia, nós nunca seremos não é ? Principalmente se depender de você. Será que é pedir demais ?”
Sim, era pedir demais, porque eu não era normal, e nossos filhos provavelmente não seriam, como eu poderia explicar isso a ela ?
Tenho tanto medo que ela reaja como da primeira vez e fuja de mim, que me rejeite, que não me perdoe, mas ao mesmo tempo eu sei que corro o risco de perde-la se continuar mentindo.
Mas, ela queria uma vida normal, com uma família normal, como eu poderia dar isso a ela ?
Eu tento todos os dias, é isso que eu venho fazendo desde que tivemos a oportunidade de recomeçar, só que agora...
Bom, agora eu não sei se isso está certo, se nós realmente deveríamos estar juntos.
Saí dali, subi até o quarto, entrei no banheiro, tomei um banho rápido, sai, fui até o closet, vesti minha cueca, coloquei uma calça preta, sapato e uma camisa azul, não muito clara, nem muito escura.
Deixei os últimos botões abertos, só ajeitei um pouco meu cabelo, passei perfume, saí do closet, peguei minha carteira, relógio e a chave do carro e desci.
Procurei Cláudia mas ela não estava na cozinha, olhei em alguns cômodos da casa e nada dela, onde ela estava ?
E porque eu comprei uma casa tão grande ?
Não é nada bom ter que ficar andando de um lado para o outro procurando alguém, bufei.
Ablon: CLÁUDIA – gritei do alto da escada quando cansei de andar de um lado para o outro, eu deveria contratar mais empregados para aquela casa, assim eles poderiam me ajudar a achar um ao outro quando um deles se perdessem -
Sentei no sofá que tinha no hall e fiquei esperando ela aparecer.
Gritei mais umas duas vezes e depois de uns 20 minutos ela apareceu.
Cláudia: Desculpa Senhor, estava arrumando a lavanderia, precisa de algo ?
Ablon: Eu realmente preciso contratar alguém para te ajudar Cláudia, essa casa é gigantesca em comparação a outra e você faz tudo sozinha, você deveria ter puxado minha orelha por não ter notado a injustiça que estou cometendo – disse tudo ao notar o quanto ela parecia cansada -
Cláudia: Não tem problema, eu me viro. Aliás, o que uma velha como eu poderia estar fazendo uma hora dessas ? É bom que eu ocupo minha cabeça.
Ablon: Primeiro que você não é velha, segundo que antes você só tinha que cuidar de mim – fiz careta – e agora temos a Vick e logo teremos mais dois. Então, sim. Vamos precisar de mais gente. Até porque, você também tem família e precisa de descanso e tempo para vê-los. Mas, falamos sobre isso depois, só queria avisar que eu vou sair, preciso esparecer um pouco, cuide de Vick para mim e qualquer coisa me ligue – levantei e dei um beijo em sua testa – Até logo.
Ouvi ela dizer um “Até logo e se cuide” antes que eu saísse e fechasse a porta.
......................
Voltei depois de ter passado o dia todo fora, havia ido na empresa e como não aguentei ficar muito tempo lá, fui até um parque a passei o dia todo lá, apreciando a natureza, vendo as crianças brincando e as famílias felizes, o que me fazia só pensar mais e mais no que eu poderia fazer.
Depois de muitas horas, resolvi voltar, já estava anoitecendo e não dava pra fugir de tudo para sempre.
Ablon: Onde ela está ? – disse quando entrei na cozinha -
Cláudia: Ainda não saiu da biblioteca – me olhou rapidamente e voltou a prestar atenção na panela -
Ablon: Não ? - levantei a sobrancelha – Ela está bem ? Você foi lá ? Viu se ela precisava de alguma coisa ? Não acha que se passou muito tempo ?
Cláudia: Ei, calma – segurou meus ombros -Ela está bem, fui lá muitas e muitas vezes, se ela precisar ela me chama, ela só está entretida com um livro, ela adora ler não adora – assenti – então, deixa-a distrair a cabeça um pouco, depois vocês conversam, porque você sabe que não dá para ficar nesse clima, não sabe ?
Ablon: Sei. E o pior é que eu não sei o que fazer.
Cláudia: Você a ama não ama ?
Ablon: Mais que tudo nessa vida.
Cláudia: Então tente ouvir seu coração, ele saberá o que fazer, você mudou muito desde que ela apareceu, e eu me orgulho muito do homem que você é hoje, não me decepcione mocinho. Cuide bem do que você tem, cuide bem da sua família, porque eles são tudo o que você tem, e você mais do que eu, sabe disso.
Assenti novamente.
Ablon: Obrigado Cláudia. - dei um beijo em sua bochecha – Vou subir e tomar um banho. Estarei na sala de TV depois, poderia por favor me avisar quando ela sair de lá ?
Cláudia: Claro que sim. Vá, vou terminar o jantar.
Sai da cozinha e subi em direção ao quarto, tomei outro banho e sai, fui até o closet, coloquei uma cueca, uma calça de moletom e fiquei sem camiseta mesmo, passei a toalha para dar um secada no cabelo e depois passei perfume, sai do quarto e fui até a sala de TV do andar de cima, peguei o controle e me joguei no sofá, fiquei prestando atenção nos canais de noticias até que acabei pegando no sono, hábitos humanos acabam realmente sendo contagiosos.
Autor(a): Fraanh
Este autor(a) escreve mais 2 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Vick narrando Já estava tarde, havia anoitecido e eu praticamente nem havia notado, Cláudia veio várias vezes me ver, trazer coisas para eu comer já que eu estava totalmente entretida com o livro. Estava muito cansada e minhas costas doíam, olhei no relógio e o mesmo marcava 20:00 hrs, então finalmente resolvi dar uma ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo