Fanfics Brasil - ` Deusα de Pedrα (αdαptαdα)

Fanfic: ` Deusα de Pedrα (αdαptαdα)


Capítulo: 11? Capítulo

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CAPITULO V

Na semana seguinte, Dulce ficou felicíssima por receber um telefonema de Maitê.
— Vamos fazer escala em Paris e estarei por quatro horas no aeroporto De Gaulle — Maitê avisou. — Que tal se encontrar comigo lá?
— Ótimo! Podemos nos encontrar no restaurante; hoje vou lhe oferecer o almoço!
— Melhor ainda! — Maitê riu, satisfeita. — Vejo você mais tarde.
Dulce
mandou que o chofer a levasse a Paris. Mas, para evitar que ele
estivesse presente a seu encontro com a amiga, deu ordens para que ele
a levasse ao cabeleireiro. Como sempre, ele se instalou na sala de espera. Dulce foi para o salão, mas, em vez de se sentar para arrumar o cabelo, dirigiu-se ao banheiro; ela sabia que de lá tinha uma saída para uma área, que dava numa ruazinha lateral.
Saindo por ela, Dulce andou até a rua principal, onde tomou um táxi
para o aeroporto.
Maitê já estava a sua espera e acenou para avisá-la onde estava. As duas amigas se abraçaram, contentes de se verem; Dulce não pôde evitar que duas lágrimas lhe viessem aos olhos. Há quanto tempo não via uma pessoa querida!


— Como você está linda! — Maitê exclamou com sinceridade. — E sua roupa é sensacional!
Dulce corou. Estava usando um conjunto de lã cor de caramelo, criação de Pierre Cardin; sabia que aquele era o tipo de roupa que moças como ela e Maitê só viam em revistas.
— Essas roupas fazem parte do meu novo emprego — explicou.
— Que uniforme maravilhoso! — Maitê deu um assobio de admiração; depois, reparando no rosto da amiga, continuou: — O que é que há, Dul? Você não está feliz, não é?
—— Claro que estou — ela mentiu. — É um emprego fascinante! E encontrei pessoas maravilhosas, cultas e inteligentes!
A copeira chegou e elas fizeram o pedido para o almoço. Maitê se inclinou para mais perto de Dulce e, segurando sua mão, disse:

Dul, sou sua amiga há muito tempo. Sei muito bem quando eitá mentindo!
Acho melhor você me contar toda a verdade, qualquer que ela seja; estou
aqui para ouvir e ajudá-la no que puder. Sei que deve haver muita coisa
envolvida nisso, senão não teria deixado Derick e ficado por aqui. —
Nesse momento Maitê notou a aliança no dedo de Dulce. — Está usando uma aliança? Também isso faz parte de seu emprego?
De uma certa maneira, faz — Dulce respondeu devagar. De repente, como uma torrente há muito tempo represada, a história toda foi sendo contada: a estupidez de Poncho ao se deixar envolver no desfalque, a solução que Ucker havia
oferecido, o casamento. . . A única coisa que não contou para a amiga
foi aquela noite terrível em Akasia, em que ele a tinha possuído contra
sua vontade; ainda se sentia muito humilhada para falar livremente
sobre isso.


Quando terminou de contar, Maitê inclinou-se na cadeira e soltou um suspiro.

Tudo isso é uma loucura, Dulce! Deve ter havido outro motivo para ele
casar com você. Não vejo por que ele precisava arranjar uma esposa,
quando poderia ter quantas quisesse bastando estalar oi dedos.
— Não
houve nenhum Outro motivo. Ele foi bem claro a respeito disso. Ucker
odeia publicidade e os colunistas sociais estavam sempre ligando o nome
dele ao das mulheres mais famosas. Casando comigo, ele ficou livre
desses mexericos, sem ter que dar a devida atenção à oiposa, o que
realmente teria acontecido se casasse com uma mulher de sua própria roda. E ainda conseguiu se livrar das mulheres que o perseguem e que ele não quer.
— E as mulheres que ele quer?
— Não tenho nada com isso, Ucker deixou esse ponto bem claro.
— E você precisa viver esse tipo de vida por cinco anos? — Maitê não se conformava com a situação da amiga.
— Não tenho outra escolha. — Por um instante Dulce ficou quieta. — May, como vai. . . Derick?

Ele ficou muito aborrecido quando você simplesmente desapareceu, sem
deixar um telefone ou endereço onde ele pudesse se comunicar com você.
Muitas vezes me pediu seu endereço, mas achei que, se você quisesse que
ele a procurasse, teria lhe dado você mesma.
— Bem, mas como está ele?
— Só para se vingar do que você fez, ele convidou outra aeromoça para sair. — Maitê parou como que reunindo forças para acabar de contar. — Essa moça sempre gostou dele e não perdeu tempo: aceitou o convite.
— Como sabe de tudo isso? — Dulce olhou para a amiga e percebeu a situação. — May, essa moça é você, não é? Maitê concordou com a cabeça.

Não sabia como agir, Dulce. Não sabia se você ainda pretendia entrar em
contato com ele ou não, mas. . . sabia que, se eu não aceitasse, ele
convidaria outra moça qualquer. E eu queria tanto que a escolhida fosse
eu.
Dulce segurou as mãos de Maitê entre as suas.


— Estou contente que tenha acontecido assim! — Seu tom era cheio de calor e sinceridade. — Espero que tudo dê certo para vocês dois, May!
As duas amigas ainda ficaram conversando, até que Maitê notou que era hora de voltar para trabalhar. Elas se despediram e Dulce fez o mesmo caminho de volta até o cabeleireiro; colocou apenas uma boina, para que o motorista não notasse que seu cabelo estava como antes.
O motorista estava cochilando na poltrona e não pareceu ter desconfiado de nada. Dulce sentiu-se feliz por ter conseguido ficar umas horas sem o eterno pajem a seu lado. Considerava isso como um ato de desafio, do mesmo modo que achava que tinha desafiado o marido quando
transferira suas economias para um banco francês, para não usar a
mesada que Ucker lhe dava.
Vários convites haviam chegado à mansão e o secretário de Ucker informou Dulce sobre quais deles Ucker gostaria de aceitar. Alguns desses convites eram de caráter comercial; outros, porém, eram de amigos, e Dulce ficou apavorada de ter que enfrentar, gente que conhecia Ucker muito bem. Seu relacionamento com o marido era tio falso que tinha certeza de que todos iriam descobrir a situação!


No dia em que foram à primeira dessas reuniões na casa de amigos de Ucker, Dulce se sentia tão nervosa e apreensiva que não conseguia parar de girar a aliança no dedo. Os dois estavam no carro, Indo para a festa, e Ucker pareceu notar esse gesto de inquietação.
— Por que está tão nervosa hoje? — acabou perguntando. — Já fomos juntos a outras reuniões e se saiu muito bem nelas.
— Ás outras reuniões foram com gente de negócios, pessoas que não o conhecem bem. Mas hoje estamos indo à casa de velhos amigos seus, não é? Num instante eles vão perceber que você não
se casou comigo. . . por. . . — Ela parou, sentindo o rosto pegar fogo.

Por amor? — Ucker mantinha a voz fria. — Não se preocupe com isso. Eles
acham que a mantive afastada durante o namoro para evitar publicidade.
Estão prontos a aceitá-la de bom grado; se não por você, pelo menos por mim!
Como
sempre, Ucker estava certo. Os amigos foram carinhosos e gentis com
ela; aceitaram-na com simpatia e calor. Os homens brincaram muito com
ele, dizendo que o último dos solteiros desejáveis tinha finalmente
sucumbido ao amor e estava amarrado aos laços do matrimónio. Ucker se
divertia muito com esses comentários e fingia que tudo era verdade.
Chegando junto de Dulce, ele levou suas mãos aos lábios e por um instante seus olhares se encontraram. Ela teve a sensação de que havia uma corrente elétrica inexplicável no ar.


A tarde estava quente e agradável. Dulce resolveu dar um passeio pêlos jardins da mansão, apreciando os canteiros de flores muito bem cuidados, o perfume que se desprendia das rosas, o canto dos pássaros que ali haviam construído seus ninhos.
Ucker
tinha ido para Atenas três dias atrás; a casa parecia tão vazia que
Dulce decidira ir para o jardim, aproveitar a tarde gostosa para ler um
livro à sombra das árvores. Sentou-se num banco de pedra e ficou imersa na leitura. Sua atenção foi, porém, distraída por
um avião que cortava o céu muito azul. Erguendo os olhos e vendo o
aparelho que se deslocava com tanta rapidez, não pôde deixar de pensar em Derick.
Por
um lado, estava contente que ele e Maitê estivessem namorando; mas
tinha gostado tanto dele. Derick sempre foi um homem muito alegre, e
ela foi muito feliz em sua companhia Pensando em Derick, alegre e
jovial, seus pensamentos se desviaram para Ucker e, sem querer, fez uma
comparação. Seu relacionamento com o marido era sempre frio, distante,
duro, cheio de tensões. . . Se pelo menos Ucker se comportasse sempre do mesmo jeito.
Mas não. Quando havia pessoas conhecidas por perto, ele abandonava
aquela atitude distante e gelada para se tornar o amante carinhoso,
dedicado e atencioso. Conseguia viver tão bem o papel de homem feliz, que tinha casado com a mulher amada, que até ela, que sabia da verdade, ficava impressionada.
E o pior de tudo é que ela também tinha que fingir. Precisava retribuir os sorrisos, deixar que ele a abraçasse, ficar de mãos dadas, quando seu coração fervia de ódio. Tudo teria sido tão diferente com Derick. E tinha certeza de que derick jamais a levaria para a cama à força!
— Dulce...
Ela virou-se ao ouvir seu nome pronunciado por Ucker.
— Você por aqui! — exclamou, deixando transparecer no rosto o desagrado que tinha em vê-lo.
— Estava esperando outra pessoa? — Ucker se aproximou.
— Ninguém. Estava apenas gozando a liberdade de estar sozinha. Ele se demorou observando-a, mas pareceu aceitar a explicação dada.


— É uma pena que tenha vindo interromper sua solidão. Bem, eu queria
apenas lhe dizer que uns amigos com quem tenho negócios vêm para Paris
na semana que vem; eles vão trazer as esposas e os convidei para jantar
aqui na quarta-feira. — Ucker parou, esperando que ela respondesse.
Como Dulce permanecesse em silêncio, ele se virou para ir embora.
Não tinha dado mais que dois passos quando Dulce o chamou:
— Christopher. — Ele parou, virou e ficou esperando o que ela tinha a dizer. — Ucker, sobre esse jantar. . . posso tomar conta de tudo à minha maneira?

Claro! É para isso que está aqui! Não foi você quem arranjou tudo para
o último jantar que demos? — Havia impaciência em sua voz.
Dulce
ficou olhando para ele, sua mente numa completa confusão. Aos poucos
foi achando que a sra. Hermant mentira para ela. Além disso, tinha
havido tantas coisas erradas naquele jantar que provavelmente a
governanta agira assim para desacreditá-la aos olhos de Ucker.
— Não foi você? — Ucker insistiu.
Dulce não quis contar suas suspeitas a Ucker; era melhor cuidar disso de outra maneira.
— Quero organizar tudo de modo diferente, dessa vez — ela disse, evitando uma resposta direta.
— Pode fazer como quiser. Mas por que acha que é necessário mudar?
— Porque no último jantar todos pareciam entendiados, principalmente as mulheres. Eles já tinham ido a esse tipo de festa milhares de vezes antes, e falado sobre os mesmo assunto em todas elas. Está certo
que a mesa estava muito em ordem, a comida realmente boa, mas tenho
certeza de que ninguém achou que aquela foi uma noite Inesquecível!
— E acha que pode organizar uma "noite inesquecível"?
— Eu poderia tentar!
— Então, faça como quiser. Acho que é muito provável que se saia bem. — Ele virou e se dirigiu para a casa.


Ela sabia exatamente o que queria fazer e se dispôs a executar tudo de acordo com seus planos. Naturalmente, houve objeção por parte da
governanta, mas Dulce foi firme em sua decisão. Sem desistir, a sra.
Hermant insistiu que ela não tinha prática e que poria tudo a perder,
além de fazer um papelão na frente dos convidados. Dulce, porém, não quis saber mais de discussão.
— Então lavo minhas mãos — a governanta finalizou. — Fica tudo por sua conta, senhora.
Dulce foi conversar com o cozinheiro e achou-o muito disposto a colaborar para que tudo saísse como ela desejava. Depois de vários telefonemas e muitas idas a Paris, Dulce achou que tudo ia ficar conforme o que havia previsto.
Na quarta-feira à noite, a sala de jantar da mansão estava transformada; havia plantas por toda a parte e, num dos cantos, uma bunda havaiana.
Ao chegarem, os convidados eram cumprimentados por moças bonitas e sorridentes, vestidas com saias de ráfia colorida, e recebiam uma guirlanda de flores para colocar no pescoço. As janelas e as portas que davam para o
jardim estavam abertas e a refeição foi servida sobre o bem-cuidado
gramado. Consistia de uma enorme variedade de pratos frios, originários dos mares do sul, e eram servidos por moças
nativas, que usavam as mesmas saias coloridas. As bebidas eram todas de cores berrantes e tinham gosto extravagante. Durante o jantar, a banda
tocou canções havaianas e, logo após, as moças fizeram uma demonstração
de sua dança
tradicional, a hula. Muitos dos convidados se animaram e se juntaram às
moças; todos estavam tão encantados com a surpresa daquela festa tão
diferente que não regatearam elogios a Dulce,


No dia seguinte, Dulce recebeu centenas de telefonemas; os convidados queriam lhe dar os parabéns por uma festa tão maravilhosa e agradável. Até mesmo repórteres de colunas sociais ligaram, querendo saber mais detalhes a respeito da reunião. Mas Dulce tratou de despistar esses repórteres porque sabia que Ucker detestava publicidade.
No
entanto, ao ler os jornais da tarde, Dulce viu que não conseguira
enganar os colunistas, pois várias vezes sua festa tinha sido
mencionada e todos acabavam perguntando se a esposa misteriosa de Cristopher Uckermann seria capaz de trazer um pouco de ar fresco e novidades para as festas que aconteciam em Paris.
Sabendo
como Ucker se sentia a respeito da publicidade, Dulce esperava que ele
não tivesse lido nada a respeito. No entanto, nessa mesma noite,
durante o jantar, Ucker se manifestou sobre o assunto temido:
— Vejo que sua festa havaiana atraiu a atenção dos malditos repórteres.
— Sinto muito. — Dulce realmente não esperava que os jornais fizessem tanto alarme sobre a reunião.

Não se aborreça por isso — foi a resposta inesperada. — Tinha que
acontecer. Essa turma da imprensa está sempre atrás do que sai fora do
comum. Aliás, nosso casamento também foi comentadís-simo por esses
mesmos repórteres.
— Eles vivem disso`. . . — ela falou.
De qualquer modo, estou muito satisfeito. A festa foi um sucesso e minhas
vendas aumentaram demais; e uma das maiores compras foi efetuada pelo
signar Venconzi. . . Lembra da mulher dele, que procurava imitar as
havaianas?


Dulce deu uma boa risada ao lembrar da senhora gordinha dançando a
hula e, ao olhar para o marido, viu que também ele estava rindo com
gosto. Sem conseguir explicar por que, Dulce ficou surpresa. Ela e o
marido não tinham nada em comum; como podiam estar partilhando alguma
coisa?
— Desculpe, mas acho que vou para o meu quarto. . . Estou com dor de cabeça.Queria se afastar dele o mais rápido possível. Levantou e foi
para a porta, mas Ucker foi mais ligeiro e a alcançou antes que ela
saísse.
— Que aconteceu, Dulce? De repente se deu conta de que poderia haver mais coisa em nosso casamento do que essa parede de ódio que construiu à sua volta?
— Já lhe disse que estou com dor de cabeça! Deixe-me passar, por favor.

Primeiro vai ouvir o que tenho a lhe dizer. Por um instante suas
barreiras caíram e você se comportou com naturalidade, é essa a única
vez desde que viemos para Paris. Dulce essa foi a primeira vez que você
parou de agir como se fosse a vítima de uma tragédia!
— Não sou eu que estou tentando bancar a atriz! Você, sim, é quem fica fingindo o tempo todo, fazendo de conta que este casamento é verdadeiro. Fica me segurando perto, me beijando, dando a todos a impressão de que somos loucos um pelo outro. Meu Deus! Como eles iriam se divertir
se soubessem a verdade. Imagine se eles ficassem sabendo que eu achei o
grande Christopher Uckermann repulsivo!
Ucker olhou-a, novamente impassível.

Não, Dulce. O que eles realmente achariam divertidíssimo era saber que
o sensual Christopher Uckermann se casou com uma mulher fria!
— Como se atreve a falar assim de mim? — Seus olhos soltavam chispas de ódio. — Acha então que eu deveria ter gostado do que fez para mim?
— Por que não? Outras mulheres gostam!
— Ê que essas mulheres não foram levadas para a cama com um truque grosseiro. Além disso, não sou o mesmo tipo de mulher que vai para a cama no meio daqueles lençóis de cetim preto do seu apartamento! Não sou da mesma laia delas!


Dulce teve a satisfação de ver o olhar espantado de Ucker; aproveitando-se disso, saiu da sala e foi dormir.


A primavera estava chegando ao fim e o calor tomou conta de Paris. Com a chegada do verão, mais visitantes apareciam e as ocasiões de festas e reuniões se multiplicavam. Novas festas foram dadas e novamente mencionadas na coluna social.
Mas
o auge delas foi alcançado com a festa planejada para comemorar a Queda
da Bastilha. Ucker havia dado carta branca a Dulce, que idealizou fazer
um bal de tête, em que as pessoas compareceriam vestidas normalmente, mas suas cabeças deveriam representar personagens famosos.
Os convites, delicadamente feitos seguindo a forma de uma cabeça, foram enviados aos convidados com bastante antecedência.
Ucker a havia prevenido que esperasse muitas recusas, pois várias
outras festas iam ser dadas no mesmo dia. Por isso Dulce ficou muito
surpresa e alegre quando todos os convites foram aceitos, e muitos
amigos de Ucker ainda lhe telefonaram pedindo mais.
A
festa começou a ser um sucesso desde que o primeiro convidado entrou e
se deparou com um elegante criado, ostentando a cabeça do Mickey!
Como a festa era em comemoração à Queda da Bastilha, havia muitas Maria Antonieta e Napoleão; mas, de um modo geral, os convidados procuraram ser originais.
Dulce
queria usar uma cabeça bem diferente para não ser igual a nenhuma das
convidadas, e Ucker sugeriu que aparecesse como Colombina. Ela deveria
ter adivinhado, mas mesmo assim foi um choque vê-lo aparecer como
Arlequim.
O grande salão de baile foi aberto para a ocasião. Havia flores por todos os cantos e os
espelhos refletiam pessoas elegantemente vestidas, suas cabeças
representando personalidades conhecidas. Dulce dançava com todos, e
estava dançando com Charlie Chaplin, baixo e gordo, quando alguém se
aproximou para mudar de par. Era Arlequim.
No mesmo instante ela parou de dançar e procurou se soltar dos braços de Ucker.
— Não tente fugir — ele disse baixinho. — Apenas dance.


Dulce se deixou abraçar de novo e eles saíram dançando pelo salão ao som de uma música suave e romântica que falava de amor. Podia sentir o braço másculo que a segurava apertado; aspirou o perfume suave de loção que Ucker usava e, pela primeira vez, se deu conta da atração que
ele exercia sobre ela. ucker era bonito, forte e sensual; parecia um
deus grego. Ele a puxou para mais peito, tentando evitar um choque com
outro casal que passava rodopiando. E continuou a segurá-la muito
junto. Dulce não tentou se afastar, e assim ficaram bem abraçados, até
o fim da música.
-Dul. . . — ucker começou a dizer em seu ouvido


-Dul. . . — Ucker começou a dizer em seu ouvido, mas naquele momento um dos convidados se aproximou querendo se despedir.
Daí
para a frente foram tão solicitados por todos que não tiveram um minuto
a sós. A madrugada já estava rompendo quando Dulce exausta, conseguiu
deitar.
Já passava do meio-dia quando ela acordou, no dia seguinte.
Foi direto para o chuveiro e colocou um vestido bem fresco, pois o dia
prometia ser quente. Estava com a cabeça um pouco pesada e achou que um
passeio pelo jardim a ajudaria a clarear as ideias.
Ao passar pelo escritório de Ucker, cruzou com o secretário dele,que acabara de sair.
— Bonjuor, madame — ele disse com um sorriso. — Parece que todos gostaram muito de sua festa. Já atendi diversos telefonemas, iodos muito elogiosos a seu respeito.
Dulce
agradeceu e sorriu também. Já estava seguindo em frente guando ouviu
que Marc a chamava; entrou no escritório, encontrando- o marido sentado
atrás da escrivaninha antiga. Ele levantou-se e ofereceu-lhe uma
cadeira.
— Tenho aqui vários convites que recebemos; precisamos decidir quais deles devemos aceitar.
Era
a primeira vez que Ucker a consultava sobre qualquer coisa, geralmente
o secretário lhe trazia a lista já pronta das cerimónias que ela
deveria comparecer. Estava tão surpresa que nem sabia como agir.
— Naturalmente, esta festa no Palácio Elysée não poderemos recusar. — Ele passava os convites para ela depois de mencionar o que eram. — Mas esse convite para o cruzeiro no Mediterrâneo, com o casal Leschall, não vai dar para aceitar,
_„ Por quê? — Dulce lembrava que tinha gostado muito do casal Leschall.
— Se você quiser ir, é claro que podemos. Mas devo avisá-la de que o iate não é muito grande e teríamos que partilhar a mesma cabine.
Dulce corou, sentindo o rosto pegar fogo.
- Exatamente — Ucker falou sem expressão na voz.


Verificaram todos os convites, separando aqueles que iriam aceitar;
ao anotar os vários compromissos em sua agenda, Dulce notou que eles
eram quase diários.
— Vou dizer a meu secretário que escreva cartas, recusando os outros. —Ucker colocou os convites sobre a mesa.
Vendo que o assunto estava resolvido, Dulce se levantou para sair, mas Ucker colocou a mão em seu ombro.
— Não, não vá embora ainda. Tenho uma coisa para você. — Foi até a escrivaninha e de uma das gavetas tirou uma caixa branca; voltando para perto de Dulce, colocou-a no colo dela.
— É uma lembrança pelo trabalho maravilhoso que realizou ontem à noite.
Dulce segurou a caixa entre os dedos e notou que, na tampa, aparecia o nome de um famoso joalheiro em Paris. Vagarosamente abriu a caixa e fixou-a maravilhada; era uma pulseira de platina, de desenho muito moderno, feito de folhas pequenas e no centro de cada uma delas, como se fosse uma gota de orvalho, brilhava um diamante.
— Não estou entendendo... — Dulce falou assim que recuperou a presença de espírito. — Esta pulseira não é uma daquelas que guarda no cofre e que devo usar quando vamos a alguma recepção?
— Não, esta é sua somente. É um presente — Ucker falou devagar, fitando-a para notar sua reação.
Dulce sentiu-se tensa ao ser observada enquanto admirava o presente.
— Quanto foi que custou?
Ela percebeu que Ucker ficou chocado com sua pergunta.
— Uma senhora nunca faz esse tipo de pergunta — foi o comentário seco.
Dulce olhou-o bem firme, seus olhos brilhantes muito sérios e gelados.

Não sou uma senhora; sou sua esposa. Mas não sou do tipo que aceita
presentes caros! — Ela fechou a caixa e devolveu-a a ele. Ele não
descruzou os braços, recusando-se a pegar a caixa.


— Não ponha nenhum significado secreto nesse presente, Dulce. Foi
lhe dado apenas. . . como direi. . . como uma gratificação pelo esforço
e originalidade com que organizou a festa. O custo da pulseira não
representa nada para mim, é como se fosse a gorjeta que dou para um
garçom no restaurante. — Depois de uma pausa, ele continuou: — O que pensou que fosse? Uma maneira de suborná-la? Pensou que com isso eu estivesse tentando conseguir fazer amor com você, de novo? — Seu tom era tão sarcástico que Dulce sentiu o sangue ferver nas veias!
Ela se levantou, sentindo as faces vermelhas, e com a maior indignação exclamou:
— Fazer amor, não! O amor não entrou no que fez comigo!
Ucker tinha os lábios contraídos de raiva. Mas, sacudindo os ombros, respondeu:
— Tem razão. Do mesmo jeito que o amor não entra nesse presente. Bem, faça como quiser. Use a pulseira, ou não, se preferir. . .
Ele deu a volta na mesa e sentou. — Agora, se me der licença,tenho muita coisa para fazer.
Dulce
ainda levou uns segundos para perceber que tinha sido dispensada; com a
caixa na mão, saiu depressa do escritório, indo liretamente para o
jardim. Sentia-se estranhamente machucada e lumilhada. ucker a havia
posto, de maneira firme, em sua posição de empregada, embora mostrasse que ela era uma funcionária valiosa, isto o
valor da pulseira. Mas a atitude dele a havia magoado muito.
Dulce reconheceu que o sucesso das festas que organizava foi o motivo de Ucker chamá-la para resolver sobre os convites havia subido sua cabeça.
A única coisa que tinha mudado, realmente, é que estavam se vendo mais
vezes e ela começava a crer ser verdade quando ele fazia o papel de marido afetuoso e apaixonado. E ali, no escritório, por um instante, pensou que Ucker a quisesse.
Talvez o fato de ela ter se recusado a ele, agisse como uma espécie de desafio. Provavelmente nenhuma outra mulher lhe dissera ``não", e por
isso Ucker fazia o possível para que ela ficasse apaixonada e igual às
outras.


Dulce deveria estar feliz por ele ter colocado o relacionamento dos
dois em bases comerciais. E realmente estaria,se tivesse sido
contratada para ser uma secretária social; gostava ilo que fazia e
sabia que tinha capacidade para isso. Como chefe, Ucker teria sido
maravilhoso. E as roupas que precisaria usar não podiam ser mais
encantadoras.
O que atrapalhava tudo, porém, era Ucker ter insistido em fazê-la esposa de fato, possuindo-a. Por mais que tentasse pensar nele apenas como o
patrão, via, constantemente, o homem charmoso e atraente que a fizera
conhecer o êxtase.
Dulce abriu a caixa de novo e tornou a olhar a pulseira; será que ela lhe tinha sido dada como um sinal de paz? Como se Ucker tivesse se desculpando pelo que fizera, mas fosse muito orgulhoso para admitir?
Ela já não se entendia mais. Primeiro, só tinha visto afronta no presente; agora, já o estava considerando como um sinal de carinho pelo trabalho que vinha realizando. Sentia-se extremamente confusa. Mas a verdade é que teria de passar cinco longos anos em companhia de Ucker. Portanto, o melhor era se adaptar à situação e procurar tornar sua própria vida o melhor possível.


Desse dia em diante, o relacionamento de Dulce e Ucker foi se alterando gradualmente. Ela já não o olhava com
raiva ou desprezo; quando ele a tocava, não se esquivava. Passou a ter
mais interesse nos negócios dele e se sentia mais à vontade em sua
presença, agindo de modo natural.
Ucker também, de repente, parecia ter mais tempo para ficar na mansão e raramente ia
para o apartamento em Paris. Dulce tinha prazer em sair com ele paca as
festas e reuniões, sempre caprichando para estar bonita e atraente, e
seu papel de esposa amada já não era tão ruim.
Quando foram à recepção no Palácio Elysée, ela ficou conhecendo o xeque Christian Chavez, um velho e bom amigo de Ucker.
— Então foi verdade o que me disseram, Ucker, que sua deusa de pedra havia se transformado em uma linda mulher de carne e osso, bastante ardente para derreter seu coração de gelo?
Dulce ficou impressionada com essa linguagem floreada, partindo de um homem vestido de smoking, mas tendo na cabeça o manto que os árabes usam.
Os olhos de Ucker brilharam ao ver o amigo.
— Quando chegou a Paris, Chavez? Que prazer revê-lo! Por que não me procurou assim que chegou?

Porque não queria estragar a sua felicidade... Sabia que sua mulher,
assim que me visse, concordaria em se tornar a minha décima esposa!
Ucker fingiu lhe dar um soco no rosto; ao mesmo tempo, disse sorrindo:
— Volte para o seu harém, Chavez, esta mulher é só minha! — Ucker colocou os braços em redor de Dulce, numa atitude de posse.
Ela não se afastou; pelo contrário, aconchegou-se contra ele, sentindo o corpo do marido bem encostado ao seu.


— Tem mesmo dez esposas? — Dulce perguntou, impressionada.
— Por enquanto só nove... Mas posso levá-la para ser a décima, assim que nos livrarmos desse seu marido.
Ucker deu uma risada gostosa e contou a Dulce que ele e Chavez tinham sido colegas de faculdade e, desde então, excelentes amigos.
— Mas não se impressione com essa conversa de muitas esposas, Dul. Na verdade, ele não é nem casado; nenhuma mulher o aguentaria — Ucker completou as explicações.

Por que não? — Ucker retrucou. — Você não achou uma que suporta com
todos os seus defeitos? E, por sinal, encontrou uma "mulher
encantadora! — Chavez segurou a mão de Dulce e a puxou para longe de Ucker. — Deixe seu marido e venha me contar que se arrependeu de ter se casado com ele. E eu lhe contarei sobre o palácio que vou
construir especialmente para você, quando vier comigo para o meu país.
— Dizendo isso, ele a levou embora, Dulce ainda olhou para trás,
preocupada com a reação de Ucker. Mas ele estava sorrindo, divertindo-se com a brincadeira do amigo
companheiro. Chavez levou-a para sentar num canto da sala e lhe pediu que falasse
si mesma.
— Prefiro primeiro saber a respeito de você — Dulce respondeu. - É a primeira vez que converso com um xeque de verdade. Ele contou muita coisa de sua vida e de seu país. Dulce sentia-se vontade com ele e reparou que Chavez era uma pessoa de confiança, ar das brincadeiras, sabia que era amigo leal de Ucker e sentiu-se segura com ele. Chavez tentou fazer com que ela
falasse sobre seu casamento. Como Dulce não soubesse como explicar a
situação entre ela e Ucker, tratou de desviar a conversa.


— Eu tinha razão quando disse que você era a deusa de pedra, Afrodite, do templo da ilha de Akasia — Chavez falou em tom de triunfo. — Ê a deusa que recebeu vida! Uma mulher sem passado! Se ele
quiser saber mais coisas a meu respeito, Dulce pensou, pergunte a
Ucker. Não sabia o que Ucker iria responder, e por não queria se
adiantar. Depois de conversarem por muito tempo, levou-a de volta para perto de Ucker.
— Vou levar Dulce para almoçar comigo amanhã, Ucker. Precisamos resolver como vamos decorar nosso quarto de dormir. Se não concordar, está desafiado para um duelo! — Chavez falava
sério, mas seus olhos sorriam e logo ele e Ucker riam muito, Dulce
pensou que Ucker fosse negar o pedido, mas ele concordou.
— Claro,
meu amigo. Acho que Dulce vai apreciar sua compa-i... Aliás, gostaria
que ficasse um pouco mais com ela, pois preciso falar com uma pessoa. —
Ucker se afastou, indo para junto de grupo de convidados.
-Parece que conseguiu ficar comigo mais depressa do que esperava — foi o comentário de Dulce.
—- O mundo é assim mesmo, Dul... pelo menos o mundo que Ucker vive.
Dulce sentiu que Chavez podia compreendê-la e esse foi o sinal de vida para uma amizade sincera e duradoura. Precisava urgentemente de um amigo, com quem pudesse ser ela mesma; era umamaneira de escapar da presença perturbadora de Ucker. Depois do primeiro almoço, Ucker levou-a para conhecer partes de Paris de um jeito que ela nunca tinha ouvido falar. Ucker estava sempre muito
ocupado e Chavez a levava para passear, muitas vezes deixando que ela
dirigisse seu possante carro vermelho.












Ucker se limitava apenas a perguntar como tinham passado o dia, onde
haviam ido e se ela gostara do que tinha visto. Ele estava numa fase de muito trabalho, a expressão sempre preocupada e o olhar cansado. Dulce
se ressentia dessa ausência do marido, logo quando pareciam ter chegado
a um entendimento.
Chavez a levava para almoçar fora, passear e se divertir, mas nunca fez qualquer tentativa de conquistá-la ou se aproveitar dela, embora sempre brincasse que ia roubá-la de Ucker e levá-la para seu palácio. Eles eram apenas amigos, bons amigos, e acima de tudo Chavez era um leal amigo de Ucker.
Aos poucos, Dulce ficou sabendo mais coisas sobre Chavez; ele era o xeque de um dos países mais ricos em petróleo e sua opinião era respeitada em
todas as reuniões da OPEP. Nunca mais ele lhe perguntara nada a
respeito de seu passado, e isso deixava Dulce feliz. Não saberia o que contar, pois ainda não tivera coragem de perguntar a Ucker o que ele disse a Chavez.
Uma manhã, Chavez foi buscar Dulce para um oasseio. Estacionaram o carro no centro de Paris e continuaram a pé. Foram a Montmartre, tomaram café sentados em
mesas na calçada e ficaram observando os turistas que se encantavam com
tudo o que viam.
— É engraçado, Chavez, nós dois somos estrangeiros
aqui, mas eu nunca me senti como uma turista em Paris. Sinto-me em
casa! Talvez seja porque falamos fluentemente a língua, não concorda?

Tenho uma ideia! — Chavez estava entusiasmado. — Hoje vamos bancar os
turistas e fazer tudo o que eles fazem e do modo como fazem. Que tal?









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Autor(a): lovedyc

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  • anjodoce Postado em 16/05/2010 - 02:50:12

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  • anjodoce Postado em 16/05/2010 - 02:50:08

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