Fanfics Brasil - ` Deusα de Pedrα (αdαptαdα)

Fanfic: ` Deusα de Pedrα (αdαptαdα)


Capítulo: 12? Capítulo

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CAPÍTULO
VI


 


Christopher nunca chegou a contar o que o
mantivera tão ocupado em sua viagem à África do Sul; agora, de volta, tentava
recuperar o tempo, trabalhando mais do que o normal. Para Dulce, era bom que
ele estivesse muito ocupado, pois tinha recebido um telefonema que a deixara ao
mesmo tempo feliz e preocupada; e quanto menos Christopher soubesse a esse
respeito, melhor. Alfonso havia ligado, dizendo que estava de volta a Paris, em
seu antigo apartamento.


Dulce não lhe perguntou nada por
telefone, pois tinha medo que a sra. Hermant dissesse alguma coisa a Christopher.
Ela estava sempre escutando por trás das portas e não ia perder essa
oportunidade. Foi ver o irmão seguindo o mesmo estratagema do cabeleireiro.


Depois de muitos abraços, os dois se
sentaram para conversar.


- Como veio parar aqui, Alfonso? Não se
meteu em outra encrenca, não? - ela perguntou, ansiosa.


O rapaz parecia cansado da viagem, mas,
fora isso, estava com excelente aspecto.


- Não, irmãzinha, voltei por sua causa. -
Ele tirou do bolso um recorte de jornal e o mostrou.


Dulce viu que se tratava de uma
fotografia tirada na festa do Palácio Elysée, que ela aparecia ao lado de Christopher;
a legenda, sob a foto, dizia claramente que se tratava do casal Christopher Uckermann.
Ela amassou o papel entre os dedos e jogou-o no cesto antes de encarar o irmão.


- Casou mesmo com ele, Dulce?


- Casamos de verdade.


- Não posso entendê-la, Dulce. Por que
casaram? Se apaixonou por ele? Por que não me contou? - Eram tantas as
perguntas que ele tinha para fazer, que nem sabia por onde começar.


Dulce suspirou fundo; era melhor contar
tudo de uma vez.


- Tive que casar com ele! O casamento
fazia parte do acordo que fizemos. - Dulce se aproximou do irmão e contou-lhe
tudo.


A primeira reação de Alfonso foi ficar
contra Christopher por não ter dado outra alternativa para a solução do caso,
mas depois passou a se recriminar por ser a causa de todos esses aborrecimentos.


- Sei que deve me odiar por ter causado
tudo isso, irmãzinha... Mas por que não me contou? Teria dado um jeito de
arranjar o dinheiro e deixá-la livre desse homem. - Alfonso se levantou e com voz
muito firme declarou: - Agora estou aqui e vou falar com ele. Pretendo fazer
com que você fique livre! Prefiro ir para a prisão do que vê-Ia casada com um
homem a quem não ama. - Ele olhou bem dentro dos olhos da irmã. - Você não o
ama, não é, Dulce?


- Não. A princípio eu o odiava, mas
agora... - Ela sacudiu os ombros. - Acho que já me acostumei com a idéia e, na
verdade, gosto muito do serviço que faço. Não é tão ruim como está pensando, Alfonso.
Nosso trato diz que devo ficar casada com ele durante cinco anos, e tenho
certeza de que o tempo vai voar!


- Mas quando estiver livre dele já estará
com quase trinta anos!


- Deixe de ser bobo, Alfonso! Minha idade
não vem ao caso. A única coisa que importa é que você está livre. Agora, é
melhor me contar o que veio fazer na França; não teria sido mais fácil me escrever?


- Quando vi aquela fotografia no jornal,
fiquei louco! Não pensei em mais nada... peguei o dinheiro que estava guardado
e voei para cá. Achei que você não teria escolhido para marido um peixe-morto
como Christopher Uckermann! Portanto, talvez pudesse precisar de mim.


Intimamente, Dulce achou divertida a
opinião de Alfonso sobre Christopher, que era considerado como o solteiro mais
desejado da Europa.


- Se pelo menos eu tivesse conseguido
testar a minha invenção! - Alfonso andava de um lado para o outro na sala
pequena. - Aquela firma de eletrônica que eu já tinha procurado me escreveu,
dizendo que estavam dispostos a fazer o teste, e por muito menos dinheiro. Esse
tempo todo que estive na Austrália fiquei trabalhando no invento e tenho
certeza de que teria boas chances de ser usado comercialmente! Vou arranjar
outro emprego e começar a economizar até juntar o que preciso para testá-lo. Se
pelo menos eu conseguisse montar um protótipo, poderia vender a patente e
teríamos o dinheiro para pagar Uckermann!


- Alfonso, tem certeza do que está
dizendo? Esta não é outra de suas fantasias? - Havia tanta ansiedade em sua
voz, que Alfonso a olhou, surpreso.


- Tenho certeza de que seria um sucesso!
Até já falei a respeito de meu invento com uma companhia transportadora e eles
também acharam que a idéia é viável, desde que eu consiga produzir o modelo.


- Acho... acho que eu poderia levantar
esse dinheiro... - Dulce ergueu a mão para impedir o irmão de proferir uma
torrente de perguntas. - Não me pergunte nada agora. Se eu conseguir, entro em
contato com você e lhe trago o dinheiro aqui.


- Não vai pedir essa quantia a Uckermann,
não é? Eu preferia... - Alfonso estava aflito.


- Não. Ele seria a última pessoa no mundo
a quem pediria alguma coisa.


 


Mais tarde, quando Dulce chegou em casa,
abriu a gaveta do armário e tirou a pulseira que Christopher havia lhe dado.
Ela a usara muitas vezes, preferindo essa jóia às outras mais tradicionais que Christopher
guardava no cofre. Observou bem a pulseira, compreendendo o quanto tinha se
afeiçoado a ela, suspirou, colocou-a de volta no estojo e decidiu-se. Christopher
havia dito que era dela, e seu valor podia ser a quantia que Alfonso precisava
para resolver a própria vida.


No dia seguinte, Dulce mandou o carro vir
apanhá-la de manhã, logo que Christopher havia saído para trabalhar. Foi até
uma loja de vestidos, onde comprou dois, pedindo à moça que os embrulhasse.
Pegou o pacote e deu suas ordens ao chofer.


- Leve esse pacote para casa, por favor.
Só venha me buscar daqui a duas horas; preciso ficar para experimentar um
vestido que mandei arrumar.


Por um instante o motorista hesitou em
fazer como era mandado; mas, depois de um seco "sim, senhora", ele
partiu.


Dulce voltou para dentro da loja e num
dos provadores trocou seu vestido de seda por jeans e uma camisa que tinha
levado consigo dentro da bolsa. Pegando o vestido que tirara, pediu à
vendedora:


- Por favor, embrulhe isto e, quando meu
chofer voltar, diga-lhe que pode tirar o resto do dia de folga; vou almoçar com
meu marido e volto com ele para casa.


Que mentira, meu Deus!, pensou Dulce, mas
era a única maneira de conseguir ficar umas horas sozinha! Não sabia quanto
tempo levaria para vender a pulseira e talvez sua história do cabeleireiro não
lhe desse o tempo necessário.


Rapidamente ela foi para a rua,
misturando-se aos turistas e ao povo. Dirigiu-se a um bairro popular onde havia
muitas casas de penhor. Sabia que se vendesse a pulseira conseguiria mais
dinheiro, mas não tinha vontade de se desfazer daquele presente; por isso, ia empenhá-la.
Ninguém prestou muita atenção nela, vestida como qualquer outra jovem.
Despertou apenas alguns olhares de admiração nos rapazes, que assobiavam ao ver
a figura cheia de curvas nos lugares certos. Acima de tudo, tinha que esconder
sua identidade. Ninguém deveria desconfiar sequer que ela era a esposa do
todo-poderoso Christopher Uckermann. Por isso trocara de roupa; precisava
parecer uma moça igual a todas as outras.


Ela se apavorou ao pensar no que
aconteceria se a imprensa soubesse o que ela estava fazendo. Seria um
escândalo. Não podia nem imaginar qual seria a reação de Christopher. Mas não
ia pensar nisso agora, o importante era passar desapercebida. Tirou a aliança
do dedo e guardou-a na bolsa; colocou óculos escuros e depois entrou numa loja de
penhores.


Havia uma longa fila, quase que formada
só por mulheres, que conversavam para fazer a espera menos aborrecida. Quando
chegou sua vez, o homem examinou a jóia com uma lente, verificou a Christophera
do joalheiro e acabou lhe dando uma quantia grande. Aliviada, Dulce guardou a
cautela e tomou um táxi para ir ao apartamento de Alfonso. Ele insistiu em
saber como ela obtivera o dinheiro, mas Dulce disfarçou, incentivando-o a pegar
logo seus desenhos e papéis e levá-los para fazer o protótipo o mais rápido
possível.


Quando ela viu o irmão se afastar, toda
sua animação passou e ela sentiu-se exausta. Sabia que devia voltar para casa;
já estava fora há muito tempo! Mas era tão bom poder ficar sozinha, fazendo o que
queria... Começou a andar pelas margens do Sena, observando os pintores,
comendo doce com as mãos, sendo admirada pelos que a olhavam. Sentiu-se jovem e
descontraída. Queria ficar livre por mais algum tempo; depois voltaria para sua
gaiola dourada.


Acabou entrando numa perfumaria, onde ficou
experimentando todos os perfumes, tal qual uma moça de sua idade faria. Sentiu
fome e foi para uma lanchonete, onde sentou-se no balcão, pedindo um sanduíche.
Há quanto tempo não fazia essas coisas tão próprias dos jovens! Olhou as
vitrines, tomou sorvete e passeou no parque.


Finalmente, resolveu voltar para casa. Já
eram mais de cinco horas e tinha acabado passando o dia todo fora! Pegou um
táxi e foi para Aujon, mandando que o motorista parasse a cerca de cem metros de
sua mansão. A pé, chegou perto da casa e entrou por uma porta lateral, usada
pelos empregados; atravessou os jardins e olhou para a casa. Não havia sinal de
vida. Dulce atravessou o pátio correndo, cruzou o terraço e entrou na sala. Com
a respiração ofegante, espiou o hall; também estava deserto! Andou por ele e já
estava chegando na sacada quando ouviu a voz de Christopher às suas costas.


- Dulce! - Ele veio para perto e a fez
ficar de frente. –Você está bem? O que aconteceu?


- Observou as roupas que ela estava usando
e Dulce sentiu que seu coração ameaçava pular do peito, de tanto medo que tinha
que Christopher pudesse descobrir o que ela andara fazendo.


Ele a puxou pela mão e a levou para o
escritório, fechando a porta com raiva. Ainda segurando-a pelo pulso, Christopher
pegou o telefone e avisou o secretário que podia parar com as buscas, que a
sra. Uckermann tinha chegado bem
em casa. Depois, com os olhos zangados, mal controlando sua fúria,
dirigiu-se a ela:


- Onde diabo esteve até agora?


Dulce enfrentou seu olhar. I amais lhe
contaria o que fizera. O jeito era ficar mais zangada do que ele; não diziam
que a melhor defesa é o ataque?


- Não sei para que tanto escândalo! Se
quer saber a verdade, estou farta dessa comédia que estamos vivendo. Já não
agüento mais fazer o papel de esposa nesse meio-casamento que temos, por isso
tirei um dia de folga. Todos seus outros empregados têm uma folga semanal; por
que eu não posso ter? - Ela puxou a mão com força e se dirigiu para a porta,
mas Christopher se interpôs em seu caminho.


- Foi se encontrar com alguém? - ele
perguntou com mais raiva ainda.


- E se fui, o que é que tem? - Sua
indignação era sincera. Não tinha que dar satisfações de tudo que fazia. - Não
é da sua conta onde seus empregados passam o dia de folga!


Christopher segurou-a pelos ombros e
sacudiu-a tanto que ela até se sentiu um pouco zonza.


- Mon
Dieu
, gostaria que você compreendesse! Preciso que me diga a verdade, não
entende? - Segurou-a firme, olhando-a nos olhos. - Agora, me diga: quem foi
encontrar? Um homem?


Christopher parecia tão preocupado que a
raiva de Dulce sumiu e ela respondeu com calma:


- Não, não fui me encontrar com ninguém.
Eu... eu queria apenas ficar um pouco por minha conta, sem ter o motorista me seguindo
por todos os lados como se fosse um cão de guarda.


- Está dizendo a verdade? - Ele não
tirava os olhos do rosto dela.


- Acredite ou não, como quiser. Na
verdade, não me incomodo nada com isso.


Christopher soltou-a e ela se sentou numa
cadeira, esfregando os ombros Christopherados pelos dedos dele.


Christopher foi até sua mesa e pegou um
cigarro; acendeu-o e só depois olhou para ela de novo. Sua raiva parecia ter
passado, mas ainda estava pálido e tinha os lábios contraídos.


- Já tinha se livrado do motorista outras
vezes?


- Já, mas por pouco tempo - Dulce
admitiu.


- Ele a seguia obedecendo minhas ordens.
Sinto muito que isso a tivesse aborrecido tanto, mas era para sua própria
proteção.


- E para que eu preciso de proteção? - Dulce
estava tão surpresa que não podia encontrar uma resposta satisfatória.


- Para evitar que seja raptada. Não pense
que isso não seja possível; tem havido muitos raptos aqui na França. Você
valeria uma fortuna para os seqüestradores!


- Eles iriam ficar frustradíssimos! - Dulce
deu um risinho irônico. - Você jamais pagaria alguma coisa para me ter de
volta, não é?


- Mas eles não sabem disso!


- Talvez tenha razão, Christopher. Sinto
muito, não pretendia deixá-lo preocupado. Mas você devia ter me explicado antes
por que o chofer me pajeia tanto!


- Acho que nós dois temos trabalhado
muito e estamos com os nervos à flor da pele; estamos precisando de férias. Que
tal irmos para Akasia e ficarmos lá por uma semana?


Dulce se sentiu tensa só de ouvir falar
na ilha.


- Akasia? - repetiu sem pensar.


- A ilha é maravilhosa no verão;
poderíamos convidar tia Matilde para ir conosco. Que tal?


Seus olhares se cruzaram, mas logo Dulce
desviou o seu.


- Acho que seria agradável - ela acabou
concordando.


 


Dali a dois dias já estavam em Akasia.
Passavam
as manhãs na praia,
sob o sol, e aos poucos sentiam-se mais relaxados. Dulce conversava bastante
com tia Matilde, enquanto Christopher se distraía preparando o Afrodite para um passeio à ilha de
Delos, que estava planejado para o dia seguinte.


- Há muito tempo que não vejo Christopher
tão bem-disposto - comentou tia Matilde. - É tão bom vê-lo de novo apaixonado!
Fiquei muito feliz quando ele a encontrou. - Ela não sabia que o casamento
deles era só de aparência.


- Apaixonado de novo? Então ele já amou
antes?


- Christopher não lhe disse nada? - Tia
Matilde ficou com medo de ter contado alguma coisa que não devia.


- Não me disse nada em especial. Mas, claro, deduzi que eIe não poderia ter chegado aos
trinta e cinco anos sem ter tido mulheres em sua vida.


- Mulheres, muitas; mas só uma vez amou.
Era muito jovem e ainda cursava a faculdade. Adrienne estava terminando o
colegial. O pai de Christopher era contra o casamento porque ela era de família
pobre e porque não pertencia à aristocracia; isso fez com que ele ficasse
contra o pai. Mais tarde, Adrienne casou-se com um marquês velho e rico, o que
deixou Christopher ainda mais amargurado. Durante muito tempo ele sentiu-se
infeliz, afundando-se em seus estudos. Quando o pai morreu, Christopher herdou
o negócio e o transformou nesse império que é hoje. Sempre pensei que Adrienne fosse
insubstituível para ele; por isso fiquei felicíssima quando me contou que ia
casar com você.


Agora Dulce compreendia melhor o marido.
Era por isso que às vezes ele era tão amargo. Será que ainda lastimava não ter
podido casar com a mulher que amava? Tia Matilde se sentia feliz ao ver o
sobrinho casado; mas o que ela não sabia é que esse casamento era apenas de
mentira.


 


O sol estava alto no céu, iluminando e
aquecendo a água. Dulce virou-se de costas na toalha que tinha colocado sobre a
coberta do iate; o mar estava de um azul profundo, reflexo do céu muito claro e
sem nuvens. Tia Matilde tinha preferido ficar, descansando.


Para proteger a pele clara dos fortes
raios de sol, Dulce começou a passar bronzeador nos ombros; ouvindo um
movimento às suas costas, virou-se e mal teve tempo de impedir Christopher de
pegar o frasco de suas mãos e continuar a passar-lhe o creme.


- Trouxe um refrigerante para você - ele
disse. - Está muito calor.


Ela agradeceu e sentiu as mãos fortes do
marido espalhando o creme. Seus movimentos eram firmes e seu contato era
agradável, fazendo com que Dulce sentisse volúpia nesses movimentos ritmados. Christopher
desfez o laço que segurava as alças do biquíni, deixando-as cair para o lado.
Imediatamente ela enrijeceu o corpo.


- Sossegue, Dulce. Quero apenas que se
queime por igual, sem Christopheras. - Suas mãos continuaram com a tarefa.
Começou a passar o creme nas pernas dela, alcançando até o ponto em que
começava o biquíni. - Por que não tira o biquíni e se queima por igual, todinha?
Ninguém poderá vê-Ia aqui.


- Ninguém, a não ser você! - ela
respondeu, seca.


Ele se estirou na coberta ao lado dela.


- A não ser eu, naturalmente.


- Tem tanta prática em passar creme, que
já deve ter treinado em milhares de pessoas... mulheres, naturalmente.


- Claro que sim - ele confirmou com uma
risada. - Mas nunca mais do que duas ou três de cada vez!


Dulce também começou a rir com o
comentário e os dois se olharam, cúmplices.


- É tão bom ficar descansando assim! - Christopher
murmurou. - Por vezes a gente compreende melhor as coisas quando está mais distante
delas.


Mudando de assunto, ele começou a falar
sobre a ilha de Delos, onde iam passar o dia. A partir disso, começaram a
conversar muito amigavelmente, deram boas risadas, se sentiam bem à vontade um
com o outro.


O iate ficou ancorado numa baía e Dulce e
Christopher foram para a terra. Delos era uma ilha bonita, antiga e pequena,
com apenas seis quilômetros de comprimento por um de largura; num dos lados
havia a montanha de Kinthos, considerada sagrada. Enquanto andavam junto à
Muralha Sagrada, podiam ouvir ao longe uma música suave, tocada num bandolim.
Dos dois lados do caminho, leões de pedra guardavam a entrada dos três templos
dedicados a Apolo, o deus do Sol, e a sua irmã, Artemis, a bela caçadora, deusa
do Casamento e da Fertilidade.


- Atualmente não há muita vegetação na
ilha, mas houve uma época em que ela era coberta por árvores e flores - ele
explicava. - Como nas ilhas sagradas da Grécia, em Delos não era permitido que
ninguém nascesse, ficasse doente ou morresse, essas ilhas eram habitadas pelos
adoradores do. Sol, que tinham as melhores coisas que o dinheiro podia comprar.
O Porto Sagrado, o Santuário e o Ginásio ainda podem ser vistos, mas o teatro
ao ar livre está coberto de mato e a colossal estátua de ApoIo se perdeu para
sempre.


O caminho era irregular e cheio de pedras
e Dulce, distraída pela narrativa, tropeçou. No mesmo instante Christopher
segurou-a pelo braço e depois continuaram a caminhar de mãos dadas. Havia em
toda a ilha uma tal atmosfera mística, que tudo parecia envolto em magia e
mistério.


O calor estava forte e eles decidiram
nadar para se refrescarem; a água, muito azul, de um .tom turquesa inigualável,
estava com uma temperatura deliciosa e eles ficaram muito tempo se divertindo.
Mais tarde, fizeram um piquenique na própria praia e só quando o sol estava se
pondo é que voltaram para Akasia.


Dulce foi para a cabine de comando, e Christopher
deixou que ela dirigisse o barco. Era gostoso sentir o poder dos motores sob os
dedos, e ela achou que por isso Christopher gostava tanto de sair de lancha.


- Hoje à noite vai haver uma festa em
Limani; achei que seria uma boa idéia irmos lá 


- Christopher propôs.


- Acho que seria ótimo... Nunca fui a
comemorações em vilarejos. - Havia um sorriso espontâneo em seus lábios. Nesse
momento uma lancha passou por eles em alta velocidade, provocando um balanço no
iate. Dulce escorregou e apoiou o braço no peito de Christopher; ficou surpresa
ao constatar como o contato com o corpo dele era agradável.


 


Dulce colocou uma versão moderna do traje
grego, deixando um dos ombros de fora, para ir à festa.


- Não vai conosco, tia Matilde? - Dulce
perguntou, vendo que a boa senhora ainda não estava pronta.


- Prefiro ficar em casa e ouvir meu
concerto predileto no rádio.


Talvez isso seja apenas uma desculpa para
nos deixar sozinhos, pensou Dulce. E não soube responder se isso a deixava
feliz ou aborrecida!


 


Limani era um vilarejo como qualquer
outro existente nessas ilhas. As casas, muito brancas, tinham em geral a porta
ou janela pintadas de cor mais forte. Christopher a levou para a taverna onde
foram saudados com muita alegria e gritos de cháirete e kaliméra.
Sentaram-se numa mesa e depois Christopher se levantou, indo de mesa em mesa
cumprimentar a todos. Os homens lhe davam apertos de mão, enquanto as mulheres
apenas sorriam timidamente; somente uma jovem, muito bonita, parecia comê-lo
com os olhos. Logo ouviu-se uma música e todos se levantaram para dançá-la; era
o ritmado sirtaki, uma dança básica, que
podia ter inúmeras variações.


Christopher voltou para sentar-se junto
de Dulce e muitas pessoas iam até ele cumprimentá-lo. Começaram a tomar retsina e, envolvida pela alegria do
ambiente, ela perdeu a conta de quantos copos de bebida tomou.


Em geral eram os homens que dançavam,
enquanto as mulheres permaneciam sentadas em grupos, conversando. Depois de ver
uma demonstração muito complicada e bem dançada, Dulce não resistiu e começou a
aplaudir. Mas Christopher a impediu de continuar, explicando que esse gesto era
considerado rude. Os homens, em coro, pediram a Christopher que também
dançasse. A princípio ele se recusou, sorrindo, mas a insistência era tão
grande que ele se levantou e foi para o meio do salão.


Começou a dançar sozinho, vagarosamente,
os braços esticados, abaixando-se e movendo-se de acordo com o ritmo. Aos
poucos a música foi se tornando mais rápida e Christopher acompanhava o ritmo
com seu corpo ágil, pulando, levantando os pés, rodopiando, seus movimentos
rápidos, elegantes, controlados, mas ao mesmo tempo selvagens e primitivos. A
música parou e ele foi acompanhado de volta a seu lugar por todos que ali
estavam.


Pouco depois, ele avisou a Dulce de que
já era hora de irem embora. Todos deram boa-noite quando viram que o casal se
retirava. A moça bonita, que não tirava os olhos um segundo de Christopher, pôs-se
no caminho e ele teve que passar muito rente dela para conseguir sair.


Foram andando, quase em silêncio, até
chegarem ao templo, onde entraram. Do meio das colunas podiam ver o mar, muito
calmo, e as ondas, com sua coroa de espuma, rolarem mansamente até a areia.


- Tudo aqui é tão cheio de paz! - Dulce
falou, sonhadora. - Parece que o tempo parou. t!. aqui que agente começa a
pensar como se é pequenina diante da imensidão do mar, da enormidade do passar
do tempo! E nossos problemas parecem tão insignificantes que não se sabe por
que se está infeliz por enfrentá-los.


- É tão infeliz assim comigo, Dulce?


- Não. Na realidade, não sou. Acho apenas
que bebi um pouco demais e que estou sonhando acordada. - Mas ela sentiu que as
lágrimas estavam brotando de seus olhos.


Chegando bem perto, Christopher segurou-a
pelos braços, tentando ler seus olhos banhados pelo luar. Dulce quis desviar a
cabeça, mas ele a puxou para mais perto ainda.


- Não me deixe fora de seu mundo, Dulce.
Me diga a verdade: por que se sente tão infeliz assim? - Segurou-lhe o queixo
entre as mãos e obrigou-a a olhar para ele.


Dulce não desviou o olhar, mas precisou
de um esforço enorme para não chorar. Aquela súbita explosão de carinho a tinha
deixado atônita; nunca Christopher demonstrara essa ternura antes! Muito suavemente,
ele baixou a cabeça e juntou seus lábios aos dela; abraçou-a mais apertado, os
lábios quentes e devoradores tentando entreabrir os de Dulce.


Ela se deixou ficar passivamente nos
braços de Christopher; sentia a mente voltada somente para as novas sensações
que ele despertava em seu corpo, em seus sentidos, em seu coração... Reconhecer
que as carícias dele eram desejadas e não repulsivas a deixaram de tal maneira
surpresa que ela se tornou tensa. Sentindo a reação, Christopher a soltou e se
afastou.


- Desculpe, não devia ter agido assim.
Acho que a noite agiu sobre nós dois. - Ele passou as mãos entre os cabelos. -
Bem, vou nadar para refrescar um pouco. Quer vir também?


- Não, eu não trouxe o maiô.


- E quem precisa de um? - ele respondeu
rindo enquanto tomava o caminho que levava para a praia.


Dulce começou a andar em direção à casa,
mas parou para olhar Christopher. Ele estava entrando no mar, nu, suas roupas
empilhadas na areia; o luar iluminava seu corpo forte e másculo como o de um
deus.


Ela voltou para o templo, devagar, e
sentou-se na grama, aos pés da estátua de Afrodite. Sua mente estava vazia e
seu corpo ainda vibrava pelo contato com o de Christopher. Por que tinha ficado
tão tensa e rígida? Se tivessem continuado a se beijar, o que aconteceria? Será
que ele a teria deitado ali, aos pés de Afrodite, e teriam feito amor?


Dulce ainda tentou se convencer de que
estava feliz por ter evitado que Christopher continuasse a beijá-la, mas pouco
a pouco ela foi vendo a verdade. Queria que ele tivesse continuado a
acariciá-la, e sabia que teria correspondido plenamente. Ficou assustada por
reconhecer a verdade. Como podia ter mudado tanto, em tão pouco tempo? Em alguns
meses passara do ódio para... isto.


As lembranças de sua noite de núpcias,
naquela mesma ilha, voltaram-lhe à mente. Recordou-se do modo como Christopher
lhe falara, fazendo-lhe carinhos não só com as mãos mas também com a voz, com as
palavras... Como gostaria que ele a tocasse daquela maneira de novo. Queria ser
tocada a ponto de sentir a mesma paixão que Christopher havia sentido naquela
noite. Queria que ele a amasse até... amor? Era isso o que ela queria? Era
isso/ o que estava sentindo por ele? Esse desejo, essa necessidade de senti-lo
perto, seria isso o amor? E se ficasse ali, esperando? Será que quando
voltasse, Christopher... será que ele faria amor com ela?


Vendo que ele saía do mar, ela começou a
tremer pela expectativa do que poderia acontecer. Christopher se enxugou e se
vestiu; depois subiu de volta para o templo. Dulce ficou parada perto da
estátua, o coração batendo forte, a garganta seca de emoção. Ele parou perto do
templo mas, em vez de entrar, virou à esquerda e tomou o caminho da vila.


Por muito templo Dulce ficou olhando a
figura do marido que sumia na distância. Uma dor tomou conta de seu coração e
nervos e o monstro do ciúme dominou seus pensamentos. Ele estaria voltando para
a vila para encontrar a moça que tão ostensivamente o olhara? Uma risada
nervosa escapou de sua garganta. Por que não? Christopher queria apenas uma
mulher e, se não podia estar com a que tinha perto, podia ir com qualquer
outra!


Soluços secos afizeram curvar-se.
Sentia-se mal só de pensar que a única coisa que Christopher queria com ela era
manter uma relação sexual, nada mais. Sexo sem amor? Isso era horrível. Sabia
que ele nunca tinha mentido ou fingido para ela; desde o início deixara bem
claro o que queria. Só porque uma vez uma mulher o fizera sofrer, agora ele se
vingava de todas, tratando-as como simples objetos feitos para sua própria
satisfação!


E ela estivera pronta a se entregar a
ele, de corpo e alma! A ironia desse fato a deixou tão zonza que Dulce começou
a rir sozinha, na noite silenciosa; o riso se transformou em choro e de novo
ela se sentou na grama, encostando o rosto molhado no manto de pedra da deusa.


- O que devo fazer agora, Afrodite? - ela
sussurrou por entre os soluços. - Como posso fazê-lo me amar? - E o choro,
reprimido, soltou-se de sua alma. Dulce sentiu-se mais aliviada por extravasar
seus sentimentos.


Aos poucos, começou a raciocinar. Estavam
vivendo sob o mesmo teto e sempre na companhia um do outro, não é? Talvez a
convivência acabasse fazendo com que Christopher a visse de outra maneira. Talvez
nunca chegassem ao êxtase que só o verdadeiro amor dá, mas poderiam encontrar a
felicidade juntos.


De repente, Dulce lembrou que poderia
haver um outro caminho. Mesmo se sentindo um pouco boba, ela ficou de joelhos e
cavou um pequeno buraco aos pés da deusa. Pegou um broche que estava preso em
seu vestido, nada de grande valor, e colocou-o no buraco, cobrindo-o com areia.


- Por favor, faça com que ele me ame! – murmuro
com fé. Sentindo-se mais aliviada e confiante, levantou, deu um último olhar à
estátua e num passo rápido e decidido tomou o caminho de casa. Estava em boas
mãos; a deusa do amor saberia compreendê-la e ajudá-la!




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Autor(a): lovedyc

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