Fanfics Brasil - ` Deusα de Pedrα (αdαptαdα)

Fanfic: ` Deusα de Pedrα (αdαptαdα)


Capítulo: 13? Capítulo

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CAPÍTULO
VII


 


- Pardonnez-moi,
madame.


Dulce parou de conversar com o cozinheiro
e prestou atenção na empregada que queria lhe falar.


- Sim, Françoise, o que é?


- O sr. Uckermann deseja vê-la em seu
escritório.


- Obrigada, já estou indo.


Dulce se dirigiu ao escritório, ao
encontro do marido. Estava cansada, mas contente. Na noite anterior tinham ido
a um baile, o primeiro desde que voltaram para Paris, e dessa vez ela não
precisara fingir; seus sorrisos haviam sido sinceros, assim como a maneira como
se juntara a Christopher para dançar, o prazer que tinha sentido quando ele lhe
beijara os cabelos. Ela ainda se ressentiu pelo fato de ele estar só fingindo,
mas talvez Christopher tivesse notado sua mudança, porque parecia mais feliz e
descontraído.


Tinham dançado até de madrugada, e ele a
mantivera sempre bem junto de si, segurando sua mão com carinho... Haviam sido
quase que os últimos a sair da festa. Ao chegarem em casa, Christopher tinha se
despedido e estava tão distraído que até esquecera de guardar as jóias no
cofre.


 


Entrando no escritório de Christopher, Dulce
ficou aborrecida por ver que a sra. Hermant estava lá. Suspirou fundo; a
governanta sempre ia falar com ele, em vez de expor os problemas para ela. Com
um sorriso meio tímido, Dulce disse:


- Uma pequena crise doméstica?


Christopher deu um sorriso ligeiro e
falou com voz fria:


- Um pouco mais do que isso. Pediu à sra.
Hermant que me trouxesse as safiras que usou ontem à noite, para que eu as
guardasse no cofre?


- Pedi, sim - Dulce sentiu um frio na
boca do estômago, como se pressentisse alguma desgraça. - Por quê?


- Os brincos estão faltando, madame a
governanta interrompeu.


- Mas... mas... não pode ser! Sei que
ainda os estava usando quando cheguei em casa! Christopher, não se lembra que
eu os tinha quando estávamos no carro?


- Você estava com o cabelo solto e não
reparei.


- Eles devem estar no meu quarto. Vou
procurar. - Dulce se encaminhou para a porta, mas nesse exato momento a
empregada bateu, pedindo licença para entrar.


- Encontramos os brincos de madame - a
moça disse.


Dulce deu um suspiro de alívio; ainda bem
que toda aquela revolução tinha dado
em nada. A empregada foi até a mesa e entregou os brincos a Christopher.


- Onde os encontrou? - ele perguntou,
olhando as jóias que brilhavam em sua mão.


- Um deles estava no chão do banheiro.
Mas o outro estava meio enterrado no ralo do chuveiro; tive que pedir a Jacques
que me ajudasse a pegá-lo. Tenho a impressão de que duas pedras caíram, senhor.


- Não se preocupe mais com isso,
Françoise. - Christopher fechou a mão, num gesto aborrecido.


- Você agiu como devia, pode ir agora.


Dulce esperou até que a moça tivesse se
retirado e depois virou-se rapidamente para o marido.


- Christopher, juro que tirei os brincos
antes de entrar no chuveiro. Eles não poderiam...


Ele a interrompeu com raiva na voz:


- Não adianta se desculpar, Dulce. Tanto
foi sua culpa como minha; deveria tê-los posto no cofre assim que chegamos
em casa. Pode ficar certa de que é isso o que vou fazer, no
futuro.


- Peço-lhe desculpas, senhor - a sra.
Hermant disse. - Estou contente que os brincos tenham sido encontrados,
naturalmente. Mas esse fato causou muita preocupação entre os empregados, que
poderiam ter sido acusados de roubá-los. Posso sugerir, senhor, que para evitar
uma situação embaraçosa a sra. Uckermann também guarde sua pulseira de
brilhantes no cofre?


Dulce sentiu-se gelada; via claramente a
cilada que a governanta havia preparado para ela. A sra. Hermant deveria ter
notado que ela não usava a pulseira há muito tempo e, provavelmente, olhara dentro
da caixa em que normalmente a guardava.


- Acho que é uma boa sugestão. Vá pegá-la
e traga para mim, por favor, Dulce.


Muito pálida, sentindo que a testa ficava
cheia de gotículas de suor nervoso, Dulce falou no tom mais firme que conseguiu:


- Sra. Hermant, quero falar a sós com meu
marido.


A governanta obedeceu, não sem antes dar
a Dulce um olhar de triunfo.


- Não vejo motivos para demorar em lhe
contar a verdade. Christopher, o fato é que não tenho mais a pulseira.


Christopher a olhou muito sério, os olhos
observando-a atentamente.


- O que fez com ela?


- Vendi. - Não adiantava tentar mentir;
de qualquer jeito, ele acabaria por saber a verdade.


- E posso saber por que fez isso?


- Eu... eu precisava de dinheiro.


- Para quê? No que é que se meteu, Dulce?
- Ele deu a volta na mesa e ficou na frente dela, em atitude ameaçadora. -
Diga!


Dulce ficou amedrontada com a expressão
dos olhos de Christopher.


- Comprei algumas coisas e gastei mais do
que devia. - A desculpa era fraca, mas foi a única coisa em que conseguiu
pensar.


- Mon
Dieu!
A mesada que lhe dou não é suficiente? Ainda consegue se encher de
dívidas?


Zangada com o modo como ele a repreendeu,
ela respondeu muito séria:


- Você me disse que a pulseira era um
presente e que eu podia fazer com ela o que quisesse. Você mesmo disse que ela
não lhe significava nada!


- Mas é muito significativo para mim que
minha esposa esteja com dívidas!


Indignada com o rumo da conversa, Dulce
exclamou, tão ou mais zangada que ele:


- Não pense mais nisso! Vou lhe pagar o
valor da pulseira!


- E como pretende arranjar o dinheiro
para isso?


- Vou dar um jeito. Pode aumentar o tempo
que tenho para trabalhar com você!


- Precisa tomar cuidado, Dulce. Dessa
maneira ainda estará amarrada a mim quando estiver com noventa anos. Mas isso
também não resolve... Pretendo receber a quantia mais depressa.


- Sabe que não tenho mais nada! A não
ser...


- A não ser... - Christopher repetiu, na
expectativa.


- A não ser eu mesma - ela completou
muito devagar.


- O que quer dizer com isso? - Sua voz
soou estranha.


- Você sabe o que quero dizer...


- Não sei, não, vamos ser bem claros.
Quer dizer que vai se entregar a mim?


- Ela desviou o olhar, incapaz de
sustentar o dele.


- De boa vontade?


- Sim. - Dulce não conseguia falar mais
do que monossílabos.


- Então me prove isso. - Christopher
tinha a voz muito suave.


- Como assim? - Ela se forçou a
perguntar.


- Me mostre que tem vontade de se
entregar a mim.


- Agora?


- Por que não?


Com as faces muito vermelhas, sentindo-se
sem jeito, Dulce chegou perto do marido. Ele ficou quieto, imóvel, sem olhar
para ela, esperando que tomasse a iniciativa. Ela ergueu os braços, colocando
as mãos nos ombros de Christopher; depois ficou na ponta dos pés e juntou seus
lábios aos dele, que estavam quentes e sensuais. Dulce esperava que ele a
tomasse nos braços e retribuísse seus carinhos com o mesmo ardor que tinha
mostrado na ilha. Mas Christopher não fez um movimento sequer e logo estava com
os lábios frios sob os dela. Dulce baixou os braços, os olhos no chão.


- O que é, Dulce? Não achou bom beijar
alguém que está frio como uma pedra? Que a trata com a mesma distância que
trataria um inimigo? - Havia sarcasmo em suas palavras, além de dureza e
amargura.


Dulce começou a se afastar. Queria sair
daquela sala em que se sentia sufocar, mas Christopher ainda disse:


- Ele vai lhe devolver o dinheiro dessa
vez, Dulce?


- Como sabia? - ela perguntou, surpresa.


- Não precisei de muita coisa para
descobrir... Foi só juntar a notícia de que seu irmão havia abandonado o
emprego na Austrália ao fato de você precisar de muito dinheiro. Para que ele
queria o dinheiro dessa vez? Para alguma invenção miraculosa? – Dulce quis
responder, mas ele não lhe deu tempo. - Não vale a pena fazer tanta coisa por
ele! Não vê que ele é uma esponja, sempre tirando o que pode de você? Seu irmão
vai viver sempre como um parasita e não vai se incomodar com a maneira como
você consegue o dinheiro, desde que consiga. E você chega a se vender, por ele!


- Não é verdade! Pare com isso! Alfonso não
me pediu o dinheiro... Por que nunca está disposto a lhe dar uma segunda
oportunidade? - Não podia permitir que ele continuasse a ofender o irmão!


Christopher continuou a olhar firme para
ela, mas parte de sua raiva havia sumido.


- Por que é assim tão leal com ele?


- Já lhe disse isso antes, Christopher: Alfonso
é tudo o que tenho no mundo!


- Você também tem a mim.


- Você. - Dulce olhou fundo dentro dos
olhos de Christopher, mas não conseguiu ler seus pensamentos. - Não. Não tenho
você para mim.


- Esqueça a respeito da pulseira, Dulce,
mas no futuro, quando precisar de dinheiro, venha primeiro falar comigo,
compreendeu bem?


Dulce balançou a cabeça concordando, mas
sabia, em seu íntimo, que jamais faria isso. Tratou de ir embora, mas Christopher
ainda tinha o que dizer.


- Lembre-se de uma coisa, Dulce: não
compro minhas mulheres. Você me pertence e eu a teria possuído a qualquer
momento que quisesse... se quisesse.


 


Durante muito tempo Dulce ficou sentada
na cama, em seu quarto. Depois pegou o telefone interno e mandou que a sra.
Hermant fosse falar com ela.


- Parece ter se aborrecido com minha
presença aqui, desde que cheguei... - Dulce tentava falar muito claramente com
a governanta. - Sei que sua posição nessa casa é garantida; portanto deve haver
outra razão para ter montado essa armadilha contra mim. Quero saber o porquê
dessa sua atitude. Tem tornado minha vida bastante desagradável aqui, mas, se
eu quiser, posso tornar a sua intolerável - ela ameaçou.


- Não pense que pode me assustar! Não tem
jeito de senhora fina e sei que nunca chegará a ter. Pensa que não notei como
vem agindo desde que voltou de Akasia? Até um cego pode ver que está apaixonada
pelo sr. Uckermann, mas está perdendo seu tempo! - A sra. Hermant falava tudo
que lhe vinha à cabeça. - Acha mesmo que ele ia se incomodar com você, quando
está irremediavelmente apaixonado por minha patroa? Há anos que ele a ama!


- Sua patroa? - Ué, não sou eu a patroa?,
Dulce pensou.


- Minha patroa querida, a marquesa
d`Anyers, minha Adrienne. O sr. Uckermann se apaixonou por ela há muitos anos,
mas ela foi obrigada a casar com o marquês. Agora ele está muito doente e, assim
que morrer, ela vai casar com o sr. Uckermann. - Havia um tom feliz e de
vitória em sua voz.


- Ele não vai poder ter duas esposas! - Dulce
argumentou.


- Claro que não! - A criada deu uma
risada. - E pensa que ele se incomoda com você? Casou só para evitar fofocas
que pudessem unir o nome dele ao de minha querida Adrienne; ele tinha que manter
as aparências até a morte do marquês! Mas assim que era estiver livre... ele
vai se livrar de você!


Dulce ficou tão impressionada com o que
ouviu que, por um momento, ficou quieta.


- Por que diz que a marquesa é sua
patroa?


- Porque trabalhei para a família dela
desde que ela era criança. É uma moça encantadora, linda e desperdiçou tudo
isso casando com aquele velho decrépito! Quando o sr. Uckermann herdou esta
casa e precisou de governanta, Adrienne me pediu que viesse trabalhar aqui e eu
vim, sabendo o quanto ela gostava dele!


- Compreendo - Dulce respondeu, encarando
a empregada. - Definiu muito bem sua posição nesta casa. Pode ir agora, tomar
conta de seus afazeres.


- Se quer meu conselho, - a governanta
continuou com voz decidida - vá embora e...


- Não preciso de seus conselhos - Dulce
interrompeu. – E como ainda sou a dona da casa, você deve obedecer às minhas
ordens. Pode ir agora.


A governanta saiu do quarto de cabeça
erguida, batendo a porta ao sair. Dulce continuou sentada, tentando pôr os
pensamentos
em ordem. Estava se sentindo muito humilhada; primeiro tinha sido a rejeição
de Christopher e, agora, isto. Saber que ele a estava usando somente até que a
mulher que amava estivesse livre era a coisa mais doída e amarga por que já
passara na vida.


Colocando a cabeça entre as mãos, Dulce
se desesperou; tinha feito tantos planos, esperado que tantas coisas dessem
certo... Chegara a ver um futuro feliz para ela e Christopher e agora, saber,
de modo a não deixar nenhuma dúvida, que ele amava outra mulher a fazia sentir
o coração doer.


Mas não ia chorar! Bateu com os punhos
fechados sobre a mesa, para que a dor física conseguisse apagar o sofrimento
moral e fizesse com que as lágrimas ficassem retidas. Deveria até sentir-se
feliz por ter resistido aos encantos do marido e também porque ele havia rejeitado
sua tentativa de acertar a situação dos dois. Só de pensar que estava disposta
a se entregar, quando na verdade Christopher não a queria, fez com que ela
tivesse ódio de si mesma. O que mais desejava agora era estar longe dele, para
acabar de vez com essa farsa que era o casamento.


A única coisa que ainda a segurava ali
era seu senso de honra, que lhe dizia que tinha que ficar até que pagasse a
dívida. Tudo precisava continuar do mesmo jeito, até que saldasse seu compromisso.
Só que agora seu sacrifício ia ser maior, quando tivesse que sorrir nas festas
ou aceitar os carinhos fingidos que Christopher lhe dispensava.


Todos diziam que o sofrimento enrijece a
alma; portanto tinha chegado sua vez de passar pela experiência. Ia sobreviver,
mesmo que para isso tivesse que se tornar ainda mais insensível e cruel que Christopher!


 


Se Christopher notou alguma diferença na
atitude dela, não mencionou. Quando estavam a sós continuava educado como
sempre, e em público ainda era o mesmo homem apaixonado e ardente; se a situação
não fosse tão triste para ela, talvez a achasse até engraçada.


O único raio de sol nessa noite tenebrosa
em que Dulce vivia foi um telefonema de Maitê, dizendo que estava
em Paris.
Tornaram
a se
encontrar no restaurante do aeroporto: Dulce notou que a amiga estava radiante.


- Você está maravilhosa, Maitê. Ganhou na
loteria ou foi considerada a aeromoça do ano?


- Dulce perguntou com entusiasmo.


- Nada disso. - Maitê deu uma risada
feliz. - Olhe! – Ela levantou a mão direita onde Dulce notou uma aliança
brilhando em seu dedo anular.


- Você e Derick ficaram noivos! Isso é
formidável! - Dulce abraçou a amiga. - Não poderia ter ficado mais feliz! Me
conte como tudo aconteceu.


Maitê contou a história toda. Sem querer,
Dulce comparou o futuro brilhante da amiga com o seu próprio, tão negro e
horrível.


- Vamos nos casar na próxima primavera e
você está convidada desde já. - Maitê parou, observando o olhar de tristeza da
amiga. - O que aconteceu, Dulce? Não está com ciúme porque Derick vai casar
comigo não é?


- Não, claro que não, Maitê. - Dulce teve
vontade de se abrir com a amiga e contar-lhe por que Christopher havia casado
com ela, mas resolveu que não; os problemas eram só seus e tinha que
enfrentá-los sozinha. - Estou muito feliz por vocês dois! Agora me conte tudo sobre
seus planos para o futuro.


- Não tente disfarçar comigo, Dulce, sabe
que a conheço muito bem. Está infeliz com Christopher? Se está, por que não o
deixa? Sabe muito bem que pode voltar para nosso apartamento, não é?


- Sei, sim, e lhe agradeço por isso. - Dulce
procurava manter a voz firme. - Mas não posso deixá-lo enquanto tiver essa
dívida para pagar; o jeito é esquecer tudo isso e conversarmos sobre a sua felicidade.


Maitê começou a contar sobre seus planos.
Conversaram durante mais uma hora, até que chegou o momento de Maitê se
despedir .


- Dulce, não quero parecer insistente,
mas, se precisar de alguma ajuda, sabe que pode contar comigo... e com Derick
também. Teremos satisfação em poder auxiliá-la.


- Sei disso, você sempre foi a minha melhor
amiga. Mantenha-se em contato comigo, isso já me ajuda bastante. - Dulce
despediu-se e voltou para casa.


 


Com o passar do tempo, foi-se acostumando
a sua nova situação naquela casa. Procurava parecer bem, embora seu coração
sangrasse. Porém, como Christopher continuava a tratá-la de maneira igual,
discutindo os negócios com ela, aos poucos, Dulce foi voltando a agir naturalmente
com ele. Chavez voltou a Paris e muitas vezes saíam com ele e com as várias
moças que o xeque convidava.


Um dia, foram os três às corridas, Dulce
foi com Chavez fazer apostas num cavalo que ela havia escolhido e, ao voltarem
para as arquibancadas, notou que Christopher estava falando com uma pessoa que
ela não conhecia; era uma moça muito elegante e bem vestida que se apoiava no
braço de Christopher e que lhe sorria constantemente.


Quando se aproximaram, Christopher lhe
apresentou a mulher:


- Dulce, quero que conheça uma velha
amiga minha, Adrianne, marquesa d`Anyers; Adrienne, esta é minha esposa.


A desconhecida a olhou de cima abaixo,
examinando-a em cada detalhe.


- Estou contente por conhecê-la
finalmente, Dulce. Christopher já havia me falado sobre você e acho que ele a
descreveu muito bem.


Havia um tom de desprezo na voz da moça e
Dulce logo imaginou que tipo de descrição Christopher havia feito dela.


- Vamos ver se seu cavalo ganha, Dulce. -
Christopher se interpôs na conversa, levando a esposa mais para a frente, de
onde podiam ver bem acorrida.


Por um breve instante pareceu a Dulce que
ele tinha ficado feliz de se afastar da marquesa, mas isso era impossível.
Afinal, ele a amava! Ela ficou com os olhos fixos nos cavalos e só respondia ao
marido por monossílabos.


- O que há com você, Dulce? - ele quis
saber. - Está aborrecida?


Christopher segurou a mão dela, mas Dulce
logo a retirou, procurando se manter afastada. Colocou nos lábios seu sorriso
fixo e, procurando esconder o que sentia, respondeu:


- Estou ótima e muito interessada na
corrida. - Ela continuou a conversar como se estivesse muito normal e, quando
aquele páreo acabou, viu que a marquesa não estava mais por ali.


Mais tarde, conversando com um amigo de Christopher,
ficou sabendo que a marquesa estava sozinha em Paris e que seu marido tinha ficado
em Provença.


Durante a tarde, Dulce ainda viu a
marquesa algumas vezes e pôde compreender por que Christopher continuava tão
fiel a seu amor. A marquesa era um encanto. Era pequena e delicada, parecendo
muito frágil, o que devia despertar os instintos protetores dos homens que conhecia.
Viu que vários deles não saíam de seu lado e ficou imaginando o ódio que Christopher
estaria sentindo.


Por que a marquesa tinha vindo para
Paris? Será que a sra. Hermant lhe contara que Dulce estava apaixonada por Christopher
e ela viera ver se a rival era poderosa? Pelo jeito, ela estava reacendendo a
chama de amor em Christopher e tratando de deixar tudo preparado para quando o
marquês morresse, o que não deveria demorar. E aí, o que seria feito dela, Dulce?
Provavelmente Christopher a deixaria livre, agora que não precisava mais dela.


 


A marquesa esteve presente a várias
reuniões a que o casal Uckermann compareceu. Christopher procurava não estar
muito em contato com ela, limitando-se a um cumprimento de longe. Ao mesmo
tempo, estava sempre interessado nas opiniões de Dulce, chegando até mesmo a levá-la
ao escritório para lhe mostrar várias das instalações.


- Estou entrando no ramo de construção de
navios de recreio - Christopher lhe explicou enquanto visitavam a fábrica. Um
iate estava sendo construído e Dulce pôde ver seu casco já moldado. - Este vai
ser o primeiro de uma série de iates que pretendo construir; quando estiver
pronto, gostaria que o lançasse ao mar, como sua madrinha.


- Quando acha que ele ficará pronto? - ela
perguntou, interessada.


- Daqui a uns seis meses, na primavera do
ano que vem.


Seis meses!, Dulce pensou. Provavelmente
o marquês morreria antes disso e talvez ela nem estivesse mais lá.


- Já resolveu como o iate vai se chamar?


- Pensei em dar um nome em sua homenagem;
vou chamá-lo sra. Uckermann.


Dulce olhou para ele com surpresa nos
olhos brilhantes e profundos.


- Mas esse é um título temporário!


Christopher se aproximou mais e começou a
falar:


- É tão perm... - Mas foi interrompido
pelo barulho estridente de uma serra elétrica que começou a funcionar. Ele
puxou-a pela mão e levou-a para o escritório, onde havia mais calma. Lá, porém,
havia várias pessoas esperando para falar com ele e o assunto foi interrompido.


 


Para completa surpresa de Dulce, parecia
que a vinda da marquesa para Paris havia feito apenas com que Christopher
permanecesse mais tempo
em casa. Ele ficava todas as noites com ela, trabalhando em seu
escritório; se tinha que sair, em geral a levava junto. Se Dulce não tivesse
tanta certeza de que o marido amava a marquesa, poderia dizer que cada vez ele
a procurava mais, parecendo até interessado por ela.


- Tenho um problema, Dulce, e preciso de
sua ajuda - ele disse um dia no café da manhã, no terraço. Era provavelmente
uma das últimas vezes que poderiam fazer isso naquele ano, pois as folhas das
árvores já estavam ficando amareladas e começaram a cair, como um prenúncio do
outono que se aproximava.


- Não consegue resolvê-lo sozinho? Quer
mesmo a minha ajuda?


- Sempre gosto de ter a opinião de
especialistas e, nesse campo, sei que você é. - Ao ver o olhar de ironia no
rosto da esposa, ele confirmou: - É verdade. Estou desenvolvendo um novo
projeto e é importante que os interessados possam conhecê-lo todos ao mesmo tempo.
Rodamos um filme que explica toda a técnica usada e gostaria de convidar as
pessoas para uma mostra do filme,
em Paris. Mas acho que elas não se sentiriam atraídas pela idéia
de passar algumas horas sentadas, vendo um filme técnico; tenho certeza de que
suas esposas iam se sentir aborrecidíssimas. É nesse ponto que preciso de sua
ajuda: como posso tornar interessante essa mostra do filme e ao mesmo tempo
fazer com que as esposas fiquem felizes?


- Esta mostra é importante para você? - Dulce
ficou logo ansiosa para ajudá-lo. - Quantas pessoas pretende convidar?


- Acho que terei cerca de cem convidados
e esse acontecimento me é muito importante, já que pode me abrir um novo campo
na indústria.


- Por que então não aluga um avião?
Nesses grandes aviões eles têm todo o equipamento necessário para projetar o
filme e depois você poderia dar uma festa em pleno ar. Dessa maneira seus convidados
teriam um tipo de reunião bem diferente e você os manteria vendo seu filme
porque eles nem teriam a chance de ir embora.


- Acho que teve uma boa idéia, Dulce. Vou
falar com meu secretário para começar a tomar as devidas providências.


Continuaram a falar sobre os planos para
a exibição do filme, até que Christopher se levantou.


- Vou providenciar tudo e depois vou
jogar pólo; temos o início do campeonato hoje. Não quer vir comigo?


- Para torcer por você? - ela perguntou com
um sorriso alegre.


- Acho que vou precisar de torcida. Há
muito tempo que não jogo e estou meio fora de forma. - Christopher segurou a
mão de Dulce e acariciou-a. - Não quer ir e me dar apoio moral?


- Vou, sim, se é isso o que quer.


- Quero; gostaria muito que fosse junto
comigo. - Seus olhos procuraram os dela e, ao encontrar, havia centelhas de luz
entre os dois. Rapidamente, Dulce tratou de escapar.


- Vou me arrumar; não quero atrasá-lo. -
Ela saiu do terraço e foi para dentro da casa, enquanto Christopher a seguia
com o olhar.


 


Gritos de emoção enchiam o campo de pólo,
enquanto os cavaleiros faziam suas jogadas. Chavez, muito gentilmente,
procurava explicar as regras do jogo para Dulce, mas ela não estava muito
interessada na partida; só queria ficar ali, vendo Christopher, muito elegante
em seu cavalo preto, jogando com muita habilidade, apesar de ter dito que há
muito tempo não praticava.


Seu pensamento estava todo concentrado no
marido. Naquela manhã, quando ele segurava sua mão, teria sido tão fácil ficar
bem junto dele, em vez de se afastar, como geralmente fazia. Com muita facilidade
ela teria mostrado que o desejava, que sentia que o fogo do amor a estava
consumindo, e com muito prazer teria correspondido aos beijos e carícias do
marido, se ele as tivesse feito.


Mas uma pergunta permanecia em sua mente:
Christopher amaria a marquesa? Ele não tinha mostrado nenhuma preferência pela
companhia dela; Adrienne estava presente no jogo e ele se limitara a cumprimentá-la
de longe. Não poderia a governanta ter inventado toda essa história para ver se
Dulce se sentia infeliz bastante para ir embora?


De repente, Chavez levantou-se da cadeira
e esse gesto brusco tirou Dulce de seus pensamentos. Espantada, ela seguiu a
direção para onde todos olhavam e ficou gelada de pavor. O cavalo preto estava caído
no chão, lutando para se erguer, e Christopher jazia imóvel embaixo dele. Os
outros cavaleiros desmontaram e correram para levantar o cavalo e ver o que
tinha acontecido. Inclinaram-se sobre Christopher e fizeram sinal para que
trouxessem a maca; o corpo imóvel de Christopher foi colocado nela.


Sem saber como chegara lá, Dulce
atravessou a multidão e se encaminhou para a saída, Chavez correndo logo atrás
dela.


- Para onde vão levá-lo? - ela perguntou,
num fio de voz.


- Para a enfermaria, do outro lado do
campo. Venha. – Chavez puxou-a pela mão e levou-a na direção certa.


Ainda correndo, Dulce subiu os degraus do
pavilhão médico, abriu a porta e perguntou a uma das enfermeiras:


- Mon
mari
, sr. Uckermann, ou est-il?


A moça olhou-a, surpresa, e apontou para
uma porta no fundo do corredor. Dulce tremia tanto que não conseguiu abrir a
porta. Chavez, que vinha logo atrás, acabou abrindo-a. Entrando na sala, ela
viu que Christopher estava deitado numa mesa, a cabeça enfaixada. Inclinada
sobre ele, estava Adrienne d`Anyers. Ela o beijava apaixonadamente e... Christopher
levantou os braços, passando-os em redor do pescoço dela.


Cega pela decepção, Dulce virou-se, quase
atropelando Chavez, que a fitou com surpresa por ver sua face muito pálida.
Olhando dentro da sala, ele deu um suspiro, fechou a porta, o rosto muito
sério.


Chavez levou-a para o bar e lhe deu um
conhaque para beber. Com o líquido forte lhe queimando a garganta, Dulce foi
voltando a si; mas dentro de seu coração sentia-se morta. Vendo a expressão
preocupada de Chavez, ela estendeu a mão até alcançar a dele.


- Chavez, pode me fazer um favor?


- Claro, o que quiser.


- Pode me emprestar seu carro? E avisar Christopher
que estava com dor de cabeça e que fui para casa antes de o acidente acontecer?


Chavez tentou convencê-la anão agir
assim, mas logo em seguida tirou as chaves do carro do bolso e as entregou a Dulce.


- Está bem, chérie. Que confusão! Você nunca deveria ter descoberto dessa
maneira.


- Você... você sabia?


- Sabia que eles foram apaixonados alguns
anos atrás, mas pensei que o Caso já estivesse terminado há muito tempo. Sinto
muito, ma petite.


- Não tem por que ficar aborrecido. Mas,
por favor, Chavez não conte nada a Christopher; preferia que ele não soubesse o
que vi.


Com alguma relutância, ele acabou
concordando e foi com ela até o carro.


- Você está bem para dirigir? Não vai
fazer nenhuma loucura? Tem certeza?


- Fique descansado, Chavez. A única
loucura que cometi foi me apaixonar por meu marido.


Chegando em casa, Dulce deu ordens que
não queria ser perturbada. Foi para o quarto e trancou a porta; trocou de
roupa, deitou-se e ficou olhando para o teto, como se de lá pudesse vir a
solução para seu problema. Pouco depois escutou o barulho de um carro chegando
e Chavez partindo em seu próprio carro. Ouviu passos que se aproximavam de seu
quarto e batidas leve na porta. Christopher a chamou, mas ela não respondeu,
enterrando a cabeça no travesseiro para evitar que ele a ouvisse chorar; em
seguida percebeu que ele se afastava.


 


O que Dulce lembrava das duas semanas
seguintes é que elas foram de crescente infelicidade. Saber que Christopher a
estava usando e que a dispensaria assim que não precisasse mais dela era uma
ferida que a machucava cada vez mais. Tinha conseguido agir naturalmente na
manhã seguinte e até fingir surpresa quando ele contou sobre o acidente. Christopher
já estava sem as ataduras e tinha apenas um curativo pequeno na testa, quase
inteiramente disfarçado por uma mecha de cabelos. Ele se mostrou preocupado
pela dor de cabeça que ela ainda dizia sentir e acreditou quando Dulce disse
que preferia deitar um pouco para ver se melhorava.


No dia seguinte, porém, teve que dizer
que estava melhor, pois foi a única maneira de conseguir se livrar de ser examinada
pelo médico que Christopher queria chamar. Teve, então, que começar a sair novamente
com o marido, ir a festas e reuniões. Mas, cada vez mais, Dulce sentia que não
podia fingir; não conseguia esconder o ar infeliz, as olheiras causadas por
noites mal dormidas.


Duas vezes encontraram a marquesa e a
atitude de Christopher em relação a ela foi ainda mais distante, chegando até a
ser grosseira. Dulce não entendeu isso, até que concluiu que ele a amava tanto
a ponto de fingir desprezá-la, somente para não comprometer o nome dela.


Sentindo-se envolvida por um mundo de
mentiras, Dulce começou a se tomar apática. Não havia nada que pudesse fazer;
sem querer, estava presa por um fio à vida do marquês, pois, quando ele morresse,
não iam precisar mais dela. Não tinha mais apetite, dormia mal e chegara até a
beber além da conta numa festa. Em vez de sentir-se tonta, porém, sentia-se
apenas amargurada e sozinha.


Quando levava o copo à boca, disposta a
tomar a bebida de um gole só, Christopher segurou firme seu pulso e obrigou-a a
descer a mão.


- Acho que já bebeu o suficiente. - Com
firmeza ele tirou o copo da mão dela.


Dulce pegou um lenço da bolsa e limpou
algumas gotas do líquido que tinham caído em seu vestido.


- Não estou bêbada.


- Ainda não, mas está tentando ficar.
Venha, vou levá-la para casa.


- Posso ir sozinha e depois mando o carro
de volta para você. Não deve perder a oportunidade de fazer contatos preciosos
- ela acrescentou com sarcasmo.


Os olhos de Christopher demonstraram sua
raiva a essas palavras amargas, mas ele não disse nada. Pegou-a pelo braço e a
levou para se despedirem da anfitriã. Saíram da festa mas, ao chegarem em casa,
ele a levou para a sala, embora Dulce dissesse que estava cansada e que não
queria conversar.


- Mas vai primeiro me dizer por que está
se comportando dessa maneira. - Christopher estava tão zangado que ela achou
melhor obedecer.


- Eu estava com dor de cabeça e achei que
uma bebida ia ajudar a me sentir melhor.


Ele pôs as mãos sobre os ombros nus de Dulce
e o calor de suas mãos a fez tremer tanto que Christopher pôde sentir.


- Está acontecendo alguma coisa que a
está deixando nervosa e infeliz. Não quer me contar o que é?


- Não é nada. Por favor, me deixe ir. -
Ela tentava se livrar dos braços dele.


- Por que não confia em mim? -Christopher
perguntou com raiva. - Ainda não aprendeu que pode confiar em mim?


- Você é a última pessoa do mundo em quem
eu confiaria. - Dulce falou, seca.


- Mon
Dieu
! Não vai nunca mais esquecer aquela noite? O que preciso fazer para
convencê-la de que...


- Acha que algum dia vou esquecer o que
fez, ou a maneira como tem me usado esse tempo todo?


- Então vou lhe dar algo mais para você
lembrar...


Christopher a puxou para mais perto, procurando
os lábios dela
em selvageria. Por um instante Dulce sentiu a sala rodar, mas depois
seu corpo se aconchegou ao dele, seus lábios correspondendo ao beijo com a
mesma intensidade, suas mãos acariciando-lhe o pescoço...


Quase sem querer, seu corpo fazia pressão
para que Christopher ficasse colado a ela.




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Autor(a): lovedyc

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  • anjodoce Postado em 16/05/2010 - 02:50:12

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  • anjodoce Postado em 16/05/2010 - 02:50:11

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  • anjodoce Postado em 16/05/2010 - 02:50:08

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