Fanfic: Seduzida por vingança Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance

— Então, O que acha? — perguntou Alfonso a Anahí quando ela finalmente voltou à cozinha.

Ele lhe pedira para inspecionar seu modesto apartamento de dois quartos enquanto preparava o café da manhã, sabendo que ver era acreditar.

— Não é o que esperava? — acrescentou ele com um sorriso quando viu a surpresa no rosto dela.

— Não mesmo — concordou, enquanto se sentava num dos dois tamboretes da cozinha. — Não é o ninho de um playboy, mas adorei.

— Adorou? — Havia enorme ceticismo em sua reação.

— Sim, adorei — reafirmou ela com um movimento encantador da cabeça. — Tem uma localização excelente e há nele tudo o que você pode precisar... uma suíte com banheiro, uma lavanderia interna com uma secadora e uma cozinha bem espaçosa. Certo, você tem apenas a sala de estar, mas a maioria das pessoas não usa mais salas de jantar. E a vista do balcão é incrível.

— Um balcão muito pequeno — disse ele. Certamente ela tinha que estar fingindo. Nenhuma garota que vivera no luxo como Anahí Portilla se entusiasmaria com seu modesto apartamento.

— Não tão pequeno — insistiu ela. — Você tem uma área de alimentação fora de casa. E bem privativo e voltado para o norte. Deve ser adorável no inverno.

— Na verdade, é mesmo — disse ele, que jamais pensara em sua simples moradia em termos tão entusiasmados. — Quando o clima permite, sento-me lá ao sol todas as manhãs com uma xícara de café.

— Eu me perguntei onde você conseguiu seu bronzeado. Sendo um viciado em trabalho, quero dizer — acrescentou com um de seus sorrisos encantadores.

Ele apenas olhou para ela por um longo momento antes de se voltar para encher um copo com suco de laranja.

— Aqui, beba isto enquanto espera pela comida.

Empurrou o copo pela bancada do café da manhã antes de voltar a atenção para a frigideira, seus pensamentos em turbilhão. Mais uma vez ela o surpreendera, o confundira.

Quando ela continuou calada, ele a olhou sobre o ombro para descobri-la sentada lá, tomando devagar o suco enquanto o observava com uma expressão estranha no rosto.

— Em que está pensando agora? — perguntou ele. . Talvez se a fizesse continuar a falar ela se traísse. Tinha que descobrir se estava sendo sincera ou apenas dizendo o que achava que ele queria ouvir.

— Estou tentando compreender você — disse ela.

Ela estava tentando compreendê-lo. Agora, isto era engraçado.

— O que há para compreender? Sou apenas um cara do campo que teve sucesso na cidade grande.

Ela balançou a cabeça, a expressão cautelosa.

— Nada é simples assim. Você certamente não é. Por exemplo, esta é definitivamente a casa de um homem que não está interessado em dar festas ou impressionar as mulheres.

— Tentei lhe dizer que não sou um playboy, mas você não quis acreditar em mim.

— Então, se não é um playboy ou um exibicionista, então quem é o homem que comprou uma casa extremamente ostentosa em Belleview Hill? — persistiu ela. — Se você fosse o tipo de homem que quisesse uma casa de luxo, já estaria vivendo numa, não morando aqui. Então, me diga, por que a comprou?

Alfonso voltou os olhos rapidamente para a frigideira, para impedir que ela visse o brilho de fúria vingativa que sua pergunta provocadora fizera surgir. A tentação de lhe jogar a verdade na cara foi intensa.

Por que seu maldito pai foi o responsável pelo suicídio do meu pai maravilhoso, podia se ouvir dizendo. Jurei que um dia tomaria tudo que aquele bastardo considerasse mais precioso. Foi por isto que comprei a casa dele e foi por isto que ontem à noite fui para a cama com você, sua querida filhinha.

Mas não disse uma só destas palavras. Porque sabia que isso seria o fim de tudo. O fim dele e Anahí. Por mais que Alfonso ansiasse pela vingança, ansiava mais por ela. Não podia suportar a idéia de ela sair de sua vida. Não podia suportar a perspectiva de nunca mais tomá-la nos braços, de nunca mais sentir o que ela o fazia sentir.

— Alfonso? Não vai me responder?

— Desculpe. Acho difícil conversar e cozinhar ao mesmo tempo. A verdade é que eu realmente comprei a casa como um investimento — mentiu ele enquanto se ocupava em servir bacon e ovos. — Soube que estava à venda e esperei fazer um bom negócio. Admito que pensei em viver lá por algum tempo, assim não teria que pagar os impostos sobre ganho de capital quando a vendesse. Mas James já me ofereceu uma quantia ridiculamente alta, na qual estou pensando seriamente.

— Esta parte não era mentira, James fizera a oferta quando se reuniram para uma bebida na véspera do casamento dele.

— Agora que James está casado com um bebê a caminho, está procurando uma casa de bom tamanho para a família.

— Megan está grávida?

— Você não sabia?

— Não.

Alfonso podia ter se dado um pontapé.

— Guarde isto para você, está bem?

— É claro. Uau! Seu amigo acabou de subir no meu conceito. Vamos falar claro, atualmente homens ricos não precisam mais se casar com garotas que ficam grávidas de filhos deles. Ele deve mesmo amá-la.

Alfonso manteve a expressão sob controle.

— Eu lhe disse que ele é um bom sujeito. Mesmo assim, não conte nada disso para aquela sua amiga fofoqueira. Agora, onde gostaria de comer? Aqui ou no balcão?

— Definitivamente no balcão.

— Isto foi ótimo — cumprimentou Anahí quando acabaram de comer. — Você é um excelente cozinheiro.

— Na verdade, não sou. Bacon e ovos com torrada são fáceis de fazer, não há como errar.

Anahí riu.

— Não acredite nisso, eu arruinaria tudo. Sou uma péssima cozinheira.

— Suponho que seja falta de prática.

— Você tem razão, sou totalmente inútil numa casa. Desde que sua mãe se casara com Alistair, nenhuma delas precisara levantar um dedo. Anahí pensara que sua vida era maravilhosa na época, sem perceber como se tornara mimada e preguiçosa.

Tinha que admirar Alfonso. Construíra seu caminho na vida, conquistara a própria fortuna. No entanto, apesar de seu sucesso material, não era um exibicionista. Gostava disso nele muito.

Seus escrúpulos sobre ele ser rico estavam lentamente desaparecendo. A sólida ética de trabalho de Alfonso e seu estilo simples de viver mostravam um homem de caráter e profundidade. Mas era surpreendente que não fosse casado. Talvez não tivesse encontrado a garota certa. Mais provavelmente, sua prioridade fora fazer dinheiro. Perguntou-se o que havia em seu passado que lhe alimentara a ambição. Anahí compreendera, com suas experiências passadas, que a história do passado tinha uma grande influência no que uma pessoa se tornava. Ninguém estava imune a uma bagagem emocional. Tivera sua parcela justa.

Mesmo assim, se ia continuar dormindo com aquele homem, realmente precisava saber mais sobre ele.

— Conte-me sobre sua família, Alfonso — pediu. — Tem irmãos e irmãs?

— Não, sou filho único.

— Você me disse que é filho de um fazendeiro. Onde fica a fazenda do seu pai?

Ele não respondeu logo, tomando primeiro um gole de café.

— Meu pai morreu há muito tempo.

— Que pena. Ele devia ser bem jovem.

— Apenas 45 anos.

— De que ele morreu? Câncer?

Mais uma vez ele pareceu relutante em responder.

— Ele se matou com um tiro — disse finalmente, a economia de palavras se chocando com a dor em sua expressão.

— Oh, Alfonso... Oh, que horrível para você.

Alfonso se assustou quando os olhos dela se encheram de lágrimas. Ficou comovido por sua compaixão, que lhe pareceu sincera. De repente, quis lhe contar mais. Não toda a terrível verdade, é claro. Apenas... mais.

— Foi — admitiu ele. — A seca foi pavorosa naquela ocasião e papai tinha feito dívidas muito altas. Mamãe disse depois que ele ficou muito deprimido. Quando a fazenda foi tomada pelo banco, ele perdeu a vontade de viver.

— Eu... não sei o que dizer...

Suas suaves palavras de simpatia abalaram Alfonso ainda mais que suas lágrimas. Cada músculo de seu corpo enrijeceu, o controle que geralmente tinha sobre suas emoções correndo o risco muito real de se desintegrar.

— Está tudo bem — disse ele com os dentes cerrados.

— Não, não está tudo bem. Suicídio jamais está bem. Seu pobre pai, e sua pobre mãe.

Inferno, cometera um erro em tomar este caminho. Podia se sentir começando a se soltar, como longos fios de tricô sendo desmanchados. Logo, não haveria mais nada, apenas um bolo de fios emaranhados.

— Mamãe está bem agora — disse ele, controlando-se com um enorme esforço de vontade. — Casou-se de novo, com outro fazendeiro. Vivem em Gulgong, perto de Mudgee.

— Enquanto você veio para Sidney e se tornou um viciado no trabalho.

— Poderia ter me tornado coisas piores. Mas chega de falar sobre mim. Prometeu me contar por que quer voltar para a Tailândia.

Anahí sabia que ele estava deliberadamente mudando de assunto. E não o culpava, lembrando-se de que o passado podia ser muito doloroso. Ficara terrivelmente magoada pela traição de David e pela descoberta de que seu padrasto agia da mesma maneira. Mas nada disso se comparava à dor de Alfonso ao perder o pai de maneira tão trágica. Era evidente que o suicídio do pai o afetara profundamente.

— Vamos — zangou ele suavemente quando ela continuou em silêncio. — Diga a verdade e envergonhe o demônio.

Ela sorriu, então deu de ombros.

— A verdade é que conheci uma mulher realmente maravilhosa quando estava em Bangcoc. Ela dirige um orfanato cheio de crianças adoráveis mas realmente muito pobres. Não têm nada, em termos de posses materiais, no entanto são tão felizes. Elas me fizeram sentir vergonha por tudo o que recebi com tanta largueza por anos. De qualquer maneira, prometi a ela que, depois que pegasse minhas coisas, voltaria para ajudá-la por algum tempo.

Quase lhe contou que venderia as jóias para levantar dinheiro para comprar algumas coisas muito necessárias para as crianças, mas não quis parecer uma santa. Sabia que estava longe disso.

A expressão no rosto de Alfonso ainda era cheia de verdadeira surpresa. Nicole aceitava que era uma coisa improvável para uma garota como ela estar fazendo. A reação de Kara fora semelhante.

— A que espécie de ajuda está se referindo? Dinheiro? — perguntou ele.

— Dinheiro certamente ajudaria a resolverem muitos dos problemas de Mie.

— Neste caso, por que não apenas enviar um pouco de dinheiro para essa mulher? Não precisa ir lá pessoalmente.

— Sim, preciso — disse ela com firmeza —, prometi às crianças. Olhe, não vou ficar lá para sempre. Voltarei para Sidney no Ano-Novo para procurar um emprego.

As sobrancelhas dele se ergueram.

— Um emprego?

Anahí ficou irritada com sua surpresa constante.

— Tenho condições de trabalhar, você sabe. Tenho um diploma de marketing. Trabalhei na Portilla Mortgages por quase dois anos — disse ela, seu orgulho a impedindo de mencionar que não trabalhara na seção de marketing. — Parei há apenas alguns meses.

Mais uma vez, Alfonso lutou para esconder suas emoções. Estava prestes a mudar seu conceito sobre o caráter de Anahí, impressionado como ela podia ser tão diferente do que imaginara. Não estava atrás de um marido rico, não era egoísta e não ficava contente em viver uma existência frívola.