Fanfic: Seduzida por vingança Anahí & Alfonso TERMINADA | Tema: AyA romance

— Não vamos pôr a carroça à frente dos bois. Como Alfonso disse ao amigo dele esta noite, não estamos comprometidos, apenas saindo juntos.

— Mas ele vai pedi-la em casamento, pelo que me contou.

— Talvez, mas não já.

— Você vai morar com ele quando voltar de Bangcoc?

— Vou, se ele me convidar.

— Vai convidar. Agora, o que você vai vestir amanhã? Não, não precisa dizer. Jeans, aposto.

— O que há de errado com jeans? É apenas um almoço, e provavelmente num restaurante local.

Kara pareceu exasperada.

— Pelo menos use uma camisa decente. Posso lhe emprestar uma, se for preciso, e alguns acessórios adequados. Tenho alguma coisa para todas as ocasiões.

Anahí não duvidava. O guarda-roupa de Kara há muito havia ultrapassado o espaço no closet e agora ocupava também um dos muitos quartos de hóspede de sua mãe.

— Kara, eu realmente preciso dormir agora, estou cansada.

— Não há sono para os malvados.

— Não sou malvada.

— Ê, desde que conheceu seu amante, pelo que me contou.

— Kara!

— Está bem, está bem — disse Kara, e apagou o abajur. Anahí fez o mesmo, mas não dormiu. Ficou pensando em

Alfonso e no quanto já sentia falta dele. Não tivera vontade de voltar para a casa de Kara logo depois do jantar. Quisera ficar com ele, nos braços dele, pelo menos por mais um pouco. Alguma coisa a impedira de ceder à tentação: aquele olhar breve que percebera nos olhos de Hugh Parkinson quando os vira pela primeira vez. Não parecera apenas surpreso. Parecera espantado.

Anahí acreditava saber o motivo.

Ele a considerava uma interesseira e fora por isto que flertara com ela tão abertamente... para saber se poderia seduzi-la e afastá-la do amigo; para mostrar a Alfonso quem ela era.

Anahí imaginava que homens como Hugh Parkinson eram extremamente cínicos sobre os motivos de algumas mulheres. Não devia ser fácil ser o filho e único herdeiro de um dos homens mais ricos da Austrália. Hugh devia ter se tornado um alvo para mulheres sem escrúpulo desde que se tornara adulto. Mesmo assim, não tinha o direito de tentar envenenar ou estragar os relacionamentos de Alfonso. Não havia sido correto flertar com ela e depois abordar o assunto de seu noivado com David. Suspeitava que Alfonso dissera alguma coisa a ele enquanto estava no banheiro. Hugh estava diferente quando ela voltara. Menos provocador, falando menos. Mas ainda havia aquela expressão preocupada quando olhava para ela.

Nada, aceitou Anahí com um suspiro cansado, mudaria a opinião de Hugh sobre os motivos de ela estar namorando o amigo. Esperava que não fosse capaz de fazer Alfonso se afastar dela.

No entanto, a desconfiança de Hugh era perfeitamente compreensível. Sua ligação com o nome Portilla significava que ela seria inevitavelmente rotulada como ambiciosa e sem consciência por pessoas que não a conheciam. Seu estilo de vida do passado também não ajudava. Hugh provavelmente a via como uma menina rica e mimada que não tinha mais os meios de continuar a viver como antes, indo a festas o tempo todo e usando roupas de grife.

Estava à procura de um namorado rico que a manda maneira como estava acostumada. Não acreditaria amava Alfonso verdadeiramente por ele mesmo, ou que estava mais interessada em viver em alto estilo. O fato de não ter contado a Alfonso sua verdadeira condição financeira desde o início começou a preocupar Anahí seriamente. O que aconteceria se ele descobrisse que mentira para ele? Morreria se alguma vez ele pensasse que era uma interesseira.

— Quer parar de suspirar tanto? — pediu Kara, irritada.

— Desculpe.

— Se não dormir logo, vai ter olheiras amanhã.

Anahí teve que sorrir.

— E isto não será nada bom.

— Absolutamente, não!

Alfonso passou a manhã seguinte pondo seus negócios em ordem para poder viajar para a Tailândia. Nenhum de seus gerentes de filiais pareceu preocupado com sua decisão de tirar "férias". Todos acharam que já passara da hora de ele ter uma folga.

Apesar de garantir a Anahí que não faria falta naquela época do ano, Alfonso não conseguiu deixar de se sentir aborrecido com a atitude deles. Naturalmente, sempre contratava os melhores funcionários, assim não havia motivo para ficar desapontado.

Mas, quando os funcionários do escritório de Bondi... onde ele passava a maior parte do tempo... pareceram felizes demais em vê-lo pelas costas por algum tempo, Alfonso foi obrigado a se avaliar no trabalho.

Não era o mais gentil dos patrões, percebeu enquanto dirigia para a casa de Kara para pegar Anahí. Era freqüentemente difícil e exigente, não muito compreensivo, talvez, com o fato de que seus funcionários tinham uma vida particular. No lado bom, ele pagava muito bem aos funcionários. Certamente tinha o direito de exigir que trabalhassem muito.

Alfonso se deu uma sacudida mental. Precisava parar com isso, parar de se questionar a cada momento. Hugh lhe enchera a cabeça de dúvidas na noite anterior. Passara toda a noite dormira pouco. Não era um homem cruel, disse a si mesmo, talvez um pouco duro.

Está bem, muito duro. Mas isto não era culpa sua, era culpa de Portilla!

Não havia como mudar agora, era o que era.

Aproximou-se da casa de Kara, uma típica mansão de dinheiro antigo, construída num enorme lote com um muro alto em torno e muitas árvores altas nos terrenos. Provavelmente construída na década de 1930, a casa tinha dois pavimentos e a arquitetura era colonial, com varandas nos dois pavimentos.

Alfonso entrou diretamente. Os portões já estavam abertos, aparentemente esperando sua chegada. Parou o carro ao lado da escada da frente, seu humor sombrio desaparecendo ao pensamento de ver Anahí.

Mas não foi Anahí que atendeu à porta. Foi à amiga dela, Kara, parecendo bem desolada.

— Alfonso, oi — disse ela com a voz baixa. — Olhe, não tenho certeza se Anny conseguirá sair para almoçar com você, ela está muito abalada.

— Com o quê? — O pensamento de que Hugh pudesse ter ligado para Anahí lhe veio imediatamente à mente.

— Eu... acho que não devo lhe contar.

— Alguma coisa relacionada a mim?

Kara pareceu assustada. — Não, de jeito nenhum. Olhe, vou dizer a Anny que você está aqui. Pode ser bom para ela sair um pouco, pobrezinha. Entre.

Alfonso esperou no hall, enquanto Kara subia correndo a bela escadaria central e desaparecia de vista. Alguns minutos depois, Nicole surgiu no alto da escadaria, vestida com jeans de um azul escuro e uma camisa branca. Ela hesitou ligeiramente antes de começar a descer, uma das mãos no corrimão. O rosto estava pálido, os olhos inchados e vermelhos.

O peito de Alfonso comprimiu à evidência de que ela chorara por muito tempo.

— Anahí, querida — disse ele, andando em direção a ela. — O que foi, o que aconteceu? — Pensou logo num acidente, numa tragédia, talvez sua mãe tivesse morrido, ou seu pai.

Estranhamente, o pensamento não lhe deu nenhum prazer. Sua única preocupação era Anahí.

— Eu... tive um choque — disse ela, a voz alterada —, uma coisa pessoal.

Ele lhe tomou as mãos nas dele. — Certamente pode me contar.

As lágrimas lhe encheram os olhos de novo. — Não sei se vai compreender. Ou se importar.

— Como pode dizer isto?

Ela abaixou a cabeça, os cabelos lhe cobrindo o rosto. — Se lhe contar vai descobrir que o enganei deliberadamente — disse ela, um soluço na voz. — Provavelmente vai acreditar no que Hugh pensa de mim, que sou uma interesseira de ouro.

Ele lhe ergueu o queixo com um dedo gentil. — Como posso pensar isso da mulher linda que não pode ser comprada?

Ela começou a chorar, com soluços profundos, intensos. Alfonso gemeu e tomou-a nos braços, apertando-a contra ele, o coração partido com o sofrimento dela.

Não disse uma palavra, apenas a embalou e a deixou chorar, enquanto tentava entender as próprias emoções. Afinal, aceitou que Hugh tinha razão, havia se apaixonado por aquela mulher. Não interessava o que ela era, quem ela era. Ele a amava.

Quando uma Kara com expressão preocupada apareceu na escadaria Alfonso acenou-lhe para sair, então continuou a abraçar Anahí até que seus soluços finalmente diminuíram. Quando finalmente ficou quieta em seus braços, ele a afastou um pouco, para olhar-lhe o rosto.

— Quero que pegue sua bolsa - disse ele com gentileza, mas firmeza. —Vamos almoçar

Ela olhou para ele, os olhos adoráveis mais vermelhos do que nunca.

— Mas não posso sair com esta aparência!

— Sim, pode. Ponha óculos escuros. É evidente que precisamos conversar e não quero que seja aqui.

Ela ainda pareceu incerta.

— Kara! — chamou Alfonso em direção à escadaria. — Ainda está aí?

— Sim — respondeu Kara, tão depressa que devia estar muito perto. Provavelmente ouvindo escondida.

— Pode trazer a bolsa de Anahí e óculos escuros, por favor? Acho que ela precisa de um pouco de ar fresco e de alguma coisa para comer.

— Estou indo.

Kara levou a bolsa e os óculos num minuto, sua expressão menos preocupada do que antes.