Fanfics Brasil - Capítulo 20 A aposta (Continuação)

Fanfic: A aposta (Continuação) | Tema: Fátima Bernardes William Bonner


Capítulo: Capítulo 20

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                Oito em ponto da manhã, o despertador ressoou no quarto de William. Ele abriu os olhos com dificuldade, remexeu na cama sonolento e exausto. Vestia apenas a bermuda de pijama que habitou o chão do quarto de Fátima por algumas horas na madrugada anterior. Ele puxou o celular para se certificar de que já era hora de acordar mesmo. Parecia que tinha dormindo por cinco minutos apenas, tamanho seu cansaço. Na noite anterior, ele se atirou na cama após se despedir dela. Inebriado de sono, sonhou que ela entrava no quarto dele completamente nua e dava continuidade a noite de sexo que interromperam. Acordou excitado, mas dormiu novamente. Agora não tinha a opção de retomar com o sono, precisava levantar e concluir seu artigo. Se arrastou até o banheiro, todo amarrotado e descabelado. Escovou os dentes, jogou uma água gelada no rosto pra despertar e se olhou no espelho. As marcas da intensa madrugada estavam por todo o corpo de William. Sinais das unhas de Fátima retalhavam as costas, o peito e os braços dele. William mordeu na boca e sorriu, olhando para os vergões avermelhados. Era a prova concreta de que ele havia feito-a sentir um prazer que não cabia nela. A lembrança de Fátima gemendo de olhos fechados e se contorcendo embaixo dele fez com que William se arrepiasse. Lembrou-se do cheiro e do gosto do corpo dela, que ele lambeu por inteiro. Nem o maior e melhor banquete desse mundo superava o sabor. Percebeu que estava excitado demais pra trabalhar, precisava se acalmar um pouco. Arrancou a bermuda e entrou debaixo do chuveiro gelado. Deixou que a água caísse sobre seu corpo inteiro. Fechou os olhos e desejou a si mesmo muita sorte para executar seu trabalho da melhor maneira possível.


                Fátima acordou mais tarde. Eram quase dez horas. Levantou da cama num salto. Nua, jogou a camiseta de William no encosto da cadeira da escrivaninha. Tomou um banho, vestiu um roupão e organizou suas coisas. Dobrou peça por peça em rolinhos, separou a roupa que iria vestir pra viajar e fechou o zíper da mala. Secou o cabelos, vestiu uma calça jeans justa e confortável, uma regata branca e uma sapatilha. Arrumou a cama, enfiou seus livros, rascunhos, estojo e o notebook dentro de uma pasta, reuniu tudo em um canto do quarto e desceu pra tomar café. Esperaria William dar as caras lá embaixo, no jardim. Pegou um copo de suco na mesa, sentou nas cadeiras de veraneio e respirou a brisa da serra olhando para a piscina. Pensou no dia em que colocou os pés naquela casa, há menos de um mês atrás. Nunca, JAMAIS imaginou que aconteceriam tantas coisas, como aconteceram. Lembrou-se de William jogando-a na piscina, quando ela desceu pra tomar um ar. “Idiota!”, pensou e sacudiu a cabeça negativamente, sorrindo. Ela recostou a cabeça pra trás e fechou os olhos. Cada canto daquela casa refletia em uma lembrança. Aquele portão, por onde ela passou disparada em prantos debaixo de um temporal, após beijar William pela primeira vez. Aquela cozinha, onde deram o primeiro amasso mais quente. Aquela copa, onde trocaram farpas, onde ele a segurou pelo braço e ela sentiu seu coração disparar por ele. Foi ali que ele despertou nela um interesse, ainda oculto na época. Foi ali também que decidiram romper algo que mal tinha começado, mas sem sucesso. Aquelas cadeiras, onde conversaram sobre lealdade e honestidade. Ela soube muito dele, mesmo sem ele ter contado. Aquela piscina onde conseguiram dialogar pacificamente pela primeira vez e ela notou um olhar diferente dele pra ela. Ela olhou pra cima e viu as janelas dos quartos dos dois. São apenas duas esquadrias de vidro que se abrem ao meio, mas pra Fátima elas tem um significado muito mais forte. Funcionaram não como janelas e sim como portas de entrada pra muitos contatos de um com o outro se iniciarem ou mesmo se revelarem. Ela não conseguiu ver William na janela dele. Olhou no relógio e estava quase na hora do almoço. Torceu pra que ele não demorasse, ela estava muito ansiosa pra ir embora logo e abrir uma nova página de sua vida. Aquela casa representou muito pra ela, mas ela não conseguia pensar com clareza dentro dela. Não mais. Não dormindo ao lado de William, parede com parede. A tentação era grande, a confusão na cabeça e no coração dela também. Tentou pensar em outra coisa. Acabou se lembrando do cargo, que era pra ter sido o foco principal daquela estadia, mas acabou sendo jogado pra escanteio. Desejava TANTO aquele cargo, queria TANTO essa realização profissional, seria muito importante pra ela. Naquele quesito, seus interesses se esbarravam com o de William e ela sentiu um ligeiro aperto no coração por isso. Parecia que aquele cargo e sua relação com William eram dois extremos que nunca, jamais seriam paralelos. Doía fortemente pensar isso. Se tocou do tamanho da encrenca que tinha se enfiado. Chegou a esboçar um arrependimento e uma raiva, mas não eram sinceros. Não abriria mão de tudo o que viveu com ele apenas por uma incerteza. Decidiu na noite anterior, quando abriu a porta daquele quarto pra ir atrás dele, que não se acovardaria diante de uma situação que ela nem conseguia prever. Nunca mais deixaria de viver nada por medo. Nunca mais.


                William colocou o último ponto da última frase de seu artigo. Bateu com força na tecla, como se finalizasse ali também um grande desafio, que estava completamente entregue ao destino e à sorte a partir de agora. Salvou, desligou o computador apressado. Arrancou uma gaveta de dentro do guarda roupa e despejou tudo que estava dentro dela em uma mala, que se encontrava aberta em cima de sua cama. Tacou sapatos, meias, chinelos e tudo que se encontrava no chão do quarto dentro da mala, sem embalá-los adequadamente. Foi ao banheiro, juntou todos os seus pertences, tentou conferir se não estava esquecendo de nada, mas o quarto estava uma completa bagunça. Fechou a mala, pegou todas as suas pastas e desceu as escadas dando trancos na mala degraus abaixo. Atravessou a sala de jantar e viu Fátima estirada nas cadeiras. Parou no vão e assoviou pra ela. Fátima se assustou, olhou pra trás e o viu parado de óculos escuros, olhando pra ela com a mala na mão. Sentiu um arrepio percorrendo-lhe por inteiro.


                - Bom dia. – ela disse, amigavelmente e virou-se pra frente denovo.


Ele passou ao lado dela arrastando a mala, encostou-a em uma pilastra e respondeu:


                - Bom dia pra quem? Eu queria ter dormindo mais pelo menos umas três horas e não pude. Tô morto.


                - É? Azar o seu então, porque eu não tenho nada com isso. – ela falou seriamente, mas com um olhar travesso.


William gargalhou ironicamente,


                - Não tem nada com isso como? A culpa é sua. Toda sua. – ele bufou.


                - Ah, tadinho! Que dó. – ela fez uma cara cínica e levantou da cadeira, caminhando pra dentro de casa sem olhar pra trás.


                - Ei! – William gritou. – Quer ajuda com a sua mala?


Fátima parou e girou o corpo pra trás. A mala estava um chumbo e ela estava morta de preguiça de carregá-la escada abaixo. Decidiu aceitar a gentileza dele. Respondeu calmamente.


                - Ué... Quero, por favor...


Ele caminhou apressado, passando na frente dela. Parou na porta do quarto e ficou encostado na parede, esperando por ela. Fátima abriu a porta, entrou no quarto e apontou pra bagagem, que estava encostada no portal. Ele correu o olhar por todo o quarto sem disfarçar, lembrando-se da noite anterior. Dispersou o pensamento rapidamente. Antes que ele se abaixasse para pegar as coisas dela, foi surpreendido.


                - Ei! – Fátima chamou. – Isso é seu. – ela balançou a camiseta dele, aberta nas mãos dela.


William sorriu e fez Fátima trepidar com aquela cara de safado. Ela jogou a camisa pra ele, que a pegou no ar. Ele levou a roupa no nariz e fungou longamente nela toda. Fátima ficou assistindo a cena, excitada e surpresa.


                - Porque tá fazendo isso? É sua! – ela perguntou, indignada.


                - Eu sei, mas você estava vestida com ela que eu lembro. Está cheirando você... – ele sorriu, maliciosamente.


                - Então para de fazer isso na minha frente! – ela o reprimiu, franzindo o cenho e com as bochechas avermelhadas de vergonha.


William gargalhou do constrangimento dela.


                - Tá bom, então vira de costas. – e voltou a cheirar a camiseta.


Fátima riu, mas fez cara de brava novamente.


                - Anda William, desce logo com essa mala!


Ele seguiu a ordem dela, rindo e descendo na frente com toda bagagem. Fátima respirou fundo com a cena que acabara de acontecer. Conseguiu o que queria, que era provocá-lo, mas não esperava que ele fosse fazer isso na frente dela sem disfarçar. Aliás, tinha um ligeiro receio de que apenas ela tinha esse hábito bobo de relembrar o cheiro dele. Ficou feliz sabendo que não era.


                Almoçaram juntos, mas ficaram em silêncio. Enquanto William foi até o banheiro após o almoço, Fátima guardou sua bagagem no porta-malas. Foi até a cozinha, se despediu da cozinheira e agradeceu sinceramente todo o cuidado que ela teve com os dois durante todo aquele período. Desceu até o jardim, tentando enrolar até que William saísse do banheiro, não queria ir embora sem se despedir dele. Caminhou a esmo pelo jardim, fingindo que estava apenas respirando ar puro. Apanhou uma goiaba do pé e deu uma mordida nela. Olhou pra dentro da casa, tentando enxergar se William estava vindo. Viu quando ele atravessou a porta da varanda e veio caminhando até o carro. Jogou a goiaba longe, limpou a boca e parou na lateral do seu próprio carro. William destravou as portas do carro dele com a chave. Fátima estremeceu de medo dele entrar no carro e ir embora, ignorando a presença dela ali. Nunca mais olharia na cara dele se ele fizesse isso. Ele abriu a porta, jogou uma pasta no banco do passageiro, enquanto ela o observava disfarçadamente. Ele bateu a porta, se escorou com uma mão no carro dela e perguntou:


                - E aí, vamos postar corrida novamente? – e riu. Estava maravilhoso no sol com aqueles óculos escuros.


                - Ah, sem chance! Essa foi a coisa mais ridícula que eu já fiz na minha vida. Nem eu acredito que fiz isso.  – ela sacudiu a cabeça negativamente.


                - É? Mais ridícula do que se envolver com seu pior inimigo? – ele lançou um sorriso desafiador.


                - Eu já disse que você nunca foi meu inimigo. Nunca odiei você. Mas não, não existe nada mais ridículo do que ter me envolvido com você. – ela deu um sorriso quase imperceptível.


William deu a volta no carro. Parou ao lado dela, encostado no capô e ela na porta do motorista. Fátima permaneceu imóvel.


                - Nunca me odiou? E sente o quê agora?


                - Não sei definir.


                - E não vai perguntar o que EU sinto?


                - Se eu não perguntei, é porque não quero saber. – ela riu e ele também


                - Não tem problema, eu te respondo mesmo assim.


William impulsionou o corpo pra cima do dela. Encostou Fátima na porta do carro. Ela ficou entre o carro e ele. Ela sentiu o coração disparar e a respiração de William no rosto dela. Ele encostou a boca no lóbulo da orelha dela e sussurrou em seu ouvido:


                - Te respondo do meu jeito.


Fátima se arrepiou e fechou os olhos. Sentiu a boca de William tocar na dela imediatamente depois. Se beijaram no sol, encostados no carro de Fátima. William deslizou as mãos pela cintura dela e apertava-a com força. Com a mão na nuca dele, Fátima se deliciava com mais um beijo, que enlouquecia-a todas as vezes. Pararam de se beijar e se abraçaram.


                - Vou sentir saudades de morar com você. Nunca vou esquecer essa casa. – ele olhou carinhosamente pra ela.


                - Eu também vou... De verdade. – ela sorriu pra ele.


William se desencostou dela.


                - Vá com cuidado.


Ela abriu a porta e entrou no carro.


                - Claro! Sempre! – deu uma piscadela pra ele.


                - Me dê um alô quando chegar. Liga, manda mensagem, sei lá. Tá?


                - Não cansa de mim mesmo, hein? – ela riu.


William gargalhou, sacudiu a cabeça e caminhou até o carro dele. Acenou pra ela enquanto ela dava ré no carro. Observou Fátima manobrar e atravessar portão afora. Deu uma última e longa olhada para aquela casa. Respirou fundo e sorriu. Entrou no carro e dirigiu até o portão, olhando pelo retrovisor. Queria guardar a lembrança da casa da serra pra sempre.


                Fátima ligou o som do carro no volume máximo suportável. Ouvia Pompeii (Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=F90Cw4l-8NY), da banda Bastille e cantarolou em voz alta. “But if you close your eyes, does it almost feel like nothing changed at all? But if you close your eyes, does it almost feel like you’ve been here before, how am I gonna be na optmist about this?”. Era exatamente essa sensação que ela sentia. Tudo havia mudado, mas ela estava retornando para o mesmo lugar de onde saiu com o coração completamente transformado. Poderia ser otimista quanto a isso? Como seria a partir dali? O que o destino reservou a ela? Incluía William? Que diabos aquele homem era pra ela? Nem ela mesmo sabia. Não sabia o tamanho de sua importância, não sabia a dimensão do pedaço de seu coração que ele ocupou. Não sabia nem ao menos por quanto tempo duraria. Mas estava verdadeiramente encorajada a pagar pra ver, a aceitar o desafio e a enfrentar de peito aberto. Aquele frio na barriga, aquela taquicardia e aqueles arrepios que ela sentia ao senti-lo e ao aproximar-se dele deviam significar alguma coisa. Respirou fundo, olhou em linha reta. Estava pronta. Pronta pra voltar para sua nova vida. Pronta pras mudanças que ela traria. Pronta pra todas as surpresas que estavam reservadas. Pronta  e feliz. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 40



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  • karlalr Postado em 13/05/2015 - 18:04:32

    Linda linda linda

  • FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:52:03

    http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer

  • FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:51:36

    Amanda, adorei a Fic. parabéns. acompanhei todos os capítulos. escrevo uma fic também se puder divulgar obg. http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer

  • dii_paulla Postado em 01/10/2014 - 00:39:27

    Eu to feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz pq o final foi simplesmente o melhor de todos os tempo, e triste pq foi o fim. Vc deve continuar escrevendo. Faz outra fic dos tempos atuais, tenho certeza q vai ser ¨®tima!

  • neucj Postado em 01/10/2014 - 00:04:32

    Poxa uma pena q a fic acabou,vc escreve muito bem. Parabéns!!! Vc devia escrever outra fic nos tempos atuais, seria ótimo.

  • andersen Postado em 30/09/2014 - 23:36:39

    continua a escrever, vc é ótima parabéns

  • luiza_piedras Postado em 30/09/2014 - 22:18:18

    Cara, você acabou com meu emocional esses meses que acompanhei a fic, e de verdade, uma parte de mim "morreu" hoje, com esse último cap. Você escreve muito bem, devia continuar!! Parabéns, amei a fic ♥ Bjoos

  • andersen Postado em 29/09/2014 - 18:53:20

    Que lindo esse capitulo, to emocionada até, só falta ser trigêmeos hahaha

  • dii_paulla Postado em 26/09/2014 - 00:32:11

    Tomara q ela conte logo da gravidez. De preferência no próximo cap. A cada dia q passa a fic fica melhor. Ansiosicima pelo próximo cap. :D

  • ma_bassan Postado em 25/09/2014 - 17:56:24

    Cada dia que passa fico mais apaixonada por essa historia!Pois parece ser mais real do que o normal,nunca tinha lido uma fic deles tão perfeita, que descreve tudo e cada detalhe !!!Perfeita perfeita, esses dois marrentinhos e perfeitos


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