Fanfics Brasil - Capítulo 24 A aposta (Continuação)

Fanfic: A aposta (Continuação) | Tema: Fátima Bernardes William Bonner


Capítulo: Capítulo 24

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                As pernas estavam entrelaçadas, como um nó. A única iluminação do quarto era um abajur, na mesa de cabeceira. William espreguiçava, se contorcendo, completamente nu. Fátima estava deitada do lado dele, com os braços pra cima e o corpo todo exposto. William se encolheu, passando a perna em cima das coxas dela e acariciando sua barriga e seus seios. Se aninhou no pescoço dela, sonolento. Fátima olhou no relógio do celular e já eram quase cinco da manhã. Passou a mãos nos cabelos de William, que levantou a cabeça e olhou pra ela, sorrindo.


                - Sono? – ele perguntou.


Fátima sacudiu a cabeça, indicando que não. William passou a mão no rosto dela e ficou olhando, com cara de bobo. Fátima riu.


                - Que foi?


William sacudiu a cabeça, como se saísse de um transe. Sorriu pra ela.


                - Não, nada. Tô assustado com a proporção que está tomando o que eu estou sentindo por você. - Fátima engoliu seco. Ficou em silêncio, olhando pra ele. – Estou me apaixonando muito por você...


Fátima sorriu sutilmente, acariciando o rosto dele. Respirou fundo,  confusa sobre o que deveria falar.


                - E como é que a gente vai resolver isso?


William abaixou a cabeça.


                - Eu não sei... São tantas coisas ao mesmo tempo se passando pela minha cabeça. Mas eu juro que não quero pensar nisso agora... – ele beijou a boca de Fátima.


                - Eu também não quero! – ela se embaraçou nele, cheirando-lhe e dando beijos carinhosos, salpicados pelo  pescoço.


Voltaram a se olhar. Fátima quebrou o silêncio.


                - Você entregou seu artigo?


                - Ainda não.


                - Não? Porquê?


                - Ainda to acrescentando alguns detalhes. E também não decidi qual vai ser o título. Sou muito auto crítico e perfeccionista, nunca fico plenamente satisfeito. E você?


                - Eu já. Você falou com a Lúcia?


                - Sim.


                - E o que ela te disse?


                - Que só iria ler quando voltasse da licença. Por isso que estou aproveitando pra ganhar tempo.


                - Hum... – ela se desvencilhou dele. - Ai, vou no banheiro, já volto!


Ela se levantou da cama e desfilou na frente dele, nua. William acompanhou o andar dela, até que ela entrasse no banheiro. Depois, correu os olhos por todo o quarto dela. Era delicado, feminino e autêntico, como ela. Mas algo chamou sua atenção. Na parede ao lado da cama, havia um mosaico de quadros. Dentro deles, frases que pareciam ser um texto. Deitado, William rastejou tentando se aproximar para ler melhor. Era a letra da música Sampa, do Caetano Veloso. Franziu o cenho e achou interessante e curioso. Pouco depois, Fátima retornou pra cama. Veio engatinhando dos pés da cama até a cabeceira e se aninhou nele, deitando em seu peito. William passou os dedos por entre os cabelos dela, carinhosamente. Mas não resistiu em perguntar.


                - Você é fã do Caetano?


Ainda deitada, Fátima respondeu sem olhar pra ele.


                - Não, só de uma música dele.


                - Que seria Sampa?


                - Sim. – ela levantou a cabeça, olhando pra ele. – Como você sabe?


William apontou para os quadros na parede.


                - Ah! – Fátima riu. – Verdade, nem lembrei dos quadros. Então, essa música me marcou muito pela letra. Meu trabalho de conclusão na faculdade foi um documentário sobre a cidade de São Paulo, graças a ela. Tem uma letra profunda, que permite várias e várias interpretações. Aí, achei esse mosaico com a letra dela emoldurada numa feirinha lá no Parque do Ibirapuera, quando eu ainda estava desenvolvendo meu documentário, e enlouqueci, comprei na hora.


                - Eu nunca parei pra prestar atenção nela. Interessante...


                - É genial! Meu trecho preferido é: “E foste um difícil começo, afasta o que não conheço. E quem vem de outro sonho feliz de cidade aprende depressa a chamar-te de realidade, porque és o avesso do avesso do avesso do avesso”. Não é fantástico? Eu já pensei em tatuar na lateral do meu quadril “Avesso do avesso”. Não me falta coragem, só me falta tempo. Pra mim, é uma poesia. É extraordinário como ele joga com as palavras. Fez eu me apaixonar por São Paulo e querer conhecer melhor. Não sei como nunca pensei em morar lá...


William sorriu. Fátima o surpreendia freqüentemente. Ela não se parecia em NADA com a pessoa que ele imaginava que ela era. Era uma mulher muito mais incrível, apaixonante, inteligente e sensível. Aquelas palavras dela ficaram marcadas nele de alguma forma. Sentiu vontade de abraçá-la, e abraçou. Puxou ela, rolou pro lado e se enroscou nela de forma que o calor do corpo dela esquentasse-o também. Beijou-a várias vezes e deixou transparecer totalmente a admiração que ele sentia. Fátima olhou pra ele, com os olhos sorridentes.


                - Posso te pedir uma coisa? – ela disse.


                - Claro! O que você quiser!


Fátima hesitou um pouco, mas falou.


                - Passa a noite comigo? – ela olhou carinhosamente pra ele, com o olhar pidão.


                - Você tem certeza? Quer mesmo que eu fique?


                - Quero.


Ele abriu um sorriso largo.


                - Então eu fico.


Fátima sorriu e rolou pra cima dele na cama.


                - Isso é: se você conseguir dormir essa noite... – Ela mordeu a orelha dele, que passou a mão no bumbum dela, subindo pelas costas. Fizeram amor novamente. Terminaram apenas quando o dia já havia amanhecido. Dormiram emaranhados e exaustos na cama de Fátima.


               


 


***


 


 


                Já passavam das duas da tarde. Fátima despertou, de bruços na cama. Olhou para os lados e não viu William ao lado dela. Em cima do travesseiro, um bilhetinho. Sonolenta, ela custou abrir os olhos a ponto de conseguir lê-lo.


               


 


Bom dia, meu bem!


Por volta de 12:00, estava eu, dormindo pelado na cama da mulher mais linda e marrenta que já conheci, quando de repente eu acordo com seu interfone berrando. Era o porteiro avisando que seu “acompanhante”, no caso eu, estacionou em um local proibido, pedindo por favor que ele tirasse antes que o carro fosse guinchado. Desci, mas vi que sua rua é muito movimentada e não tinha mais nenhuma vaga aqui por perto... Então resolvi dar um pulo na padaria de frente, comprei café pra você e vim pra casa. Desculpe não ter te acordado, fiquei com pena... Obrigado pela noite perfeita e pela cama deliciosa. Lembro-me de te dizer que você é incrível, mas acho que a palavra que te define ainda não foi inventada. Por favor, me dê um alô assim que acordar. Bom apetite (espero que goste)!


 


W.


 


 


Fátima respirou fundo e sorriu. Levantou faminta e foi até a sala. Na mesa, algumas rosquinhas e um copo de capuccino. Ele tinha deixado um chocolatinho pra ela também. Fátima riu da tentativa dele de agradá-la. Tomou um belo banho e olhou seu celular. Oito chamadas de Alice. Fátima franziu a testa, irritada. Aquele dia pra ela seria recheado apenas de descanso e um pouquinho de trabalho, visto que ela estava trabalhando em uma coluna e precisaria assistir uns documentários. Não sentiu vontade de almoçar. Deu uma ligeira ajeitada na casa. Olhou para o celular. Sem pensar muito, escreveu:


 


                   Ei!


                   Adorei o café e o bilhete.


                   Obrigada por cuidar do meu porre fake.


                   A noite foi maravilhosa.


                   A gente se fala... Bjs.


 


 


A resposta não demorou muito a chegar.


               


 


                Trabalhando.


                Eu saio do artigo, mas o artigo não sai de mim.


                Pensando em você...


                100000 bjs.


 


Fátima não respondeu mais. Se atolou em seus documentários e foi tudo o que fez naquele domingo. Exausta, dormiu, se aproximando do começo de mais uma semana que viria.


 


***


                Naquela segunda feira, o coração de Fátima amanheceu ligeiramente apertado. Ela não conseguia nem imaginar o motivo, atribuiu às preocupações com o trabalho. Ainda teria que enfrentar Alice, cheia de perguntas, questionamentos e cobranças. Ou não, talvez a amiga nem olhasse na cara dela. Fátima, honestamente, nem ligava muito, sabia que Alice tinha esse temperamento difícil, mas no fim das contas as duas sempre faziam as pazes. Mas a partir de agora, ela queria afastar de si mesma tudo de negativo, tudo que a atrasasse ou não a fizesse bem. Entrou na redação naquela manhã. William estava na mesa dele, conversando com um designer gráfico da revista. Ele apenas sorriu pra ela, que retribuiu o sorriso. Fátima cumprimentou a todos com um “Bom dia” coletivo, mas apenas Alice não respondeu. Fátima ignorou o fato, sentando em sua mesa em silêncio. Na hora do almoço, na cantina, sentou-se sozinha na mesa, porque desceu um pouco mais tarde que o resto do pessoal, então o refeitório estava bem vazio. Alice se aproximou pela lateral dela.


                - Fátima, posso falar com você?


Acabando de mastigar, Fátima respondeu:


                - Claro! Senta aí.


Alice sentou-se de frente pra ela.


                - Tá tudo bem? – Ela questionou. Fátima assentiu com a cabeça, mas também respondeu.


                - Tudo. E com você?


                - Sim. Mas eu não estou aqui pra falar de mim. Quero saber de você. Teve uma atitude mega estranha no sábado, desapareceu no domingo, não me atendeu e não me retornou. Eu estava super preocupada. Você pode me explicar o que está acontecendo?


Fátima sentiu uma pontada de culpa. Mas tentou expulsá-la rapidamente. Não permitiria que a amiga interferisse na sua vida daquela forma.


                - Alice, olha só... Eu estava bêbada. Me desculpe se te tratei mal, eu só não queria você tentando dizer o que é ou não melhor pra MINHA vida. Você me sufoca, me observa o tempo todo, me interroga, quer tomar conhecimento de tudo o que se passa comigo, enfim. Não agüento mais isso e quero que você pare de tentar me controlar.


                - Não, pára de inventar mil desculpas. Eu quero que você me conte de uma vez por todas o que está acontecendo entre você e o William.


Fátima engoliu seco.


                - Como?


                - Sim, é isso mesmo e não finja que não está entendendo o teor da minha pergunta. Quero que me fale AGORA.


Fátima sentiu o sangue subindo à sua cabeça.


                - Alice, desculpa, mas eu não te devo satisfações. Mesmo.


                - Você não vai me contar, Fátima? É sua última chance.


Fátima gargalhou na cara dela.


                - Com licença, Alice. – ela abandonou o prato de comida pela metade em cima da mesa. Levantou-se da cadeira, pegou sua bolsa e subiu, deixando Alice sozinha fuzilando-a com o olhar. Já na cozinha da redação, bebeu um copo de água pra se acalmar. Voltou ao seu trabalho e tentou não pensar no que tinha acontecido. Não deixaria que Alice atrapalhasse ou perturbasse sua paz com essas insinuações ridículas. Jamais.


 


***


                A semana se transcorreu normalmente. Estavam muito atarefados, era a última semana da licença de Lúcia. O fim do mês se aproximava e, com ele, finalmente essa dúvida a respeito do cargo acabaria. Aí sim, Fátima e William poderiam avaliar o futuro da história deles realmente, possuindo uma relação de chefe e subordinado(a), não mais de adversários. Mas a incerteza não impediu que dessem continuidade naquilo que era mais forte do que os dois. Saíram após o expediente quase todos os dias. Por três dias, jantaram tranquilamente, conversaram e seguiam cada um para suas respectivas casas, não sem antes trocarem uns amassos no carro. Mas em quatro dias daquela semana, o programinha inocente e romântico acabou na cama, com um sexo de tirar o fôlego. Cada vez que transavam era mais gostoso, a cada toque se sentiam mais íntimos e mais a vontade um com o outro. Fátima achava quase insuportável imaginar sua vida sem ele, agora. Sem os beijos e o cheiro dele, sem aquele sorriso safado, que fazia-a se desmanchar por inteira. Sem os toques dele, sem seus dedos suaves fazendo-a arrepiar e sem sua língua travessa, que conhecia muitíssimo bem cada trechinho do corpo dela. William por sua vez, se sentia cada vez mais envolvido. Pensava nela muitas vezes. A melhor hora de seu dia era quando se encontrava com Fátima. Fazer amor com ela era inexplicável, mas não era apenas isso que importava pra ele. Ouvi-la conversar, ver seu sorriso, descobrir aos pouquinhos o jeito, o temperamento e as manias dela o completava realmente. Ele ainda não a conhecia plenamente, mas  conhecia o suficiente pra saber que ela mexia com ele de um modo único.


                A noite do domingo que antecedia o retorno de Lúcia para a redação na segunda-feira foi especial. Almoçaram juntos em um restaurante resort, na saída da cidade. A tarde, fizeram uma sessão de filmes, indicados por William, mas no apartamento de Fátima. A noite, fizeram amor e comeram comida japonesa na cama. Riam muito juntos e conversavam sobre os mais diversos assuntos. Falavam de relacionamentos anteriores, experiências amorosas frustradas e decepções decorrentes disso. Fátima sentiu uma pontada de vontade de fazer duas perguntas, mas quis prepará-lo antes. Não queria quebrar o clima ótimo em que estavam.


                - Posso te fazer duas pergunta um tanto quanto delicadas, eu acho?


William aparentou naturalidade.


                - Pode.


                - Primeira: Você já pensou na aposta que fizemos? Já pensou no que vai me pedir, caso você consiga o cargo?


                - Sim.


Fátima respirou fundo.


                - Tá bom, agora a segunda pergunta: Nunca me esqueci de quando conversamos lá na casa de Petrópolis, naquela noite na varanda bebendo vinho, lembra?


                - Lembro, claro!


                - Então... Você foi enfático quando disse que aprendeu às duras penas que precisa sempre priorizar os seus interesses antes de pensar nas outras pessoas... – William desviou o olhar e respirou fundo. Fátima percebeu, mas decidiu prosseguir. – Alguém em algum momento puxou seu tapete? No trabalho, talvez? Ou na vida pessoal... Pra fazer com que você pensasse e agisse assim? – William ficou calado e ela percebeu uma angústia no olhar dele. Fátima imediatamente se arrependeu de ter perguntado. – Ai William, me desculpa! Eu não devia ter falado isso, eu... – ela foi interrompida por ele.


                - Não, não tem problema. Eu respondo. – Ele ficou visivelmente mexido. Mas continuou. – Antes de trabalhar na revista, eu fui colunista de um jornal de bairro em São Paulo. Trabalhei lá por dois anos, aquele jornal era minha vida. Eu era completamente apaixonado pelo que eu fazia, dava meu sangue por aquela equipe. Com seis meses que eu estava lá, eu... me envolvi com uma colega de trabalho. – Fátima engoliu seco enquanto ouvia, curiosa pelo que viria. – A gente se apaixonou assim que nos conhecemos, eu a ajudei muito no período de adaptação dela na redação, ela era recém formada... De início, a equipe tinha uma certa implicância com ela por ser novata e inexperiente, mas eu fiz com que ela se entrosasse com todos e passasse a ser respeitada e bem aceita. Todos sabiam do nosso relacionamento, isso nunca foi um problema. Eu a vi desabrochar como uma excelente jornalista, vibrava com cada conquista dela, ela conseguiu uma coluna fixa na edição semanal. Estávamos pensando em nos casar, quando veio a última promoção dela... A última que eu acompanhei, eu quero dizer. Ela ganhou uma chefia de reportagem no caderno de política, que era o qual eu escrevia.


                - Então ela virou sua chefe? – Fátima o interrompeu.


                - Sim. Mas isso pra mim não era problema algum, de verdade. Foi aí que eu descobri... – ele pausou e coçou a cabeça.  - ...que a empresa precisou fazer um remanejamento da equipe e eu fui cortado. Por ela. Ela quem pediu que me cortassem. – Fátima observava calada, incrédula. Ficou meio confusa. – Mas isso não foi o pior, de maneira alguma. Imediatamente quando isso aconteceu, eu fui tentar descobrir o que havia acontecido, só podia haver um engano. E pra minha surpresa, não só não estava havendo engano nenhum, como também ela estava tendo um caso com o nosso superior, que era casado. – Fátima arregalou os olhos. Viu uma tristeza profunda nos olhos dele. Sentiu uma pena esmagadora da decepção que ele havia sentido. Nunca imaginou que William havia passado por uma situação assim. Ela aguardou que ele concluísse.


                - Depois disso, alguns dos meus chefes tomaram conhecimento do acontecido e quiseram me incluir novamente em uma outra coluna, me ofereceram um salário maior, uma coluna fixa, enfim. Eu recusei todas as ofertas, desmontei a casa que eu tinha montado com ela para quando a gente se casasse e vim embora pro Rio de Janeiro. Foi quando eu entrei na revista. Foi uma decisão difícil, sair de São Paulo era a última coisa que eu queria, eu tinha muita perspectiva de crescimento, mesmo que eu tivesse ficado. Mas o que ela fez me dilacerou de tal forma por dentro que eu não queria mais nenhum tipo de contato, não queria saber dela, não queria nada que me lembrasse ela. Eu achei que talvez a única forma de eu tocar minha vida seria indo embora pra outro lugar, conhecer pessoas que não sabiam nada do meu relacionamento com ela e não fossem ficar me perguntando porquê rompemos o noivado e tal. Depois disso, eu me transformei em um outro William, completamente oposto ao que eu era. E muitas dessas características minhas são reflexos de uma decepção que eu não conseguiria aqui descrever pra você o tanto que isso acabou comigo e me mudou.


Fátima estava sem palavras. Não podia imaginar o que era passar por isso, mas podia perceber pelo tom de voz dele que realmente foi um tombo muito alto. Sentiu vontade de abraçá-lo, acalentá-lo e não deixar que nada o ferisse mais. Ele não merecia. Ninguém merecia uma traição assim, no âmbito pessoal e profissional ao mesmo tempo. Se atreveu a perguntar.


                - E hoje? O que você sente quanto a isso?


William sacudiu a cabeça.


                - Eu nunca falo sobre isso, mas não dói mais. Não sinto mais nada por ela, não penso mais nela, não sinto nem raiva... Eu sinto por ela uma indiferença absoluta. Não sinto nada. Sabe como é uma pessoa ser pra você a mesma coisa que aquela cadeira ali? É ela pra mim. Eu nunca mais a vi. Já fiquei sabendo notícias dela, quando vou pra São Paulo sempre tem alguém que conta... mesmo sem eu perguntar. Por muito tempo eu evitei criar vínculo com qualquer mulher. Nunca me permitia ficar apaixonado, me envolver seriamente com ninguém. Não foi proposital, era meio inconsciente. Parece que eu criei uma espécie de blindagem. Até que... – ele pausou e sorriu.


                - Até que o quê? – Fátima perguntou, quase parando de respirar.


                - Até que apareceu você. E me revirou do avesso novamente. Trouxe de volta meu sorriso, meu suor nas mãos e meu coração disparado. Espero que agora, sabendo dessa história, você entenda melhor essa minha sutileza de um rinoceronte... – William riu.


Fátima riu, com os olhos marejados. Acariciou o rosto dele. E sentiu, com todo seu coração, uma vontade forte de dizer algo a ele:


                - E eu prometo pra você, de verdade, que eu nunca vou mentir pra você. Nunca. Nunca mesmo. Eu prometo.


William sorriu e beijou Fátima. E depositou naquele beijo toda a sinceridade que ele conseguiu.


Bem mais tarde, já no início da madrugada, se despediam na porta do apartamento de Fátima. Ela estava nua, vestida apenas com um roupão. Se beijavam abraçados, como um casalzinho apaixonado, que de fato eram.


                - Obrigada por confiar em mim. Me senti muito honrada por você ter aberto pra mim uma história tão delicada e tão sua. – ela falou seriamente, mas como muita ternura.


William sorriu, com os olhos brilhando. Beijou a boca dela e caminhou até o elevador. Ficaram se olhando até que o elevador se fechasse completamente. Ela ainda pôde ver o olhar dele através da última frestinha. Entrou em casa e se deitou, na mesma cama que acabara de fazer amor com ele várias vezes. Sentiu mil coisas ao mesmo tempo. Sentia uma espécie de admiração, misturada com um grande pesar por tudo que ele já havia passado. Entendeu subitamente o porquê daquele jeito agressivo, egoísta e egocêntrico, como ele sempre se comportou. Entendeu porque ele nunca fez questão de que os dois tivessem uma boa relação, ele sempre agiu com uma retaguarda que sempre fora um mistério pra ela. Agora, não era mais. E ela pôde compreender, verdadeiramente. Viu nele uma fragilidade emocional imensa, oriunda de um grande sofrimento. Prometeu a si mesma que jamais o magoaria. Queria fazer por merecer o coração que ele a entregou. Esperava, com todas as suas forças, que ele também o fizesse. Naquela noite, Fátima conheceu um outro William, que despertava-lhe mais confiança. Fechou os olhos e dormiu, com o coração em paz. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 40



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  • karlalr Postado em 13/05/2015 - 18:04:32

    Linda linda linda

  • FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:52:03

    http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer

  • FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:51:36

    Amanda, adorei a Fic. parabéns. acompanhei todos os capítulos. escrevo uma fic também se puder divulgar obg. http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer

  • dii_paulla Postado em 01/10/2014 - 00:39:27

    Eu to feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz pq o final foi simplesmente o melhor de todos os tempo, e triste pq foi o fim. Vc deve continuar escrevendo. Faz outra fic dos tempos atuais, tenho certeza q vai ser ¨®tima!

  • neucj Postado em 01/10/2014 - 00:04:32

    Poxa uma pena q a fic acabou,vc escreve muito bem. Parabéns!!! Vc devia escrever outra fic nos tempos atuais, seria ótimo.

  • andersen Postado em 30/09/2014 - 23:36:39

    continua a escrever, vc é ótima parabéns

  • luiza_piedras Postado em 30/09/2014 - 22:18:18

    Cara, você acabou com meu emocional esses meses que acompanhei a fic, e de verdade, uma parte de mim "morreu" hoje, com esse último cap. Você escreve muito bem, devia continuar!! Parabéns, amei a fic ♥ Bjoos

  • andersen Postado em 29/09/2014 - 18:53:20

    Que lindo esse capitulo, to emocionada até, só falta ser trigêmeos hahaha

  • dii_paulla Postado em 26/09/2014 - 00:32:11

    Tomara q ela conte logo da gravidez. De preferência no próximo cap. A cada dia q passa a fic fica melhor. Ansiosicima pelo próximo cap. :D

  • ma_bassan Postado em 25/09/2014 - 17:56:24

    Cada dia que passa fico mais apaixonada por essa historia!Pois parece ser mais real do que o normal,nunca tinha lido uma fic deles tão perfeita, que descreve tudo e cada detalhe !!!Perfeita perfeita, esses dois marrentinhos e perfeitos


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