Fanfics Brasil - Capítulo 28 A aposta (Continuação)

Fanfic: A aposta (Continuação) | Tema: Fátima Bernardes William Bonner


Capítulo: Capítulo 28

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              Quinze dias se passaram. Era, finalmente, o último dia de trabalho de Lúcia. Dentro da sala que a partir daquele dia seria de Fátima, as duas faziam a mudança. Lúcia encaixotava alguns documentos e papéis que ainda restaram em seu armário. Fátima, por sua vez, transferia seus livros pra uma prateleira enorme, ao lado da mesa. O clima não era de tristeza e despedida e sim de alegria e empolgação. Fátima sentia um misto de ansiedade com nervosismo. Mas desafios não a amedrontavam. Pelo contrário, a instigavam a vencê-los da melhor forma possível.


Agachada com uma gaveta de metal aberta em frente os seus joelhos, Fátima terminava de organizar uma pilha de documentos por ordem alfabética. Ela se levantou e caminhou até a mesa, em silêncio. Fuçou em alguns papéis, descartando vários deles. Lúcia se encontrava sentada na lateral da mesa, passando um pano úmido na poeira dos livros que encaixotava. Olhou pra Fátima e decidiu quebrar o silêncio com uma pergunta relativamente ousada.


                  - Fátima... Posso te fazer uma pergunta?


Fátima levantou a cabeça e olhou pra ela.


                               - Claro!


                               - Em que pé está sua história com o William?


Fátima abaixou a cabeça. Não esperava uma pergunta como aquela, não fazia idéia de que Lúcia sabia disso. Quem teria confirmado? Teria sido William? Ou ela teria desconfiado, por algum motivo? Lembrou-se do jantar de comemoração, há duas semanas atrás. Poderia ter sido naquela ocasião que todos notaram o clima que rolava entre os dois. Fátima sacudiu a cabeça. Não olhou pra Lúcia, respondeu de cabeça baixa.


                               - Não está em pé nenhum. Acabou. – o olhar de Fátima ficou melancólico. Lúcia percebeu.


                               - Fátima, Fátima... Você sempre sendo tão cruel com você mesma...


Fátima olhou pra ela, franzindo o cenho.            


                               - Como assim?


                               - Querida, eu te conheço há tantos anos... Você sabe! Te conheço desde que você era uma menina de 17 pra 18 anos, recém aprovada no vestibular. Me lembro como se fosse ontem de vê-la sentada em uma cadeira da primeira fileira de uma sala com 70 alunos. Você estava assustada, calada e ansiosa para o início de um caminho que foi tão longo... Mas mesmo assim, sorriu pra mim quando me olhou. Foi por isso que gravei seu rosto na minha memória, mesmo com aquela quantidade de alunos, eu me lembrei do seu nome na primeira semana. Você era uma das minhas melhores alunas. Todos os professores concordariam comigo sobre você. Quando vou entrou na sala dos professores procurando por mim e com um currículo na mão, questionando se eu não poderia indicá-la para um estágio, eu nunca tive medo de me decepcionar com você. Eu sempre soube que você agarraria com todas as forças qualquer oportunidade que eu te desse. Quando te coloquei como estagiária aqui na revista, você ainda estava muito no início da faculdade, sabia muito pouco. Mas eu tinha certeza que você se destacaria rapidamente, como de fato você se destacou. Sabe quantas pessoas aqui dentro dessa empresa foram contratadas como profissionais antes de se formarem? – Fátima sacudiu a cabeça, negativamente. – Uma. Você. E não foi uma decisão minha, seu trabalho foi reconhecido por nossos superiores. ELES quiseram efetivar você e eu apenas concordei, é claro. Talvez você não saiba, mas eu sou muito instintiva, eu consigo conhecer muito bem a personalidade das pessoas com as quais eu convivo. Com você não foi muito diferente. Eu sei que você já abriu mão de muitas coisas que jovens da sua idade faziam, apenas por levar muito a sério as suas responsabilidades com seu trabalho e seus estudos. E você não está errada por ser assim. Mas querida, você é muito dura com os seus sentimentos. Eu sei que você está se perguntando como eu fiquei sabendo disso... Tenho certeza de que também passou pela sua cabeça que foi o William que me contou. – Fátima desviou o olhar e abaixou a cabeça, impressionada com a capacidade que Lúcia tinha de interpretá-la. – Eu te respondo. Não, não foi ele que me contou. Ele não mencionou nada a esse respeito. A partir do momento que eu fui alertada que isso poderia estar acontecendo, sem querer eu acabei tendo certeza, apesar de não ter nenhuma intenção de me meter na intimidade de vocês. Quando você entrou na minha sala naquela tarde e eu entreguei nas suas mãos o artigo do William, pela sua reação eu pude perceber. Não só percebi que vocês estavam envolvidos, como percebi que todo o conteúdo daquele bendito artigo se tratava de vocês dois. Você tentou MUITO disfarçar, você respirou fundo e engoliu seco diversas vezes, mas seus olhos estavam transbordando de estupefação e decepção, eu senti um arrependimento imenso por ter te mostrado aquilo de repente, como eu fiz. E antes que você me pergunte, não, eu não perdi a confiança em você por você ter mentido pra mim que aquela história não era de vocês. Eu entendo completamente a sua necessidade se resguardar e sei que você fez isso para não prejudicá-lo. Eu admiro tanto essa sua capacidade de, até em um momento de raiva e tristeza, você ainda conseguir pensar nas outras pessoas... Suponho também que o término de vocês tenha acontecido em decorrência desse artigo, não é? – Fátima concordou com a cabeça, mexida, emocionada e constrangida. – Eu te diria que eu também consigo entender o motivo de sua decepção. Ser pega de surpresa, nesse caso, não deve ser nada fácil. Mas o fator agravante pra essa sua insatisfação, tenho certeza que foi porque envolveu o trabalho. Expôs você no seu ambiente de trabalho, misturando o pessoal com o profissional e isso pra você é inadmissível. Estou errada?


Fátima abaixou a cabeça novamente. Sacudiu a cabeça negativamente, afirmando pra Lúcia que ela estava certa. Não sabia o que falar, estava surpresa e sentiu tudo voltando com toda força no coração dela, depois de ouvir Lúcia falar sobre William. Uma lágrima escapou sem que ela conseguisse controlar. Rapidamente, ela enxugou numa tentativa falha de escondê-la.


                               - Me desculpa, eu... Estou feito uma boba, chorando por tudo ultimamente. Não repara, por favor.


                               - Fátima, não faça isso com você, minha filha... Está claro que você está sofrendo com isso, mais do que você gostaria e muito mais do que eu imagino que esteja. Mesmo com todas as suas conquistas, existe sempre um pedacinho de você que não está em paz, não completamente. E eu te digo que o William também está sofrendo. Eu pude perceber nos olhos dele, quando ele fala de você.


Fátima olhou fixamente pra Lúcia.


                - Ele falou de mim pra você? Quando?


                - Quando eu comuniquei a ele que o cargo era seu. Eu o perguntei porque ele achava que você merecia o cargo. E ele me respondeu, me dizendo tudo o que eu já sabia sobre você. – Fátima girou a cabeça, olhando para o nada enquanto refletia. Eram muitas coisas pra ela digerir em um intervalo muito curto de tempo. Lúcia prosseguiu. – Olha... Eu não tenho absolutamente nada a ver com a sua vida, você faz dela o que você bem quiser... Mas como um conselho de mãe, ou de tia, como preferir! – Lúcia sorriu. – Não deixe seu orgulho e seu amor pelo seu trabalho acabarem com a sua vida pessoal. Por mais grave que tenha sido ele fazer uso de uma história particular de vocês pra um artigo profissional, sem te comunicar, eu tenho certeza que ele não estava mal intencionado. Mas você nunca irá esquecer esse episódio. Então, não ache que será possível você apagar o que já aconteceu. Mas vocês podem tentar escrever por cima das linhas rabiscadas. Podem começar uma nova história, onde não exista culpa e nem pressão alguma, exista apenas a vontade de ambos de fazerem com que as coisas dêem certo. Não se martirize, não reprima nada que o seu coração verdadeiramente sente. Isso é cruel, covarde e não funciona, você pode mentir pra um milhão de pessoas, mas jamais conseguirá mentir pra você mesma. – Lúcia se levantou da cadeira. – Vou ali tomar um café, quer que eu traga pra você?


Fátima negou com a cabeça.


                - Não, obrigada.


Esperou que Lúcia saísse da sala, virou-se para a janela e encarou a paisagem lá embaixo. Fechou os olhos e pensou em tudo que ouvira da mulher que sempre fora sua referência profissional. Nunca esperou ouvir aquilo dela. Pensou em William. As lembranças estavam cada vez mais distantes na mente dela. Doía não conseguir mais lembrar do gosto da boca dele e do cheiro de sua pele suada, emaranhado nela após fazerem amor. Da mesma forma, doía demais também lembrar das tantas vezes que ele levantou-se da cama dela para escrever sobre o que tinha acabado de acontecer entre os dois. Era de uma frieza que ela não conseguia entender e aceitar. Seus pensamentos foram interrompidos por três batidinhas na porta de sua nova sala. Ela olhou pra trás, enxugou as lágrimas e respirou fundo, se recompondo.


                - Entra! – Gritou da janela.


A secretária pessoal, antes de Lúcia e agora dela, entrou com as mãos ocupadas.


                - São pra você, Fátima! – ela se abaixou e deixou os presentes em cima da mesa, se retirando da sala em seguida, após ouvir o agradecimento de Fátima.


Ela olhou  pra cada um deles. Era um buquê de flores e um pacote embalado, não dava pra saber o que era, mas era grande e quadrado. Fátima notou que no buquê havia um cartão. Abriu, leu e seu coração encheu-se de emoção.


 


Parabéns pela conquista! Hoje se inicia uma grande e bonita jornada em sua vida e, mais do que nunca, gostaríamos que você soubesse o quanto nos orgulhamos de você.


 


Parabéns, filha!


 


Te amamos muito!


 


Ass: Papai e Mamãe.


 


                Fátima sorriu. Guardou em sua gaveta o cartãozinho. Olhou para o segundo presente. Rasgou o papel, curiosa para saber do que se tratava. Sentiu-se empalidecer quando viu. Era uma foto da casa da serra de Petrópolis, emoldurada em um quadro belíssimo. Viu que havia também um cartão. Leu, incrédula.


 


Essa é uma lembrança física do lugar que te inspirou a escrever brilhantemente cada letra do artigo que te conduziu até essa conquista. Dentre as muitas outras lembranças que esse local te proporciona, essa eu gostaria que você pendurasse na parede para te alegrar cada vez que você entrar na sua sala. Parabéns! Você é uma grande jornalista! Tenho orgulho de trabalhar com você!


 


Com carinho,


 


W.


 


Fátima encarou aquele quadro. A foto foi tirada do jardim, de um ângulo que pegava a piscina e a fachada do casarão. Dava pra ver a janela dos quartos, do de Fátima e de William. Quase todos os locais mais memoráveis pra ela da casa estavam visíveis ali. A piscina, a varanda e as janelas. Estava decidida a pendurá-lo na parede realmente. Mas não faria isso naquela hora, só mais tarde. Embolou o papel do presente e jogou no lixo. Olhou novamente para o cartão dele. Guardou-o na gaveta, junto com o dos pais. Esfregou os olhos, expulsando os pensamentos que tirassem seu foco. Voltou a organizar sua sala e, em silêncio, torceu para que nada mais naquele dia tirasse sua concentração.


 


 


***


 


Eram 19 horas. William descia o elevador em silêncio. O último dia de trabalho de Lúcia tinha sido muito desgastante, mais do que o de costume. Praticamente não viu Fátima, ela passou o dia todo trancada dentro daquela sala, provavelmente organizando suas coisas, ele supunha. Saiu falando ao celular e nem notou se ela já tinha ido embora. Cruzou o estacionamento calmamente. Viu que o carro dela estava estacionado na vaga que ela costumava parar sempre. Girou o corpo e lançou o olhar até a janela da sala dela, no 3° andar do edifício. Estava com a luz acesa. Lúcia se despediu de todos ao ir embora, logo William concluiu que era Fátima que estava lá. Ele entrou dentro do carro e, sem pensar muito, pegou o celular no bolso e discou o número do ramal dela. O telefone chamou duas vezes. Fátima atendeu em um tom de voz calmo e firme.


- Alô?


William perdeu completamente a fala. Não conseguia nem saber o motivo de ter ligado pra ela, ele não tinha nada concreto pra falar. Ficou mudo ouvindo ela falar “alô” do outro lado da linha.


Fátima engoliu seco. Por algum motivo, que ela desconhecia qual era, ela sentiu que era ele na linha. Por duas vezes, falou “alô”, mas desistiu e ficou muda ouvindo a respiração dele. Ela olhou pela janela e viu o carro dele estacionado, três carros à esquerda do dela. Cuspiu o nome dele e se arrependeu logo em seguida de não ter desligado.


                - William?


Ele sentiu seu coração disparar. Pensou em desligar, mas já era tarde, ficaria pior. Bateu na testa, com raiva de si mesmo. Engoliu seco e decidiu encarar as conseqüências do que tinha feito.


                - Oi. Sou eu.


Fátima fechou os olhos.


                - O que foi? Por quê ficou calado no telefone?


                - Eu... eu não sei...


                - O que você quer?


                - Só... ouvir sua voz. – ele pausou. - Mas foi uma bobagem, eu não devia ter ligado, me desculpa...


Ele respirou fundo e desenconstou o telefone da orelha, para desligá-lo, quando ouviu:


                - William... – Fátima chamou, na tentativa de que ele ainda estivesse na linha. E estava.


                - Oi.


Ela coçou a cabeça. Mas prosseguiu.


                - Obrigada pelo presente. É lindo, eu adorei.


William recostou a cabeça pra trás, no banco. De olhos fechados, ele sorriu. Não se arrependia mais de ter ligado. Ouvi-la agradecendo fez valer seu dia e fez também com que ele se enchesse de alegria e esperança de que, algum dia e de alguma forma, conseguisse o que naquele momento era o que ele mais queria na vida: Fátima de volta. 



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Autor(a): bonemerlove

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                Depois daquela ligação, William dirigiu pra casa cantarolando. Nem sabia se tinha motivos pra isso. Mas achou suficientemente animadora a reação dela com o presente. Em certo momento, ele chegou a pensar que ela quebraria aquele quadro na cabeça dele quando o visse. Então, ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 40



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  • karlalr Postado em 13/05/2015 - 18:04:32

    Linda linda linda

  • FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:52:03

    http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer

  • FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:51:36

    Amanda, adorei a Fic. parabéns. acompanhei todos os capítulos. escrevo uma fic também se puder divulgar obg. http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer

  • dii_paulla Postado em 01/10/2014 - 00:39:27

    Eu to feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz pq o final foi simplesmente o melhor de todos os tempo, e triste pq foi o fim. Vc deve continuar escrevendo. Faz outra fic dos tempos atuais, tenho certeza q vai ser ¨®tima!

  • neucj Postado em 01/10/2014 - 00:04:32

    Poxa uma pena q a fic acabou,vc escreve muito bem. Parabéns!!! Vc devia escrever outra fic nos tempos atuais, seria ótimo.

  • andersen Postado em 30/09/2014 - 23:36:39

    continua a escrever, vc é ótima parabéns

  • luiza_piedras Postado em 30/09/2014 - 22:18:18

    Cara, você acabou com meu emocional esses meses que acompanhei a fic, e de verdade, uma parte de mim "morreu" hoje, com esse último cap. Você escreve muito bem, devia continuar!! Parabéns, amei a fic ♥ Bjoos

  • andersen Postado em 29/09/2014 - 18:53:20

    Que lindo esse capitulo, to emocionada até, só falta ser trigêmeos hahaha

  • dii_paulla Postado em 26/09/2014 - 00:32:11

    Tomara q ela conte logo da gravidez. De preferência no próximo cap. A cada dia q passa a fic fica melhor. Ansiosicima pelo próximo cap. :D

  • ma_bassan Postado em 25/09/2014 - 17:56:24

    Cada dia que passa fico mais apaixonada por essa historia!Pois parece ser mais real do que o normal,nunca tinha lido uma fic deles tão perfeita, que descreve tudo e cada detalhe !!!Perfeita perfeita, esses dois marrentinhos e perfeitos


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