Fanfics Brasil - Capítulo 32 A aposta (Continuação)

Fanfic: A aposta (Continuação) | Tema: Fátima Bernardes William Bonner


Capítulo: Capítulo 32

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                Quase dois meses se passaram. Dois meses que passaram muito rápido devido a exaustiva carga de trabalho. A frente de seu cargo, Fátima desempenhava um excelente trabalho. Era elogiada por todos os superiores, pela velocidade em que conseguiu se adaptar a essa nova função e por como havia desempenhado-a nobremente. Os colegas também reconheciam a forma com que ela abordava a equipe e tratava as todos com humildade e paciência. Por pouquíssimas vezes, ela esteve com William. Muitas reuniões e fechamento de edições faziam com que ela almoçasse quase todos os dias dentro de sua sala. Ela chegava mais cedo e ia embora mais tarde do que todos os outros colegas de redação. Eventualmente, o via de longe quando passava pelo corredor ou entrava na sala de impressões. Era uma montanha tão imensa de trabalho que Fátima não tinha tempo para pensar em mais nada. Chegava em casa, se arrastava até o chuveiro e depois ia direto para a cama. Durante esse período, em alguns fins de semana, ela sentiu vontade de ligar pra ele e procurá-lo. Hesitou até desistir. Pensar nele era uma recorrente e dolorosa sensação. Mas esses últimos três dias trouxeram um GRANDE motivo para comemorar. A edição especial da revista havia sido indicada para concorrer a uma premiação. Fátima ainda não sabia detalhes, mas isso já foi suficiente pra fazê-la sorrir novamente.


                Pra William, os dias não tinham sido menos penosos. Ele pensava nela constantemente, mas reprimia todas as vezes que isso acontecia. Era difícil demais lidar com a ansiedade de esperar por ela, aliada a uma raiva de si mesmo por não conseguir se desvincular daquela história de amor. O pior dia pra ele foi quando em casa, se arrumando em um sábado de manhã pra viajar pra São Paulo em visita aos pais, ele vestiu a mesma calça jeans que usava na noite em que fizeram amor na mesa de Fátima, dentro da sala dela. Haviam se passado apenas um dia desse fatídico dia. William achou que a melhor solução para espairecer era mudar de ares e sair de dentro daquele apartamento, que lembrava ela em cada milímetro de cada cômodo. Ele pegou a calça estirada em cima da poltrona de seu quarto e vestiu. Enfiou as mãos nos bolsos, tateando em busca de sua carteira e chave do carro. Sentiu um aperto no peito quando tocou um pedaço de renda minúsculo. Lembrou-se imediatamente do que se tratava. Tirou a calcinha de Fátima de dentro do bolso e milhões de pensamentos invadiram suas lembranças. Ele fechou os olhos e quase podia visualizar aquela calcinha deslizando pelas coxas dela. Nervoso e cego de raiva, William jogou-a pra longe, acertando-a na parede e deixando-a caída no canto do quarto. Uma lágrima escorreu rosto abaixo, mas ele conteve-a engoliu seco pra não chorar. Só foi ver a peça íntima novamente na segunda-feira de madrugada, quando retornou de viagem e viu que a faxineira guardara-a dentro de sua gaveta. Memorizou bem em qual gaveta ela estava. Não a abriu novamente nenhuma vez durantes os últimos dois meses. Tentou arranjar outros meios de esquecê-la, apesar de se conhecer bem demais para saber que isso não funcionaria. Estreitou os laços de amizade com um vizinho do seu prédio, que tinha a mesma idade dele e também era solteiro. Saíram juntos algumas vezes. William se esforçava verdadeiramente pra se sentir atraído por alguma mulher, mas era em vão. Para cada lado que ele olhava, via um pouco de Fátima. Começou a se achar patético por isso. Mas infelizmente, não havia nada do que pudesse fazer. Não conseguia sentir raiva dela. Atribuía isso ao fato de ele ainda se sentir culpado por ter acabado com a história dos dois. As mulheres se interessavam por ele, se aproximavam e tentavam de todas as maneiras levar adiante algum tipo de envolvimento com ele. Uma única vez, William trocou beijos com uma prima de seu amigo, que foi pra boate com eles naquele dia. Era bonita e muito interessante, mas tinha um defeito gravíssimo: Não era a Fátima. A moça estranhou os beijos vazios que ele lhe dava, mas William nem ligou. Encheu a cara e vomitou no banheiro da boate, sozinho. Uma enxurrada de culpa e arrependimento arrebatou o coração de William. Se sentiu imundo. Tossiu, esfregou o rosto e saiu do sanitário individual. Se olhou no espelho e mal se reconheceu. Estava bêbado e acabado, por dentro e por fora. Jogou água da torneira no rosto e saiu da boate, praticamente fugido. Saiu pela lateral contrária de onde o grupo que estava com ele o aguardava. Pegou um táxi e foi pra casa. Nem pensou no que explicaria ao amigo. Deitou-se na cama de cueca. O perfume doce e insuportável da menina que ele beijou naquela noite estava impregnado na roupa de William. Ele arrancou cada peça e jogou no chão do banheiro, repugnando aquele cheiro. Eram cinco da manhã. Ele pegou o celular e discou os números do celular de Fátima. Estava tão embriagado que caiu em um profundo sono, antes que conseguisse apertar a tecla de discagem. No dia seguinte, a dor de cabeça e a ressaca moral tomaram conta dele. Sentiu nojo de si mesmo e um vazio imenso. Agradeceu o exato momento em que desmaiou sem ligar pra Fátima. Não queria procurá-la. Não resolveria nada e só seria pior pra ele ouvir a voz dela e sentir seu coração se encher de esperança novamente. Não suportaria outra frustração. Fechou os olhos e afundou a cabeça no travesseiro. Queria esquecer a noite anterior. Nunca mais faria aquilo. Numa tentativa de curar a ferida, acabou fazendo com que ela sangrasse ainda mais.


               


***


 


                Fátima acordou indisposta. Não conseguiu tomar café da manhã, levantou-se da cama com dificuldade. Parecia que não tinha dormindo nada naquela noite. Tomou um banho e isso ajudou que ela se sentisse revigorada. Vestiu-se com uma calça preta de alfaiataria, muito justa e elegante. Usava uma blusa de gola rolê branca, sem mangas. Prendeu o cabelo em um rabo de cavalo alto, calçou os saltos e foi trabalhar. Por conta do trânsito, acabou chegando um pouco atrasada. Apontou no corredor, saindo do elevador e viu um homem sentado no sofá de espera, em frente sua sala. Ele parecia ter cerca de 35 anos ou pouco mais que isso e ela não se lembrava de tê-lo visto antes. Ele levantou-se quando viu Fátima se aproximando e sorriu pra ela, estendendo a mão para cumprimentá-la. Fátima sorriu pra ele.


                - Olá! Você está me aguardando?


                - Sim! – o rapaz respondeu, cordialmente. – Meu nome é André. Eu sou da comissão do Prêmio Petrobrás de Jornalismo, gostaria de conversar com você...


                - Ah, claro! Desculpe eu ter feito você esperar, eu não sabia que você viria! Pode vir aqui, por favor! – ela indicou o caminho com a mão e foi andando na frente dele.


Abriu a porta de sua sala e deixou que ele entrasse primeiro, como um gesto cordial. Ligou o ar condicionado enquanto ele se sentava. Deu a volta na mesa apressada, pendurou a bolsa no encosto da cadeira, como sempre fazia e se sentou. Sorriu elegantemente pra ele.


                - Olha, você é a editora-chefe mais jovem que eu já conversei! - Ele tinha um olhar diferente para Fátima. Ela estranhou, mas agiu naturalmente. Sorriu pra ele, que prosseguiu. – Eu vou ser breve pra não tomar muito o seu tempo. Eu vim representando a comissão julgadora da premiação que vocês estão concorrendo, você já recebeu o comunicado, não é?


                - Sim! Recebi faz uns três dias e fiquei muito honrada! Todos aqui da redação estamos muito felizes com a indicação, será muito importante para a nossa revista!


                - Que bom! Eu quis vir pessoalmente convidar você pra comparecer no dia da premiação. Esse ano ela será realizada em São Paulo, nesse sábado. Nós fazemos questão que cada representante dos indicados esteja presente. Depois da solenidade, será servido um coquetel para todos os convidados, no salão do hotel mesmo. Gostaríamos muito que você fosse. Você tem disponibilidade ou pretende mandar alguém no seu lugar?


                - Não, absolutamente! Eu vou sim, com grande prazer! Obrigada pelo convite!


                - Imagina! A comissão se encarregará de fazer as reservas do vôo e do hotel. Todos os convidados têm direito de levar um acompanhante. Você pode levar seu marido. – ele olhou disfarçadamente para as mãos de Fátima, a procura de uma aliança. Ela percebeu, mas não demonstrou.


                - Eu não sou casada.


                - Ah sim. Bom, então pode ser uma secretária pessoal ou alguém aqui da empresa, fica a seu critério! Mais tarde, envie para o meu e-mail os seus dados e os do acompanhante, até quinta feira a minha secretária te envia os vouchers do hotel e as passagens aéreas. E eu já vou indo, não quero te incomodar. – ele se levantou da cadeira.


                - Que isso, não é incômodo algum. Muito obrigada por ter vindo! Obrigada a você e toda a comissão. Que bom que eu terei a oportunidade de agradecer a todos pessoalmente! – ela se levantou também e caminhou até a porta.


Acompanhou-o até o elevador. De sua mesa, William observava discretamente. Ele não conseguia ouvir o que eles falavam através do vidro, mas podia ver aquele indivíduo se derretendo para Fátima. Ele sentiu suas mãos trêmulas de nervosismo e ciúmes.


                Em frente ao elevador, André estendeu a mão pra Fátima e a apertou com força. Acariciou a palma da mão dela com o dedão. Fátima notava aquele gesto, mas fingia que não.


                - Foi um prazer conhecê-la pessoalmente!


                - Obrigada! – ela soltou a mão dele e aguardou-o entrar no elevador, por educação.


Ela virou-se de costas e saiu. “Ai meu deus... era só o que me faltava! Se esse homem soubesse o quanto eu sou complicada...”, ela pensou e riu por dentro.


                Caminhou até a própria sala e sentou-se. Recostou a cabeça na cadeira e refletiu. Repentinamente, algo lhe veio à cabeça. O coração dela disparou com a idéia e ela sorriu sozinha.


 


***


 


                Eram três da tarde daquele mesmo dia. Fátima saiu de sua sala e marchou até a redação. Correu os olhos e viu que a grande maioria dos redatores, colunistas e demais funcionários estavam presentes, inclusive seus dois desafetos, Marcelo e Alice. Mas, simpática como sempre com todos, ela se sentou no tampo de uma das mesas.


                - Pessoal, juntem todo mundo aqui que eu preciso conversar com vocês.


William estava em pé, com um impresso na mão. Olhou pra ela e sentiu uma leve inquietação, mas caminhou até lá de cabeça baixa, sem cruzar o olhar com o dela.


                - Bom... Como acredito que todos já saibam, nós somos finalistas do Prêmio Petrobrás de Jornalismo. Todos conhecem, é óbvio, não preciso nem qualificar a importância que esse prêmio tem pra nós, não é mesmo? Então, primeiramente, eu gostaria de parabenizar a todos por essa conquista! Esses últimos meses têm sido muito corridos e difíceis pra todos, inclusive pra mim que ainda estou numa fase de adaptação, como todos sabem. Mas o que eu percebo em vocês é um empenho generalizado para que tudo dê certo, uma dedicação imensa, uma entrega e um profissionalismo de toda a equipe e isso faz com que esse prêmio seja pouco de cada um de vocês aqui dentro! Obrigada mesmo! – todos aplaudiram a equipe, inclusive ela. Ela aguardou as palmas cessarem. – Além disso, eu fui convidada pelo representante da comissão julgadora para comparecer na premiação, que será em São Paulo, sábado agora. Claro que eu aceitei, vou representando todos vocês. Ele me disse que eu posso levar um acompanhante, da minha escolha. – ela pausou e respirou fundo. – E eu escolho o William.


                O silêncio era completo e absoluto. Os burburinhos sobre o romance dos dois corriam há meses atrás, mas ninguém tinha certeza de nada. Eram apenas suposições. Todos olharam curiosos para William, que encarou Fátima boquiaberto. Ele não esperava por isso, de maneira alguma. Não conseguiu disfarçar o susto. Os dois cruzaram os olhares. Fátima sentiu seu coração disparar o vê-lo olhar pra ela. Torceu muito, com todas as forças, para que ele aceitasse. Mas achou melhor explicar, para esclarecer e acabar com aquela cara de surpresa da redação inteira.


                - O William foi a pessoa que, além de mim, a Lúcia julgou capaz de ocupar o cargo. Nós fomos submetidos a uma avaliação rigorosa dela, o que deixa ainda mais claro que apenas aquele nosso trabalho em específico que teria que se destacar para ela, porque em termos de capacidade profissional e competência, nós dois nos equiparávamos, na opinião dela. Portanto, o mérito por essa conquista é tão meu quanto dele.  Além disso, ele é um excelente colunista e o trabalho dele com certeza colaborou para que a revista levasse essa indicação. As colunas sempre foram elogiadas, tanto pela crítica quanto pelos superiores. Então, eu achei que nada mais justo que levá-lo para receber esse reconhecimento também. Você aceita, William? – ela encarou-o.


                William coçou a cabeça, sem acreditar muito no que estava acontecendo. Ele olhou pra Fátima. Ela estava firme e com um olhar impenetrável. Não dava pra saber o que se passava pela cabeça dela. Mas ele jamais teria coragem de recusar um pedido como esse vindo dela. Para todas as pessoas ao redor, o pedido de uma chefe. Para ele, o pedido do amor da sua vida.


                - Eu aceito... Claro!


Fátima sorriu de lado pra ele.


                - Ótimo! Os vouchers e as passagens aéreas vão estar comigo. Embarcamos no sábado, às oito da manhã. Esteja lá, não se atrase. – ela desceu da mesa. - É só isso pessoal. Bom trabalho pra vocês. – Virou as costas e marchou até a sala dela.


Todos abraçaram William, parabenizando-o pelo convite e pela oportunidade que ele teria. Mas ele não conseguia reagir. Agradecia a todos anestesiado, abobalhado. Mais uma vez, essa mulher o surpreendia. Era uma sucessão de surpresas vindas dela, desde que ele olhou pra ela pela primeira vez, ali mesmo naquela sala onde ele recebia o cumprimentos. O coração dele pulsava dentro do peito. Mal acreditava que viajaria com ela novamente. Não sabia quais eram as intenções dela, convidando-o para ir a um evento como aquele. Mas, naquele momento, não sentia medo, não sentia insegurança e nem receio do que viria pela frente. Seu coração apenas soltava foguetes de felicidade. Mal sabia ele que estava apenas começando.



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 40



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  • karlalr Postado em 13/05/2015 - 18:04:32

    Linda linda linda

  • FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:52:03

    http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer

  • FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:51:36

    Amanda, adorei a Fic. parabéns. acompanhei todos os capítulos. escrevo uma fic também se puder divulgar obg. http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer

  • dii_paulla Postado em 01/10/2014 - 00:39:27

    Eu to feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz pq o final foi simplesmente o melhor de todos os tempo, e triste pq foi o fim. Vc deve continuar escrevendo. Faz outra fic dos tempos atuais, tenho certeza q vai ser ¨®tima!

  • neucj Postado em 01/10/2014 - 00:04:32

    Poxa uma pena q a fic acabou,vc escreve muito bem. Parabéns!!! Vc devia escrever outra fic nos tempos atuais, seria ótimo.

  • andersen Postado em 30/09/2014 - 23:36:39

    continua a escrever, vc é ótima parabéns

  • luiza_piedras Postado em 30/09/2014 - 22:18:18

    Cara, você acabou com meu emocional esses meses que acompanhei a fic, e de verdade, uma parte de mim "morreu" hoje, com esse último cap. Você escreve muito bem, devia continuar!! Parabéns, amei a fic ♥ Bjoos

  • andersen Postado em 29/09/2014 - 18:53:20

    Que lindo esse capitulo, to emocionada até, só falta ser trigêmeos hahaha

  • dii_paulla Postado em 26/09/2014 - 00:32:11

    Tomara q ela conte logo da gravidez. De preferência no próximo cap. A cada dia q passa a fic fica melhor. Ansiosicima pelo próximo cap. :D

  • ma_bassan Postado em 25/09/2014 - 17:56:24

    Cada dia que passa fico mais apaixonada por essa historia!Pois parece ser mais real do que o normal,nunca tinha lido uma fic deles tão perfeita, que descreve tudo e cada detalhe !!!Perfeita perfeita, esses dois marrentinhos e perfeitos


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