Fanfic: A aposta (Continuação) | Tema: Fátima Bernardes William Bonner
Deitada em sua cama, Fátima amanheceu com o corpo moído. Tinha a sensação de que não havia dormido nada naquela noite. E, praticamente, não tinha mesmo. Chorou até adormecer e passou a noite toda dando pequenos cochilos. Sonhou a noite inteira e, vez ou outra, acordava com insônia. Esfregava os olhos e tentava adormecer novamente.
Naquela manhã, ela se levantou com o toque do despertador. Foi até o banheiro e viu a embalagem do teste em cima da pia. Respirou fundo, jogou uma água no rosto, mas acabou decidindo tomar uma chuveirada pra melhorar sua aparência cansada. Nua, em frente ao espelho com os cabelos úmidos após o banho, ela se olhou. Virou-se de perfil e observou o volume da barriga. Não notava diferença alguma ainda. “Ainda bem!”, pensou. Precisava de um tempo pra decidir o que iria fazer. O primeiro passo seria resolver sua situação com William. Seria uma decisão completamente desvinculada dessa gravidez. Não deixaria jamais que esse filho influenciasse na retomada de sua história com ele. Não precisava de um homem pra criar uma criança, quanto a isso, tudo estava bem claro em sua mente. Decidiu não contar pra ninguém. Não antes de colocar sua cabeça em seu devido lugar. Se enxugou, foi pro quarto e secou rapidamente os cabelos. Deixou-os soltos, jogados de lado. Vestiu um jeans justo e escuro, uma camisa verde água e scarpin azul marinho. Fez uma maquiagem leve, só pra esconder as olheiras e a palidez. Na cozinha, deu uma mordida em uma pêra, mas cuspiu dentro do lixo o único pedaço que tentou comer. Repugnou até o cheiro da fruta. Pegou a bolsa e foi trabalhar, irritada. Entrou na redação e logo deu de cara com William, saindo com um copo de café da cozinha. Ela olhou pra ele e sentiu um pesar imenso por estar escondendo dele algo que ele tinha tanto direito quanto ela de saber. Mas não podia fazer isso agora. Não estava pronta pra enfrentar. Mas não sentia angústia e nem temor. De alguma forma e por algum motivo, seu coração estava em paz.
- Oi. Bom dia. – ele hesitou, mas prosseguiu. - Você está melhor? Não sentiu mais nada? – William questionou, em voz baixa.
Fátima estremeceu. Mal sabia ele.
- Estou bem. Não se preocupe, não estou doente. Não é nada... ruim. – ela tentou não mentir, sendo evasiva. Sorriu de leve pra ele. – Obrigada pela preocupação. Bom dia pra você. – ela seguiu para a própria sala.
William ficou parado. Não ligou as coisas, apenas respirou aliviado sabendo que ela estava bem. Era o que parecia. Seguiu para sua mesa, decidido a se concentrar em seu trabalho.
Naquela tarde, a secretária subiu com o almoço pra Fátima, como era de praxe.
- Fátima, hoje eu trouxe um salmão grelhado com salada ceaser. A massa que você costuma comer ia demorar demais pra ficar pronta. Tem problema?
- Não, claro que não! Obrigada! Pode colocar aqui na minha mesa que daqui a pouco eu como. – Fátima sorriu, agradecida para a moça.
Ela colocou o prato no canto da mesa de Fátima e destampou a bandeja. O cheiro da comida fez Fátima se arrepiar de náusea. Ela fechou os olhos e se encostou na cadeira e tapou o nariz.
- O que foi, Fátima???
- Ai, Renata... Não vou conseguir comer, eu acho. Mas pode deixar aqui, vou esperar passar o enjôo e tentar beliscar a salada. Meu estômago não anda muito bom esses dias... – Fátima sorriu, um pouco constrangida, tentando disfarçar. – Obrigada.
A secretária caminhou até a porta. Antes que ela saísse da sala, Fátima chamou-a:
- Renata!
- Pois não?
- É... não conta pra ninguém isso não, ta? Você me faz esse favor? Só pra não criar burburinhos, você sabe como esse pessoal é... Finge que nada aconteceu. Você pode fazer isso?
- Claro, Fátima. Pode ficar tranqüila. – ela sorriu.
- Certo, então. Obrigada.
A secretária saiu da sala, deixando-a sozinha. Fátima torceu pra que ela realmente cumprisse com o seu pedido. Se aquela história caísse no ouvido de Alice, causaria uma polêmica que ela não estava afim de enfrentar agora. Não queria que William nem desconfiasse. Queria que ele soubesse a verdade de sua boca, quando fosse o momento certo. Fátima cutucou com o garfo os croutons da salada. Espetou e colocou um na boca. Mastigou meio a contra-gosto, mas conseguiu preencher seu estômago, vazio desde o dia anterior. Precisava insistir em comer adequadamente. Era assombroso e mágico pensar que havia uma vidinha dependendo dela agora. Fátima sentiu seus olhos ficarem marejados com a idéia. Tocou a barriga com a ponta dos dedos. Ainda não podia senti-lo com suas mãos, mas aos poucos começava a senti-lo com o seu coração.
***
Sábado, seis da manhã. Era o dia da tal viagem. O despertador de William toca e ele levanta acelerado. Entra embaixo do chuveiro, tentando despertar o sono e desfazer a cara amarrotada. Teve um sonho estranho, Fátima estava correndo com um pano nos braços, mas ventava muito e ele não conseguia discernir o que era. Sacudiu a cabeça, tentando dispersar aquela lembrança maluca. Ele fechou a mala, engoliu umas rosquinhas rapidamente, mas deixaria pra tomar café no aeroporto.
Fátima aguardava na fila do check in. Por sorte, amanheceu mais bem disposta e conseguiu comer um bauru com capuccino. Torceu pra que não se sentisse mal no avião, na frente de William. Sentiu um friozinho na barriga por ficar de novo tão próxima dele por dois dias seguidos. Mordeu na boca, ansiosa. O aeroporto estava relativamente vazio, para um sábado de manhã. Fátima fez o check in e descobriu que a secretária de André, o rapaz que esteve na redação no início da semana, não conseguiu marcar as duas poltronas deles uma ao lado da outra. Teriam que sentar em locais separados. Mas ela não se importou tanto, o vôo durava cerca de uma hora apenas. Seria uma ótima oportunidade pra ela pensar um pouco na vida e em como seria aquela loucura absurda de viajar sozinha com o William novamente. Ela sentou-se perto do guichê, esperando por William. Ele não demorou nem dez minutos e apontou no pátio dos balcões das companhias aéreas. Estava de óculos escuro, mas Fátima percebeu que ele a viu. A medida que ele e aproximava, aquela famosa inquietação a perturbava. Mas agora era diferente das outras vezes. “Lá vem... o pai do meu filho.”
- Ei! – William disse, suavemente, ao parar de frente pra ela.
Fátima permaneceu sentada e olhou pra ele de baixo pra cima.
- Bom dia. A pontualidade te mandou um abraço. – ela soltou um sorriso irônico, discreto.
William riu.
- Eu me atrasei de propósito pra dar tempo de você chegar primeiro. A passagem não está com você?
- Sim. – ela estendeu a passagem até ele. – Toma, vai lá. Nossas poltronas são separadas. Aliás, a sua ela ainda vai marcar, mas ao lado da minha não tem mais nenhuma disponível.
- Hum... – ele torceu o nariz.
Ele arrastou a mala até o guichê e observou Fátima sentada logo em frente. Ela usava uma calça legging, botas pretas de montaria e uma blusa de moletom cinza, justa na cintura e caída nos ombros. Ela estava com fones de ouvido plugados no celular. Provavelmente, ia ouvir música a viagem inteira, já que não ia ter com quem conversar. Repentinamente, enquanto aguardava na fila, brotou uma idéia na mente de William. Ele ativou o Spotify, procurou pelo sinal do celular dela e compartilhou uma música com ela. Acrescentou a letra na descrição e a tag #PraOuvirNoAvião. Torceu pra que ela lesse pensando nele. Terminou o check in e já seguiram para a sala de embarque. Fátima se sentou, esticou as pernas e estralou as costas.
- Enquanto não chamam pra embarcar, vou comprar alguma coisa pra comer. Você quer? – William questionou.
- Não... Obrigada, eu já comi. Espero você aqui.
- Tá. – ele virou as costas e foi na cafeteria mais próxima, logo adiante de onde eles estavam.
Fátima tinha acordado dolorida, provavelmente porque tinha dormido de mal jeito. Ou seria um efeito da gravidez? Ela nem sabia ao certo. Por baixo dos óculos escuros, observava-o enquanto ele comia. Refletiu. Como contaria? Em que momento? Como ele reagiria? Temia que ele pensasse que essa reaproximação dos dois e o convite da viagem fossem conseqüências da gravidez. Realmente não eram. Fátima não premeditou nada. Mas no fundo, ela sabia que ele acataria bem. Ela sentiu uma ligeira emoção ao imaginar o momento em que contaria pra ele. Queria que ele soubesse que ela estava, aos pouquinhos, se sentindo mais segura para viver a história deles, verdadeiramente. Não queria precisar falar. Queria que ele sentisse automaticamente. Mas tinha certeza que o fato dele ter aceitado seu convite para essa viagem já era uma forma de percepção vinda da parte dele. Ela deu mais uma olhada pra ele. Voltou sua atenção ao celular e viu que havia um alerta no Spotify. Imediatamente, ouviu a chamada para o embarque. Colocou pra baixar a música no aplicativo e levantou-se da cadeira. William veio com uma garrafinha de água nas mãos e se encontrou com ela na fila. Dentro do avião, ela se sentou na terceira fileira e viu que a dele era no fundo, quase perto do banheiro. Fátima se acomodou confortavelmente em sua poltrona. Colocou o telefone no modo avião. Sentiu seu coração palpitar quando viu que a música no Spotify foi enviada por William. Deixou escapar um sorriso e apertou o play. (Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=nHAd7hKdGnA)
#PraOuvirNoAvião
N - Nando Reis
E agora o que eu vou fazer?
Se os seus lábios ainda estão molhando os lábios meus...
E as lágrimas não secaram com o sol que fez...
E agora como posso te esquecer?
Se o seu cheiro ainda está no travesseiro...
E o seu cabelo está enrolado no meu peito...
Espero que o tempo passe
Espero que a semana acabe
Pra que eu possa te ver de novo
Espero que o tempo voe
Para que você retorne e pra que eu possa te abraçar e te beijar de novo.
E agora como eu passo sem te ver?
Se o seu nome está gravado no meu braço como um selo...
Nossos nomes que tem o “M” como um elo...
E agora como posso te perder?
Se o teu corpo ainda guarda o meu prazer...
E o meu corpo está moldado com o teu...
Espero que o tempo passe
Espero que a semana acabe
Pra que eu possa te ver de novo
Espero que o tempo voe
Para que você retorne e pra que eu possa te abraçar e te beijar de novo.
Boa viagem pra nós. De novo.
W.
Fátima fechou os olhos e sorriu, por baixo das lágrimas, que escorriam emocionadas pelo seu rosto abaixo.
Autor(a): bonemerlove
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 40
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karlalr Postado em 13/05/2015 - 18:04:32
Linda linda linda
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FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:52:03
http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer
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FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:51:36
Amanda, adorei a Fic. parabéns. acompanhei todos os capítulos. escrevo uma fic também se puder divulgar obg. http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer
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dii_paulla Postado em 01/10/2014 - 00:39:27
Eu to feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz pq o final foi simplesmente o melhor de todos os tempo, e triste pq foi o fim. Vc deve continuar escrevendo. Faz outra fic dos tempos atuais, tenho certeza q vai ser ¨®tima!
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neucj Postado em 01/10/2014 - 00:04:32
Poxa uma pena q a fic acabou,vc escreve muito bem. Parabéns!!! Vc devia escrever outra fic nos tempos atuais, seria ótimo.
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andersen Postado em 30/09/2014 - 23:36:39
continua a escrever, vc é ótima parabéns
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luiza_piedras Postado em 30/09/2014 - 22:18:18
Cara, você acabou com meu emocional esses meses que acompanhei a fic, e de verdade, uma parte de mim "morreu" hoje, com esse último cap. Você escreve muito bem, devia continuar!! Parabéns, amei a fic ♥ Bjoos
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andersen Postado em 29/09/2014 - 18:53:20
Que lindo esse capitulo, to emocionada até, só falta ser trigêmeos hahaha
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dii_paulla Postado em 26/09/2014 - 00:32:11
Tomara q ela conte logo da gravidez. De preferência no próximo cap. A cada dia q passa a fic fica melhor. Ansiosicima pelo próximo cap. :D
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ma_bassan Postado em 25/09/2014 - 17:56:24
Cada dia que passa fico mais apaixonada por essa historia!Pois parece ser mais real do que o normal,nunca tinha lido uma fic deles tão perfeita, que descreve tudo e cada detalhe !!!Perfeita perfeita, esses dois marrentinhos e perfeitos