Fanfic: A aposta (Continuação) | Tema: Fátima Bernardes William Bonner
Fátima retornou até sua poltrona e se sentou em silêncio ao lado de William. Ele olhou pra ela de rabo de olho, mas permaneceu mudo também. Certos momentos dispensavam qualquer tipo de diálogo. A premiação terminou, com apenas mais uma entrega de troféu após Fátima recebê-lo e fazer seu discurso.
Agradecimentos devidamente feitos, todos foram liberados para adentrar o salão onde aconteceria o coquetel. Ao subirem as escadas na saída do auditório, chegavam a uma porta dupla de madeira, que se encontrava aberta para facilitar o acesso. Fátima vislumbrou o salão. Era maravilhoso. O piso de marfim, com imensos candelabros de cristal no centro. No palco, uma banda se apresentava muito animada. Tocavam Counting Stars, do OneRepublic (Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=9BMnXXrvcyA). Fátima se arrepiou com a letra da música. “Lately, I’ve been losing sleep, dreaming about the things that we could be... (Ultimamente, tenho perdido o sono, sonhando com as coisas que poderíamos ter sido...)”. Olhou pra William e notou que ele teve a mesma sensação de que aquilo se encaixava de forma assustadora. Eles se acomodaram em uma mesa pequena, no canto do salão. William torceu secretamente para que ninguém se sentasse com eles. Queria ter a oportunidade de ficar sozinho com ela, nem que fosse por pouco tempo. O garçom passou, perguntando-os o que gostariam de beber. William se encarregou de fazer os pedidos:
- Duas taças de lambrusco, por favor.
- Uma só. Pra mim uma água. – Fátima disse ao garçom. O rapaz concordou com a cabeça e se afastou da mesa.
- Ué... O que foi? Não vai beber? – William franziu o cenho.
- Não, hoje eu não estou afim. – ela disfarçou e ele acatou.
A noite vinha sendo agradabilíssima. Alguns casais dançavam no centro do salão. Fátima e William conversavam sobre a premiação, despretensiosamente. Eventualmente, William aproveitava um momento de distração de Fátima e fitava com desejo as coxas dela, que avançavam por fora da fenda. Era uma verdadeira tentação ficar ao lado dela. Tentação essa que ele adorava saborear.
Tudo corria bem, quando um garçom se aproximou com uma taça de champagne e um guardanapo de papel.
- Com licença, senhorita. – ele se virou pra Fátima.
Ela olhou pra ele, surpresa pra saber do que se tratava. O rapaz colocou a taça na frente dela e o guardanapo, dobrado no meio. William observava, mudo.
- Aquele senhor dedicou a você. – o garçom apontou um homem e saiu.
Fátima olhou. Era André, o tal representante da premiação que foi até a redação convidá-la para comparecer. Ele acenou pra ela e sorriu, também com uma taça na mão. William olhou também. Reconheceu imediatamente aquele sujeitinho que ficou se insinuando pra ela na porta do elevador da redação, dias atrás. Bufou em silêncio.
Fátima abriu o guardanapo. Escrito de caneta, um recado de André.
Para a mais linda e elegante, de todas as mulheres aqui presentes nessa noite...
Cheers!
Fátima embolou o guardanapo e o jogou no chão, embaixo da mesa. Empurrou a taça de champagne pra frente, sem bebericar. Não olhou novamente pra mesa de André, mas também não olhou pra William. Ficou em silêncio, observando a pista de dança. Ignorou completamente o acontecido. William leu disfarçadamente o bilhete, enquanto Fátima estava com ele aberto nas mãos. Sentiu seu sangue fervendo e pulsando em suas veias. Fechou a mão, de ódio. Tomou um longo gole do vinho. “Esse filho da mãe não sabe o tamanho da encrenca que ele vai se meter, caso insista em ao menos ENCOSTAR nela!”,ele pensou. Mas por outro lado, ficou aliviado por ela não ter correspondido as investidas dele. Tomou mais um gole, pra tentar resfriar a cabeça.
***
Algum tempo se passou, cerca de duas horas. As pessoas se concentravam ao redor da pista de dança. A entrada estava sendo servida e Fátima não quis arriscar comer nada muito pesado, pra não correr o risco de passar mal na frente de William. Serviu-se com uma saladinha e um patê de frango desfiado. Ela notou que André não parava de observá-la, da mesa dele no canto oposto de onde ela e William estavam sentados. Mas ela nem ligou. Não correspondeu o olhar insistente dele. Assim que ela terminou de comer, afastou o prato e deu uma longa golada em sua água. Tirou da bolsinha de mão um espelhinho e retocou seu batom. Pelo reflexo do espelho, ela conseguia ver que André se levantou de sua mesa e veio caminhando em direção a ela. Fátima sentiu suas mãos tremerem. “Ai meu Deus, o que esse homem quer de mim?” Bufou, irritada. Imediatamente, ela sentiu por trás dela André tocando seu ombro. William notou a presença dele imediatamente ao mesmo tempo que ela.
- Será que eu posso te fazer um pedido? – André olhava para Fátima sorridente. William fitava-os.
Fátima tentou ser agradável, apesar de já estar sentindo verdadeira antipatia da cara dele.
- Pode. – ela gaguejou, mas sorriu, meio desconcertada.
- Dança comigo? – ele estendeu a mão, para pegar na mão dela e tirá-la pra dançar. Fátima olhou pra William. Ele não parecia estar nada satisfeito. Mas André prosseguiu. – Vamos, é só uma dança! Eu não aceito um “não” como resposta.
Fátima fechou os olhos. Se não dançasse com esse inconveniente, ele não iria desistir. Decidiu aceitar, só pra dar o fora nele de uma vez por todas e em grande estilo. Levantou-se da cadeira e passou na frente dele, marchando até a pista de dança. Ficaram posicionados de forma que William conseguia vê-los. Ele tremia de raiva. Observava cego de ciúmes aquele imbecil pegando na cintura de Fátima pra dançar com ela. Por baixo da mesa, William balançava as duas pernas, tenso. A música era romântica, então só haviam casais dançando de rosto colado. André tentou se aproximar mais de Fátima, mas ela não permitiu. Apenas tocou o ombro dele e deixou que ele conduzisse-a. Tocava White Flag, da Dido (Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=j-fWDrZSiZs). Fátima sentiu o cheiro do perfume dele. Repugnou com aquele odor doce. Sentir a mão dele nas costas dela causava-a uma espécie de incômodo, como se ela tivesse desconfortável. Engoliu seco. Imaginou-se saindo com outro cara, como ele, por exemplo, que era bonitão, atraente e aparentemente educado. Era impossível, jamais conseguiria. Tudo a fazia lembrar William. Se sentiu mal, se sentiu enojada, contou os segundos pra sair dali. Naquele momento, não conseguia nem lembrar porque tinha aceitado. André se aproximou e ela conseguiu sentir a respiração dele em seu ombro. Fechou os olhos e conteve a repulsa. Ouviu a voz dele.
- Acho que o rapaz ali não gostou muito de você vir dançar comigo... – André disse, de forma sarcástica.
Fátima olhou pra mesa e não viu William sentado. Sentiu suas forças sumirem, olhou ao redor procurando por ele e o viu caminhando até a porta de saída do salão, com as mãos no bolso, sem olhar pra trás. “William! Não...”, ela pensou. Se desvencilhou de André e o empurrou para o lado, pra abrir caminho pra que ela passasse. Sentiu-o segurar em seu braço.
- Ei! Onde você vai? – ele perguntou.
- ME LARGA! – ela colocou as duas mãos no peito dele e o empurrou.
Transtornada, ela segurou a barra do vestido e atravessou o salão em disparada. O coração batia a mil por hora. Olhou para as escadas e o viu lá em baixo.
- WILLIAM! – ela berrou, enquanto descia os degraus, ofegante. Notou que ele não olhou pra trás. Ela continuou descendo, determinada a alcançá-lo. Passou pela entrada do auditório, que estava com as luzes apagadas e vazio. Desceu mais um lance. Saiu no saguão do hotel, que estava deserto, apenas com dois recepcionistas no balcão. Já era madrugada. Ela correu os olhos e viu William quase virando no corredor dos elevadores.
- WILLIAM! Espera!
William parou, mas permaneceu de costas pra ela. Fátima parou atrás dele, tentando recuperar seu fôlego. Ele girou o corpo e ficou de frente pra ela, fuzilando-a. Estava irado, ela podia perceber. Nunca viu o olhar dele daquele jeito.
- Porquê você saiu de lá desse jeito? – ela questionou, como se não soubesse perfeitamente a resposta.
William gargalhou, ironicamente.
- Eu vou fingir que eu não ouvi isso. – ele sacudiu a cabeça, indignado. - VOCÊ ESTAVA DANÇANDO COM O CARA NA MINHA FRENTE! Você queria que eu fizesse o quê?
- William, eu só estava dançando, eu... – ele a interrompeu.
- FOI PRA ISSO QUE VOCÊ ME TROUXE AQUI? Pra esfregar na minha cara o quão imbecil eu sou por ainda te querer tanto e por ainda achar que nós dois algum dia seremos felizes juntos?
Ela engoliu as lágrimas, tentando se conter.
- William, não é nada disso, não diga isso!
- Fátima, eu vou te falar só uma coisa: Pra mim chega! Essa foi a última vez que uma mulher partiu meu coração, eu NUNCA MAIS vou deixar que isso aconteça. Não é justo comigo. Eu já concluí que eu não posso me apaixonar, eu não nasci pra isso. Não está no meu destino. Eu só preciso... esquecer você. E aí as coisas voltarão a ser como eram antes de você brotar na minha vida.
Fátima sacudia a cabeça, negativamente. Ele virou as costas e entrou no corredor do elevadores.
- Não, espera! Me deixe falar? Por favor?
Ele se virou novamente pra ela e ficou olhando-a, fixamente, esperando que ela falasse. Fátima pôde perceber que os olhos dele estavam marejados. Ela engoliu o próprio soluço.
- Esse tempo todo, eu pensei em tudo, eu... Eu senti a sua falta, eu nunca quis que a nossa história acabasse. Eu só queria me preparar pra conseguir reescrevê-la com você, eu queria que você soubesse disso, por tantas vezes eu quis te ligar e te falar... – ele a interrompeu de novo.
- Então PORQUE não me falou? PORQUE me deixou nesse sofrimento, porque assistiu muda nesses dois meses eu viver essa angústia, esperando por você, sentindo meu coração disparar cada vez que você passava por mim, amargar de ciúmes ao notar olhares masculinos pra você sem poder falar nada, tentar te esquecer e perceber que eu jamais conseguiria? Porque complicar tanto as coisas? Sentiu saudade? Me ligasse. Queria me ver? Me convidasse. Queria compreensão? Se explicasse, uma, duas ou mil vezes, quantas fossem necessárias. Teve dúvidas? Me perguntasse. Queria algo? Pedir seria sempre a melhor maneira de começar a merecer! Você podia me prender ou me soltar, a escolha era toda sua, mas você não fez NENHUM DOS DOIS. E agora você me convida pra uma viagem, sozinho com você, enche o meu coração de esperanças e, novamente, me faz sair frustrado. Eu não tenho mais de onde tirar forças pra agüentar isso, entende? Eu não posso mais mentir pra mim mesmo, procurando frestas e sinais que você possa me dar, eu simplesmente preciso admitir que eu te perdi. Você não me quer mais. Eu deveria ter entendido isso há dois meses. – ele virou as costas e apertou o botão do elevador.
Fátima sentiu as lágrimas descerem pelo rosto dela.
- Não! Isso não é verdade. William... você não me perdeu. Eu amo você... – ela pausou e soltou um soluço. – Eu não consigo mais viver assim... Eu quero você! – ela engoliu seco.
William girou o corpo. Olhou pra ela.
- Você tem CERTEZA do que está falando? É o que você quer, Fátima? Olha, eu... – a porta do elevador se abriu atrás dele. Fátima não pensou duas vezes. Não deixou que ele acabasse de falar. Encostou as duas mãos no peito dele e o empurrou pra trás. William se encostou no espelho do elevador de costas, empurrado por ela. Fátima apertou o botão para que as portas se fechassem. Agarrou na gravata borboleta dele e o puxou pelo pescoço. A ponta de seus narizes se encostaram. Ela fechou os olhos ao sentir a respiração ofegante dele novamente em sua bochecha. Era a melhor sensação do mundo. Ela mordeu na boca. Se encostou nele com força e cochichou pra ele, olhando em seus olhos:
- É o que eu mais quero. Agora. Hoje e sempre. – ela o beijou.
William se enroscou na cintura dela. Retribuiu o beijo, como se fosse a última coisa que ele fizesse na vida. Aquele momento, pra ele, tinha o poder de fazer com que ele se esquece de tudo. ELA tinha esse poder. As palavras dela martelavam em sua cabeça. Aquele se tornou, de repente, o dia mais feliz de sua vida. Dentro daquele elevador, o momento que William mais havia sonhado nos últimos meses, se concretizava. Ele e a mulher que amava. Ele, ela e mais um. Um pequeno fruto daquele rígido e arrebatador laço que os unia.
Autor(a): bonemerlove
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 40
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karlalr Postado em 13/05/2015 - 18:04:32
Linda linda linda
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FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:52:03
http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer
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FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:51:36
Amanda, adorei a Fic. parabéns. acompanhei todos os capítulos. escrevo uma fic também se puder divulgar obg. http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer
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dii_paulla Postado em 01/10/2014 - 00:39:27
Eu to feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz pq o final foi simplesmente o melhor de todos os tempo, e triste pq foi o fim. Vc deve continuar escrevendo. Faz outra fic dos tempos atuais, tenho certeza q vai ser ¨®tima!
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neucj Postado em 01/10/2014 - 00:04:32
Poxa uma pena q a fic acabou,vc escreve muito bem. Parabéns!!! Vc devia escrever outra fic nos tempos atuais, seria ótimo.
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andersen Postado em 30/09/2014 - 23:36:39
continua a escrever, vc é ótima parabéns
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luiza_piedras Postado em 30/09/2014 - 22:18:18
Cara, você acabou com meu emocional esses meses que acompanhei a fic, e de verdade, uma parte de mim "morreu" hoje, com esse último cap. Você escreve muito bem, devia continuar!! Parabéns, amei a fic ♥ Bjoos
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andersen Postado em 29/09/2014 - 18:53:20
Que lindo esse capitulo, to emocionada até, só falta ser trigêmeos hahaha
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dii_paulla Postado em 26/09/2014 - 00:32:11
Tomara q ela conte logo da gravidez. De preferência no próximo cap. A cada dia q passa a fic fica melhor. Ansiosicima pelo próximo cap. :D
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ma_bassan Postado em 25/09/2014 - 17:56:24
Cada dia que passa fico mais apaixonada por essa historia!Pois parece ser mais real do que o normal,nunca tinha lido uma fic deles tão perfeita, que descreve tudo e cada detalhe !!!Perfeita perfeita, esses dois marrentinhos e perfeitos