Fanfics Brasil - Epílogo A aposta (Continuação)

Fanfic: A aposta (Continuação) | Tema: Fátima Bernardes William Bonner


Capítulo: Epílogo

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A noite estava quente e o céu levemente estrelado. As luzes dos faróis salpicadas em toda a extensão da avenida. Concentrada em se desvencilhar do engarrafamento, Fátima corria os olhos pelos três retrovisores do carro. Com muito esforço, ela conseguiu passagem e acessou a via marginal da pista e respirou aliviada por ter se livrado daquele caos.


                - Mãe?


                - Oi?


                - Posso te perguntar uma coisa?


                - Claro!


                - Como você soube que estava apaixonada pelo meu pai?


Fátima sorriu e sacudiu a cabeça. Puxou na memória uma série de lembranças, mas nenhuma foi suficiente pra definir exatamente o que a filha queria ouvir.


                - Ah, Luiza... Foi uma sucessão de acontecimentos, quando eu vi eu já estava apaixonada... Mas eu não sei te falar exatamente como foi... Faz tanto tempo... mas eu me lembro de tudo!


                - E o que você sentia? Como era?


Fátima girou o pescoço e olhou pra ela, sorrindo.


                - Hum... essas perguntas... Tem algum garoto te despertando esse tipo de curiosidade? Pode falar pra mamãe, filha.


Luiza abaixou a cabeça, ligeiramente constrangida. Fátima a observava.


                - É... mais ou menos. Ele é...lá do colégio, mas não da minha sala. Mas a gente nem ficou. Eu estava pensando se, talvez... é... eu posso chamar ele pra ir amanhã, mãe?


                - Claro, amor! Lógico que pode, é a sua festa de 15 anos e você pode chamar quem você quiser! – Fátima falou enquanto estacionava em frente a portaria de um condomínio.


Luiza desafivelou o cinto e sorriu. Trespassou os braços ao redor do pescoço de Fátima.


                - Ai, mãe! Obrigada!


Fátima ficou comovida e retribuiu o abraço.


                - Não precisa agradecer, minha filha. – ela deu um beijo carinhoso no rosto de Luiza. – Bom proveito! Juízo! – a menina abriu a porta do carro  - Não se esqueça do horário que combinamos! Ah, outra coisa: O Théo está em um barzinho com uns amigos, ele está de carro. Liga pra ele, se for o horário que ele estiver indo pra casa, ele já te busca e economiza viagem.


                - Ah não, mãe! Toda vez que eu venho pra casa de alguma amiga e meu irmão me busca, ele fica me fazendo interrogatório! Detesto! Mas fazer o que, eu ligo pra ele... – ela desceu do carro.


Fátima aguardou que Luiza entrasse e batesse o portão. Arrancou com o carro e dirigiu, retornando pra casa. Pensou em quão emocionante era assistir a filha crescer, galgar seus próprios degraus, descobrir novos sentimentos e novos desafios em sua vida. Ficou orgulhosa de saber que ela confiava na mãe para dividir seus desejos e incertezas. Via muito de si mesma e de seu temperamento na filha. Pensou um pouco no passado, nos filhos pequenos e em como tempo, de repente, voou assustadoramente. Mas a concentração no trânsito acabou impedindo que ela prosseguisse com seus devaneios. Por sorte, atalhou por um caminho que estava mais tranqüilo e menos movimentado. Rapidamente, já estava em casa, entrando com o carro pelo portão da garagem. Viu que as luzes da casa estavam todas acesas. Franziu a testa. A empregada estava de folga e os dois filhos estavam fora, não havia explicação para tantos cômodos acesos. Desceu do carro e caminhou até a porta de entrada. Notou que estava destrancada. Empurrou e viu no tapete um papel. Era a letra dele. Sorriu.


 


 


Coisas que você nem imagina que eu acho sexy em você:


 


 


                Fátima sacudiu a cabeça. Fechou a porta e passou a tranca. Atravessou a sala lentamente, vestindo um jeans claro e uma regata branca mais larga. No pé do primeiro degrau da escada, um novo bilhete:


 


 1.       Seu cabelo molhado.


 


Ela olhou pra cima e observou que em cada degrau havia uma tira de papel, cortadas de forma irregular e improvisada. Ela foi pegando um a um e sorrindo com o que havia escrito neles:


 2.       Você usando minha camiseta e mais nada.


 


 3.       Quando você anda pelo quarto só de calcinha.


 


 4.       Quando você senta no meu colo pra me dar um beijo.


 


 5.       O cheiro delicioso que você deixa no banheiro depois do banho.


 


 6.       O seu rosto visto de cima quando você dorme no meu peito.


 


 7.       O seu corpo inteiro visto de baixo quando... você sabe quando!


 


 8.       Quando você acorda de manhã e se espreguiça deliciosamente.


 


 9.       Quando você morde a pontinha dos óculos.


 


 10.   Quando você lambe os dedos depois de comer alguma coisa gostosa.


 


 11.   O jeito como você anda descalça na ponta dos pés quando está frio.


 


 12.   Quando você passa os dedos pelos seus cabelos despenteados.


 


 13.   Quando, de vestido ou saia, você se estica pra tentar alcançar alguma coisa no alto.


 


 


           No último patamar da escada, ela caminhou até o quarto sorrindo e sacudindo a cabeça. Abriu a porta e olhou ao redor. William estava encostado no rack da TV. Lindo e charmoso como ele sempre foi, usava uma bermuda preta acima do joelho e uma camiseta branca, levemente surrada. Com uma taça de vinho na mão, ele estendeu uma outra taça cheia até ela, sorrindo. Fátima mordeu na boca e caminhou até ele.


            - O que realmente estamos comemorando mesmo? – ela questionou.


          - Ué! E a gente precisa de motivos pra comemorar? - ela pegou a taça e se encostou nele. William encostou a boca no ouvido dela. – Vamos comemorar esse raro momento de estarmos sozinhos em casa. Como nos velhos tempos... – ela sorriu, se arrepiando.


Fátima passou a mão pela nuca dele. Beijou-lhe o rosto, o pescoço e a orelha. Cochichou no ouvido dele:


                - Amei os bilhetinhos... Você sempre me surpreende! – William sorriu pra ela.


                - E você demorou pra cacete! Eu já estava aqui na janela te esperando! – os dois riram.


Fátima deu uma golada no vinho.


                - Tira essa camiseta! – ela usou um tom imperativo.


William riu e arrancou a camiseta pela gola. Trespassou as mãos ao redor da cintura dela.


                - O que fazer com uma mulher dessas? Que manda nos meus filhos, manda em casa, me manda no trabalho...


                - Mas entre quatro paredes, ninguém manda em nada. – ela sorriu, maliciosa.


Wiliam tomou a taça da mão dela. Tomou o restinho do vinho dela que ainda sobrava e abandonou as duas taças vazias, em cima do balcão. Deu dois passos em direção à cama, conduzindo Fátima emaranhada nele, mordendo-lhe o queixo. Excitado, ele empurrou-a na cama. Ela caiu de costas, com os braços pra cima. Fechou os olhos e sentiu William subir em cima dela delicadamente. Ela sentia seu corpo trepidar com o toque das mãos dele em sua barriga, subindo sua blusa lentamente. William desceu a cabeça e beijou a boca dela. Fátima cruzou as pernas ao redor da cintura dele. Deixou que ele tirasse sua blusa e deixasse-a apenas de sutiã. William desabotoou a calça jeans dela e a puxou pela barra. Arrancou-a completamente e se deitou por cima dela novamente. Fátima deu um impulso e rolou pra cima dele. Só de lingerie, ela desceu a bermuda que ele usava, deslizando-a coxas abaixo. Sorriu pra ele, mordendo nos lábios. Passou os dedos pela boca de William, que fitava-a de baixo pra cima.


                - Quer dizer então que desse ângulo você me acha sexy?


                - Muito! Você não imagina o quanto...  – ele respondeu, com cara de safado.


Ela tirou o sutiã e o jogou na cara dele. William posicionou a peça no nariz e cheirou longamente. Tinha o cheiro dela impregnado, aquele cheiro que ele amava e que ainda o deixava inebriado, mesmo depois de pouco mais de dezoito anos juntos. Fátima não retirou a calcinha, apenas afastou-a para o lado e, sentada em cima de William, ela sentiu-o penetrá-la profundamente. Fechou os olhos e inclinou a cabeça pra trás. Ela gemia no mesmo ritmo em que se remexia, lentamente. Vez ou outra, ela abaixava a cabeça e olhava para o rosto dele. William revirava os olhos, ofegante e apertava com força as coxas dela. A cama rangia discretamente, intercalada com os gemidos dos dois. Fátima reclinou o corpo pra frente e pressionou os seios contra o peito dele. Sem perder o ritmo, ela encostou o nariz na bochecha dele. William sentia a respiração dela acelerada em seu rosto. Ele acariciou a costas dela e sussurrou em seu ouvido:


                - Você e esse seu dom de me enlouquecer desde sempre.


Ela sorriu. De olhos fechados, atingiram o clímax juntos, emaranhados um no outro e suados naquela noite terrivelmente quente.


                Deitados lado a lado na cama, Fátima corria os dedos por entre os pelos do peito de William. Ele estava de barriga pra cima, com a respiração ainda alterada. Ela, deitada de lado, estava voltada em direção a ele.


                - O peso da idade recai violentamente sobre o meu fôlego. – ele disse, sorrindo.


Fátima gargalhou.


                - Bobagem! O tempo só te fez bem!


William olhou pra ela.


                - A nós dois, então. Você está cada dia mais linda e gostosa. – ela sacudiu a cabeça, sorriu e respirou fundo. William mudou um pouco o rumo da conversa. – Você podia ter me esperado pra ir levar a Luiza... Eu ia com você!


                - Ah... Você estava no banho e ela estava com pressa. Mas sabe que foi bom eu ter ido sozinha com ela? Ela acabou sentindo uma liberdade repentina comigo... Ela me fez umas perguntas e me surpreendeu um pouco.


                - É? Sobre o que? – William girou o corpo pro lado dela, curioso.


                - Ela me perguntou como eu soube que estava apaixonada por você e qual era a sensação. Engraçado... Ela nunca tinha demonstrado interesse nesse tipo de assunto, isso que me deixou mais surpresa. Acho que você já pode se preparar psicologicamente pra ser apresentado a um possível genro... – Fátima sorriu, divertidamente.


William arregalou os olhos.


                - É sério? O que ela disse? Ela está namorando?


                - Não, ela só está interessada em um garoto do colégio dela, coisa de adolescente. Não vai falar nada que eu te contei, hein William? Eu estou te preparando.


Ele sacudiu a cabeça.


                - Claro que não. Mas ai... não sei se tenho estrutura. Não me acostumei que eles estão crescendo, principalmente ela.


Fátima franziu o cenho.


                - Se não tem estrutura, vai criar uma, William! As coisas são assim, meu amor, elas simplesmente... acontecem. E a gente tem que se preparar para as mudanças. É isso que eles esperam de nós. Olha só pro Théo. Até ontem eu estava vomitando igual louca, grávida dele. Agora estou aqui, entregando a chave do carro pro meu filho sair à noite. Sozinho. Você acha que eu tenho estrutura? Não tenho nenhuma, fico com o coração na boca, mas precisamos permitir que eles se desliguem de nós aos poucos. Precisamos deixá-los caminharem sozinhos. Passamos por isso com os nossos pais e estamos passando agora com os nossos filhos.


William esfregou o rosto.


                - É, eu sei... Mas parece que o Théo eu sinto que vai demorar mais pra talvez sair de casa, traçar o próprio caminho, enfim. Então eu fico mais tranqüilo quanto a ele. Mas a Luiza... ela é muito você!


                - Como assim?


                - Ela é independente, é segura e é auto suficiente. Exatamente como você. Marrenta, ousada e muito corajosa.


                - E isso é ruim? – ela encarou-o.


                - Pra um pai que tem pavor só de pensar na filha saindo de casa, sim.


Fátima riu. Deu um beijo carinhoso na boca dele.


                - Não pensa nisso agora. Ela só tem 15 anos. Não sofra por antecipação, meu amor.


Ele resmungou e se curvou, deitando na barriga dela.


                - A única vantagem de ter filhos crescidos é que a gente pode ficar sozinho, transar sem preocupações, gemer alto e andar pelado pela casa.


Ela soltou uma gargalhada.


                - Única vantagem? Cala a boca, William! Nunca ouvi TAMANHA asneira!


Ele riu.


                - Tô mentindo? Com eles em casa eu conseguiria botar mensagenszinhas mal intencionadas pra você nos degraus da escada?


                - Não, mas eu também nunca precisei de filho ausente pra transar à vontade com você no nosso quarto! Até parece! – ela riu e William também.


Se abraçaram e permaneceram ali, entrelaçados, como se fossem um só. E eram. Fátima olhou para as tantas fotos espalhadas pelo quarto do casal.  Duas crianças felizes e sorridentes na orla do mar, a família na Disney há um ano atrás, o casamento dos dois... Fechou os olhos e se sentiu a mulher mais sortuda do mundo.


 


 


***


 


                O dia já amanheceu tumultuado. Fátima foi despertada pelo telefone tocando. Abriu os olhos e ficou zonza por alguns segundos. Sacudiu a cabeça e tentou se levantar rapidamente para atendê-lo. Se desenroscou de William, que estava nu, com o braço e a coxa em cima dela. Ela o empurrou e ele se virou pro lado, resmungando, mas permaneceu dormindo. Ela caminhou só de calcinha até a bolsa, que estava pendurada no encosto de uma poltrona e pegou o celular dentro dela. Era a cerimonial comunicando que a empresa de decoração já estava chegando no salão de festas para montar as mesas e arranjos. Ela olhou no relógio e eram 8:30 da manhã. Desligou o telefone e respirou fundo. Ouviu a voz de William atrás de si.


                - Que foi, meu bem?


Fátima abandonou o telefone e foi andando lentamente pro banheiro.


                - A cerimonial... Disse que vai dar uma passadinha lá pra ver se está ficando tudo nos conformes com a decoração.


Ele esfregou o rosto e remexeu na cama.


                - Ai, ai... O que a gente não faz por um filho... – ele cobriu a cabeça com o edredom.


De dentro do banheiro, Fátima escovou os dentes, se enrolou em um roupão branco e voltou para o quarto.


                - Nossa... Eu apaguei. Você ouviu os meninos chegando?


                - Ouvi. E fui lá ver se estava tudo ok.


Ela se debruçou na cama. Deu um selinho demorado na boca de William. Sorriu pra ele.


                 - Bom dia...


                - Bom dia, meu amor... Não chega muito perto que eu te puxo de volta pra cima dessa cama. – ele falou, cheirando o pescoço dela.


                - Não senhor! Vou acordar a Luiza pra irmos buscar os vestidos no ateliê. O seu terno e o do Théo já busquei ontem, estão dentro do plástico lá no roupeiro...


                - Hum...  – ele virou pro canto e afundou o rosto no travesseiro.


Fátima caminhou até o quarto de Théo. Abriu sorrateiramente uma fresta da porta. Ele estava de cueca, esparramado em cima da cama de bruços. As roupas que ele usou na noite anterior estavam esparramadas pelo chão do quarto. Ela sacudiu a cabeça e fechou a porta novamente. Entrou no quarto de Luiza. A filha estava de olhos abertos,  mexendo no celular.


                - Ué? Acordada já? – Fátima questionou.


                - Já... Dormi super mal, estou ansiosa demais!


Fátima sorriu.


                - Calma, filha! Tá tudo certo, a cerimonial acabou de me ligar e já estão montando a decoração.


Luiza saltou da cama.


                - É SÉRIO? Ai, mãe, eu quero ir pra lá ver como está ficando! Por favor, vamos?


                - Mais tarde Luiza. Agora precisamos buscar os vestidos. Levanta, toma um banho pra gente ir. – ela afofou o edredom que cobria a filha, se abaixou e deu um beijo no rosto dela. Acariciou sua bochecha e bateu de leve o dedo indicador na ponta do nariz de Luiza. Seria um dia muito especial!


 


***


 


                Flashes disparavam, cegando a visão de William. Ele franziu os olhos e girou o rosto pro lado. Ao lado esquerdo dele, a filha debutante, ao lado dela estava Théo, que mais parecia o próprio William aos 18 anos e, na ponta oposta da fila, a mulher de sua vida, mãe de seus filhos. Ela estava maravilhosa, como é claro que era sua especialidade. Os quatro posavam pra fotos, em frente a mesa do bolo. No fundo, um painel do chão ao teto, com fotos de Luiza no ensaio fotográfico. A festa já estava lotada de convidados. Muitos adolescentes sentados em puffs decorativos, em um lounge montado exclusivamente pra eles. A decoração era toda em tons de cor-de-rosa, roxo e branco. No centro do salão, uma estrutura metálica treliçada demarcava a pista de dança. Ao redor, mesas salpicadas com enormes arranjos decorativos. No fundo, um telão imenso passava em slides fotos de Luiza. Fátima e William passavam nas mesas, conversando e agradecendo a presença dos convidados. Um vendaval de elogios à festa, ao buffet, aos vestidos e aos filhos tomou conta de grande parte das conversas. William se afastou pra ir até o carro com Théo buscar o celular que o filho havia esquecido. Fátima caminhou sozinha, em direção à própria mesa. Olhou para a porta de entrada do salão e seu coração se encheu de alegria. Lúcia entrou, correndo os olhos por todo o salão, à procura de algum rosto conhecido. Mesmo com a idade muito avançada, ela permanecia muito bem disposta e elegante. As duas se encontravam raramente, em eventos sociais ou em visitas repentinas de Lúcia até a redação, onde Fátima permaneceu por todos esses anos, trabalhando exatamente no mesmo cargo. Mas já faziam alguns meses que elas não se encontravam. A revista agora era maior, expansível para outras regiões e muito mais completa. Ganhou mais páginas, mais colunas, mais entrevistas e mais participações. A equipe era mais numerosa, com jornalistas mais renomados e colecionava troféus de premiações da categoria. William ganhou uma coluna própria e chefiava o setor de artes e design gráfico. Mas ainda assim, era subordinado da esposa. E isso era muito mais um motivo de alegria, orgulho e admiração para os dois do que pretexto para brigas e discussões infundadas. Muitas pessoas entraram e saíram de lá. Muitas reformas foram feitas e o layout das salas estava completamente diferente. Muitas coisas haviam mudado dentro daquela redação. Mas o quadro da casa da serra era o único item que permaneceu na parede da sala de Fátima, desde o primeiro dia em que aquele espaço pertenceu a ela.


                Ansiosa pra dar um abraço em Lúcia, Fátima imediatamente saiu de sua mesa e caminhou até ela. Lúcia sorriu quando a viu.


                - Eu não acredito que você veio! – Fátima a abraçou, sorrindo.


Lúcia retribuiu.


                - Ah, querida! Fiquei muito feliz quando recebi o convite! Obrigada por se lembrar de mim!


Fátima sorriu, emocionada com o carinho da ex-chefe. Ficaram paradas, uma de frente para a outra, de mãos dadas.


                - Eu esperei o máximo que eu pude pra te entregar o convite em mãos, mas você não nos fez mais nenhuma visita... E me desculpe por não ter ido pessoalmente, mas é que a correria no trabalho... você sabe!


Lúcia concordou com a cabeça.


                - Claro, eu sei! Não se preocupe, não tem problema! A festa está linda, muito bem organizada e aconchegante! Passando ali pela entrada eu reparei bastante na foto da sua filha... Meu Deus, Fátima! Ela está muito parecida com você!


                - Ela está mesmo! Espera, eu vou chamá-la pra apresentar pra você! Você só viu ela bebêzinha, não foi?


                - Foi! Mas deixa, deixa ela aproveitar com os amigos dela, não precisa chamar!


                - Não, precisa sim! Faço questão! Espera aí! – Fátima saiu marchando pelo salão.


Luiza estava próxima a elas, de costas. Fátima encostou no cotovelo dela, cochichou alguma coisa e veio caminhando em direção a Lúcia novamente, com a filha ao lado.


                - Luiza, essa é a Lúcia! Ela foi professora da mamãe na faculdade e depois minha chefe lá na revista! E é graças a ela que você existe, porque se não fosse por ela acho que eu nem tinha namorado seu pai! – Fátima sorriu.


Luiza abraçou Lúcia e sorriu, simpática


                - Obrigada por ter vindo! Meus pais falam muito da senhora!


                - Que isso, querida, eu que agradeço! Parabéns pelo aniversário e pela festa linda! Você é muito bonita, é a cara da sua mãe quando eu a conheci!


                - Obrigada! – Luiza se afastou.


Lúcia se voltou pra Fátima, segurando na mão dela novamente.


                - Ah, Fátima... É tão bom ver você com a sua família... Seus filhos, seu casamento, sua profissão! Tenho muita saudade de conviver com você, a gente precisa se encontrar mais vezes! Torço tanto por você, sempre torci e você sabe! O carinho que eu sinto por você é tão grande que é como se você fosse uma filha que eu nem tive!


Fátima beijou a mão dela, com os olhos marejados.


                - Obrigada! Nossa, muito obrigada mesmo! Eu já te disse isso, mas não me canso de repetir. Nunca conseguirei expressar o quanto sou agradecida pela força que você sempre me deu! Você não imagina a importância que você teve pra mim, pra minha carreira, pra minha vida... pro meu relacionamento...– ela piscou pra Lúcia e as duas riram.


                - Por falar nisso, cadê ele?


Fátima olhou ao redor e viu William entrando no salão, logo atrás delas. Gritou pelo nome dele, mas ele não ouviu devido ao volume da música. Então ela acenou pra que ele se aproximasse. Théo veio junto, ao lado do pai.


                - Ah, mas não é possível que eu estou vendo isso! Você veio, Lúcia! Que bom! – William a abraçou.


                - Vim! Se eu não venho, vocês não vão até mim mesmo, né? E toda vez que eu te vejo, William, eu me surpreendo em como você só fica mais bonito a cada dia que passa! – ela riu e William sacudiu a cabeça, envergonhado.


                - Lúcia, aqui o Théo! Ele você já conhecia maiorzinho, não é? Lembra dela, filho? A ex-chefe da mamãe e do papai? – Fátima disse e Théo concordou com a cabeça.


                - Lembro! Tudo bom com a senhora? – ele pegou na mão dela.


                - Sim, querido, tudo ótimo! Você também é um rapaz lindo, parecidíssimo com o seu pai! – todos sorriram.


                - Obrigado! – o garoto agradeceu.


                - Vem, fica a vontade! Eu vou ajeitar uma mesa pra você e um garçom pra te servir! – Fátima saiu puxando-a pelo braço.


                - Não se preocupe comigo, eu vim só dar um abraço em vocês...


                - Não, não senhora! Vai ficar aqui e vai aproveitar a festa! Senta aqui na nossa mesa com a gente e fique a vontade, tá bom? Nós só vamos acabar de recepcionar os convidados e já viemos!


                - Tá ótimo! Eu não quero incomodar vocês, fiquem tranqüilos que eu estou bem!


Eles saíram de perto e retomaram com os cumprimentos. A sensação de ver Lúcia novamente fez Fátima e William se sentirem ainda melhor do que eles estavam se sentindo naquela noite. Um turbilhão de lembranças os invadia, inevitavelmente. William tentou se reprimir ao pensar nisso naquela hora, ele precisava se concentrar em conversar com familiares e amigos que foram prestigiar a família deles. Mas, horas mais tarde, após a valsa da meia noite, os casais da família inauguraram a pista de dança, dançando juntos. Luiza dançava com o irmão, Théo. Os avós maternos e paternos também embalavam uma dança a dois. Tocava Unwell, do Matchbox Twenty (Link da música: http://www.youtube.com/watch?v=WziA88-n02k). Abraçado com Fátima, ele olhava pro rosto dela. De todas as mudanças físicas que um período de quase vinte anos pode proporcionar a uma pessoa, a ela muito pouco mudou. Apenas alguns detalhes, como o cabelo e pequenas rugas de expressão que eram gradativas, mas não suficientes pra esconder a beleza dela. Pra William, ela continuava linda, como da primeira vez que ele a viu de tão perto. O olhar dela era exatamente o mesmo. Olhando pra ela, ele podia ver a si mesmo com muito mais nitidez do que se ele se olhasse no espelho. Ela era a melhor parte dele. Tinha tudo do que ele considerava ideal para uma mulher. Dizer que a amava não lhe parecia bastante pra expressar o quanto ela era importante na vida dele. Ela e toda a vida que a companhia e a parceria dela ofereciam a ele, eram verdadeiramente o centro e a razão de sua vida. Naquele momento, ele pensou no passado. Pensou em tudo que construíram juntos. Pensou na mãe e na mulher que ela era. Lembrou-se das tantas vezes que ele desejou que ela fosse sua. Lembrou-se da alegria de ver que ela finalmente era, no dia do casamento deles. Do dia que ele descobriu que ela estava grávida, no dia dos namorados, dentro daquele apartamento que viveram tantas coisas e do qual ele morria de saudades. O nascimento de Théo, a comemoração do aniversário de um ano de namoro, o pedido de casamento... A casa de Petrópolis! Faziam alguns anos que eles não visitavam aquele lugar que era quase o símbolo do relacionamento deles. William se lembrava de cada momento, cada conversa e cada lágrima que escorreu dos olhos dele por causa dela. Era ainda mais emocionante pensar que, há dezoito anos, as únicas lágrimas que ele deixava cair, eram de felicidade. Olhou pro rosto dela. Fátima correspondeu o olhar. Ele encostou o queixo na bochecha dela. Sussurrou, um pouco mais alto que de costume, devido ao altíssimo volume da música.


                - Obrigado, amor. Por ser quem você é, por me dar essa família linda, que é tudo de mais precioso que eu tenho na minha vida...


Fátima olhou pra ele e sorriu, com os olhos cheios de lágrimas de emoção. Não precisou dizer mais nada.


 


 


 


“Amar não é olhar um para o outro, e sim olhar juntos na mesma direção.”


 


 




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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 40



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  • karlalr Postado em 13/05/2015 - 18:04:32

    Linda linda linda

  • FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:52:03

    http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer

  • FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:51:36

    Amanda, adorei a Fic. parabéns. acompanhei todos os capítulos. escrevo uma fic também se puder divulgar obg. http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer

  • dii_paulla Postado em 01/10/2014 - 00:39:27

    Eu to feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz pq o final foi simplesmente o melhor de todos os tempo, e triste pq foi o fim. Vc deve continuar escrevendo. Faz outra fic dos tempos atuais, tenho certeza q vai ser ¨®tima!

  • neucj Postado em 01/10/2014 - 00:04:32

    Poxa uma pena q a fic acabou,vc escreve muito bem. Parabéns!!! Vc devia escrever outra fic nos tempos atuais, seria ótimo.

  • andersen Postado em 30/09/2014 - 23:36:39

    continua a escrever, vc é ótima parabéns

  • luiza_piedras Postado em 30/09/2014 - 22:18:18

    Cara, você acabou com meu emocional esses meses que acompanhei a fic, e de verdade, uma parte de mim "morreu" hoje, com esse último cap. Você escreve muito bem, devia continuar!! Parabéns, amei a fic ♥ Bjoos

  • andersen Postado em 29/09/2014 - 18:53:20

    Que lindo esse capitulo, to emocionada até, só falta ser trigêmeos hahaha

  • dii_paulla Postado em 26/09/2014 - 00:32:11

    Tomara q ela conte logo da gravidez. De preferência no próximo cap. A cada dia q passa a fic fica melhor. Ansiosicima pelo próximo cap. :D

  • ma_bassan Postado em 25/09/2014 - 17:56:24

    Cada dia que passa fico mais apaixonada por essa historia!Pois parece ser mais real do que o normal,nunca tinha lido uma fic deles tão perfeita, que descreve tudo e cada detalhe !!!Perfeita perfeita, esses dois marrentinhos e perfeitos


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