Fanfic: A aposta (Continuação) | Tema: Fátima Bernardes William Bonner
Faiscando de raiva, Fátima catou seus sapatos que boiavam em pontos diferentes da piscina. Observou William virar as costas e subir as escadas em direção à casa, retornando para a varanda. Como ele podia ser tão atrevido de se sentir do direito de tocar nela daquela forma e jogá-la na piscina? Bufou de raiva enquanto andava toda encharcada para a borda da piscina. Cruzou o jardim, subindo até a varanda. William estava sentado em uma cadeira de veraneio, fumando. Ela passou por ele sem desviar o olhar. Em sua suíte, tomou um banho e embrulhou-se em um roupão branco e felpudo. Com os cabelos molhados e devidamente penteados, sentou-se em sua cama, abriu o notebook e tentou trabalhar um pouco. Não conseguiu digitar nem uma única palavra. Encarou a tela, descrente. Era impossível se concentrar em qualquer coisa. Fechou a tela do notebook com força, recostando-se na cama e olhando para o teto. Pensou nele. William despertava nela um sentimento muito esquisito. Sentiu vergonha de várias de suas atitudes, que ela considerava extremamente infantis e incompatíveis com sua personalidade, mas agora já era tarde para se arrepender. Sentia por ele uma espécie de raiva recolhida, que brotava com toda força a cada olhar trocado dos dois. Lembrou-se do cheiro dele e da sensação de suas mãos carregando-a no colo. Sentiu uma discreta palpitação. Mas sacudiu a cabeça para expulsar aquele pensamento insensato. Caminhou até a janela e olhou para o horizonte. Sem dúvidas, era uma vista linda e inspiradora. Era o refúgio perfeito para casais apaixonados, o que definitivamente não era o caso deles. Enquanto apreciava a paisagem através de sua janela, ouviu um interfone tocar. Tomou um susto, nem sabia que o quarto tinha interfone. Correu os olhos por todos os cantos, procurando o tal aparelho. Ele ficava na parede próxima à porta. Foi até lá e atendeu, confusa. Era a cozinheira comunicando que o almoço estava pronto. Fátima se vestiu rapidamente, com um vestido bege de elástico na cintura, bem folgado e soltinho. Olhou-se no espelho. O cabelo ainda estava muito molhado, seria um prato cheio para William tirar sarro dela quando visse. Decidiu que não ia mais se incomodar com as palhaçadas dele, afinal de contas, seria o mês inteiro tendo que suportá-lo e precisaria criar um mecanismo de defesa, caso contrário, iria enlouquecer. Faria vista grossa, na medida do possível. Borrifou um perfume doce, levemente cítrico. Desceu as escadas discretamente. Quando olhou para a sala de jantar, o viu. Parado de costas para ela, ele olhava atento para um quadro na parede. Fátima deu a volta na mesa e sentou-se, sem olhar para ele. William olhou para trás e encarou-a, com um sorriso irônico.
- Lavou os cabelos, gracinha?
Fátima sentiu o sangue subir-lhe à cabeça. Mas não esboçou nenhuma reação, ficou muda e apática. Não se deu o trabalho de responder.
- Eu te fiz uma pergunta. – ele insistiu.
Ela soltou o garfo no prato e olhou fixamente para ele.
- Você já sabe a resposta. – abaixo a cabeça novamente, ignorando-o.
William ficou calado. Sentados um de frente para o outro na mesa, almoçaram em silêncio. Quando a cozinheira veio retirar os pratos, Fátima notou que William a agradeceu pela gentileza. Aquilo a surpreendeu um pouco, não sabia que ele era capaz de um gesto de carinho e cordialidade. Observou-o enquanto ele devorava a sobremesa. Era um homem absurdamente lindo. Tinha os cabelos negros, penteados para trás. Os olhos puxados, a boca carnuda e um discreto furinho no queixo. Além de ser muito charmoso, apesar de insuportável para Fátima. Com certeza, era capaz de fazer qualquer mulher enlouquecer por ele. Fátima sentiu uma pontada de vontade de conhecê-lo melhor, sua vida, suas histórias e sua personalidade, como ele era quando não estava tentando de todas as formas irritá-la. Sabia que no fundo ele tinha sentimentos. Talvez possuísse aquele temperamento como uma auto defesa, uma forma de ser proteger das pessoas. O que será que o tornou assim? Foi alguma mulher que o magoou no passado? Quais experiências negativas ele já teria vivido? Talvez ela nunca saberia. Levantou-se muda da mesa, deixando-o sozinho. Levou seu prato de sobremesa até a cozinha e subiu para o quarto. Sentada na cama, tentou dar início ao seu artigo. Procurou iniciá-lo contextualizando casos de inimigos políticos conhecidos na história do Brasil e do mundo como embasamento teórico. Digitou freneticamente, completamente entregue ao seu trabalho. Quando anoiteceu, antes mesmo do jantar, Fátima se deu conta de que estava há horas na mesma posição. Sentiu uma forte dor nas costas, estava exausta. Afastou o computador para o lado e se esticou um pouco na cama. Acabou caindo em um sono profundo, com a luz do quarto acesa.
William se desvencilhou de trabalho naquele dia. Queria se familiarizar com o ambiente, queria descansar a cabeça e formular a estrutura de seu artigo antes que começasse a escrever. Caminhou um pouco no jardim e nos arredores da casa, jantou quando anoiteceu e deitou-se nas cadeiras da varanda e refletiu sobre todos os recentes acontecimentos. Queria com todas as suas forças aquele cargo. Seria um passo de extrema importância em sua carreira e em tudo que almejava alcançar. Não entendeu realmente qual foi o intuito da chefe propondo um artigo com um tema tão banal como aquele. Mas presumiu que ela tinha uma outra intenção por trás disso. Queria colocá-lo junto com Fátima em uma situação de extrema pressão e desgaste emocional para ver o que seriam capazes de produzir naquelas circunstâncias. Mergulhou-os no “ócio criativo”. Queria saber se teriam o espírito de liderança e o jogo de cintura que ela tanto visava em seu novo substituto. O artigo era mero detalhe, era apenas o pretexto para que conseguissem desenvolver algo fora de um ambiente propício a isso. William então teve a brilhante ideia de mudar o foco do trabalho que apresentaria a ela. Ao invés de uma dissertação baseada no tema proposto, faria uma espécie de diário. Relataria todo o dia a dia dele com Fátima no meio do mato em uma casa serrana. Afinal de contas, os dois eram um exemplo clássico de inimigos íntimos. Não conseguiam dialogar sem trocar farpas, não tinham o menor interesse em se darem bem, despicavam um no outro todo seu mau humor e tinham uma implicância gratuita mútua. William pensou nela. Ela era tão insuportavelmente pretensiosa, ao ponto de irritá-lo. Mas ela tinha uma firmeza e uma leveza no olhar em tudo o que produzia que o fazia admirá-la, no íntimo. Em algum momento, William considerou-a uma ameaça, mas isso já era passado. Agora ele via nela uma possível parceira, não fosse o total desajuste na relação dos dois. No fundo, William nem sabia como exatamente nasceu toda essa implicância, mas agora ele parecia ter se acostumado com ela. Achava divertido olhar para ela bufando de raiva e com os olhos em chamas. Era um pouco doentio pensar isso, mas sabia que só assim conseguia se aproximar e trocar algumas palavras com ela, mesmo que fosse aos berros. William sorriu sozinho, no escuro de uma varanda fria. Notou que já era tarde, subiu comendo uma maçã que encontrou no cesto de frutas no centro da mesa de jantar e caminhou até seu próprio quarto. No hall íntimo, viu por debaixo da porta do quarto de Fátima que a luz estava acesa. Ficou curioso para saber o que ela fazia que nem havia jantado. Se aproximou sorrateiramente e repousou os ouvidos na porta. O silêncio era absoluto. Com muita calma, ele girou a maçaneta e empurrou a porta, enfiando o rosto em uma fina fresta que se abriu. Ela estava deitada deliciosamente na cama, dormindo com um anjo, que ele sabia que ela não era. Antes que ela visse, William fechou a porta e correu para seu quarto. Deitado na cama, fechou os olhos. Tudo o que conseguia pensar era na lembrança da visão de Fátima esparramada na cama ao lado de um notebook aberto. Ele sorriu e dormiu profundamente, ansiando pelo novo dia que viria.
Autor(a): bonemerlove
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 40
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karlalr Postado em 13/05/2015 - 18:04:32
Linda linda linda
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FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:52:03
http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer
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FicsBonemers Postado em 02/10/2014 - 16:51:36
Amanda, adorei a Fic. parabéns. acompanhei todos os capítulos. escrevo uma fic também se puder divulgar obg. http://fanfics.com.br/fanfic/38533/uma-mulher-chamada-misterio-william-e-fatima- bonemer
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dii_paulla Postado em 01/10/2014 - 00:39:27
Eu to feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz pq o final foi simplesmente o melhor de todos os tempo, e triste pq foi o fim. Vc deve continuar escrevendo. Faz outra fic dos tempos atuais, tenho certeza q vai ser ¨®tima!
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neucj Postado em 01/10/2014 - 00:04:32
Poxa uma pena q a fic acabou,vc escreve muito bem. Parabéns!!! Vc devia escrever outra fic nos tempos atuais, seria ótimo.
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andersen Postado em 30/09/2014 - 23:36:39
continua a escrever, vc é ótima parabéns
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luiza_piedras Postado em 30/09/2014 - 22:18:18
Cara, você acabou com meu emocional esses meses que acompanhei a fic, e de verdade, uma parte de mim "morreu" hoje, com esse último cap. Você escreve muito bem, devia continuar!! Parabéns, amei a fic ♥ Bjoos
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andersen Postado em 29/09/2014 - 18:53:20
Que lindo esse capitulo, to emocionada até, só falta ser trigêmeos hahaha
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dii_paulla Postado em 26/09/2014 - 00:32:11
Tomara q ela conte logo da gravidez. De preferência no próximo cap. A cada dia q passa a fic fica melhor. Ansiosicima pelo próximo cap. :D
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ma_bassan Postado em 25/09/2014 - 17:56:24
Cada dia que passa fico mais apaixonada por essa historia!Pois parece ser mais real do que o normal,nunca tinha lido uma fic deles tão perfeita, que descreve tudo e cada detalhe !!!Perfeita perfeita, esses dois marrentinhos e perfeitos