Fanfic: Paixão sem compromisso (Adaptada) AyA [Finalizada] | Tema: Rebelde/ Aya/ Romance + Hot

Anahí retomou o volante da Mercedes, a caminho do escri­tório da empresa construtora, com Vic a seu lado. Como uma criança emburrada, sentado no banco de trás, Alfonso colava o rosto na janela do carro, observando a chuva.

— Nunca transporte um cliente no banco da frente — Vic instruiu.

— Será alvo fácil para um atirador, convença-o sempre a ir atrás. Assim, se algo acontecer, ele poderá dei­tar-se no piso e sair do campo de visão do agressor, dando a você tempo para cuidar do problema.

Alfonso franziu a testa. Jamais permitiria que Anahí colocasse a própria vida em perigo a fim de salvá-lo. Sorrindo, ele encontrou o olhar dela no retrovisor.

— Está ouvindo, Anahí ?—Vic ajustou os óculos de lentes grossas.

— Claro, que sim. Obrigada pelo conselho. — Concentrou-se no trajeto.

— Ótimo. Agora, em casos assim, eu também poderia bai­xar meu assento e proteger o cliente com o meu corpo.

Impossível imaginar tal manobra, pensou Alfonso. O absur­do da cena se evaporou, dando lugar a algo mais plausível e agradável. Como, por exemplo, sentir de novo o inebriante gosto da boca de Anahí, o discreto peso de seu seio na palma da mão. Mais ainda: a maneira provocante como ela enrodilhava sua perna em torno da dele, a fim de impedi-lo de escapar do maravilhoso contato dos corpos.

— Estamos incomodando você com a nossa conversa? — quis saber o velho agente, virando-se para trás.

— Não, senhor. De verdade — Alfonso reforçou, esboçando um sorriso. — Gosto de assuntos policiais.

O intruso fitou Alfonso por sobre os ombros, sustentou o olhar por alguns segundos, depois voltou a observar a chuva e o trânsito.

— Vamos relembrar algumas normas que me parece que você andou se esquecendo — ele disse a Anahí.

E a aula continuou, sem ganhar a atenção de Alfonso até o momento em que Vic falou:

—Pensei que havia lhe ensinado tudo durante o último jogo.

Ultimo jogo? Alfonso afligiu-se. Teria Anahí participado de alguma missão perigosa antes de ele conhecê-la?

— O senhor disse jogo?

Vic passou o lenço no nariz e voltou-se de novo para trás.

— Sim. Eu, o pai dela, Hànk e Sammie jogamos pôquer todas as semanas, mas na última não pude ir. Pena, porque Anahí cuida da comida e cozinha muito bem.

—Anahí sabe cozinhar? — O tema era do interesse de Alfonso, por ser um mestre-cuca amador.

Ela lançou um olhar repreensivo a Vic.

— Digamos que eu me esforço — declarou.

— E pensar que foi à rotisserie comprar comida pronta? Estava me escondendo suas habilidades — Alfonso gracejou.

Alfonso recostou-se no assento e sorriu em segredo. Ura misté­rio estava desvendado. Enquanto ele a esperava em casa, preo­cupado, Anahí simplesmente jogava cartas com o pai e amigos.

Alfonso sabia que poderia pedir o afastamento de Hank, Sammie e, agora, de Vic, porém isso daria aos três munição para comentários maliciosos. Talvez o próprio Franklin apreciasse a idéia de neutralizá-los, a fim de afastar a pos­sibilidade de Alfonso rasgar o contrato.

Mas o impensável também poderia acontecer: Franklin e os amigos passarem a desgostar dele e deixarem de confiar num cliente que, pelos indícios, namorava Alfonso e estava prestes a deitar-se com ela.

Até mesmo o veterano policial devia ter um ponto sensível, principalmente com relação à filha. Alfonso pensou, num lampejo, em dar-lhe algo sério em que meditar, ao contrário de atrapa­lhar sua vida. Suprimindo um sorriso, ele perguntou a Vic:

— Nesses encontros, vocês jogam a dinheiro?

— Não. — Mais uma vez, o senhor girou a cabeça para encará-lo. — Disputamos passes para a Disneyworld. Por quê? Pretendia chamar a polícia?

—Acho que Alfonso está cansado de policiais — interveio Anahí.

— Ainda assim, eu gostaria de entrar no jogo.

— O quê? Deve estar brincando — ela rebateu, espantada.

— Nunca falei tão sério. Eles procuram por mais ação?

— São aposentados — Anahí o lembrou.

— Aposentados, mas não mortos — retrucou Vic. — O que você tem em mente?

— Depende, se o jogo for misto...

— Isso não é problema. Porém, antes de qualquer coisa, precisa me provar seus talentos com o baralho. Os de con­quistador de guarda-costas já conheço.

— Não tem graça — disse Anahí depois de tossir para fazer notar a sua presença.

— Muito bem. Vocês jogam variações do pôquer tradicional?

— Ouvi falar de algumas, mas não nos interessam.

Alfonso pouco se aborreceu com a resposta. Passou a descre­ver regras que, certamente, nem Vic nem Anahí conheciam, sobretudo porque se compraziam em jantar durante as noi­tes de jogatina.

Para ela, a dissertação foi cansativa. O pôquer era agra­dável, mas servia mais como um pretexto para visitar o pai. Quando Alfonso discorreu sobre as particularidades de um jogo chamado Belos, Feios ou Malditos. Anahí teve vontade de pa­rar o carro e descer.

Por sua vez, Vic mostrou-se interessado e disse que gos­taria de experimentar.

— Sem chance — atalhou Anahí. — Papai gosta do pôquer simples e convencional, não desses jogos malucos. E eu também.

— Então, por que toda vez que se levanta da mesa para ir à cozinha, você espia nossas cartas e passa informações em código para seu pai?

— Eu não faço isso! — ela ofendeu-se.

—  Calma, Sr. Lopez — Alfonso emendou. — Anahí anda ar­mada e pode lhe dar um tiro.

— Não se preocupem. Estou dirigindo—ela rebateu mais serena.

— Se jogarem conosco, jamais vão ganhar—Alfonso gabou-se. Se jogarem conosco? O que era aquilo? Além de já se con­siderar como parte do grupo, Alfonso já a tomava como parceira?

— O que planeja? — Anahí o confrontou, irada.

— Não conte a ela — Vic sussurrou. — Tenho prioridade.

— Vai me dizer ou não? — Anahí insistiu.

—  Nada de especial. Penso em propor uma quebra da rotina, por meio de uma outra variação do pôquer.

— E como se chama?

— O Preço Está Certo. E como adivinhar quanto custam alguns produtos e mercadorias, pelo valor das cartas.

O agente assobiou, admirado. Anahí aguardou a abertura do semáforo e acelerou o carro, cantando os pneus.

— Se quiserem chegar em segurança é melhor discutirem esse assunto mais tarde. Alfonso, você não pode propor esse jogo. Eu não permito.

— Perguntarei a Franklin — declarou Vic.

— Creio que ele...

— Não é uma boa idéia! — Anahí gritou.

— Por que não?—Alfonso contrapôs. — Foi contratada para me proteger, o que supõe estar no mesmo lugar, na mesma hora que eu. Na minha casa ou na de seu pai.

O argumento era imbatível. Mas por que Alfonso agia assim? Nunca lhe parecera ser um fã de pôquer. Uma vez no escri­tório, Anahí o abordaria quando sozinho e questionaria suas razões. Estava preparada para ouvi-lo pacientemente, e tam­bém para ameaçá-lo, se necessário, ou beijá-lo num impulso de insensatez, caso ele concordasse com seu ponto de vista.