Fanfic: Mini Web - Machuquei Um Anjo (AyA) [TERMINADA] | Tema: AyA / Ponny

Capítulo 3 - Machuquei Um Anjo

Estava tudo silencioso. Me vi em um lugar que não conhecia e nunca havia estado lá. Era semelhante a um palácio, todo branco e com várias nuvens cobrindo o chão.

Devo ter ido para o céu, pois a dor física não existia mais e meu coração parecia ter sido curado. Olhei ao redor e de repente um dos anjos veio em minha direção. Ao chegar mais perto, notei que seus cabelos eram loiros fazendo enormes cachos perfeitos e pareciam bem compridos. Seu rosto delicado, suas lindas asas brancas em suas costas. Se aproximou vagarosamente de mim e eu custei a conseguir vê-la totalmente.

Senti uma dor que a minutos atrás parecia ter sumido. Ao abrir os olhos notei que não passou tudo de um sonho. Estava em um hospital. Senti imediatamente lágrimas querendo escapar de meus olhos. Onde estaria Anahí ? Será que me deixou mesmo ? "Como fui estúpido" , pensei. Estaria fardado a ela me odiar para sempre.

Tamanha foi minha surpresa ao olhar para o lado da cama onde eu estava deitado. Contemplei a imagem mais linda e pura que meus olhos seriam capazes de enxergar. Repousava com um sono tranquilo o anjo de meu sonho. Seus cabelos claros e sua pele tão macia. Sua respiração um pouco ofegante mas estava tranquila. Fiquei alguns minutos a observando sentindo a mais alta culpa e dor que alguém poderia sentir naquele momento. Jamais me perdoaria por ter feito aquilo.

Aos poucos ela foi despertando e lentamente abrindo seus olhos. O céu estava na cor de seus olhos. Seus olhos eram o céu. Ela se levantou, se espriguiçou um pouco já me fazendo sorrir com esse simples gesto.

Me observou uns segundos, se aproximou da cama e eu pude sentir seu doce perfume. Como senti falta daquele cheiro. Achei que jamais poderia sentir novamente. A tomei em meus braços e ela imediatamente correspondeu ao meu pedido. Simultâneamente senti lágrimas molhando o lençol que estava me cobrindo. Havia feito meu anjo chorar. Aquilo me consumiu de tal forma que não tive reação. Somente consegui sussurar um "Me perdoe.", ouvindo um "shiiu" para que me calasse e continuasse somente a abraçando.

Foi inevitável conter as lágrimas. As deixei cair para que todo peso saísse de mim. Não suportaria vê-la daquele jeito por culpa minha. A amava demais. Como pude fazer isso ? Quase estraguei minha vida em dobro :  ficaria sem ela e sem minha própria vida. as duas eram um só. acabar comigo seria levar junto minha outra vida que era Anahí.

Naquele momento todo aquele ódio e ressentimento haviam sumido. Tê-la em meus braços novamente era a certeza de que eu tinha dito uma 2a chance.

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3 mêses depois ....

Havia me recuperado quase que totalmente do tiro que atingira em cheio minha perna. Por sorte era a única bala da arma e depois daquele tiro ela realmente viraria relíquia. Ainda andava com um pouco de dificuldademas recuperei minha vida. Com mais calma, Anahí me contou que a tal carta, que nem ela mesma tinha lido ainda, se tratava do último pedido de perdão de seu pai. As iniciais "p.H" eram nada mais que "pai Henrique". Era um dos muitos apelidos e formas de assinatura que os dois mantinham entre eles. Minha pequena me disse que assim que soube do falecimento de seu pai, logo recebeu essa carta mas estava tão atordoada com tudo que
simplesmente a guardou e deixou que o tempo se encarregasse que fosse lida um dia.

Era a confissão dele que a doença da qual sofrera muitos anos, tinha afastado ele de todos inclusive da única filha. Com as últimas forças ele escreveu a carta e pediu que fosse entregue a ela depois de sua partida. Pedi além de milhões de perdoes, que ela não se preocupasse mais com aquilo. Afinal tínhamos um ao outro e teríamos uma vida inteira pela frente. A outra parte da família dela a apoiou muito e inclusive foram me visitar depois da minha saída do hospital. Concordei em fazer terapia um tempo, a pedido de Anahí, pois estava mesmo sofrendo de algo que desconhecia. Minha depressão que antes era moderada, se tornara em poucos anos muito mais forte e esse tempo todo confundida por mim com ciúmes.

Olho para o ser em meus braços dormindo tão profundamente depois de uma noite de amor e muito carinho.
Me pergunto como pude fazer tamanha atrocidade e despedaçar o único coração que tanto me amou desde os primeiros segundos em que vi o céu em seu olhar. Acariciando seus cabelos como nuvem, sentindo seus seios como as belas montanhas junto ao meu corpo e vendo sua boca como pássaro que leva suas palavras a todo canto do mundo com o som das suas risadas, fiz uma promessa silenciosa mas que cumpriria até meu último segundo : jamais machucaria um anjo outra vez.

          FIM