Fanfics Brasil - 10 Despedida de Solteira(Adaptada) Mayte & Chistian

Fanfic: Despedida de Solteira(Adaptada) Mayte & Chistian | Tema: Chaverroni


Capítulo: 10

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- Senhoritas, nossa última refeição...


Marlos foi interrompido por uma chuva de “aaaaaaaaaaah’s” oferecida pelas meninas. Ele riu de leve com a reação delas. Até a Jéssica parecia ter se recuperado, agindo de acordo com sua alegria costumeira. Já eu, permaneci calada e quieta.


- Infelizmente o fim-de-semana acabou. Foi um prazer recebê-las e, após o almoço, gostaria de fazer uma avaliação junto com as senhoritas. Esta avaliação é muito importante para nós, pois é por meio dela que vamos melhorar nosso atendimento em todos os aspectos.


- Vocês foram perfeitos! – gritou Cláudia. Ouvi risadas.


- Muito obrigado, senhorita Cláudia, fico feliz que tenha achado isso – continuou Marlos. – Seus acompanhantes irão servi-las agora. Depois do almoço, terão alguns minutos para se despedirem deles.


Infelizmente os meninos terão de ir também.


Outra chuva de “aaaaaaaaaaaah’s”.


- É isso, vejo as senhoritas na sala de estar, depois de se despedirem dos garotos. Tenham um bom apetite!


Christian não disse nada quando colocou um prato na minha frente. Vi camarões enormes regados a um molho de alguma coisa que não soube dizer o que era. Veio acompanhado com arroz soltinho, batatas e uma salada divina. Comecei a comer rapidamente, percebendo o quanto sentia fome. Estava delicioso!


Fiquei esperando que Christian me perguntasse o que eu ia beber, mas ele não o fez. Em vez disso, colocou um copo grande cheio de gelo com um conteúdo preto dentro. Era coca-cola. Suspirei fundo e bebi um pouco do líquido através de um canudo.


Paloma me observava às vezes, mas desviava os olhos toda vez que eu a encarava. Jéssica nem parecia ter acabado de revelar o maior trauma de sua vida. Começou uma conversa fervorosa com as meninas sobre sapatos. Segundo ela, o de Paloma – que fora estragado com a água da piscina - ainda tinha solução.


Não me envolvi em conversa alguma. Entrei muda e saí calada. Christian não falou comigo em nenhum momento, nem mesmo quando colocou na minha frente duas bolas de sorvete de chocolate e, ao lado, um tubo de calda de leite condensado igual ao que havíamos usado na noite anterior.


Sentindo-me um pouco constrangida, não coloquei a calda no meu sorvete e tratei de oferecer o tubo às meninas, que melecaram suas sobremesas com uma grande quantidade do conteúdo.


Após o almoço prolongado, as garotas se levantaram e foram conversar com seus acompanhantes. Ficaram em lugares separados, como se quisessem manter a privacidade. Eu apenas me levantei devagar e, sem olhar para nada, fui andando até a sala de estar.


Estava bem perto da porta de vidro quando senti sua mão segurar a minha.


- Não vai se despedir de mim? – ele perguntou. Fiz a idiotice de encará-lo. Christian estava extremamente sério, de um jeito que eu não conhecia. Parecia irritado, chateado com alguma coisa.


Meu coração acelerou instantaneamente.


- Adeus – falei.


Ele aquiesceu, ainda rígido. Seus dentes pareciam estar trincados dentro de sua boca rosada e convidativa.


Aquela expressão só fazia dele o homem estressado mais lindo do planeta. Sem concorrentes à altura.


- Fique bem. Boa sorte com o casamento.


- Terei sim – respondi.


- Chegou a alguma conclusão?


- Com certeza.


- Posso saber qual?


- Não. Cabe apenas a mim – falei, tentando ser firme. A verdade era que minhas pernas estavam tremendo nas bases, bem como meus braços. Meu couro cabeludo pinicava, meu estômago se contorcia e meus olhos queriam muito chorar.


- Certo, perdoe-me a intromissão. De qualquer forma, espero que tenha sido uma boa conclusão.


- Foi sim.


- Ótimo.


- Ótimo – retruquei.


Christian fez uma reverência curta e ia se afastando quando... Quando eu simplesmente pulei no pescoço dele.


Dei-lhe um abraço enorme, que foi correspondido com muita surpresa. Inspirei seu cheiro como se quisesse que ele circulasse dentro de mim para sempre.


- Obrigada, Christian – choraminguei, engolindo o nó na minha garganta. – E me desculpe também!


- Eu que te agradeço e peço perdão, Mayte. Ei, não chore... Por favor.


- Foi tudo especial pra mim. Muito mesmo, só quero que saiba disso.


- Foi especial pra mim também. Juro.


Então, nos separamos devagar. No percurso, dei-lhe um beijinho casto na bochecha e ele me beijou a testa.


- A gente se vê por aí – falei. – E obrigada pelo guarda-sol. Eu teria virado um pimentão.


- Disponha sempre – ele disse e, lindamente, fez a caretinha com os lábios emborcados.


Antes que cometesse alguma loucura, dei as costas e entrei na sala de estar. Não ousei olhar para trás.


Depois de preenchermos uma folha de papel que continha os variados aspectos que seriam avaliados por Marlos – confesso que dei nota máxima a todos -, seguimos para os nossos quartos.


Tomei um banho quente, organizei as minhas coisas na mala e dei adeus àquela cama. Pensei que não iria, mas sofri profundamente ao me despedir daquele lugar. Já não era mais a mesma. Alguma coisa dentro de mim dizia que eu nunca mais voltaria a ser.


A viagem de volta para casa foi silenciosa. Até mesmo Jéssica e Cláudia, que nunca ficavam mais do que dez minutos sem falar alguma coisa, permaneceram caladas. Cada qual navegava em seus próprios pensamentos.


Eu estava preenchida por um sentimento deprimente de vazio. Como pode isso? Ser preenchida pelo vazio?


A van nos deixaria na porta de nossas casas. Quando chegamos à cidade, pedi para Jéssica descer no meu apartamento. Ela tentou se desviar, mas não conseguiu. Fui muito insistente. Acabei sendo a primeira a ser deixada, e me despedi das meninas com muito carinho. Veria Lara no dia seguinte lá na loja, mas provavelmente só encontraria o restante no casamento. Isso se Paloma não resolvesse me encontrar durante a semana a fim de me imprensar na parede.


- Pode me contando tudo – falei, assim que coloquei a minha mala no canto e me deitei com tudo no sofá.


Jéssica fez o mesmo, ela já se sentia à vontade no meu apê.


- Não preciso repetir o que já falei. Não me faça ter de fazer isso. – Ela estava séria. Parecia cansada.


- Como tudo começou, Jess? Quem te levou pra esse caminho?


- Mayte... Tenho espelho em casa, sei que sou bonita. Sempre fui diferente das outras meninas. Os caras me olham nas ruas, não importa o que eu vista.


- Isso não é um motivo. Está longe de ser.


Ela balançou a cabeça.


- Claro que não é, mas você pode imaginar que isso faz as coisas serem mais fáceis para mim. Decidi pôr um anúncio no jornal, este foi o começo. – Jéssica tirou o óculos escuro e o colocou na mesa de centro. Depois arrancou os sapatos e colocou os pés no sofá. - Estava sem dinheiro e queria sair de casa depressa. Não aguentava mais ser ameaçada e abusada de todas as formas. Minha mãe ficava contra mim o tempo todo, ela dizia que eu era uma puta e que era eu quem dava em cima do marido dela.


- Então, você saiu e decidiu ser abusada por caras desconhecidos. Certo. Faz todo sentido para mim – retruquei.


- Pelo menos estaria ganhando dinheiro – ela se justificou. O que para mim, claro, não foi uma justificativa coerente. – Além do mais, não estaria sendo abusada. Estaria fazendo porque queria.


- Fazendo porque queria. Este assunto de novo? – Suspirei.


- Como assim? – Jéssica piscou os olhos.


- Deixa pra lá. Bom... Quer dizer que você quer sair dando pra qualquer um por dinheiro. É o seu desejo mais profundo! – ironizei, encarando-a com olhos ferozes. Não sabia se sentia raiva ou pena. Era um misto horrível.


- Não, não é o meu desejo mais profundo, Mayte. Tenho perspectivas, está bem? Queria montar um salão de beleza, sempre gostei de mexer com cabelo.


- E por que não montou até agora? Está juntando uma grana pelo menos? – perguntei, lembrando-me do Christian.


- Cheguei a fazer alguns cursos, mas nunca terminei nenhum. O meu trabalho me ocupa muito tempo. Não é fácil, Mayte. Hoje estou confortável, pois sou conhecida no ramo...


- Há! Fala sério.


- É verdade – ela disse, seriamente.


- Se é tão conhecida, deve ter muito dinheiro. Quanto é a sua hora, Jéssica? Os caras mais ricos da cidade devem pagar uma fortuna por você. Por que não está juntando dinheiro?


- Eu não disse que não estava!


- Então? Por que não sai dessa?


Jéssica suspirou.


- Mayte, eu gosto de me vestir bem. Gosto de usar coisas novas, adoro meu carro importado, amo meu apartamento luxuoso. Vou ao esteticista toda semana, faço depilação quase diariamente e sigo uma rotina de estética que nenhum salão de beleza poderia custear. Vivo bem, ganho bem e, com a minha fama, tenho direito de escolher até com quem vou transar.


Fechei os olhos e balancei a cabeça. Era difícil acreditar naquilo.


- Beleza não dura para sempre – comentei, lembrando-me novamente do Christian e de suas palavras. – Um dia você vai envelhecer e nenhum velho rico babão vai te querer.


- Não fala assim, Mayte! Vou envelhecer, mas até lá já vou ter guardado um dinheiro legal.


Além do mais, acredite ou não, recebo proposta de casamento de muitos velhos ricos babões, como você chamou. E eles estão dispostos a me dar qualquer coisa. São pessoas da alta sociedade, nadando em dinheiro, mas solitários.


- Você se casando com um velho babão? Não me faça rir! – Fiz uma careta.


- E o que é que tem? Casamento não passa de conveniência.


- Engano seu. Casamento é amor, respeito, carinho... Casamento é um laço, uma aliança que você não entende ou não quer entender.


- E você entende? – perguntou Jéssica, sentando-se no sofá. Seus olhos se fecharam numa careta desdenhosa. – A quem pensa que está enganando?


- Do que está falando?


- Não sou idiota, Mayte.


- Não sei do que está falando.


Silêncio geral.


O problema de quem tem culpa no cartório é esse. Você não sabe quando uma pessoa está blefando contigo, ou se está falando sério. Jéssica me olhava com uma expressão tão ferina, que decidi apenas me manter na retaguarda. Só que não adiantou muito. Ela falou o que não devia mesmo assim.


- Você não ama o João Pedro – murmurou, parecendo mais calma. Seu semblante mudou completamente em um milésimo de segundo.


Meu coração quase saiu pela boca. Por que ela estava dizendo aquilo, do nada?


- Eu sempre o amei, desde os dezessete anos.


- Sim, você o amou muito. Sei bem disso, pois acompanhei cada passo. Mas acabou, e você não percebeu.


Ficou acostumada com ele... Com medo de ficar sozinha. O coitado deve sofrer muito contigo. Faz todos os seus gostos e entra em todas as suas manias de organização e sistematização.


- Quem pensa que é pra falar assim de mim e do meu noivo? – perguntei, sentindo uma onda de irritação dominar o meu ser. Que raiva!


Jéssica sorriu, mas foi um sorriso triste.


- Viu? Foi só descobrir que sou uma prostituta e já acha que não sou ninguém. Por isso não contei a vocês.


Não queria perder a amizade das garotas que mais amo neste mundo.


- Jess, acho melhor você ir embora. Estou cansada. Não quero discutir contigo. Eu também te amo, está bem?


Isso não vai mudar, sempre estive do seu lado.


- Eu sei, Mayte, me desculpa. Estou infeliz com tudo isso. E preocupada com você também.


Nenhuma das meninas tem coragem de te dizer o que eu disse, mas todas pensam a mesma coisa.


Estamos vendo você se alegrar, mas acho que não te veremos realmente feliz. Existe uma diferença.


- Não entendo... – murmurei, sentando-me no sofá. Aquela conversa estava tomando rumos muito esquisitos.


Jéssica suspirou.


- Não me leve a mal, Mayte. Mas não acredito que seu casamento dará certo. Vou apoiá-la até o fim, subirei no altar contigo e serei uma madrinha exemplar. Porém, no fundo, eu não acredito.


Balancei a cabeça, sentindo que ia começar a chorar a qualquer momento.


- Por quê? Por que acha isso?


- Você namora um cara há nove anos... E ele não conhece um lado seu que outro cara conheceu em dois dias.


Meus olhos quase saltaram das órbitas.


“Paloma filha de uma mãe!”, foi a primeira coisa que pensei.


- Olha, não fique com raiva da Paloma – disse Jéssica, adivinhando meus pensamentos. – Ela precisou nos contar.


- Ela traiu a minha confiança... – murmurei. Já estava chorando. De raiva, ódio, ressentimento, culpa...


- Não, ela só quis te ajudar. Somos suas amigas, confie em todas nós. Estamos muito preocupadas contigo.


- Só aconteceu, está bem? O que você disse não faz sentido. Eu já transei com o João Pedro, assim como transei com o Christian.


- Mas, nunca dormiu com o João Pedro. Você não dorme com ninguém, sabemos disso há muitos anos! Além do mais, nunca foi insensata, nunca mesmo. Alguma coisa aconteceu... Sabe que sim. Aquele lance do selinho no karaokê não me enganou!


- Não aconteceu nada – rosnei.


- Olha o exemplo da Claudinha, ela ama o Renato! Manteve-se fiel o tempo inteiro, não deu um passo em falso, mesmo com aquela tentação bem diante dela. Cláudia se conteve porque existe amor, Mayte. Se existisse isso em você, também teria se contido.


Levantei do sofá e fui até a porta. Abri-a imediatamente, queimando de ódio.


- Vá embora, Jéssica.


- Tudo bem, eu vou. Mas, por favor, repense o seu casamento.


- Eu vou me casar! – gritei.


Jéssica sorriu.


- Só se for muito burra – disse.


E foi embora, levando consigo sua mala cor-de-rosa com plumas.


Assim que fechei a porta com força, tenho até vergonha de dizer que me sentei no chão da sala e chorei por muito tempo. Estava me sentindo traída pelas minhas amigas, e por mim mesma.


Parecia que nada era como eu achava que fosse.


Só tive coragem de me levantar quando ouvi o telefone tocando. Era o João Pedro. - Amor, você já chegou?


Ele estava ligando para o número fixo, então supus que a pergunta era retórica. Simplesmente não respondi.


- Amor?


- Sim, estou em casa.


- Você está bem?


- Sim – menti.


- Como foi a despedida? Vou passar aí, quero te dar um beijo. Senti saudade o tempo todo.


Céus... Eu mal tinha me lembrado dele.


- Não, querido. Estou tão cansada! Vou tomar um banho e capotar. É sério, mal consigo ficar de pé. – Aquilo era verdade, porém, não estava sentindo sono. Era tristeza mesmo.


- Tudo bem. Amanhã a gente se vê então?


- Combinado.


- Daí você me conta cada detalhe do que aconteceu lá.


- Está bem. Tchau.


“Acredite, João, você não vai querer saber dos detalhes”, pensei.


Desliguei o telefone antes mesmo de ele se despedir. Não estava com paciência, e começava a encontrar sentido nas coisas que Jéssica havia me dito. Tinha pensado coisas tão diferentes... Já estava com todas as decisões tomadas! Por que tudo tinha que mudar tão depressa?


A noite foi longa e solitária. Não conseguia pregar o olho. Tentei dormir em todas as posições, até coloquei vários travesseiros e me apoiei neles, imaginando o Christian. Nada funcionava.


Minha última saída foi tomar um calmante.


Meus pensamentos estavam cada vez mais confusos, guiando-me para direções que pareciam opostas. Todos os caminhos eram certos e errados ao mesmo tempo. Não era uma solução matemática, em que um cálculo podia ser feito e sempre gerava um resultado fixo. A complexidade da minha vida e de todas as baboseiras que andei fazendo estava me deixando louca.


Acordei com fortes dores de cabeça, mas tive que ir trabalhar. Cheguei à minha loja mais cedo e fui dando uma limpada, mesmo sabendo que havia funcionárias para isso. Não me importei; o que é meu limpo na hora que quiser.


Quando Lara chegou, falei algumas coisas sobre a loja e me tranquei na minha sala. Não queria ouvir sermões sobre o que aconteceu na despedida de solteira. Estava com vergonha de todas as minhas amigas.


Liguei o computador e abri a minha bolsa, pegando o meu celular e a carteira. Havia saído de casa sem comer nada, estava faminta. Decidi tomar alguma coisa na cafeteria que tinha na galeria perto de onde a minha loja se encontrava.


Assim que saí, deparei-me com a grande placa de “vende-se” na frente da sapataria ao lado.


Lembrei-me imediatamente do Christian. Ele estava precisando de um bom espaço para o seu estúdio e,
apesar de não querê-lo por perto, não podia ser tão egoísta a ponto de atrasar o seu sonho de parar de se prostituir. Peguei um papelzinho e anotei o número do telefone de contato que tinha na mesma placa. Só então fui fazer o meu desjejum.


Voltei à minha loja, e as primeiras clientes já haviam chegado. Não me pergunte como alguém pode acordar cedo para comprar cosméticos, mas tenha certeza de que isso é mais comum do que você imagina. Resolvi algumas coisinhas com a funcionária que ficava no caixa e voltei para minha sala. Ignorei a Lara novamente.


No impulso, mexi na minha carteira e peguei o cartão de visitas do Christian. Precisava lhe dar o número da sapataria. Juro, passei meia hora olhando para o cartãozinho preto com detalhes prateados. Era bem elegante e tinha o nome “Christian Chavez” escrito com letras cursivas bem charmosas. Logo abaixo, tinha o telefone e o seu e-mail*: chrischavez@gmail.com.


- É isso! – murmurei para mim mesma. – Vou mandar um e-mail. Será melhor do que ligar!


Peguei o computador, abri na minha caixa de entrada e cliquei em “escrever”. Sério, eu não sabia por onde começar. Queria falar tantas coisas para ele... Mas nada era útil o bastante. Decidi ser sucinta. Só queria dar uma informação, nada mais.


Sendo assim, escrevi as seguintes palavras:


“Bom dia, Christian.


Aqui está o número da loja de sapatos que te falei. Eles estão mesmo vendendo o espaço.


Espero que consiga realizar o seu maior desejo.


Mayte Perroni.”


Depois coloquei o número e o endereço. Achei que tinha soado bem profissional e longe de intenções. Cliquei em enviar, e já era.


Confesso que deixei o meu e-mail aberto durante todo o dia. Esperava algum tipo de resposta, qualquer coisa, mas não veio nada. Talvez Christian não conferisse sua caixa de entrada diariamente. Ou talvez estivesse ocupado.


Trabalhando.


Balancei a cabeça, tentando tirar aquele pensamento de mim. Não sei por que, mas pensar nisso me causava um mal horrendo. Tanto que fiquei de mau humor durante quase todo o dia. Resolvi mais alguns problemas relacionados à loja, coisas bobas. Estava tudo em ordem.


À tarde, recebi uma ligação. Era da costureira.


- Mayte? Aqui é Célia, querida.


- Oi, Célia! O que houve, algum problema?


- Você combinou comigo para pegar o seu vestido hoje, às quatro horas. Esqueceu?


Olhei para o relógio em cima da minha mesa. Eram quatro e trinta e seis. Céus... Outro atraso.


Aliás, aquilo foi muito além de um atraso. Foi um esquecimento. Sendo que nunca me esqueço das minhas responsabilidades. E quando digo nunca, é nunquinha.


- Célia! – quase gritei. – Estou chegando aí, me desculpa!


Ela riu ao telefone,


- Não se preocupe, estou aqui até as seis.


- Vou agorinha mesmo, já estou saindo!


- Tudo bem, querida. Até mais!


Cheguei ao Célia’s Noivas às cinco e meia. O trânsito estava horrível, mais parado do que de costume. Quase não conseguia estacionar o meu carro. Enfim, entrei no estabelecimento. Peguei o embrulho enorme e pesado que continha o meu vestido de noiva. Não ia precisar experimentar, pois já tinha feito a última prova. Estava perfeito.


Pedi mil perdões a Célia, depois liguei para a Lara. Não ia conseguir voltar ao trabalho, por isso pedi que organizasse as coisas e fechasse a loja. Quarenta minutos depois, estacionei o carro na garagem do meu apartamento. Foi quando meu celular tocou.


Era o João.


- Meu amor, estou chegando aí daqui a vinte minutos. Vou só colocar gasolina.


Meu coração congelou. Não sei por que, mas queria ficar sozinha. Precisava pensar um pouco, sei lá. Não estava a fim de encarar o João. Entretanto, eu me vi sem saídas.


- Tudo bem. Estou esperando – murmurei, e desliguei o telefone.


Suspirei profundamente. O que estava acontecendo comigo? Alguma coisa não estava normal.


Não mesmo!


Tomei um banho rápido e fiquei esperando o meu noivo. Ele não demorou muito. Estava preparando uma salada e assando fatias de frango quando ouvi a campanhia. Fui atender a porta.


- Oi, linda! – João sorria, e segurava um buquê de rosas brancas. Estava bonito, usando uma calça jeans e uma camisa com desenhos alternativos na frente. Ele mesmo havia criado os desenhos.


Meu noivo era um homem alto e magrinho. Usava óculos, tinha os olhos castanho-claros e o cabelo meio aloirado. Era um rapaz lindo. Pelo menos eu sempre achei.


João me deu um selinho e entrou. Peguei o buquê e fui buscar um vaso.


- E então, foi pegar o vestido hoje? – ele perguntou da sala, enquanto eu colocava água no vaso e o depositava em cima da bancada da cozinha.


- Fui. Está aí no sofá. Não abra!


- Ele parece ser grande.


- Você vai ver quando chegar a hora – falei, agora voltando a minha atenção para as fatias de frango, que tinham queimado um pouquinho de um lado.


- E o sábado que não chega! – João disse, animado.


- Pois é – murmurei para mim mesma.


- Quer alguma ajuda?


- Pega o suco aqui na geladeira. Está com fome?


João apareceu na cozinha e fez o que pedi.


- Estou.


Ele pegou dois copos, dois pratos e os talheres. Já sabia onde eu guardava tudo. Como sempre fiz questão de me sentar à mesa - embora João prefira comer no sofá, assistindo a TV - ele também pegou dois kits de jogo americano e os depositou lado a lado na minha mesa redonda de mármore branco.


Em dez minutos, já estávamos comendo.


- Você não me falou como foi a despedida de solteira.


- Foi boa – me limitei a dizer.


- Não vale só dizer isso. Quero saber o que fizeram.


Suspirei. Eu não sabia mentir, mas tinha que tentar. Meu futuro dependia daquilo.


- A casa era linda, tinha piscina... O quarto que fiquei tinha vista para o mar. Fomos à praia, enfim, curtimos muito. Até bebi um pouco. Foi divertido.


- Você bebeu? – João franziu o cenho, incrédulo.


- Bebi. Não queria dar uma de chata.


Ele riu um pouco.


- Jéssica me disse que ia contratar um serviço de buffet para vocês não se preocuparem com a cozinha.


Meu sangue congelou. Deus... Por que é tão ruim mentir? É difícil acreditar que muita gente o faça com tamanha facilidade.


- Sim, ele era ótimo... Digo, a equipe era muito boa.


“Se mata, Mayte!”, pensei.


- Fico feliz que tenha se divertido. A minha despedida será na quinta-feira. Os garotos não querem me dizer aonde vão... Ficaram de me pegar em casa, e disseram que só me devolveriam pela manhã.


- Ah. Legal.


João fez uma careta.


- Você está tão esquisita, amor! Pensei que ia reclamar comigo por causa disso.


- Não estou esquisita, só acho que você tem o direito de se divertir. Deixa os meninos te levarem para onde quiserem, afinal, as meninas fizeram o mesmo comigo.


Ele riu e se inclinou para me beijar. Deu-me outro selinho casto.


Depois do jantar, João lavou os pratos e eu terminei de organizar a cozinha. Deixamos tudo limpo e nos sentamos no sofá.


- Nem acredito que nos casaremos – ele murmurou, puxando-me para perto dele. – É um sonho, sabia?


- João... – Tentei me erguer. – Você... Preciso fazer uma pergunta.


- Pode fazer, amor.


- É que... Você é feliz comigo?


Ele riu de leve, mostrando seus dentes enfileirados. Seu sorriso era bonito. Ponto final. Não irei acrescentar esta frase com um “mas...”, pois não estou e nem quero comparar ninguém.


- Claro que sou! Que ideia é essa?


- Não, é que... Você se satisfaz comigo? – perguntei, meio inibida. Não sabia onde queria chegar, mas pelo menos eu podia chegar a qualquer canto com ele.


- Como assim, amor? – João estava achando tudo muito esquisito. Pudera, jamais havia falado sobre aquilo.


- Deixa pra lá – murmurei.


- Não, linda... Conta.


- É sério, não é nada. – Forcei um sorriso.


- Tem certeza?


- Tenho – menti.


- Então vem cá, quero te beijar direito.


João me tomou em seus braços, e eu me deixei levar. Seus lábios eram conhecidos para mim, doces, singelos.


O seu beijo era sempre calmo, sem pressa. Ele me alisava os cabelos com mãos leves.


Senti o seu cheiro; era super reconhecível para mim. Estava mais do que acostumada, e me senti em casa.


Não vou fazer comparações, esqueça. Só estou descrevendo, e não comparando.


Comparar a lua e o sol é crueldade. Ambos têm sua beleza, seus encantos. São capazes de afetar meus sentidos. Porém, não posso me enganar. Fiquei decepcionada.


Senti-me como uma cadela. No termo literal da palavra. Se bem que, também me senti no não literal. Mas, imaginem só a seguinte historinha; eu era uma cadela acostumada a sempre comer a minha ração saudável e tranquila. Até que um belo dia alguém me serve um pedaço farto de carne, e me delicio. Então, do nada, a carne me é tirada e devo voltar a comer ração.


Parece horrível dizer isso, e é. Até eu me choco, mas foi como me senti quando João me empurrou no sofá e prendeu seu corpo em cima do meu. Sabia onde ele queria chegar. O problema era que eu não queria chegar lá.


Não era o meu desejo.


- João... – Suspirei, tentando me afastar. – Vamos... Vamos esperar o casamento.


- Mayte, deixe de besteira. Já fizemos isso tantas vezes.


- Mas... Assim dará mais vontade. Nossa lua-de-mel será mais... Enfim, intensa – enrolei.


Estava um poço de falsidade. Coisa feia. Lamentável.


- Hum. Tudo bem, então. – João se afastou, mas me puxou para cima dele. Sentei em seu colo, tendo os pés apoiados no sofá. Meu noivo me segurou como se eu fosse um bebê.


Sorri um pouco. João era especial. Sim, sem dúvidas. Eu podia ser feliz com ele, facinho.


Aliás, nós íamos ser felizes. Deus abençoaria nosso amor perante uma igreja lotada de convidados.


A terça-feira praticamente voou. Liguei para alguns contatos do meu casamento, reconfirmando tudo. Nada podia dar errado, do contrário sei que ficaria possessa. Havia organizado tudo com muito trabalho, portanto queria que cada detalhe beirasse a perfeição.


Lara precisou ir provar os ajustes do vestido dela, e como eu havia prometido que lhe daria folga, assim foi feito. Acho que seus problemas com relação às gordurinhas foram curados na minha despedida de solteira.


Fernando lhe tratava tão bem o tempo todo! Isso eleva muito a autoestima de uma mulher.


João não veio me ver na terça, pois teria que trabalhar num projeto até tarde. Este é o grande problema em ser freelancer. Preferia que ele tivesse um emprego fixo, mas enfim, não vou ficar reclamando disso agora. A vantagem de tudo foi que finalmente relaxei e consegui dormir bem.


Na quarta-feira, quando cheguei à loja, Lara já tinha aberto e estava organizando os materiais.


Comecei a ajudá-la, mas me arrependi. Como ainda estava cedo, as outras funcionárias não tinham chegado, portanto éramos só nós duas. Claro que ela ia comentar alguma coisa.


- Você está bem, Mayte? – perguntou.


- Estou ótima! E você?


- Muito bem também. Sua despedida de solteira me fez um bem enorme. Me sinto viva, sabe? É diferente.


- Pois é – falei.


Silêncio total.


- Mayte, eu sei que...


- Não quero falar sobre isso. – Cortei logo o mal pela raiz. Estava só esperando ela começar.


Lara suspirou, voltando a desembalar algumas amostras grátis.


- Só espero que saiba o que está fazendo – disse, por fim.


- Eu sei o que estou fazendo – menti. Uma mentira muito da cabeluda. Eu não fazia ideia do que estava fazendo.


Fiquei na minha sala a manhã inteira. Abri o meu e-mail pela milésima vez desde a segunda-feira; não havia uma mensagem sequer do Christian. Soltei meu trigésimo suspiro da última meia hora. O que estava esperando? Nem eu mesma conseguia responder esta pergunta.


Pensava na loucura que havia se tornado os meus dias quando Lara bateu na minha porta e entrou sem pedir licença. Parecia muito assustada. Estava branca como um papel.


- O que foi, Lara? Aconteceu alguma coisa?


Ela apontou para a porta.


- Tem... Uma pessoa que quer falar contigo.


- Quem? – Franzi o cenho. Não estava esperando visitas, e não tinha fornecedor marcado para aquele dia.


- Veja você mesma, está na ala de perfumes. Vá logo antes que eu dê um grito! – Lara falou alto.


- Ok, mas tenha calma!


Saí voando até a ala de perfumes. A curiosidade falou mais alto, queria saber quem tinha abalado tanto a Lara.


Assim que cheguei lá, simplesmente estaquei. É sério, sabe quando você pára do nada e fica sem ação, grudada ao chão feito um pé de jaca dura? Foi o que aconteceu comigo.



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Autor(a): jessica_ponny_steerey

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Tudo isso porque, na ala de perfumes, estava nada mais nada menos do que o próprio Christian, em carne e osso. Estava lindo como sempre; vestindo uma calça jeans escura, sapatos super da hora e uma camisa vermelha estilosa por baixo de uma jaqueta preta. Diferente de tudo o que eu já tinha visto nele. Christian estava meio inclinado, observando as ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 70



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  • gr_perroni Postado em 08/01/2015 - 16:06:03

    Posta maaaaaaaaaaaais....

  • mirelly_perroni Postado em 03/01/2015 - 09:43:02

    Postaaaaaaaaaa mais por favor que perfeito, nossa na Chuva cara rs que louco, o christian tá tão fofo, a musica que cantou pra ela foi tão demais tão perfeita, postaa mais por favor tô curiosa, o que vai rolar os problemas que vão aparecer tudo, então postaaa por favor.

  • vondy4everponny Postado em 13/12/2014 - 23:10:15

    Oooh hot na chuva?? Pqp esses dois são fogo. Christian mudou mesmo a Maite e a Maite mudou mesmo o Christian *-------* lindinhos <<<<<3

  • vondy4everponny Postado em 01/12/2014 - 19:41:51

    Nossa,tadinho do Christian, a história dele é foda.Como um pai pode tratar um filho assim só porque ele não quer ser advogado? E a humilhação na festa do natal? AF, tadinho dele, ninguém merece.

  • vondy4everponny Postado em 16/11/2014 - 15:26:24

    Odeio quando a Maite faz algo que magoe o Christian, AF. Ele precisa de muito apoio dela e ela vive assustada com tudo, aném

  • vondy4everponny Postado em 12/11/2014 - 13:10:59

    Sinceramente, estou com pena do Chris :/ Maite já está pensando em mentir, e eu entendo, mas essa história dele ainda vai dar muito problema :/

  • vondy4everponny Postado em 05/11/2014 - 00:54:26

    Awn, eles estão tão amorsinhos *-----* Mai pensa mais que o Chris, sinceramente UHAUAH! Vish, o que será que ela quer contar logo agoooora? AF Espero que seja coisa boa

  • vondy4everponny Postado em 26/10/2014 - 19:55:47

    Xtian aregou mana KKKKKKKKK Ai ai, Maite ficou ''desejosa'' tadinha UAHUAHU! Ele cantando uma canção de ninar pra ela, e ela cantou pra ele... Aaaaaaaaawn, que meigos e engraçados kk *---* Achei lindo! Posta mais Jess

  • vondy4everponny Postado em 24/10/2014 - 01:39:13

    Amando o terceiro livro amiga, que perfeitos *--* To com dó da Maite, eles ainda tem muita coisa pra acertar, isso nao vai ser facil :/

  • vondy4everponny Postado em 23/10/2014 - 20:31:54

    Ebaaaaaaa, terceiro livro! OMG, eles vão se casar? Como assim? kkkkk Coitado do ''Jão'' e da familia da Mai :/ Isso ainda vai dar mts problemas ne?


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