Fanfics Brasil - Livro 2 visão Christian Despedida de Solteira(Adaptada) Mayte & Chistian

Fanfic: Despedida de Solteira(Adaptada) Mayte & Chistian | Tema: Chaverroni


Capítulo: Livro 2 visão Christian

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É complicado fazer o que eu faço.


Cansativo também. Pode parecer divertido, sei que muitos caras sonham em estar no meu lugar. Afinal, sexo é uma coisa que não sai da cabeça de noventa por cento dos homens. A ideia de poder transar sem compromisso algum pode ser considerada um sonho no universo masculino. Ganhar muito dinheiro para transar então... é uma conveniência tão grande que chego a agradecer todos os dias.


Eu gosto de sexo e acredito que isso não seja incomum. Não é errado gostar de sexo; todo mundo gosta, claro, desde que seja bem feito. Entrei nesse tipo de vida sabendo bem o que queria: transar por dinheiro. Um sonho.


Pois é, um sonho que pode se transformar em pesadelo de um minuto para o outro.


Sim, de um simples minutinho...


Estava extremamente feliz há um minuto, quando deixei a casa de uma das minhas clientes mais gostosas. A mulher é um espetáculo: morena, cabelos longos, olhos felinos, corpo escultural. Às vezes fico até envergonhado de cobrar alguma coisa dela, mas infelizmente – ou felizmente – este é o meu trabalho. A coitada não tem a mínima ideia do quanto é bonita. Ela não precisa contratar meus serviços, qualquer cara dormiria com ela sem pensar duas vezes, mas a tal da crise de inferioridade é uma tristeza mesmo.


Sei disso porque a maioria das mulheres com quem saio tem a autoestima lá embaixo. Meu dever é reerguê-la por meio de sexo prazeroso. Trato a infeliz com o maior carinho do mundo, faço ela se sentir especial, dou carícias, pego de jeito, empurro na parede, fodo a criatura... e pego o meu dinheiro.


Esta é a minha vida. Este sou eu.


Trinta e um anos experientes.


Pode ser assustador. Muitos o consideram assim. “Como você consegue fazer isso, Christian?”, é o que me perguntam.


A resposta é simples: conseguindo. Como dizia antes, as coisas podem ser muito prazerosas, principalmente quando a cliente é uma gostosa mal amada.


Tudo fica complicado mesmo quando tenho que encarar pessoas como a que estou prestes a encontrar. Podia simplesmente desmarcar o compromisso, mas é muito tentador ganhar o meu máximo: três mil reais a hora.


Nem todo mundo tem esse dinheiro para gastar com um garoto de programa, tenho consciência disso. Nem eu mesmo me pagaria tal valor, mas bem... Há quem pague. É também um desafio, pois tenho que manter a calma – e a ereção, principalmente a ereção – diante de uma mulher que não me atrai de forma alguma.


Depois de quase dez anos fazendo isso, devo confessar que sou ótimo. Parece até que estou realmente excitado por causa da cliente. Mal sabe ela que meu pensamento está longe, imaginando que estou fodendo loucamente alguma celebridade tipo a Angelina Jolie ou a Julia Roberts. Às vezes penso até em outra cliente, apesar de ser estranho quando acontece. Não gosto de pensar, lembrar, imaginar ou ter qualquer outro tipo de relação mais íntima com ninguém. Isso pode ser perigoso, apesar de, depois de tantos anos, achar impossível algum envolvimento da minha parte.


Simplesmente não me apaixono. É um fato. Porém não significa que eu não tenha sentimentos, nem que não tenha vontade de me envolver, principalmente quando percebo que uma cliente que considero legal se apaixonou por mim.


Acontece mais do que gostaria de admitir, e a minha única saída é inventar desculpas dizendo que a minha agenda está lotada.


Cheguei até a dizer a uma louca que ficava me ligando de um em um segundo que não trabalhava mais no ramo e tinha me mudado para outro país. A coitada esperneou ao telefone, fiquei com dó. Mas o que posso
fazer? Nada. É o meu trabalho. Ponto final.


Cheguei ao apartamento luxuoso da cliente – uma cobertura que valia, no mínimo, cinco milhões de reais –, sendo atendido por uma funcionária. Ela pediu para que eu aguardasse na sala. Aquele lugar era incrível, não posso negar. Tudo inspirava requinte e elegância; os quadros bem colocados, a iluminação embutida no teto...


O ambiente era moderno, amplo, arejado e discreto, todo em tons pastéis. Parecia pertencer a alguém de muito bom gosto, mas aposto minha BMW, a Charlotte, que não havia sido ela quem decorou o espaço.


Era noite de quinta-feira, portanto sabia bem o que ela queria.


Estava vestido com o meu terno mais elegante, gravata cinza – como o exigido – e tinha as mãos no bolso.


Acredito que estava muito bem apresentado, ela não se decepcionaria. Estava completamente saciado por causa da outra cliente, mas tinha que encontrar alguma fonte de desejo, sabese lá de onde. Ainda bem que eu sempre a encontrava. É por isso que me dou bem fazendo o que faço, minhas vontades parecem não ter fim.


– Christian – ouvi a sua voz. Precisei tomar fôlego. Odeio quando me chamam de um nome que não é o meu.


Mas ela estava pagando caro para me chamar do que quisesse. Tenho culpa se a maldita acha que sou o Christian Grey, do livro “Cinquenta tons de cinza”?


– Anastasia – falei, sorrindo. Ok, o nome dela não era Anastasia, mas a filha da mãe estava pagando para que eu a chamasse de qualquer coisa. Minha vontade, naquele momento, era chamá-la de louca, desprezível, ridícula, masoquista dos infernos ou qualquer outra coisa que não fosse a coitada da Anastasia Steele, que sequer existia. A maldita me fez ler o livro inteiro só para ter o prazer de ser dominada por mim em um sexo selvagem e sem sentido, repleto de chicotadas e demais coisas que não me passavam pela garganta.


Só porque sou um garoto de programa não significa que goste de todo o tipo de sexo. Não me entenda mal, curto dominar.


Gosto quando fico no controle, sinto prazer em comandar o sexo. Porém, não sou a favor de qualquer tipo de agressão. Não sinto prazer em chicotear ninguém, embora faça isso mais vezes do que gostaria. Essa mulher não era a primeira, e certamente não seria a última, a querer ser agredida deliberadamente e ainda gozar muito gostoso enquanto levava uma surra.


Estranho. Enfim...


Prefiro sexo “normal”, se é que me entende. Também gosto de ser dominado, mas não daquela forma. Adoro mulheres decididas, que sabem o que querem e o que pretendem. Gosto de ser conduzido e fico impressionado com a capacidade que algumas mulheres têm de comandar até mesmo o momento certo do clímax. Deixome levar completamente por clientes com este dom.


Contudo, odeio quando algumas inventam de me amarrar ou algemar. Não vejo necessidade para isso, se querem que eu fique parado e quieto, simplesmente fico.


Custa pedir? Bom, pelo menos, naquele caso, Christian Grey jamais se deixaria algemar, nem pela própria Ana Steele. Sorte a minha, não precisaria passar por aquele tormento. Meu tormento seria outro; ter que manter uma ereção e transar com aquela mulher como se estivesse muito a fim de fazer isso.


Depois de ter passado uma hora perfeita com uma cliente gata... Aquilo.


Ótimo, que seja. Bem-vindo ao meu mundo.


A mulher se aproximou de mim.


Encarei-a, contracenando minha expressão mais sensual. Olha, ela não era feia, só velha demais. Acredito que tinha quase sessenta anos, mas acho que fazia tanta plástica que o rosto já estava todo esticado.


Contudo, ela tinha cabelos legais, loiros e compridos. Bom, não loiros, aquilo com certeza era tintura. Sua pele estava amarrotada de tanto creme hidratante que, claro, não funcionava tanto assim. A flacidez era visível, mas eu nada enxergava naquele momento. Estava concentrado imaginando os olhos azuis da Ana Steele. Ela seria a vítima dos meus pensamentos daquela noite.


Transar loucamente com uma ministra não é tão ruim, tirando o fato de ela ser velha e ter gostos incomuns.


Entretanto, permaneci aéreo enquanto a penetrava de todas as formas e a amarrava em braçadeiras, até que finalmente se cansou e dispensou os meus serviços. Um encontro de apenas uma hora acabou durando duas, mas a maldita não se importou em me pagar o dobro. Seis mil reais. O bom de tudo isso é que ela jamais se apegou a mim, apesar de ser uma cliente antiga – e muito importante no cenário político. Sempre me pagou bem, de forma que só o que ganhei com ela foi o bastante para comprar a minha BMW.


Sei que você deve estar aí se perguntando: “valeu a pena, Christian?”. Minha resposta é muito simples: ganhei seis mil reais em apenas duas horas fazendo o que não queria. Tem gente que trabalha o mês inteiro sem querer, oito horas por dia, às vezes até nos fins de semana, e ganha bem menos do que isso.


O que você acha? É claro que vale a pena.


Naquele fim de semana começaria um novo trabalho junto com alguns colegas. Era um empreendimento novo, mas tinha uma ideia muito interessante envolvendo despedidas de solteiras. Sempre adorei despedidas, as mulheres ficam ensandecidas e fazem coisas que jamais fariam no cotidiano. Gosto de observá-las; gosto tanto que nem pensei duas vezes antes de aceitar o serviço. Nem foi pelo dinheiro, apesar de ter gostado bastante da questão financeira.


Estava ansioso para começar, tinha certeza de que seria divertido. Precisava me lembrar de ligar para o Edu pela manhã, a fim de ficar atento aos últimos preparativos.


Cheguei ao meu apartamento. Estava cansado. Saldo do dia: três clientes devidamente satisfeitas, sete mil e
seiscentos reais no bolso e um braço doendo de tanto chicotear uma vadia. Eu fazia com força mesmo, na esperança de que ela achasse ruim e quisesse algo mais light.


Infelizmente aquilo só surtia o efeito contrário.


Praticamente me atirei no sofá branco da minha sala, ouvindo o silêncio como se ele quisesse me dizer alguma coisa. Admito que aquele era o pior momento dos meus dias; quando anoitecia e me via sozinho, sem uma companhia agradável ou alguém para me perguntar se eu estava bem.


Bom, isso nunca me importou. A solidão pode ser reconfortante às vezes. Ela me faz companhia como ninguém, de modo que me sinto em casa. Sentia-me mais seguro daquela forma.


De quê mais eu podia precisar?


Acordei no meu sofá, todo quebrado.


Parecia ter levado uma surra, como se a ministra tivesse me chicoteado, e não o contrário. O despertador do celular estava tocando freneticamente. Peguei-o e abri a agenda virtual. Tinha duas clientes marcadas dali a uma hora. Estava todo dolorido, suado e morrendo de fome. Odiava dormir no sofá.


Isso era cada vez mais comum nos últimos meses, pois estava trabalhando demais.


Tudo por uma boa causa: precisava juntar dinheiro para o meu estúdio. Por mais que eu goste do que faço, admito que já estou de saco cheio dessa vida. Preciso me dedicar a uma coisa mais calma e ao mesmo tempo interessante. Adoro fotografias, desde pequeno. Deve ser por isso que virei modelo aos dezessete anos, sem pestanejar. Vivi por muito tempo diante das câmeras, mas minha vontade profunda sempre foi estar por trás delas.


Fiz um curso há alguns anos, como hobby, e simplesmente me apaixonei.


Prometi a mim mesmo que iria montar um estúdio fotográfico e desde então venho juntando uma boa grana.


Quero tudo completo, organizado e planejado, de modo que possa continuar vivendo bem com a nova carreira.


Não quero diminuir os padrões da minha vida, pois estou acostumado a não me preocupar com dinheiro.


Infelizmente meus planos tiveram que se atrasar um pouco por causa da Anelise, uma ex-namorada – ou sei lá o que éramos – que tive há quatro anos. Gostava de sua companhia, apesar de não saber dizer se gostava dela. Havia a conhecido na festa de um colega, numa boate bem agitada.


Saímos, jantamos juntos, transamos...


Depois de um mês, ela colocou na cabeça que queria me namorar.


Bom, eu tentei.


Estava disposto a engrenar em um relacionamento sério, mas precisava do meu estúdio pronto. Infelizmente ela descobriu o que eu era antes que pudesse concluí-lo, nem me pergunte como. Só sei que Anelise teve tanto ódio que simplesmente colocou fogo no estúdio que eu estava montando.


Sei disso porque ela mesma me disse, com todas as letras, antes de ir embora e nunca mais aparecer de novo.


O que eu fiz? Nada.


Fiquei tão desanimado e triste comigo mesmo que simplesmente tratei de esquecer essa história. Continuei trabalhando duro, mas apenas para me manter ocupado.


Desisti de montar o estúdio, havia perdido o resultado de um trabalho que necessitou de anos de planejamento. Tinha tudo de que precisava anotado em um caderno, mas decidi guardá-lo e deixar para lá.


Minha irmã Júlia soube do acontecido e, como a única pessoa capaz de me fazer refletir e mudar de opinião – posso ser bastante cabeça dura quando quero –, tentou me convencer a continuar juntando dinheiro. Admito que menti inúmeras vezes para ela, dizendo-lhe que estava economizando. Tudo balela. Gastei meu dinheiro todo muito rapidamente: adquiri uma BMW, troquei de apartamento, reformei tudo umas duas vezes até ficar satisfeito, comprei os melhores produtos, móveis, enfim... Saí rodeando a mim mesmo de coisas caras.


Resultado: tive que começar do zero.


Aprendi da pior forma possível que não adianta fugir de um sonho. Ele sempre vai existir, e vou ficar me sentindo um pedacinho de lixo enquanto não fizer nada que me dê esperança, nem que seja um pouquinho. É diferente fazer as coisas com alguma expectativa, a sensação de que a situação pode mudar. Difícil mesmo é viver dia após dia sem rumo, sem um direcionamento.


Considero o sonho da construção do meu estúdio um caminho a ser seguido quando todos os outros me sufocarem de modo insuportável. A ideia me faz bem, por isso decidi parar de enganar a minha irmã – e a mim mesmo.


Tomei um banho quente. Devia ter desmarcado aquele compromisso, afinal, precisava estar descansado para o fim de semana. O problema era que aquele encontro era imperdível. Jamais desmarquei nenhum horário com as gêmeas. Sim, pasme, ia me encontrar com duas garotas que eram irmãs gêmeas idênticas. Apesar de lindas e bem-humoradas, ambas possuíam um gosto incomum. Elas têm verdadeiro prazer em fazer sexo a três, mais conhecido como ménage à trois.


Incrivelmente elas não se tocavam; ainda bem, pois seria muito estranho se o fizessem – seria a mesma coisa se eu dissesse que era fissurado em transar com a minha irmã, o que é ridículo, gosto nem de pensar nisso. Morro de ciúmes da Júlia.


Bom, o fato é que, apesar de não fazerem sexo entre si, as meninas adoram abusar de mim como se eu fosse um brinquedinho compartilhado. Nem reclamo. Na verdade, cobro o valor mínimo por esse joguinho.


Comi qualquer coisa que estava na geladeira, vestindo uma roupa mais esportiva; tênis, jeans escuro e uma camisa branca. Elas gostavam de simplicidade. Para ser sincero, arrancariam aquilo em um segundo.


Meu braço ainda doía – maldita ministra! –, e a cabeça girava um pouco.


Acabei tomando um Tylenol e partindo para mais uma aventura.


Depois da sessão ménage, como sempre maravilhosa, decidi voltar para casa e organizar as minhas coisas.


Liguei para o Edu, e ele me informou que deveríamos partir às três da tarde. Viajaríamos rumo a uma casa de praia especialmente arquitetada. Lá receberíamos um grupo de seis garotas, que estariam comemorando uma despedida de solteira. Seguiríamos em uma van, que também fazia parte do empreendimento, portanto marcamos de nos encontrar na casa do Marcelo, outro colega nosso.


As gêmeas tinham acabado com a minha raça. Estava tão cansado que decidi dormir o máximo que pudesse, tomando o cuidado de deixar meu despertador no volume mais elevado.


Não podia me dar o luxo de perder aquela despedida.


– E aí, Christian! – cumprimentou Edu, dando-me um abraço com batidinhas nas costas. – Beleza?


– Beleza.


Havia chegado à casa do Marcelo um pouco depois do previsto. Os outros rapazes já estavam entrando na van. Ainda bem que não os deixei esperando, cheguei na hora exata da partida. Cumprimentei todos eles com um aperto de mão. Pareciam tão animados quanto eu, mas nunca fui de demonstrar empolgação.


Marlos, nosso coordenador naquele fim de semana, entregou-me uma pasta com algumas informações necessárias. Já tínhamos realizado alguns treinamentos antes, mas nada se comparava ao que vinha a seguir; iríamos finalmente colocar tudo em prática. Fui informado de que aquela despedida serviria como um teste, as meninas nada estavam pagando pelo serviço, embora o dinheiro que nos pagaria estivesse vindo de algum lugar – sabe-se lá de onde. Não tive interesse em perguntar.


Não faço perguntas, apenas cumpro meu dever e recebo a minha remuneração.


Sempre fui um cara muito quieto, na minha. Nunca fui de conversar muito, gosto mais de escutar e me manter atento. Os meus colegas iniciaram conversas aleatórias sobre esportes de um modo geral e, claro, mulheres.


Mais propriamente as que iríamos conhecer em breve.


– Elas são muito bonitas – comentou Marcelo, animado. Ele estava sentado na minha frente, portanto eu tinha uma visão completa do seu cabelo preto, longo e escorrido. Marcelo era legal, tinha traços orientais e uma habilidade magnífica com copos e garrafas. Já o conhecia de alguns trabalhos anteriores e, sinceramente, nunca vi alguém que fizesse malabarismos tão perfeitos. – Todas elas. Estamos com sorte, sem barangas.


Não evitei acompanhar os risos. Fiquei animado, pois estava farto de mulheres feias, embora considerasse a beleza algo muito relativo. Já passei noites maravilhosas ao lado de mulheres longe dos padrões, momentos mais prazerosos do que com as lindas, consideradas gostosas. Só esperava não dar de cara com uma louca sadomasoquista. O resto dava para aguentar numa boa.


– Amém! – gritou João, outro colega.


O cara era negro, enorme e musculoso.


Parecia um guarda-roupa ambulante, mas as mulheres gostavam de tipos como ele.


Nunca entendi por que, mas vai saber, né? – Essa semana foi complicada pro negão aqui.


Nunca vi tanta baranga na minha vida.


Contrataram meu mano Henrique aqui e eu para uma festa entre mulheres... – João deu uns tapinhas no ombro do Henrique, um homem loiro de cabelos bem cacheados.


Não o conhecia. – Pra quê? Nenhuma se salvava!


– Verdade. Parecia um circo dos horrores – concordou Henrique, gargalhando.


Os rapazes o acompanharam. – Mas a grana era preta, muito boa.


Soltei um suspiro. Pelo menos eu não era o único a suportar certas coisas. Mas bem, não vou reclamar. Como já disse antes, tem pessoas que trabalham a vida toda sem gostar do que fazem e ainda ganham bem menos.


O que acho mais legal quando converso com outros garotos de programas é o fato de eles não ficarem reclamando da vida que levam. No fim, o dinheiro sempre vence a questão, e o assunto é dado por encerrado.


Pode parecer estranho, mas isso me deixa confortável. Odiaria ter que ouvir lamentações, afinal, fazemos aquilo porque queremos. Ninguém ali era obrigado a continuar.


Toda a conversa sobre possíveis lamentações foi trocada por um conteúdo que detesto: ficar exaltando a própria capacidade de manter a ereção por três, quatro vezes seguidas, bem como o modo como consegue dar conta de três, quatro, cinco mulheres de uma só vez. Sou muito discreto e odeio contar vantagem. Não interessa a ninguém o que consigo fazer; só devo satisfações às minhas clientes e tenho certeza de que elas estão bem satisfeitas com o meu trabalho.


Por isso comecei a ignorar a conversa entre os rapazes. Abri a pasta que Marlos me entregou, estava curioso com relação ao conteúdo. Havia algumas cópias de contratos, já devidamente assinados. Tinha feito aquilo assim que aceitei o serviço, na semana retrasada. O documento falava sobre tudo o que era permitido e proibido – por exemplo, não podíamos levar celulares e nenhum outro aparelho eletrônico –, apresentava uma descrição minuciosa do trabalho que realizaríamos e um acordo de silêncio para proteger a reputação das clientes. Havia também alguns contratos de segurança física, bem como cópias dos exames que tive que fazer para garantir que sou uma pessoa saudável.


Nunca gostei de fazer aqueles exames, mas os faço periodicamente. Sou um cara muito prevenido, jamais realizei um programa de forma insegura. Algumas clientes não gostam do uso de preservativos, por isso exijo sempre que façam exames em um laboratório em que confio. Cada programa só é realizado sem proteção mediante a entrega de exames novos, atualizados. Até porque não faço ideia se a cliente está dormindo com outro cara que, por sua vez, pode ter alguma doença. Odeio correr riscos, não sou considerado um cara imprudente. Minhas coisas são certas, organizadas, planejadas e meticulosamente calculadas.


Juntei todos os contratos na pasta.


Havia um envelope grande no fim; não sabia do que se tratava, pensei até que já fosse o pagamento. Para minha surpresa, dei de cara com seis fotos grandes; eram a identificação das garotas a quem serviríamos na despedida.


Lembrei-me de imediato que o combinado era tratá-las pelo primeiro nome – o único que saberíamos –, e também nos referir a elas sempre como “senhoritas”, até mesmo a única mulher entre elas que era casada.


Isso era uma regra geral que não podia ser corrompida, visto que manter o profissionalismo constante podia significar diretamente o sucesso do empreendimento.


Como passaríamos o fim de semana inteiro com as garotas, e não somente algumas horas, manter o relacionamento em um nível profissional era uma necessidade inquestionável. Tanto que beijo na boca foi considerado íntimo, sendo incluso na lista das coisas proibidas.


A primeira foto me chamou atenção logo de cara. Estava escrito “Mayte”, e ao lado “noiva”. Interessante. Era uma mulher muito bonita, embora estivesse séria demais na foto. Sou um adorador de sorrisos. Ela tinha cabelos escuros, lisos e curtos, mal chegava a bater nos ombros. Os olhos eram castanhos bem tradicionais, porém algo neles me fez parar um pouco. Havia intensidade no olhar daquela mulher. Não consegui identificar o que era, por isso tratei de ignorá-lo. Sua pele era morena, meio dourada eu diria, mas fiquei na dúvida se aquela coloração era original. Podia ser resultado de algumas sessões de bronzeamento. Mayte tinha também uma boca pequena e avermelhada, mas ao mesmo tempo carnuda. Formava um desenho perfeito, que só ficava mais atraente com a presença de um pequeno sinal no canto direito do lábio superior.


– Esta é a noiva – apontou Fernando, o cara que estava ao meu lado. Conhecia-o vagamente. Ele tinha os cabelos compridos e meio ondulados, chegando até sua cintura.


Não sei como conseguia mantê-lo, o meu já dava muito trabalho daquele modo. Era difícil deixá-lo comportado sem usar gel. – Bonita, não?


– Sim... Pena que é a noiva – soltei.


Nem sei dizer por que disse aquilo.


– Não faz tanta diferença assim, você sabe. Essas noivas acabam se revelando em festas deste tipo. Já me diverti com tantas noivas que nem conto mais nos dedos – ele disse, vangloriando-se.


– Tem razão – respondi, sabendo que Fernando estava certo. Eu mesmo já havia transado com muitas noivas em despedidas de solteira. Sinceramente, elas nem me pareceram arrependidas.


Tudo isso me faz chegar a uma única conclusão: mulheres são todas iguais. O que é uma pena, pois bem no fundo eu gostaria de ser surpreendido.


Achei melhor verificar as outras fotos.


Fernando já estava me encarando de modo esquisito enquanto eu observava cada contorno dos olhos da tal Mayte. Mal sabe ele que sou apenas um curioso. Gosto de observar os detalhes de tudo o que me rodeia e é por isso que amo fotografias.


Posso exprimir meu ponto de vista e admirálo quando estiver de mau humor. Retratos me confortam de um jeito que nem sei explicar.


A outra garota se chamava Jéssica.


Eu a conhecia de alguns serviços realizados no passado, sabia que trabalhava no ramo.


Participamos de um swing bem louco há muitos anos, porém não cheguei a transar com ela. Foi Jéssica quem entrou em contato com o nosso grupo. Não me demorei admirando sua foto, apesar de achá-la gostosa. Tinha a beleza padronizada: loira, olhos verdes, decote sempre à mostra.


O tipo de mulher com quem eu transaria sem pensar duas vezes, desde que não abrisse a boca para falar.


Psicologicamente ela não fazia o meu estilo.


O próximo retrato era de uma mulher que parecia mais madura. Seu nome era Cláudia, e havia um alerta de “casada” ao lado. Cláudia tinha cabelos curtos e muito cacheados, bem armados, como se fosse uma modelo afro, apesar de sua pele não ser tão escura. Ela também não parecia tão magra ou alta. Tinha os olhos clarinhos, meio esverdeados. A boca era grande e carnuda.


– Linda, não é? – Fernando se intrometeu de novo. – Quando vi esses lábios, confesso que saí do foco.


– Ela é casada – respondi.


– E daí? – Edu, que prestava atenção na conversa, comentou.


– Noventa por cento das minhas clientes são casadas – completou Marcelo, já se envolvendo no papo.


Aquilo chamou a atenção dos outros rapazes, fazendo-os parar de conversar sobre energéticos e o uso de Viagra. Claro que ninguém ali confessava que já tinha tomado, mas até eu já havia ingerido uma vez, antes de encarar cinco clientes marcadas em um dia só – logo quando eu estava indisposto, duvidando de que alguma coisa tivesse a capacidade de ficar ereta.


Aquilo acabou me rendendo uma bela dor no meio das pernas, passei quase uma semana sem trabalhar. Pelo menos as meninas ficaram satisfeitas, as cinco.


– As minhas também – disse João. – Todas casadas e mal amadas. Os maridos não sabem agradá-las. Uma de minhas clientes nunca havia atingido um orgasmo com o marido. Tenho raiva quando fico sabendo de algo assim. Como um cara tem a capacidade de gozar sozinho?


– Verdade, o que mais gosto é de vêlas gozar – disse Edu, sorrindo maliciosamente.


Todos concordaram com ele. Isso é mesmo um fato. Ver uma mulher atingindo o orgasmo me causa um prazer absoluto.


Pode ser o que for; bonita, feia, gorda, magra, velha, nova, casada, solteira... Se ela gritar como uma louca ou se permanecer silenciosa. Não importa. Uma mulher entrando no clímax é uma obra de arte. Dá vontade até de fotografar.


Peguei outro retrato enquanto os caras comentavam sobre orgasmos. Minha concentração se esvaiu completamente, o assunto já não me interessava mais. Devo ter algum problema, eu sei, porém estou
acostumado comigo mesmo. Minha personalidade introspectiva não me era um incômodo.


A mulher diante de mim era bem interessante. Parecia a mais nova entre elas, tinha um rosto que chegava a ser infantil.


Lara é o seu nome. Estava séria demais na foto, mas daquela vez não me importei. Lara era branquinha e rechonchuda. Tinha as bochechas redondas e os olhos escuros amendoados. Seus cabelos compridos e pretos estavam ao vento, contracenando um efeito bem bacana. O mais interessante era sua boca pequenina, em formato de coração. Parecia uma boneca de porcelana.


– Fiquei apaixonado por essa daí – comentou Fernando. Acho que estava disposto a tecer comentários sobre cada uma das clientes. – Nunca vi gordinha mais linda.


– Verdade, ela é diferente – falei. – Parece divertida, mas ao mesmo tempo tem inocência.


– Vou gostar muito se for inocente – completou Fernando. – Ou se for complexada com as gordurinhas.


Fiz uma careta, franzindo o cenho.


– Gosta de mulheres em crise? – perguntei. Odiava mulheres que não sabiam se dar valor. Também detestava conversar com elas; clientes mal amadas costumam chorar incessantemente e gritar para os quatro cantos, expondo o modo como se sentem feias. Um garoto de programa é uma espécie de psicólogo, não posso negar, mas confesso que não sou de dar conselhos.


Minha receita nunca muda: uma boa dose de sexo. Pego a criatura de jeito e pronto.


Num instante ela se sente novinha em folha.


– É mais emocionante – Fernando respondeu, sacudindo os cabelos. – Não o fato de a cliente ter crise, mas poder ajudá-la é um grande desafio.


Certo. Gosto de desafios. Não é o desafio que me deixa irritado, são as coisas que a cliente fala. Evito me envolver ao máximo com a situação, levando o desafio apenas para o plano sexual, e não das ideias. Nunca precisei convencer ninguém a transar comigo, portanto não fazia sentido ficar de ladainha. Parece difícil de entender, mas na minha mente tudo se encaixa.


Talvez só nela.


Achei que Lara já tinha ganhado muito a minha atenção, por isso dei uma bela olhada na próxima cliente: Fabiana. Cabelos longos, castanho-médio, olhos também castanhos e um belo rosto. Tinha uma beleza muito natural, mas sem dúvida era interessante. Parecia magra demais para o meu gosto, mas o modo como posava na foto não me permitiu pensar em algum comentário negativo. Fabiana trajava um terninho feminino elegante, dando-lhe um ar inteligente e sofisticado. Adorei.


– Gostosa – Fernando comentou.


Suspirei fundo. Estava começando a me incomodar com ele, mas deixei para lá. Sou meio chato mesmo.


– Quem? – perguntou Marcelo, interessado. Como ele estava na minha frente, não conseguia ver as fotos, logo não sabia de quem estávamos falando.


– Fabiana – respondi por falta de opção.


– Ela é gata – comentou Edu.


Passei a foto rapidamente, pois não queria que o assunto se prolongasse. A última garota era linda; traços orientais marcantes e bochechas rosadas. Adoro olhos puxadinhos. O cabelo dela era tão liso e comprido que imaginei a mim mesmo puxando-o para trás. Às vezes consigo ter pensamentos adolescentes, é bem engraçado quando acontece. O nome dela era Paloma, e certamente havia me deixado interessado.


 



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Autor(a): jessica_ponny_steerey

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– Adoro uma japa! – Sabia que Fernando ia comentar alguma coisa, portanto apenas sorri. Também adorava orientais, embora elas não tivessem muitos atributos físicos. Normalmente são pequenas e meio infantis, tenho medo de machucá-las. Bom, elas nunca pareceram ter o mesmo receio. Juntei todas as fotos e ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 70



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  • gr_perroni Postado em 08/01/2015 - 16:06:03

    Posta maaaaaaaaaaaais....

  • mirelly_perroni Postado em 03/01/2015 - 09:43:02

    Postaaaaaaaaaa mais por favor que perfeito, nossa na Chuva cara rs que louco, o christian tá tão fofo, a musica que cantou pra ela foi tão demais tão perfeita, postaa mais por favor tô curiosa, o que vai rolar os problemas que vão aparecer tudo, então postaaa por favor.

  • vondy4everponny Postado em 13/12/2014 - 23:10:15

    Oooh hot na chuva?? Pqp esses dois são fogo. Christian mudou mesmo a Maite e a Maite mudou mesmo o Christian *-------* lindinhos <<<<<3

  • vondy4everponny Postado em 01/12/2014 - 19:41:51

    Nossa,tadinho do Christian, a história dele é foda.Como um pai pode tratar um filho assim só porque ele não quer ser advogado? E a humilhação na festa do natal? AF, tadinho dele, ninguém merece.

  • vondy4everponny Postado em 16/11/2014 - 15:26:24

    Odeio quando a Maite faz algo que magoe o Christian, AF. Ele precisa de muito apoio dela e ela vive assustada com tudo, aném

  • vondy4everponny Postado em 12/11/2014 - 13:10:59

    Sinceramente, estou com pena do Chris :/ Maite já está pensando em mentir, e eu entendo, mas essa história dele ainda vai dar muito problema :/

  • vondy4everponny Postado em 05/11/2014 - 00:54:26

    Awn, eles estão tão amorsinhos *-----* Mai pensa mais que o Chris, sinceramente UHAUAH! Vish, o que será que ela quer contar logo agoooora? AF Espero que seja coisa boa

  • vondy4everponny Postado em 26/10/2014 - 19:55:47

    Xtian aregou mana KKKKKKKKK Ai ai, Maite ficou ''desejosa'' tadinha UAHUAHU! Ele cantando uma canção de ninar pra ela, e ela cantou pra ele... Aaaaaaaaawn, que meigos e engraçados kk *---* Achei lindo! Posta mais Jess

  • vondy4everponny Postado em 24/10/2014 - 01:39:13

    Amando o terceiro livro amiga, que perfeitos *--* To com dó da Maite, eles ainda tem muita coisa pra acertar, isso nao vai ser facil :/

  • vondy4everponny Postado em 23/10/2014 - 20:31:54

    Ebaaaaaaa, terceiro livro! OMG, eles vão se casar? Como assim? kkkkk Coitado do ''Jão'' e da familia da Mai :/ Isso ainda vai dar mts problemas ne?


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