Fanfics Brasil - 22 Despedida de Solteira(Adaptada) Mayte & Chistian

Fanfic: Despedida de Solteira(Adaptada) Mayte & Chistian | Tema: Chaverroni


Capítulo: 22

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– Neste momento quero apenas sentar e beber mais um pouco – ela respondeu.


– Como quiser. Vem comigo.


Segurei a mão dela novamente, entrelaçando meus dedos nos seus. Saímos da sala e caminhamos até o sofá mais próximo do minibar. Fiz um movimento, permitindo que se sentasse. Acompanhei-a logo em seguida.


– O que vai querer beber? – perguntei.


– Alguma coisa forte. Bem forte mesmo, com muito álcool.


– Trago em um minuto – falei, sabendo que estava sendo o mais profissional possível. A verdade é que não queria que ela bebesse, podia ser perigoso.


Do jeito que eu estava louco para tê-la, não conseguiria responder por mim. Se ela não mantivesse o juízo, quem iria manter?


Marcelo não estava mais no bar, desta vez ele estava sendo ocupado pelo Gabriel, um dos auxiliares de cozinha. Decidi fazer um drink eu mesmo. Sabia fazer apenas os meus favoritos, pois a época em que tive que dar duro de barman havia ficado no passado. Preferi esquecer cada detalhe; é difícil me imaginar todas as noites em um boteco de meia tigela, sendo paquerado por mulheres barra pesada, que me pagavam cinquenta reais a hora. Sim, já fiz programa por míseros cinquenta reais. Na verdade tenho uma vaga lembrança de ter feito alguns por trinta.


Ninguém começa de cima, certo? Tive que ralar muito para chegar aonde cheguei.


Já passei por muitas humilhações e momentos desconcertantes. Engoli tantos sapos que às vezes me sinto entalado. Mas tudo bem, não há nada na vida que não possa ser superado.


Acabei errando um pouco na medida, por isso o conteúdo somou dois copos.


Resolvi levar os dois, pois tinha a leve impressão de que Amande ia gostar deles; apesar de forte, era doce e muito saboroso.


Entretanto, para minha surpresa, ela não estava mais sentada no sofá. Procurei-a por toda área externa e nada. Marlos percebeu a minha confusão – ele estava observando a festa, sentado em uma cadeira ao redor da piscina – e apontou para a porta de vidro.


Entrei na sala, finalmente encontrando Mayte. Ela parecia estar passando mal.


– Está se sentindo bem? – perguntei, preocupado de verdade.


– Sim, só a música que está me incomodando. Fecha a porta quando passar, por favor?


– Claro. – Fiz o que ela pediu. Com a porta fechada, o ambiente se tornou bem mais silencioso. As luzes estavam acesas, mas o fato de estar sozinho com Mayte no mesmo lugar mexeu com a minha imaginação.


Entreguei um dos copos para ela, que nem perguntou do que se tratava o conteúdo – tomou tudo de uma só vez, fazendo uma careta.


“Não se embebede, Mayte...”


– É forte!


– Trouxe outro – avisei, depositando o segundo copo em cima de uma mesa de centro. Logo em seguida, sentei-me no sofá ao seu lado.


– Pensei que fosse sua – ela disse, referindo-se à outra bebida.


– Não bebo quando estou trabalhando.


– E nem gosto. Meu maior prazer é permanecer sóbrio enquanto sei que posso causar o mesmo efeito de dormência e desinibição que causa uma taça de vinho.


– Ah... – Mayte soltou um suspiro.


Mais do que depressa, afastou-se de mim no sofá, virando-se um pouco de frente.


Nossos olhares se cruzaram de novo.


Aquela mesma reação esquisita invadiu meus sentidos; coração acelerado, sensação de que o tempo podia parar... Uma doideira que eu não conseguia entender. Acho que meu desejo nunca havia atingido aquele limite, por isso tais reações desconhecidas.


Atribuí aquilo tudo à minha vontade quase absurda de puxar Mayte pelas pernas e lhe arrancar o vestido ali mesmo.


– Então... Você trabalha com isso há muito tempo? – ela perguntou. Parecia meio sem assunto, mas eu definitivamente não queria falar sobre aquilo.


– Um pouco. Suas amigas são bastante animadas.


– São sim, bem diferentes de mim.


Franzi o cenho.


– Por quê?


– Não sei, sou anormal – admitiu, pegando o outro copo na mesinha. Tomou um gole e o devolveu. – Sei que devo estar parecendo super antipática, desculpe-me por isso. Só não gosto de certas loucuras. Prefiro viver sem riscos, sabe?


Intrigante. Uma mulher que não dorme com o noivo, não gosta de dançar, não quer viver fortes emoções, não gosta de loucuras e prefere viver sem riscos. Só me restou pensar sobre a pergunta que não queria calar: por quê? Será que Mayte era uma daquelas mulheres corretinhas demais?


Uma santinha que não fazia nada de errado?


Sei lá... Talvez ela fosse apenas uma mulher madura e responsável. Consciente.


– Compreendo, mas isso não faz de você uma pessoa anormal – falei. – Apenas uma mulher sensata.


– Acredite, se um dia chegar a me conhecer o bastante, saberá. – O timbre de sua voz veio carregado por uma dose de tristeza que me deixou incomodado.


– Isso é um convite para que eu te conheça o bastante? – soltei. Havia pensado alto demais. Arrependi-me quase de imediato por ter feito aquele comentário, apesar de ter sido sincero.


Mayte apenas me encarou.


Permaneceu daquele modo durante muito tempo, até que finalmente me deu uma cortada:


– Acho que vou dormir. Estou cansada... Meus pés doem.


“Não... Não vá...”


– Posso lhe fazer uma massagem – propus, sem saber o que fazer para que ficasse um pouco mais.


Ela me fitou de novo. Acho que não se cansava de me perturbar com seus olhos escuros. Se soubesse o quanto eu já estava louco, não ficaria me incitando daquela forma.


– Não... Não, Christian – murmurou. Sua voz vacilou consideravelmente. Vacilou tanto que definitivamente não me convenceu. Ela queria a massagem, era um fato. Assim como algumas clientes gostavam de gritar
“não” enquanto eu as fodia como um louco.


O não, neste caso, queria dizer sim, com certeza, sem dúvida, agora mesmo, vai mais rápido, está gostoso...


Enfim. Tudo, menos um não.


– É sério, você vai gostar. Vem aqui.


Apenas relaxe – respondi, tentando controlar meus próprios pensamentos.


Antes que ela pudesse negar, puxei suas pernas para mim. Mayte não mostrou reação contraditória, apenas se esgueirou no sofá, depositando a cabeça nas almofadas. Retirei suas sandálias com paciência, tocando-a com mãos leves.


Adorei sentir seus pés. Eram belos, embora não fossem pequenos, afinal, ela era alta. Mesmo assim, suas unhas estavam bem feitas, pintadas com um esmalte rosa bem clarinho. Comecei a estimular alguns pontos cruciais, sabendo que Mayte relaxaria num instante. Usei toda a técnica que conhecia para lhe causar o maior prazer possível.


Sempre gostei de fazer aquilo, mas o curso realmente me abriu um leque de informações e possibilidades.


Nunca cobrei à parte por uma massagem, pois sempre achei que ela precisava estar inclusa nos meus serviços. Um bom momento de relaxamento é o mínimo que um homem preocupado com o prazer da parceira pode proporcionar a ela.


Nem sei dizer quanto tempo passei massageando os pés da Mayte. Estava muito concentrado no que fazia, sentindo sua pele entre meus dedos. Todavia, quando menos esperei, fui surpreendido pela Jéssica, que entrou na sala acompanhada pelo João.


– Ela dormiu?


Só então percebi que Mayte estava completamente apagada no sofá.


– Acho que sim... – falei.


– Hum... Nós vamos subir – avisou Jéssica.


“Vocês vão transar”, pensei.


– Vou levá-la daqui a pouco, fique tranquila – afirmei, sem largar os pés da Mayte.


– Tudo bem. Cuide dela, Christian.


Mayte é especial.


“Percebi.”


Jéssica piscou um olho e segurou as mãos do João, arrastando-o para as escadas. É... A noite seria ótima para eles.


Que seja. Estava sendo para mim também.


Observei Mayte com cautela.


Parecia muito relaxada, cada músculo do seu corpo estava entregue ao sofá. Os cabelos escorreram ao redor da almofada, e a boca pequena e bem desenhada permanecia intacta. Os olhos fechados mostravam cílios longos e pretos. Lembrou-me uma princesa, a Bela Adormecida.


Meus pensamentos voaram longe.


Longe mesmo, mais precisamente para a minha infância. Júlia, minha irmã mais nova, costumava dormir daquele modo: barriga para cima, braços ao redor do corpo. Ela ficava tão calma e natural que às vezes pensava que tinha morrido enquanto dormia.


Sempre conferia sua respiração quando isso acontecia.


Sendo assim, involuntariamente decidi fazer o mesmo. Ajoelhei-me no chão e me aproximei da Mayte, colocando meus dedos no seu pescoço. Sim, ela ainda respirava. Tão bela... Tão... Sei lá.


Uma música soou nos meus ouvidos.


Recordar-me da infância e da minha irmã sempre me remetia àquela canção. Quem cantava era o meu pai. Ele sempre cantou para Júlia, não para mim. Bom, ele nunca me suportou, eu acho. Sou meio velho para questionar os seus motivos e não o vejo há mais de sete anos. Meu relacionamento com ele nunca foi bom e piorou quando descobriu qual era o meu “emprego”. Depois disso, jamais me direcionou uma palavra.


Baixinho, comecei a cantar:
Dorme princesinha
No bercinho de cristal
Dorme princesinha
Pois ninguém te fará mal


Dorme princesinha
Meu destino é te proteger
Dorme princesinha
Estarei aqui até amanhecer


Mayte não se mexeu. Claro, sentime um completo idiota. O que eu estava fazendo, afinal?


Balançando a cabeça freneticamente, resolvi me levantar. Apoiei Mayte em meus braços e fui subindo as escadas. Ela se mexeu um pouco, mas não abriu os olhos. Talvez a princesa estivesse precisando de um beijo para que, enfim, pudesse acordar.


O problema era que eu estava longe de ser um príncipe.


Tinha acabado de subir as escadas e atravessar a porta do maior quarto da mansão – o que tinha a sacada maravilhosa – quando Mayte começou a se remexer em meus braços. Ficou inquieta por alguns segundos, até que finalmente abriu os olhos.


– O que está fazendo? – murmurou com sua linda voz.


Observei-a com atenção, oferecendolhe um sorriso torto.


– Você dormiu no sofá, vou te colocar na cama.


– Não... – Mayte começou a se contorcer, mas mantive firmeza. – Não precisa, ponha-me no chão.


– Estamos chegando – falei.


Rapidamente, depositei Mayte em cima da cama de casal que havia no quarto.


Parecia bem confortável, e os lençóis exalavam um cheiro bom de limpo. Peguei um edredom, que estava dobrado no canto inferior, e a cobri completamente. O clima ali em cima estava meio frio por causa da brisa que vinha do mar.


Logo em seguida curvei-me diante dela e a observei de perto. Seus olhos prenderam os meus de novo.


– Tem algo mais que eu possa fazer pela senhorita? – perguntei aos sussurros.


Minha voz quase não saiu. Sei que a pergunta pareceu meio insinuante, mas eu realmente estava livre de intenções. Pelo menos naquele momento sim.


Mayte não respondeu. Continuou me olhando com uma expressão esquisita.


Daria a minha vida para ler seus pensamentos.


– A senhorita está bem?


Ela aquiesceu, balançando a cabeça, porém sem desviar os olhos.


“Oh, Mayte, o que está pensando?


O que pretende?”


– Precisa de alguma coisa? – tornei a perguntar.


– Não... Não sei se vou conseguir dormir – ela disse. Parecia meio assustada, sei lá. Estava amuada por trás do edredom, como se eu pudesse de alguma forma lhe causar mal.


Suas palavras me encheram de imaginação. Não consegui conter um sorriso.


Tudo o que eu mais queria era jogar aquele edredom para longe, beijar sua boca, talvez tirar seu vestido preto... Ou não, podia apenas levantá-lo e arrancar sua calcinha.


Qual seria a cor da calcinha que usava? E como era? De renda? Algodão?


A dúvida me perturbava.


– Perdeu o sono? – perguntei, ainda sorrindo.


– Você... poderia fazer aquela massagem de novo? Só até eu dormir... – pediu meio relutante, parecendo travar uma batalha interna para propor uma coisa tão simples. Mal sabia ela que eu faria qualquer coisa que me pedisse – e coisas que não pedisse também.


– Será um prazer – falei, afastando o edredom até deixar suas pernas descobertas. Sentei-me na beirada da cama e puxei seus pés novamente.


Iniciei outra sessão de massagem, reunindo toda a concentração de que precisava para não dar asas à minha imaginação. Não queria ficar excitado antes da hora, mas a situação inteira estava mexendo comigo. Mayte e eu, sozinhos no quarto, tendo ela deitada confortavelmente na cama, amolecendo aos poucos enquanto eu a massageava. Não via a hora de pular aquela etapa, mas aprendi a ser paciente e curtir cada momento como se fosse único.


Avancei minhas mãos para a panturrilha bem desenhada de Mayte. Ela tinha belas pernas, e meu maior desejo foi poder alcançar suas coxas. Não queria assustá-la, por isso, sequer cheguei a ultrapassar os joelhos.


Contive-me ao máximo.


Não conferi nem por um segundo se Mayte já estava dormindo. Perco a noção de qualquer coisa quando estou concentrado numa massagem. Só os movimentos me interessam. Sim, eu sei que é estranho, mas deve ser por isso que gosto tanto de massagear alguém. É uma terapia para mim.


Depois de um bom tempo, fiquei meio surpreso quando percebi que Mayte ainda me encarava com seus olhos grandes mais abertos do que nunca.


– Ainda não dormiu? – perguntei aos sussurros. Meus desejos estavam se realizando ou era impressão minha? Claro que não queria que ela estivesse dormido, queria Mayte bem acordada e pronta para mais uma etapa.


– Desculpa. Pode se recolher, vou ficar quietinha esperando o sono chegar.


“Esqueça, Mayte, não vou deixá-la sozinha tão cedo.”


– Sou seu por tempo integral até o domingo – avisei, encarando-a fixamente.


Mayte devolveu o olhar por alguns segundos, mas se desvencilhou de mim muito depressa. Assustada, afastou-se para o outro lado da cama como se eu fosse um animal selvagem prestes a dar o bote. Bom, eu era mesmo.


– Christian... Vá embora, por favor. É sério, quero dormir em paz. – Mayte foi muito firme desta vez.


Estranhamente firme.


Ótimo. Uma bela de uma cortada.


Mas... Por quê? Por que ela resistia a mim?


Isso jamais aconteceu antes. Ninguém nunca resistia. Será que ela amava mesmo o tal noivo? Era isso o que a impedia? Só podia ser.


– Tem certeza de que este é o seu maior desejo? – perguntei. Estava pronto para ir embora se aquela fosse a questão.


Não envolvo sexo com sentimento algum, mas já assisti a muitos filmes. Sei que, quando o amor acontece, as coisas mudam de figura. Não que isso tenha acontecido comigo, infelizmente não sei o que é amor.


Nunca amei ninguém além da minha irmã e dos meus pais.


– Meu maior desejo não lhe interessa.


– “Engano seu”, pensei. – Quero que me respeite, eu vou me casar.


– Peço perdão se por algum milésimo de segundo tenha deixado parecer que eu agi desrespeitosamente com a senhorita – falei na defensiva. – Meu dever primordial é proporcionar prazer e diversão, portanto se...


– Já disse – Mayte me interrompeu, taxativa. – Não me divirto com este tipo de coisa. Não tenho desejos secretos, fantasias... nem nada que não possa fazer com o meu futuro esposo.


Amor. Só podia ser, estava certo. Ela ama o noivo, vai se casar na semana que vem e provavelmente também esteja se guardando para ele. E eu, idiota, pensando em besteira. Devia ter mantido o plano original desde o começo, só assim não teria que saborear o gostinho da decepção. Mas tudo bem, pelo menos ela permaneceria intacta.


– Fico muito feliz pela senhorita.


Tenho certeza de que será extremamente bem sucedida em seu casamento – falei. E estava sendo sincero. O noivo dela tinha muita sorte; ter uma mulher bonita, decidida e fiel não é para qualquer um.


– Sim, serei – murmurou.


Ok. Agora sim ela havia soado vacilante. Não fiquei convencido.


Será que Mayte estava tentando enganar a si mesma? Será que estava apenas com medo de se entregar a mim?


Tenho certeza de que ela me desejava, tinha todos os indicativos em minhas mãos. Seus olhares não negavam o desejo que sentia.


Juntando tudo o que tinha descoberto sobre Mayte, tirei uma simples conclusão: ela estava se fazendo de santinha. Ou... Era realmente uma santinha, daquelas que não se permitem nada. Qual é, ela nem dormia com o noivo!


– Isso é muito bom e muito raro. Só espero, de coração, que não esteja enganando a si mesma – falei. Queria deixar as coisas mais claras. – Espero que o motivo verdadeiro pelo qual não queira se divertir seja a pura certeza no que diz, faz e sente. E não pela dor da dúvida ou o arrependimento que poderia ferir o seu orgulho ou seus valores, pois isso não existe aqui.


Mayte fez uma careta, criando algumas rugas de confusão.


– O que quer dizer com isso, Christian?


– Quero dizer que aqui você não tem nada a perder ou temer. Ninguém te julgará ou punirá; cada detalhe não pulará esses muros – expliquei. – Aqui você é livre, você pode ser você, inteira, sem problemas, sem dúvidas.


– Estou sendo eu! – ela disse, parecendo bem chateada. – Esta sou eu; com cada um dos recalques. Sim, sou uma recalcada. Tenho valores, tenho moral, tenho ética... Aqui ou em qualquer lugar, jamais serei uma pessoa passional. Não ajo por impulso, essa coisa de “a carne é fraca” não existe para mim. Sou o que penso.


Confesso que me controlei para continuar com as mesmas expressões, apesar de sentir o coração apertar até me deixar sufocado. Finalmente Mayte abriu o jogo, mostrando-me que tipo de mulher era.


Eu estava certo. Ela me desejava, mas era sensata demais para prosseguir. Era meio santinha também; falando sobre moral e valores, devia achar um absurdo o fato de eu ser um garoto de programa. Ela sabia que
qualquer envolvimento comigo seria um erro, prezava pela fidelidade e não ia se deixar levar pelo desejo.


Interessante. Perturbador. Raro...


Muito raro. Uma mulher racional. Uma mulher que não se deixa levar pelos sentimentos. Raríssimo!


Precisava tê-la. Agora não era questão de honra ou de orgulho. Era uma necessidade física que pulsava em todo o meu corpo, implorando para convencê-la a ficar comigo. Desculpa, sou egoísta. Admirar a beleza de longe fazia o meu estilo, afinal, sou um fotógrafo. Mas, tem momentos que o que mais quero é tocar, obter, manusear.


Além do mais, sinceramente... Deve ser horrível viver apenas pensando.


“Sou o que penso”, ela disse. Se eu fosse apenas o que pensava, seria pior do que sou agora. Sem dúvida. As únicas coisas mais legais em mim são os meus instintos, minhas vontades e desejos. O resto é tudo uma chatice.


– Compreendo tudo o que diz, senhorita Mayte, e concordo com algumas coisas na medida do possível.


Entretanto, posso te provar o contrário. Posso te mostrar um mundo que não conhece – falei.


– O que você pode me provar, Christian?


Que estou certa?


– Posso te provar que, às vezes, você pode ser apenas o que sentir e não o que pensar.


– Está falando de sentimentos?


Pensei que isso não existisse aqui. – Ela riu.


Mesmo sendo um riso desdenhoso, adorei a forma como sua boca se moveu, era sexy.


– Estou falando de instintos. Desejo, prazer, vontades... Entenda como quiser.


Existe um lado seu que quer fazer diferente daquilo que você pensa.


“E é exatamente este lado que eu quero que você escute”, pensei.


– Como tem tanta certeza disso? – Mayte perguntou, fazendo uma caretinha engraçada.


– Eu não tenho certeza, não conheço a senhorita – sussurrei. Não sei por que, mas não consegui manter seu olhar. Acabei virando o rosto para o lado, fitando algum ponto da cama. - Por isso falei, espero que seus pensamentos e desejos estejam em sintonia.


– Uma coisa no que disse não faz sentido.


– O quê exatamente? – perguntei, tornando a encará-la.


– Você falou que temos instintos...


Que às vezes não agimos de acordo com o que realmente queremos. Tudo bem , concordo, mas tenho motivos. Às vezes queremos coisas insensatas demais...


Nossos sentimentos ficam confusos, eles se enroscam e não nos levam a parte alguma.


Apenas a razão nos bloqueia, freia toda a insensatez... – Mayte sentou na cama. – Você propõe um momento sem bloqueios como se isso fosse o correto. Eu não concordo, pois quem vive a vida seguindo apenas os instintos não chega a lugar algum.


Ela estava certa. Não somos animais irracionais; sair por aí como um bicho no cio é uma loucura. Sei disso porque já agi desta forma. Hoje estou mais centrado no controle.


Meu desejo aparece na hora em que quero e vai embora do mesmo modo. Porém às vezes costumo ser guiado pelas minhas vontades. Sinto-me bem deixando meus instintos falarem mais alto. A vida precisa de equilíbrio.


– Não devemos ser escravos dos nossos instintos, mas engaiolá-los nunca ajudou ninguém – completei.


– O que você propõe então, Christian?


“Proponho que você deixe de pensar tanto e passe esta noite comigo”, pensei.


– Proponho que se permita, que experimente unir desejo e ação. Resumindo: faça o que tiver vontade.


“Ou seja, passe esta noite comigo.”


– Isso pode ser perigoso. E muito, muito insensato – respondeu Mayte.


– Oh, é sim. Mas é apenas um momento. Um simples gesto que pode mudar a sua vida. Você percorre as
lembranças e diz: “sim, eu fiz porque eu quis, e foi bom”. Não há arrependimentos quando fazemos o que sentimos. E se houver, é um arrependimento justificável – falei. Estava sendo sincero, apesar de querer convencê-la a ficar comigo. Nunca havia me arrependido de ter feito alguma coisa que sentia.


Ela fez a careta engraçada de novo.


Tive vontade de rir, mas me segurei.


– E se eu... E se isso acabar afetando a minha vida? Pode ser um momento sem importância, mas... E se não for tão desimportante assim? Se acabar envolvendo sentimentos?


Ótimo, ela estava com medo de se apaixonar por mim? Isso não podia acontecer e nem ia. Uma noite de sexo é apenas uma noite de sexo. Ponto final.


Porém, se acontecesse algo assim – Deus me livre –, só provaria o quanto ela não ama o noivo.


– Bom, então finalmente irá descobrir o que quer. Ninguém merece viver numa prisão criada por si mesmo. É a pior de todas, e muita gente vive nela.


Mayte refletiu sobre aquilo. Era óbvio que também estava presa dentro da própria gaiola. Ela parecia ser o tipo de mulher que era enjaulada pela autocrítica.


– É assim que você se justifica? – perguntou de repente.


– Como assim?


– É desse modo que justifica o que faz? Seu maior desejo é viver assim, agradando mulheres e as ajudando a
agradarem a si mesmas?


“Claro que não!”


– Meu maior desejo não está em questão, senhorita Mayte. Desculpe, mas não vou falar sobre isso – recuei.


Odiava falar sobre mim, ainda mais sobre o meu trabalho. Por que ela me desafiava daquele modo?


– Então você também é escravo de alguma coisa. Deseja falar sobre isso, mas não pode ou não se dá o direito. Viu que não podemos viver apenas fazendo o que desejamos?


Naquele momento reconheci a minha derrota. Mayte era inteligente demais para ser convencida tão facilmente. Havia feito papel de bobo, e o tiro acabou saindo pela culatra. Aquilo seria muito mais difícil do que imaginei. Estava diante do maior desafio de toda a minha vida.


Achei melhor recuar de vez.


Aproximei-me da Mayte, deixando nossos rostos muito próximos. Ela piscou os olhos inúmeras vezes, reação que adorei observar.


Queria avisá-la de que eu ainda podia ganhar a guerra, apesar de ter perdido feio aquela batalha.


– Na verdade, senhorita Mayte, eu não desejo falar sobre isso. De verdade – falei, dando-lhe um beijo na testa. – Tenha um bom dia.


Meio chateado comigo mesmo, confuso e cheio de dúvidas, fechei as cortinas da varanda e deixei o quarto.


Nem sei como consegui achar o caminho até o casebre. Já era dia, mas estava cansado e muito perturbado.


Mayte tinha acabado comigo, não fisicamente, mas psicologicamente. O que era pior.


Que mulher intrigante! Era difícil chegar a alguma conclusão. Como ela podia ser tão frágil e firme ao mesmo tempo?


Como conseguia ser meiga e forte, decidida e confusa? Ela era uma contradição sem fim, e isso fez meus pensamentos ficarem da mesma forma, como se tivessem pego a mesma doença.


Sinceramente, não fazia ideia do que queria com aquilo. Com ela. Por que estava agindo daquele jeito, fazendo tanta questão de desvendar os mistérios que Mayte carregava? Por que estava tão preocupado com tudo, como se realmente me importasse, como se fizesse diferença na minha vida? Claro que não fazia. Mayte era apenas uma cliente; não era a mais bonita nem a mais simpática. Na verdade, ela chegava a ser chata com aquela mania de me encarar como se me desejasse e depois dar cortadas como se não quisesse me ver nem pintado de ouro. Isso era irritante.


Fui à cozinha, pois estava morrendo de fome. Pretendia comer alguma coisa antes de ir dormir, mas acabei dando de cara com o Fernando. Ele tomava um copo de leite e mastigava um sanduíche enorme.


– E aí? – perguntou, sorrindo.


– Zero a zero – desabafei, mas me arrependi logo em seguida. Devia ter ficado na minha.


– Você não foi o único. – Ele balançou a cabeça, parecendo meio insatisfeito. Ótimo, dois garotos de programa desconsolados por serem rejeitados pelas clientes.


– Ela é tão difícil! – continuei, pensando alto demais. Peguei um copo de leite para mim e roubei o outro sanduíche que estava no prato do Fernando. Ele nem ligou.


Sentei-me ao seu lado numa mesa pequena de madeira.


– Nem me fale. Não que a Lara seja difícil, ela deixou claro que queria ficar comigo, sabe? Só que achou que não era o certo a ser feito.


Ri de leve, sem nada comentar.


Mayte não tinha deixado nada claro, além de sua capacidade de me deixar maluco.


– Mas não vou desistir, cara. Não vai passar de amanhã, escreve o que estou te dizendo – completou.


Balancei a cabeça, ainda sorrindo.


– E você? – perguntou Fernando.


– Eu o quê?


- Acorda, Christian! Vai desistir da noiva?


Encarei-o.


– Nem morto – respondi.



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Autor(a): jessica_ponny_steerey

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Dormi muito pouco. Estava sem paciência, tudo parecia me incomodar dentro do quarto. Fernando não roncava, mas respirava alto de um modo irritante. Não gosto de dormir com o quarto todo escuro, é mania minha. Também prefiro cama de casal, pois fico me remexendo o tempo todo. Como já era dia, estava um po ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 70



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  • gr_perroni Postado em 08/01/2015 - 16:06:03

    Posta maaaaaaaaaaaais....

  • mirelly_perroni Postado em 03/01/2015 - 09:43:02

    Postaaaaaaaaaa mais por favor que perfeito, nossa na Chuva cara rs que louco, o christian tá tão fofo, a musica que cantou pra ela foi tão demais tão perfeita, postaa mais por favor tô curiosa, o que vai rolar os problemas que vão aparecer tudo, então postaaa por favor.

  • vondy4everponny Postado em 13/12/2014 - 23:10:15

    Oooh hot na chuva?? Pqp esses dois são fogo. Christian mudou mesmo a Maite e a Maite mudou mesmo o Christian *-------* lindinhos <<<<<3

  • vondy4everponny Postado em 01/12/2014 - 19:41:51

    Nossa,tadinho do Christian, a história dele é foda.Como um pai pode tratar um filho assim só porque ele não quer ser advogado? E a humilhação na festa do natal? AF, tadinho dele, ninguém merece.

  • vondy4everponny Postado em 16/11/2014 - 15:26:24

    Odeio quando a Maite faz algo que magoe o Christian, AF. Ele precisa de muito apoio dela e ela vive assustada com tudo, aném

  • vondy4everponny Postado em 12/11/2014 - 13:10:59

    Sinceramente, estou com pena do Chris :/ Maite já está pensando em mentir, e eu entendo, mas essa história dele ainda vai dar muito problema :/

  • vondy4everponny Postado em 05/11/2014 - 00:54:26

    Awn, eles estão tão amorsinhos *-----* Mai pensa mais que o Chris, sinceramente UHAUAH! Vish, o que será que ela quer contar logo agoooora? AF Espero que seja coisa boa

  • vondy4everponny Postado em 26/10/2014 - 19:55:47

    Xtian aregou mana KKKKKKKKK Ai ai, Maite ficou ''desejosa'' tadinha UAHUAHU! Ele cantando uma canção de ninar pra ela, e ela cantou pra ele... Aaaaaaaaawn, que meigos e engraçados kk *---* Achei lindo! Posta mais Jess

  • vondy4everponny Postado em 24/10/2014 - 01:39:13

    Amando o terceiro livro amiga, que perfeitos *--* To com dó da Maite, eles ainda tem muita coisa pra acertar, isso nao vai ser facil :/

  • vondy4everponny Postado em 23/10/2014 - 20:31:54

    Ebaaaaaaa, terceiro livro! OMG, eles vão se casar? Como assim? kkkkk Coitado do ''Jão'' e da familia da Mai :/ Isso ainda vai dar mts problemas ne?


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