Fanfic: Despedida de Solteira(Adaptada) Mayte & Chistian | Tema: Chaverroni
Tínhamos uma hora de descanso antes da reunião sugerida pelo Marlos.
Esperaríamos as clientes irem embora e só depois seguiríamos viagem. Uma equipe de limpeza chegaria para deixar tudo organizado de novo. Novas clientes surgiriam no fim de semana seguinte – uma turma com quinze mulheres, que haviam pago uma pequena fortuna que incluía regalias e serviços que me fizeram imaginar a doideira que seria.
Aqueles dois dias que passaram haviam sido leves, sem exageros. Apenas uma experiência antes de começarmos de verdade.
Tentei não pensar em como tudo soava estranho. Eu estava ansioso com a minha participação no empreendimento, porém nada mais conseguia me animar. A ideia de voltar para aquela casa me assustava.
Ainda mais sabendo que nada seria igual; as novas clientes exigiam um clima de swing, ou seja, corpos nus para lá e para cá, ninguém é de ninguém e todo mundo é de todo mundo. Loucura. Sempre me diverti muito nesse tipo de confusão sexual – não é todo dia que se pode foder várias mulheres ao mesmo tempo –, mas um brilho de lucidez me fazia perceber que nada daquilo fazia sentido.
Estava arrumando as minhas coisas quando Fernando entrou no quarto.
– E aí, Christian! Nem tive tempo de perguntar como foi com a noiva – falou, juntando-se a mim na arrumação do quarto.
– Bom.
– Só bom? Fala sério, conta os detalhes!
Suspirei profundamente. O que eu menos queria era relembrar os detalhes.
Precisava esquecer tudo com urgência, do contrário nem sei se seria capaz de prosseguir. Sentei-me na cama e encarei o Fernando. Ele parou o que estava fazendo e franziu o cenho.
– Você está bem? – perguntou.
Parecia preocupado de verdade, o que me fez ficar comovido. É difícil encontrar alguém que esteja disposto a saber a verdade quando pergunta se uma pessoa está bem.
– Não.
– O que houve? – Fernando se sentou na beira da própria cama, de frente para mim.
– Não sei direito, mas não estou muito bem. Acho que... Acho que me envolvi demais. Isso não era para ter
acontecido – desabafei, engolindo em seco.
Nem sabia por que estava falando aquilo para o Fernando, mas não me arrependi.
Tudo porque ele balançou a cabeça como se me compreendesse perfeitamente.
– Eu quebrei uma regra – ele confessou, desviando os olhos. Parecia envergonhado.
– Quebrou?
– Sim. Eu a beijei.
– Ah... – Sorri torto. – Eu também.
– Sério?
– Sim. – Suspirei. Fernando acabou me acompanhando, então passamos eternos segundos desconcertantes nos encarando como se compactuássemos um grande segredo.
– Espero que ninguém saiba disso – ele falou, por fim.
– Essa conversa não vai passar por aquela porta, não se preocupe.
Fernando aquiesceu, sorrindo de um jeito esquisito.
– Sabe... Fico contente por não ter sido o único. Ainda mais sendo você. Estou aliviado, é sério. Pode parecer egoísta, mas estou neste ramo há apenas um ano. Achei que a inexperiência finalmente tinha me atingido, mas agora entendi que essa regra é uma grande porcaria.
– Ela é uma porcaria, mas necessária, Fernando. Sinto te dizer, mas nós dois fomos inexperientes. As regras precisam ser seguidas.
– É... Você tem razão. Não vai voltar a acontecer, embora não me arrependa.
– Eu também não – admiti.
Fernando sorriu.
– Mas me conta, como conseguiu convencê-la?
– Não foi fácil como pareceu.
Mayte é tão complicada... Ela se arrependeu de tudo, deve estar se corroendo até agora. Bom, já está feito.
– E é isso que está te deixando assim? – perguntou, encarando-me como se me desvendasse.
– É.
– Quer dizer que você também está arrependido?
– Mais ou menos. Eu faria tudo de novo, mas sei que está errado.
– Não devia se preocupar com isso.
Quem deve lidar com a situação é ela, você apenas fez o seu trabalho.
– Pois é, enfim. Deixa pra lá.
A reunião foi realizada na área externa. Não demoramos muito, pois todos estavam um pouco cansados. Aliás, muito cansados. Eu, particularmente, estava um caco. Por isso, achamos que seria melhor realizarmos um encontro durante a semana no escritório do Marlos, na quinta-feira pela manhã. Fiquei aliviado com a ideia, não estava a fim de me estressar com mais nada.
A viagem não foi tão silenciosa quanto eu gostaria. Os rapazes contavam suas experiências sexuais com as clientes, sem poupar detalhes. Para a minha surpresa, a Cláudia não havia sido a única que resistiu até o fim; Marcelo nos contou que a Paloma se manteve firme na decisão de não transar. Ele não forçou a barra, deixou-a à vontade durante todo o fim de semana.
Edu me perguntou umas trezentas vezes se eu não ia dizer nada sobre minha “aventura sexual” com a noiva.
Apenas respondia que não, mas isso só fazia aumentar a curiosidade dos rapazes.
Mantive-me irredutível até que desistiram de exigir a minha participação na conversa.
Como tinha ido de táxi à casa do Marcelo – nosso ponto de encontro –, peguei outro para voltar pra casa quando fomos deixados pela van. Não podia deixar a Charlotte – a minha BMW – em qualquer lugar, ela chama muita atenção, e eu morro de ciúmes. Despedi-me do pessoal às pressas, pois não via a hora de ficar sozinho e poder raciocinar melhor.
Marlos havia nos entregado o nosso pagamento, um cheque gordo para somar à minha conta já obesa. Pensei sinceramente em não aceitar, mas achei que a situação ia ficar muito estranha caso o fizesse. Não queria problemas, embora a ideia de receber dinheiro por ter transado com a Maye me deixasse irritado.
Já era noite quando cheguei ao meu apartamento. Tudo estava exatamente como deixei: organizado, silencioso e vazio.
A solidão me deu boas-vindas, e eu a recebi de braços abertos. Era um conforto, um aconchego. Não há nada mais seguro do que a minha própria companhia, aprendi a gostar dela com o tempo.
Meu primeiro instinto foi procurar pelos meus gatos, tenho dois: a Lulu e o Don Juan. O apartamento era bem amplo, pois gosto de espaço. Também adoro ambientes claros, por isso optei pelo branco; era a cor predominante. Havia feito algumas reformas e encomendado móveis caros, por isso tudo estava do jeito que eu queria. Achei a Lulu, uma gatinha linda e branquinha, debaixo do sofá largo. Nem me pergunte para quê tenho um sofá tão grande, visto que a única visita que recebo é a da minha irmã. Não costumo trazer clientes para casa; marco os encontros em outros lugares ou na casa da própria cliente.
Peguei a Lulu nos braços e lhe dei um cheiro na cabeça. Era bom demais vê-la de novo. Senti-me em casa, relaxado como nunca. Ela começou a lamber o meu pescoço, mas não a impedi.
– Sentiu a minha falta, papai? – murmurei, caminhando até a cozinha. Sabia que Don gostava mais de lá, afinal, era onde eu colocava a vasilha de comida e água. O safado só sabia comer e dormir o dia inteiro.
– Também senti a sua.
Percebi que as duas vasilhas, que jaziam num canto depois de um dos armários, estavam vazias. Peguei uma
sacola de ração e despejei o conteúdo, soltando a Lulu para que pudesse comer.
Esperava que não tivessem passado fome, apesar de eu ter deixado comida suficiente para os dois.
Atraído pelo barulho da ração atingindo o pote, Don Juan saiu de debaixo da mesa e veio se juntar à Lulu na refeição. Don era basicamente igual à Lulu – na verdade ela era a mãe dele –, mas bem menor e mais
travesso.
Sentei-me no chão e os observei comer durante longos minutos. Talvez fosse meu destino acabar rodeado por gatos como uma velhota solteira, mas não ligaria se isso acontecesse. Eu amo animais de um modo geral, e os meus gatos ocupam um espaço no meu coração maior do que muitas pessoas – eles merecem mais do que elas.
Depois de um tempo incalculável brincando e dando carinho aos meus amores – deitado no chão como se fosse uma criança –, meu celular começou a tocar freneticamente. Puxei-o do bolso, e uma mensagem piscava em alerta: cliente! Eu preciso de que meu celular me avise quando tenho clientes marcadas, caso contrário, esqueço de verdade. Por isso tenho um aplicativo que me alerta uma hora antes do encontro, avisando-me também de quem se trata, das exigências, dos valores que foram acertados e do endereço.
Naquele caso em específico, era uma estudante filhinha de papai que tinha me "achado" por meio de outra cliente e grudado em mim feito carrapato. Acho que aquele seria nosso quinto encontro do mês, e eu sinceramente não fazia ideia de como ela arranjava tanto dinheiro, já que eu cobrava mil e duzentos pela hora.
Certamente sua família tinha condições e a bancava em tudo, inclusive seu apartamento na Zona Sul.
Bom, tanto faz. A garota era gostosa, apesar de ter no máximo dezenove anos. Em casos normais, eu adoraria aquele encontro, mas minha primeira reação ao ver aquela mensagem foi soltar um longo suspiro de decepção.
Estava decepcionado comigo mesmo. Como podia ser tão incansável assim? Tinha marcado uma cliente sabendo que chegaria de uma viagem longa. Sabia que precisaria de descanso, mas, mesmo assim, havia incluído outra aventura na agenda. Eu estava morto. Era assim que me sentia; derrotado, acabado, arrasado e tantos outros adjetivos que traduzissem minha falta de capacidade de foder uma estudante naquela noite.
No impulso, acabei fazendo uma coisa que só faço em situações raras e de completa urgência: liguei para a cliente e desmarquei o encontro. Ela ficou visivelmente chateada, mas não me importei. Aleguei que estava doente, prometendo que a incluiria na minha agenda com prioridade assim que melhorasse. Nem liguei para o fato de estar mentindo; raciocinando um pouco mais, cheguei à conclusão de que não havia sido uma mentira.
Eu estava mesmo doente – acredite, a paixão pode ser bem nociva –, precisava de um tempinho para melhorar.
Estava morrendo de preguiça, mas acabei forçando o meu corpo a se levantar do chão da cozinha. Fui ao meu quarto, retirando a camisa branca que vestia. Lulu e Don me seguiram, mas logo encontraram um esconderijo embaixo da cama e por lá ficaram.
Retirei as minhas roupas e segui na direção do banheiro. Meu corpo pedia um banho relaxante, por isso foi quase impossível ignorar a ampla banheira. Quase nunca a usava, mas achei que aquela ocasião era especial.
Liguei a torneira de água quente e fiquei observando o vapor embaçar todos os espelhos. Procurei alguns sabonetes aromáticos que havia comprado há algum tempo numa loja especializada e os encontrei num armário. Despejei-os na banheira; um perfume cítrico delicioso se fez presente.
Depois de conferir a temperatura da água, mergulhei o meu corpo e me deixei relaxar, apoiando a cabeça na beirada. Minha pele agradeceu de imediato. Já me sentia melhor só de estar sozinho, sem compromissos ou regras a serem seguidas.
Foi bom demais voltar a mandar em mim.
Aproveitei o momento de paz e tranquilidade para meditar. Gosto de fazer isso quando estou estressado ou com algum problema. Fechei os meus olhos, dispersando todo e qualquer pensamento.
Deixei o nada tomar conta da minha mente, concentrando-me apenas em respirar com suavidade. Tudo estava tão quieto que eu podia ouvir o silêncio; ele me envolvia e confortava, dizendo que tudo ia ficar bem.
Jamais duvidei do silêncio, tenho fé no que diz. Sorri para o nada, sem me dar o trabalho de me julgar como um tolo.
Foi quando ouvi uma coisa estranha.
Era uma voz, uma voz distante chamando o meu nome docemente. Conhecia aquele som, por isso fiquei perturbado demais. A voz da Mayte cortou o silêncio, arrancando a minha paz numa velocidade incrível. Sabia que ela não estava ali, era só a minha mente pregando peças.
Suspirei fundo e prendi os lábios, percebendo que meu coração já estava acelerado. A voz se transformou em um rosto com muita facilidade, e num instante tive o vislumbre dos contornos perfeitos da face de Mayte; seus olhos escuros me encarando com ar de mistério, sua boca deliciosa beijando o meu corpo, suas caretas e expressões preocupadas, seus sorrisos e lágrimas...
Não parou por aí.
Os pensamentos vieram como uma enxurrada, resumindo o fim de semana inteiro em flashes loucos – os melhores momentos eram repetidos sem cessar como se eu estivesse no meio de um programa de TV esportivo, repassando todas as jogadas.
As lembranças só faziam se intensificar. Não posso dizer que fiz esforço para abandoná-las, pois seria uma inverdade. Simplesmente me deixei levar pelas recordações, aceitando que elas fariam parte de mim até que finalmente pudesse esquecê-las.
Senti os lábios da Mayte em mim, e seu cheiro já impregnava meus sentidos, fazendo-me recordar da nossa única noite juntos. O ritmo maravilhoso em que seu corpo quente se contorcia, implorando pelo meu, exigindo o êxtase. Ainda podia sentir seu sabor na minha língua, sua pele dourada entre os meus dedos... Como ela era linda!
Não falo apenas de beleza física, é muito mais do que isso. Uma coisa difícil de explicar. Havia me encantado tão facilmente... De uma forma tão sem sentido!
Algo como nos filmes, um tipo de paixão à primeira vista que eu nem sabia que existia.
Logo eu... Logo comigo... Logo por ela.
“Boa noite, Christian”, mais um sussurro do meu inconsciente – ou consciente, vai saber – fez a minha pele arrepiar. Apenas a lembrança da voz doce da Mayte foi capaz de acender em mim um desejo impressionante.
Quando menos esperei, senti meu sexo completamente ereto, latejando com vontades explícitas.
Soltei um longo suspiro, tentando manter a calma, buscando o meu autocontrole. O problema era que ele nunca havia funcionado com nada que fosse referente à Mayte, portanto as lembranças continuaram, e o maldito desejo só fez aumentar.
Segurei a minha ereção, buscando forças para voltar ao normal. O efeito foi o oposto do que eu esperava, e aquele pequeno toque acabou servindo de estímulo.
Ainda podia sentir a Mayte em cima de mim, rebolando seu quadril e soltando gemidos de puro prazer. Podia senti-la quentinha e muito molhada, sempre pronta para me receber.
Nem sei dizer o momento em que comecei a fazer aquilo, só sei que, quando dei por mim, estava quase chegando ao clímax pelas minhas próprias mãos.
Também não sei dizer quanto tempo fazia que não me masturbava. Não costumava fazê-lo, afinal, nunca tinha encontrado motivos nem necessidade. Meu desejo sempre possuiu um interruptor; ligava-o na hora em que bem entendesse. Entretanto, aquela coisa que eu sentia pela Mayte não podia ser controlada. Talvez minha inexperiência no assunto me tirasse do controle, transformando-me em uma marionete com bastante facilidade.
Parei o movimento, obrigando-me a resistir. Precisava ser forte, não ia chegar a lugar algum se me deixasse levar pelas lembranças. Meu sexo reclamou demais da minha decisão; ele não queria pausas.
Estava fervendo, esperando por mais e, conhecendo-o bem como o conheço, sabia que não ia me dar paz até que terminasse o serviço.
Sentindo-me vencido e escravo do meu próprio desejo, continuei a imaginar a Mayte se contorcendo em cima de mim.
Reiniciei o movimento, acelerando o ritmo conforme a minha imaginação. Não demorou muito; o silêncio do banheiro foi quebrado pelos gemidos involuntários que me escaparam da garganta enquanto atingia o êxtase.
O líquido quente deixou a minha mão lambuzada, pois havia cuidado para não sujar a água da banheira.
Soltei mais um longo suspiro e, sentindo-me um pouco mais calmo, decidi tomar uma chuveirada e acabar com aquele banho esquisito. Só esperava que aquilo não se repetisse; odiaria me masturbar pensando na Mayte outra vez. Não queria viver de ilusões, sabia que jamais a teria novamente.
Era um fato.
Precisava aceitar a ideia e arranjar um jeito de fazer o meu corpo aceitar também.
O que não tem solução solucionado está, já dizia o ditado – e devo concordar com ele.
Estar de mãos atadas não era tão ruim assim, pois podia deixar de me preocupar, curtindo o conforto que só a indiferença pode trazer. Tudo bem que não estava totalmente indiferente, mas foi bom sentar no meu sofá depois de um banho e passar horas jogando videogame. Lulu e Don Juan estavam dormindo no meu colo, ambos fazia bem o papel de companhia. Um pacote de pipoca de micro-ondas jazia na mesa de centro, junto com uma garrafa de Gatorade. Eu não precisava de mais nada.
Quando me senti sonolento o bastante – não queria arriscar ficar pensando em besteira enquanto revirava na cama –, fui ao meu quarto e me aconcheguei entre os travesseiros, trazendo meus gatos comigo. Dormi em menos de um minuto, um sono incrivelmente pesado e relaxante.
Sem sonhos ou pesadelos.
Acordei com o barulho frenético do meu celular. Pelo toque, sabia que tinha cliente marcada. Eram nove horas da manhã, muito cedo para um encontro sexual, portanto já sabia de quem se tratava: Isabelle. Era uma mulher jovem e muito inteligente. Também tinha bastante dinheiro; era PhD e trabalhava na área científica, ganhando horrores com projetos que envolviam inteligência artificial. Só sei disso porque um dia assisti a uma entrevista no noticiário local, visto que ela é muito discreta e nunca fala sobre nada referente à sua vida pessoal.
Nossos encontros são sempre em dias de segunda pela manhã, acho que é seu horário de folga. Não importa, eu gosto de transar com ela. Meio esquisito, afinal, Isabelle não possui muitos atributos físicos. É magra demais, seu rosto tem traços meio grosseiros e o cabelo assanhado é de uma cor ferrugem esquisita.
Entretanto, por ser quietinha e tímida, quase não solta gemidos durante a relação, e isso só me desafia a fazê-la gritar. Quando acontece, sinto um prazer imenso. Acredito que é por causa da sua ausência de beleza que precisa dos meus serviços – se bem que os caras devem se sentir intimidados com a sua inteligência exacerbada.
Levantei-me da cama e abri as cortinas que davam para a pequena varanda. O dia estava bonito. Meu corpo agradecia o descanso prolongado. Tomei um banho e vesti as roupas que Isabelle exigia: calça, sapatos e camisa brancos. Ela tinha um tipo de fetiche por médicos. Eu achava engraçado, ficava me sentindo importante com aqueles trajes.
O café da manhã foi na minha padaria preferida, bem em frente ao meu apartamento. Precisava fazer compras mais tarde, a despensa estava meio vazia. Podia ligar para Júlia e marcar algum jantar, tinha muitas saudades dela. Também precisava conversar com alguém confiável sobre o fim de semana. Ela certamente riria de mim, mas sei que faria eu me sentir melhor.
Estava sentado em uma das mesas da padaria, sendo paquerado descaradamente por três mulheres – uma
delas acompanhada pelo namorado –, bebericando uma xícara de café e mordendo um sanduíche natural delicioso, quando meu celular deu outro alerta. Aquele era diferente.
Puxei-o do bolso e vi que tinha um novo email na minha caixa de entrada. Abri-o achando que era spam, mas o que li me surpreendeu bastante:
“Bom dia, Christian.
Aqui está o número da loja de
sapatos da qual te falei. Eles estão mesmo
vendendo o espaço. Espero que consiga
realizar o seu maior desejo.
Mayte Perroni.”
Tive que me controlar para não cuspir o café. Consegui engolir o líquido quente, mas acabou entrando pelo lugar errado. Comecei a tossir feito um louco, pegando um guardanapo para me ajudar.
Reli o e-mail, ainda muito surpreso. Meus olhos estavam bem abertos, mas meu cérebro meio que tinha parado de funcionar.
Li o e-mail de novo. E de novo. E de novo.
Não dava para acreditar naquilo.
Não sei dizer o que mais me deixou surpreso: o fato de ter recebido um e-mail da Mayte logo pela manhã, o de que ela se preocupou o bastante comigo para se dar o trabalho de conseguir o telefone da sapataria ou a ideia de montar meu estúdio ao lado da loja dela. Ah, não posso me esquecer do “espero que consiga realizar o seu maior desejo”. Se ela soubesse qual era o meu maior desejo naquele momento, talvez não tivesse me mandando aquele e-mail.
Tudo era esquisito e surreal demais, parecia ser possível apenas em um sonho muito bom. Não esperava que Mayte chegasse a entrar em contato, apesar de ter pedido o meu cartão de visitas. Pensei que ela iria ignorá-lo, deixar aquela história toda para lá. Estava enganado.
Li a mensagem mais uma vez, sorrindo amplamente. Era bom demais para ser verdade. Mayte não somente tinha deixado o telefone, como também o endereço do estabelecimento. Isso significa que eu sabia exatamente onde encontrá-la, e apenas alguns minutos de tráfego me distanciavam dela.
Cliquei em “responder”. Pensei em trinta milhões de respostas para dar, mas simplesmente não saía nada.
Terminei o desjejum ainda com o celular em mãos.
Parecia um idiota; meus dedos tremiam como se o dia não estivesse ensolarado.
Conferi o relógio mais uma vez. Tinha vinte minutos para chegar à casa da cliente.
Acabei guardando o meu celular, prometendo que a responderia quando estivesse de volta. Tentei manter a calma e a concentração, mas meu coração insistia em bater acelerado. Estava nervoso, apreensivo, angustiado ao nível máximo.
– Oi. – Ergui a cabeça e dei de cara com uma mulher loira. Estava saindo da padaria, mas pelo visto ela não havia notado a minha pressa.
– Oi – respondi por educação, sorrindo torto. Não estava a fim de flertes, precisava trabalhar.
– Acho que nos conhecemos – continuou, encarando-me como se fosse me comer com os olhos. – Você malha na mesma academia que eu, chega sempre às quatro da tarde.
Franzi o cenho. Ótimo. Outra louca que seguia os meus passos. Não era incomum, metade das mulheres daquele bairro sabia os meus horários mais do que eu mesmo. Várias eram minhas clientes, e o restante não tinha dinheiro ou coragem para me “alugar”. A outra metade era composta por mulheres recalcadas que me olhavam torto, mas no fundo queriam ser fodidas tanto quanto as demais.
– Pois é, legal. Bom, estou com pressa. Prazer em conhecê-la – falei rápido, abrindo a porta de vidro da padaria.
– Meu nome é Ana Clara – disse como se eu tivesse perguntado.
– Christian. Até mais – respondi e, com passos largos, atravessei a rua, voltando ao meu prédio.
Fui direito ao estacionamento.
Precisava correr, Isabelle gostava de pontualidade. Quero dizer, nem sabia se ela gostava, mas eu gosto de ser pontual. Odeio me atrasar, detesto deixar alguém me esperando. Dei a mim mesmo o direito de ir mais rápido com a Charlotte. Ela corria bem que era uma beleza, mas nunca gostei de exagerar no trânsito.
Considero-me um cara prudente.
Parei na frente do condomínio fechado da Isabelle. Identifiquei-me na portaria, meu nome já estava na lista de
visitantes, bem como a placa do meu carro.
Entrei sem maiores problemas, estacionando na frente da casa de número doze. O local era amplo e arborizado, só o serviço de jardinagem devia custar uma fortuna. As casas enormes mantinham o mesmo padrão rústico; a organização era tanta que aquele lugar parecia pertencer a outro país.
Conferi o relógio mais uma vez. Dez horas em ponto, havia chegado na hora certa. Desci da Charlotte e, enquanto seguia pelo jardim até a porta de madeira da casa de Isabelle, fui me sentindo mal. Uma coisa ruim dominou o meu peito, deixando-me sufocado. Toquei a campainha e suspirei profundamente, buscando tranquilidade. A verdade era única: embora não quisesse aceitar, estava pensando na Mayte, perguntando-me se eu seria capaz de tirar seu sabor dos meus lábios beijando outra mulher. Aquilo me perturbava. Era como se eu ganhasse uma camisa autografada do Pelé, certamente não a lavaria com receio de que o autógrafo saísse.
Mayte havia me marcado, autografado o meu corpo com o seu, deixando rastros de paixão e um perfume enlouquecedor que se enraizara na minha pele, oferecendo a sensação contínua de que ela ainda estava por perto.
– Oi, Christian!
Acordei do transe. Isabelle me olhava de cima a baixo, trajando um vestidinho florido bem simples. Seu cabelo não estava tão assanhado devido a uma trança lateral que chegava até a altura de seus seios pequeninos. Estava sorridente e parecia animada, apesar de estar corada de vergonha. Bom, ela sempre corava quando nossos olhos se cruzavam. Eu gostava disso.
No impulso, entrei em sua casa e lhe puxei a trança, agarrando-a. Sabia que Isabelle não gostava de nenhuma
agressividade, era uma romântica assumida, mas não pestanejou quando beijei sua boca com vontade forçada. Ela se desvencilhou depois de longos minutos, totalmente sem fôlego.
– Uau! O que deu em você hoje? – perguntou sorrindo, fechando a porta atrás de si.
– Não faço ideia – menti. Sabia bem o que tinha me dado; eu estava apenas lavando a camisa autografada pelo Pelé.
Sem dó nem piedade, sem culpa ou ressentimentos.
Puxei Isabelle novamente, só que, desta vez, o beijo ganhou ainda mais intensidade. Sua boca era pequena, os lábios fininhos me fizeram estranhar bastante, mas não ousei parar. A cada investida o meu coração doía, martelava até me causar dor física. Ignorei. Simplesmente ignorei.
Empurrei a cliente para o sofá mais próximo; a sala era toda composta de móveis rústicos e muito luxuosos.
Havia quadros espetaculares majestosamente pendurados nas paredes. Era um ambiente admirável, mas eu estava concentrado no meu trabalho. Só queria acabar logo com aquilo.
Isabelle arqueou as costas e abriu as pernas ao redor da minha cintura, deixando o vestido deslizar e fazendo sua calcinha ficar à mostra. Continuei a beijando, enquanto descia meus dedos e alisava o tecido fino de renda. Meus lábios formaram uma trilha de beijos até o seu pescoço. Inspirei profundamente, sentindo um cheiro bom, mas totalmente distinto daquele que eu queria sentir.
Autor(a): jessica_ponny_steerey
Este autor(a) escreve mais 86 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Isso me fez parar. Simplesmente parei. Travei mesmo, de verdade. Ergui o meu corpo e me sentei no sofá, enquanto ouvia Isabelle buscar o fôlego que eu havia lhe roubado. Encarei-a seriamente, engolindo em seco. Ela me devolveu o olhar, corando como sempre. – Você está bem? – murmurou. – Estou – respondi, ma ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 70
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gr_perroni Postado em 08/01/2015 - 16:06:03
Posta maaaaaaaaaaaais....
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mirelly_perroni Postado em 03/01/2015 - 09:43:02
Postaaaaaaaaaa mais por favor que perfeito, nossa na Chuva cara rs que louco, o christian tá tão fofo, a musica que cantou pra ela foi tão demais tão perfeita, postaa mais por favor tô curiosa, o que vai rolar os problemas que vão aparecer tudo, então postaaa por favor.
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vondy4everponny Postado em 13/12/2014 - 23:10:15
Oooh hot na chuva?? Pqp esses dois são fogo. Christian mudou mesmo a Maite e a Maite mudou mesmo o Christian *-------* lindinhos <<<<<3
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vondy4everponny Postado em 01/12/2014 - 19:41:51
Nossa,tadinho do Christian, a história dele é foda.Como um pai pode tratar um filho assim só porque ele não quer ser advogado? E a humilhação na festa do natal? AF, tadinho dele, ninguém merece.
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vondy4everponny Postado em 16/11/2014 - 15:26:24
Odeio quando a Maite faz algo que magoe o Christian, AF. Ele precisa de muito apoio dela e ela vive assustada com tudo, aném
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vondy4everponny Postado em 12/11/2014 - 13:10:59
Sinceramente, estou com pena do Chris :/ Maite já está pensando em mentir, e eu entendo, mas essa história dele ainda vai dar muito problema :/
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vondy4everponny Postado em 05/11/2014 - 00:54:26
Awn, eles estão tão amorsinhos *-----* Mai pensa mais que o Chris, sinceramente UHAUAH! Vish, o que será que ela quer contar logo agoooora? AF Espero que seja coisa boa
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vondy4everponny Postado em 26/10/2014 - 19:55:47
Xtian aregou mana KKKKKKKKK Ai ai, Maite ficou ''desejosa'' tadinha UAHUAHU! Ele cantando uma canção de ninar pra ela, e ela cantou pra ele... Aaaaaaaaawn, que meigos e engraçados kk *---* Achei lindo! Posta mais Jess
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vondy4everponny Postado em 24/10/2014 - 01:39:13
Amando o terceiro livro amiga, que perfeitos *--* To com dó da Maite, eles ainda tem muita coisa pra acertar, isso nao vai ser facil :/
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vondy4everponny Postado em 23/10/2014 - 20:31:54
Ebaaaaaaa, terceiro livro! OMG, eles vão se casar? Como assim? kkkkk Coitado do ''Jão'' e da familia da Mai :/ Isso ainda vai dar mts problemas ne?