Fanfic: Despedida de Solteira(Adaptada) Mayte & Chistian | Tema: Chaverroni
Eram dez horas da manhã e lá estava eu, provando que a lógica poderia ser tão ilógica quanto um papo entre bêbados. O reflexo da vitrine da sapataria mostrava um cara de barba feita, trajando roupas de marca e com o cabelo bem penteado. Nada mal.
Podia ver a loja de cosméticos da Mayte bem ao lado, mas a ignorei. Bom, não muito, tentei ver se ela estava por lá, mas só consegui receber olhares femininos curiosos. Estava disposto a fechar negócio com o dono da saparia antes de procurar pela Mayte – eu sempre fazia o mais fácil primeiro.
Respirei fundo e entrei no estabelecimento. Uma funcionária cheia de sorrisos maliciosos veio me atender, mas fui extremamente sério. Ela logo me levou para uma sala – similar a um escritório – que ficava depois de um amplo corredor; abriu uma porta larga e me apresentou ao Sr. Jefferson, o dono da sapataria.
Conversamos durante muito tempo.
Sr. Jefferson era um senhor que aparentava uns sessenta e poucos anos. Era dono daquela sapataria há mais de vinte, entretanto estava prestes a se mudar para uma cidadezinha do interior, pois sua família inteira havia conseguido boas oportunidades por lá. A ideia dele era vender o espaço e abrir uma sapataria menor e menos trabalhosa nesta outra cidade. O preço que pedia era um pouco salgado, mas, segundo ele, estava quase fechado para uma mulher que queria abrir um restaurante.
Admito que pensei em desistir de tudo, mas a voz da Júlia não parava de ecoar na minha mente. Algo me dizia que devia tentar até o fim, portanto fiz uma oferta praticamente irrecusável depois que conheci cada pedacinho do local, constatando que atendia às minhas necessidades. Sr. Jefferson ficou meio assustado, mas sua animação só fez aumentar quando expliquei que pagaria à vista. Não deu outra; ele aceitou a oferta sem pestanejar.
Logo, discutimos alguns pontos da papelada que teríamos que providenciar. Eu tinha um bom advogado, o Sr. Phillips – sim, já tive problemas com clientes –, e sabia que não ia ter complicações com as escrituras e algumas contas de IPTU que estavam pendentes. Depois de duas horas conversando com aquele senhor simpático, marcamos de nos reunir na próxima segunda.
Assim que saí da sapataria, senti que meu mundo havia ganhado cores diferentes. O cinzento estava dando lugar a um arco-íris, ainda meio pálido, mas mesmo assim era uma corzinha reconfortante. Sorri torto, feliz demais com a ideia de que em breve teria o meu tão sonhado estúdio.
Sabia perfeitamente que a minha felicidade só poderia ser aumentada na loja ao lado.
Foi para lá que me encaminhei, tentando controlar as batidas frenéticas do meu coração.
A loja dela era incrível, fiquei muito surpreendido. A vitrine com fotos enormes de modelos usando os produtos era magnífica. Assim que entrei, um ambiente branco e lilás tomou forma; era um espaço amplo, lotado de clientes, mas ao mesmo tempo sofisticado. Havia esculturas entre as prateleiras, e os móveis eram modernos, limpos e elegantes. Um cheirinho delicioso pairava no ar, e tinha certeza de que isso não era porque eu tinha parado na seção de perfumes.
Uma funcionária veio me atender; reconhecia-a imediatamente. Era a Lara, a amiga gordinha da Mayte.
Estava com um uniforme elegante todo trabalhado em bordados na cor lilás, combinando com o restante da loja. Não sabia que ela trabalhava ali, mas gostei de ver um rosto conhecido.
– Oi, Lara.
– Christian? – Ela pareceu muito assustada. Sua pele branca conseguiu ficar ainda mais pálida. – O... O que está fazendo a... Digo, posso ajudá-lo em alguma coisa?
– Sim, eu... queria muito falar com a Mayte. Ela está? – perguntei, tentando ser firme e despreocupado.
– Não, não... – Lara balançou a cabeça. Seu rosto corou, e então percebi que estava mentindo. Antes que eu pudesse responder, ela mesma se corrigiu: – Quero dizer... Sim, ela está.
– Pode chamá-la?
– Cla... Claro.
Lara praticamente saiu correndo, vencendo os corredores da loja e saindo da minha vista depois que passou por umas cortinas. O nervosismo começou a me dominar. Saber que veria a Mayte dali a alguns minutos me deixou maluco. Isso, claro, se ela quisesse me ver. Poderia arranjar alguma desculpa, e então eu voltaria a ficar com as mãos atadas.
Inclinei-me para a prateleira de perfumes. Tinham vários, e seus frascos possuíam formatos e cores diferentes. Notei de cara que eram importados; pelos nomes na embalagem, certamente eram franceses.
Talvez o da Mayte estivesse ali. Pagaria o que fosse para ter aquele cheiro – ou pelo menos para senti-lo novamente.
Peguei um frasco cor-de-rosa em formato de pétalas, era uma amostra para que os clientes pudessem provar.
Mayte exalava um cheirinho de flores, não estranharia se seu perfume tivesse um formato que sugerisse a fragrância. Espirrei um pouco no meu punho, mas notei logo de cara que não era aquele, apesar de ser tão cheiroso quanto. Deixei o frasco no lugar de origem e fui analisando os outros.
Foi então que ouvi aquela voz.
– Pois não, senhor.
Olhei-a imediatamente, despreparado para receber a pancada estrondosa que partiu das minhas entranhas, tomou meu coração e esmagou o meu cérebro em mil migalhinhas. Mayte estava extremamente linda, encantadora, apaixonante e tudo o mais que conseguia fazer o meu mundo voltar a ficar colorido.
Vê-la de novo foi um choque, ainda mais por estar vestida tão elegantemente; saia social cinza combinando com um blazer chiquérrimo e uma camisa fina, meio bege, que dava um ar leve e altamente feminino.
Os cabelos curtos estavam soltos, e ela usava um pouquinho de maquiagem, exaltando a beleza dos seus olhos grandes.
Sorri torto, envergonhado pelo desejo que acabou por surgir claro, absoluto e constante. Minha vontade foi de agarrá-la ali mesmo, beijá-la sem pensar em mais nada e implorar para que não se casasse.
– Mayte. Que bom te ver de novo – falei, sorrindo amplamente. Fiquei satisfeito por parecer controlado, embora por dentro estivesse gritando. – Sua loja é fantástica.
Adorei!
– Que bom que gostou, senhor.
Temos uma linha completa de perfumes masculinos, são cheirosíssimos.
Encarei-a fixamente. Seu tom profissional me chateou, mas decidi não ligar muito.
– Isso é bom, mas eu estava procurando um perfume feminino. – Desviei os meus olhos para a prateleira, continuando a fingir despreocupação.
– Temos esta linha nova aqui, senhor – falou, pegando um papelzinho que havia dentro de um frasco de vidro e espirrando uma amostra de perfume nele. – Veja se gosta.
Entregou-me o papel. Peguei-o rapidamente e o levei ao meu nariz. Era um cheirinho cítrico gostoso, mas longe de ser o dela.
– Não, não é este – eu disse. – É algo mais doce. Com um leve aroma de flores...
Eu não entendo de perfumes, desculpe. Só saberei quando senti-lo de novo.
Mayte abriu um pouco mais os olhos. Foi quase imperceptível, mas não pude deixar de notar. Sua boca deliciosa entreabriu, mas ela voltou a fechá-la, empurrando o potinho de papéis para mais perto.
– Bom, temos trinta e sete perfumes femininos distintos, sinta-se à vontade para sentir o cheiro de cada um, senhor. – Ela se inclinou e pegou outro pote, aquele estava com um pouco de grãos de café. Sabia que o café servia para sentirmos vários cheiros sem nos confundirmos.
Franzi o cenho, meio confuso.
Mayte queria que eu experimentasse as trinta e sete fragrâncias? Só podia estar de brincadeira comigo!
Entretanto, não ia me dar por vencido tão fácil. Decidi entrar naquele jogo.
– Muito bem, vamos começar, então – falei, pegando o primeiro papel. Segurei uma amostra e espirrei o conteúdo. Depois, levei-o ao nariz. – Não é este.
Peguei o segundo frasco de perfume, mas Mayte acabou desistindo de jogar.
– O que faz aqui, Christian? – perguntou.
Continuei com o que estava fazendo. O segundo perfume era amadeirado, nada a ver com o que eu estava procurando. Peguei o café e inspirei profundamente.
– Vim agradecer o e-mail. E dizer que sou seu novo vizinho – comentei, pegando o terceiro perfume. Queria muito ver suas reações, mas fingi estar concentrado em escolher.
– O quê? Você comprou? – Mayte praticamente gritou.
– Quase. Vamos ver a papelada ainda. Adorei o espaço, é perfeito, do jeito que sempre quis. O dono da sapataria vai se mudar no fim do mês, então queria vender logo. Tinha algumas pessoas interessadas, mas ele me deu prioridade assim que descobriu que eu pagaria à vista. – Virei na sua direção e pisquei um olho.
Mayte entreabriu os lábios e corou um pouco, fazendo-me ganhar o dia.
Voltei a me concentrar nos perfumes.
A quarta fragrância era muito doce para o meu gosto, chegava a ser enjoativa.
– Isso é ótimo, Christian! Fico muito feliz por você! – Sua voz havia se modificado bastante. Estava mais mansa, receptiva.
Percebi que havia mesmo ficado contente por mim, e isso me deixou ainda mais animado.
– Estou muito contente mesmo, Mayte. E você, como está? – perguntei.
– Estou ótima!
– E o casamento, como estão as coisas?
– Tudo pronto. Só falta tocarem a marcha nupcial.
Estaquei. Devolvi o sexto perfume para a prateleira e me virei na direção dela.
Encarei-a demoradamente, tentando me controlar. Acabei contracenando uma expressão bastante rígida.
Pudera, o que ela disse funcionou como uma facada bem no meu coração. Doeu. Doeu muito.
– Legal – murmurei. Peguei a sétima fragrância, pensando em desistir.
Novamente as palavras da Júlia invadiram a minha mente, e então acabei tendo uma ideia que podia fazer a guerra mudar de figura. – Bom... Pretendo ir almoçar quando acabar aqui, mas tem que ser algo especial, pois estou muito feliz. Então... Pensei que eu deveria almoçar com a pessoa que me ajudou nisso.
Mayte permaneceu em silêncio. Não tive coragem de olhá-la, portanto apenas me desfiz do papelzinho e peguei a oitava amostra. Estava ficando cansado, mas, quando entro num jogo, costumo jogar até o fim.
– Isso é um convite? – finalmente perguntou, sua voz saiu baixinha.
– É. Quer ir almoçar comigo? – Encarei-a. Mayte tinha a pele levemente corada. Linda! Estava com tantas saudades.
Tive que me segurar para não pegá-la de jeito ali mesmo, entre as prateleiras.
– Depende.
– De quê?
Mayte fez um movimento brusco, retirando um bocado de papeizinhos de dentro do frasco. Pegou seis perfumes diferentes, borrifando cada um em um papel.
Depois, entregou-os a mim.
– Se acertar, eu vou – murmurou.
Ela sabia qual era o perfume que eu queria? Ótimo, só significava que estava brincando comigo de propósito.
Pelo menos estava de bom humor. Sorri torto, achando tudo muito engraçado.
– Você sabia o tempo todo o que eu estava procurando? – perguntei, ainda sorrindo.
– Você é bem previsível, Christian.
– Sou?
Mayte sorriu, e meu coração deu um solavanco. Senti minha pele esquentar de imediato, o desejo começando a crescer dentro de mim. Era impressionante. Bastava um sorriso para que o meu corpo respondesse de um modo tão cruel, tão definitivo.
– Não, mas eu queria que fosse.
– Queria?
– Você está me enrolando, vamos! – falou, mudando de assunto. – Aceita ou não o desafio?
– Claro que sim! – Peguei os papeizinhos e comecei a cheirá-los, um a um. Descartei três deles, mas parei assim que inspirei o quarto. Era aquele. O cheirinho da Mayte; delicioso, revigorante, doce. O aroma me deu uma sensação de nostalgia meio estranha de ser sentida. – É este. Foi muito fácil.
Joguei o restante dos papéis fora, entregando o selecionado à Mayte. Ela o inspirou, fazendo uma careta maravilhosa logo em seguida. Sabia que tinha acertado, e sua expressão não negou.
– Tem certeza de que é este?
– Absoluta.
– E se eu te dissesse que errou?
– Eu diria que você é péssima em blefe. Por isso não quis jogar pôquer.
Mayte riu. O ruído do seu sorriso era divino, soava como música aos meus ouvidos.
– Olha, eu não teria tanta certeza assim. Acho que você errou, hein? – continuou blefando.
– Mayte... Não tente me enrolar. Se não quer almoçar comigo, é só dizer. – Fui bem direto, afinal, não podia obrigá-la a vir comigo. – Sei perfeitamente que este daí é o seu perfume. Não pode ser outro.
– Você acertou mesmo – ela murmurou, pegando um frasco na prateleira.
Entregou-o a mim; era o seu perfume. Uma embalagem pequena em forma de gota d’água. O conteúdo era meio esverdeado, bem diferente.
– Vou levar – decidi.
– Vai levar? – Mayte fez uma careta linda de confusão. Algumas rugas lhe sobressaltaram na testa, deixando-a ainda mais atraente. Como eu adorava suas expressões!
– Sim, algum problema?
– Nenhum. É só levá-lo ali ao caixa, a Fabíola vai te atender. – Apontou para o canto esquerdo de sua loja. – Vou pegar a minha bolsa. Estou morrendo de fome.
Ela tinha mesmo aceitado ou era impressão minha? Foi difícil acreditar.
– Te vejo na saída – falei, piscando um olho novamente. Mayte corou um pouco, mas foi logo caminhando na direção das cortinas.
E eu... nunca me senti tão contente.
Era óbvio que ela ainda me desejava, nem que fosse um pouquinho. Ainda tinha efeito sobre ela, conhecia suas reações muito bem para perceber. Parecia estar vivendo um sonho muito bom, e meu único medo era
acordar.
De uma coisa tinha certeza: não podia desistir. Daria o melhor de mim. O tempo reduzido era um obstáculo, mas eu só precisava de uma chance para provar à Mayte que eu era o cara ideal. Só uma.
Autor(a): jessica_ponny_steerey
Este autor(a) escreve mais 86 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Passei um tempo incalculável fazendo o percurso do caixa até o lado de fora da loja da Mayte. Não dava para crer que ela tinha aceitado almoçar comigo. Tudo bem , era só um almoço, mas para mim significava tudo. Pretendia apenas ser eu mesmo, nada de querer convencê-la ou persuadi-la. Nem quer ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 70
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
gr_perroni Postado em 08/01/2015 - 16:06:03
Posta maaaaaaaaaaaais....
-
mirelly_perroni Postado em 03/01/2015 - 09:43:02
Postaaaaaaaaaa mais por favor que perfeito, nossa na Chuva cara rs que louco, o christian tá tão fofo, a musica que cantou pra ela foi tão demais tão perfeita, postaa mais por favor tô curiosa, o que vai rolar os problemas que vão aparecer tudo, então postaaa por favor.
-
vondy4everponny Postado em 13/12/2014 - 23:10:15
Oooh hot na chuva?? Pqp esses dois são fogo. Christian mudou mesmo a Maite e a Maite mudou mesmo o Christian *-------* lindinhos <<<<<3
-
vondy4everponny Postado em 01/12/2014 - 19:41:51
Nossa,tadinho do Christian, a história dele é foda.Como um pai pode tratar um filho assim só porque ele não quer ser advogado? E a humilhação na festa do natal? AF, tadinho dele, ninguém merece.
-
vondy4everponny Postado em 16/11/2014 - 15:26:24
Odeio quando a Maite faz algo que magoe o Christian, AF. Ele precisa de muito apoio dela e ela vive assustada com tudo, aném
-
vondy4everponny Postado em 12/11/2014 - 13:10:59
Sinceramente, estou com pena do Chris :/ Maite já está pensando em mentir, e eu entendo, mas essa história dele ainda vai dar muito problema :/
-
vondy4everponny Postado em 05/11/2014 - 00:54:26
Awn, eles estão tão amorsinhos *-----* Mai pensa mais que o Chris, sinceramente UHAUAH! Vish, o que será que ela quer contar logo agoooora? AF Espero que seja coisa boa
-
vondy4everponny Postado em 26/10/2014 - 19:55:47
Xtian aregou mana KKKKKKKKK Ai ai, Maite ficou ''desejosa'' tadinha UAHUAHU! Ele cantando uma canção de ninar pra ela, e ela cantou pra ele... Aaaaaaaaawn, que meigos e engraçados kk *---* Achei lindo! Posta mais Jess
-
vondy4everponny Postado em 24/10/2014 - 01:39:13
Amando o terceiro livro amiga, que perfeitos *--* To com dó da Maite, eles ainda tem muita coisa pra acertar, isso nao vai ser facil :/
-
vondy4everponny Postado em 23/10/2014 - 20:31:54
Ebaaaaaaa, terceiro livro! OMG, eles vão se casar? Como assim? kkkkk Coitado do ''Jão'' e da familia da Mai :/ Isso ainda vai dar mts problemas ne?