Fanfic: Até que a morte nos separe. - AyA. | Tema: Ponny

Brasil;

– Já disse que não!

– Mas porque pai?

– Por que não! Eu sou o seu pai mocinha e você vai me obedecer ouviu?

– Eu não te entendo. Poxa pai, eu mal saio de casa, mal tenho amigas... Eu tenho que viver não acha? – o encara séria e o homem a sua frente suspira. – Eu já sou bem grandinha e sei me cuidar sozinha. Eu tenho 20 anos papai, não cinco!

– Deu Anahí! – pegou uma folha de cima de sua mesa feita de madeira rustica e começou a ler, sem dar bola para a filha. – Se era só isso me de licença, por favor.

– Você não confia em mim? É isso?

– Any... – suspirou a encarando. – Eu confio plenamente em você, mas e...

– Não confia não! – o interrompeu. - E que se dane! Eu sou maior de idade e eu vou sim a essa festa!

  A loira saiu do escritório, mas não antes de fechar a porta com força, piorando a dor de cabeça de Lucio. Chateada, Anahí foi andando pelo corredor em direção à cozinha; era duas e meia e já estava morrendo de fome (como sempre). Assim que adentrou o cômodo foi direto para a geladeira procurar algo decente para matar sua fome.

– Já vai comer nanica? – Thiago perguntou se escorando na bancada da cozinha, com um sorriso brincalhão nos lábios.

– Nanica é a tua mãe, idiota! – fechou a geladeira com um sanduiche natural na mão.

– Ela é mesmo! – soltou uma risadinha. – Então, tu vai na festa do Fernando? – Anahí assentiu mordendo o sanduba. – Mas como? O velho deixou?

– Não. – lambeu o dedo sujo de maionese. – Mas sou maior de idade, ele não manda em mim. Tu vai?

– Não fui convidado.

– Hum.

– Mas bem que você, minha irmã mais linda, poderia me levar né?

– Sou tua única irmã, burro. E sim, eu sei que sou linda, fazer o que né? – riu.

– Tá, tá. Mas e aí? Você me leva?

– Não sei não Thi.

– Ah Any, pooor favooor. – juntou as mãos fazendo bico.

– Nem adianta fazer esse bico.

– Eu faço qualquer coisa!

– Qualquer coisa?

– Qualquer coisa! – garante.

– Eu te levo, mas você vai parar de fumar.

– O que? Nem brincando!

– Você disse qualquer coisa.

– Qual é Any? Fumar é o único jeito que eu me alivio desde.. desde a morte do... – não conseguiu completar e encarou o chão; ambos sentiram um aperto no peito.

– Eu sinto falta dele também. – a loira sussurrou ao ver a magoa no olhar do irmão. – Mas fumar não te faz bem mano. E nem vai fazer.

– Você não me entende ok? – a encarou brabo. – Você nunca vai me entender.

  Thiago saiu correndo da cozinha, deixando a loira para trás. Anahí deixou o sanduiche em cima do prato e foi, calmamente, atrás do irmão. Foi até o quarto dele e se surpreendeu por encontrar o cômodo vazio. Andou por quase a casa toda e se preocupou por não acha-lo em nenhum lugar. Ainda preocupada, correu até a garagem e suspirou aliviada por ver todos os carros estacionados ali; seu irmão tinha a mania de pegar um dos automóveis escondido. Então Any voltou para o segundo andar daquela enorme casa e foi em direção ao seu quarto, porém parou assim que ouviu um fungado vindo de um dos cômodos que ninguém entrava a mais de um ano. Calmamente, a loira pôs a mão na maçaneta e se surpreendeu ao ver a porta abrindo; já que o quarto sempre fora trancado. A cena que encontrou a abalou muito; Thiago estava deitado na cama, todo encolhido, enquanto chorava que nem uma criança perdida. Ele a olhou e se sentou na cama, limpando suas lágrimas rapidamente, mas a loira se aproximou sentando ao seu lado e o abraçou.

– Any... – voltou a chorar.

– Shiii.  Não precisa dizer nada. – sua voz saiu embargada.

– Por..porque doí tan... tanto Any? – soluçou.

– Com o tempo sua dor vai passar. – sussurrou.

  Ele desabraçou Anahí e deitou sua cabeça nas coxas dela e se permitiu chorar, sentindo as acaricias que ela fazia em seus cabelos. Pela primeira vez ele se permitiu chorar sem vergonha, deixando sair tudo o que estava guardado em seu peito desde dois anos atrás. Já Anahí estava se segurando, se fazendo de forte para o irmão. Ela levantou a cabeça e olhou ao redor o quarto que não via há muito tempo. Logo uma lembrança invadiu seus pensamentos.

Flashback – seis anos atrás;

– Any? – ele perguntou sonolento assim que viu a loirinha abrir a porta e por somente à cabeça para dentro do quarto, o espionando. – Por que você tá acordada à uma hora dessas Any?

– Eu não consigo dormir Lucas. – Anahí murmurou chorosa com os olhos azuis brilhando no escuro, por conta das lágrimas.

  Então um trovão ecoou lá fora fazendo a menina tremer assustada e foi aí que ele se lembrou do medo de tempestades que sua irmãzinha tinha. Em um rápido movimento, Lucas se ajeitou para o lado e levantou a coberta pesada dando um sorriso de lado para a irmã. Any correu para debaixo da coberta se aconchegando no peito acolhedor do irmão mais velho. Mas um trovão soou lá fora e garotinha se encolheu mais nele, fazendo o mesmo rir de leve.

– Não ria de mim. – disse chorosa.

– Você não acha tá um pouco grandinha para ter medo de trovões Any? – sussurrou. – Você tem 14 anos, já é uma moça.

– Tenho 13, Lucas. – corrigiu num sussurro.

– Mas continua sendo a minha mocinha. – carinhoso, ele depositou um leve beijo entre os cabelos dela.

  Any se apertou mais no irmão e fechou os olhos, esperando o sono voltar. Porém, até o barulho da chuva a incomodava e a cada trovãozinho – por menos que fosse o barulho. – ela tremia nos braços do irmão.

– Calma mana. Eu tô aqui com você. – assegurou, a voz transmitindo segurando. – E eu nunca vou te deixar.

Fim do Flashback.

– Any? – foi desperta do seu transe por uma voz calma e delicada. – Você está chorando, querida? – Ela mirou a madrasta na porta e franziu o cenho.

– O..O que? – passou a mão no rosto encontrando lágrimas. Com a ponta do casaco ela secou o rosto, fungando.

– Vocês estão aqui faz tempo? – Anahí assentiu, encarando a madrasta. – E ele? – mirou o filho. – Ele dormiu faz tempo?

  Anahí olhou para baixo e encontrou o irmão dormindo em suas pernas; com a expressão serena e com o rosto ainda molhado pelas lágrimas. Ela fungou e abaixou a cabeça, depositando um leve beijo na testa de Thiago. Mariana sorriu com a cena.

– Quer ajuda para arrumar ele, filha?

– Não precisa Má. Pode deixar. – sorriu agradecida.

– Tudo bem. – retribuiu o sorriso, carinhosa. – Eu vou me deitar ok? Estou com dores nas costas, mas qualquer coisa é só me chamar.

– Ok. – Mariana fechou a porta do quarto.

  Desajeitada e não querendo acordar o irmão, Anahí saiu da cama e pôs a cabeça dele sobre o antigo travesseiro de Lucas. Pegou um edredom xadrez que estava no armário, mas que era sempre levado, e cobriu Thiago até o pescoço. Seu telefone começou a tocar alto e ela o pegou do bolço do casaco rapidamente e o atendeu sem nem ver quem era para o toque não acordar Thiago.

Ligação:

Anahí: Alô?

Xx: Oi Any.

Anahí: Humm.. desculpe, mas quem é? – perguntou constrangida.

Xx: Não acredito que tu não reconheces mais a minha voz sua vadia loira.

Anahí: Ruiva! – riu. – A culpa não é minha, tua voz é que tá diferente.

Karolina: É essa gripe maldita. – espirou. – Foi mal.

Anahí: Tudo bem. Então, tá me ligando pra que?

Karolina: Quero saber que você vai na festa do Fê. E se for, quer carona?

Anahí: Não vou mais. – suspirou. – Vou ficar com o Thi, ele tá ruinzinho.

Karolina: O que ele tem amiga?

Anahí: Saudades. – murmurou.

Karolina: Ah tá. – suspirou triste entendendo – Bem eu.. eu vou desligar. Beijos.

Anahí: Beijos.

Fim da ligação.