Fanfics Brasil - 1 Verdade ou consequência(Adaptada) Dulce & Christopher TERMINADA

Fanfic: Verdade ou consequência(Adaptada) Dulce & Christopher TERMINADA | Tema: DyC Romance e hot


Capítulo: 1

1297 visualizações Denunciar


Sou uma árvore seca.


Olho-me no espelho e não gosto do que vejo. Primeiro, o meu rosto está marcado por ter dormido com a cara em cima da calça jeans de miçangas. Segundo, meu cabelo castanho-claro, liso e encaracolado nas pontas está tão bagunçado que parece que milhões de gatos brincaram com ele, como se de repente ele tivesse se transformado numa gigante bola de lã. Mordo meus lábios vermelhos e finos decidindo que, definitivamente, estou destruída por ter ido dormir tarde lendo alguma coisa sobre DNA que agora desapareceu da minha mente.


Resolvo deitar na cama. Quero dormir. Mais do que isso: quero hibernar. Bem, não fecho os meus olhos e, em vez disso, varro o antro em que moro. Um pequeno recinto com pôsteres espalhados, roupas, copos, meias, livros e muitos papéis.


Tudo bem, tudo bem, tudo bem. Dou um grunhido. Sou uma fracas- sada. A prova disso é que a minha mãe me abandonou quando eu tinha sete anos. Levou a minha casa; a minha felicidade; a minha irmã gêmea Belle. Fico imaginando se ela se parece comigo e se tem esse cabelo cor de merda que chega ao pescoço. Só tem uma coisa que gosto no meu rosto: o nariz, pequeno e com uma pontinha angulada.


Meu celular toca e com o susto acabo caindo da minha pequena cama. Dou um gemido e minhas mãos varrem o chão até encontrar a foto do Derek piscando na tela do meu celular que para de tocar e eu me rendo. Durmo.


Cinco minutos depois – ou pelo menos tenho a vaga sensação de que foram cinco minutos –, Derek empurra minha cabeça no chão com a ponta do pé. Sei que é ele por que conheço esse Converse surrado em qualquer lugar.


– Ah, Dulce, não acredito que você está drogada!


Ele se agacha e pega uma mecha do meu cabelo rebelde e cretino. Os olhos de Derek se encolhem como se quisessem ver a minha alma ou, quem sabe, esteja à procura de um segredo. Não. Talvez seja algo que eu tenha feito de muito errado na noite passada. Mas é obvio que eu não fiz nada, sou uma planta vegetativa (planta vegetativa é muito, muito legal mesmo!)


– Drogada é a sua mãe! – Sussurro quando ele dá um muxoxo. – Oquei, desculpe, não quis ofender!


E, ah, eu não sou uma drogada!


– Pode até não ser, mas tenho certeza que é uma aspirante à atriz fracassada! – Ele quase berra.


É ai que decido levantar o meu tronco e a minha pele por cima das clavículas estão brilhando fora da camisola preta de bolinhas brancas.


– Cara, definitivamente, você não se enxerga. Somos dois fracas- sados. – Passo a língua nos lábios.


– Pelo menos não sou eu quem está apaixonado por uma garota nem aí para você.


E é isso mesmo. O Derek está apaixonado por uma garota que ele conheceu no cinema. Na verdade eu não sei o que ele viu nela, tecnicamente eles não trocaram nem cem palavras naquela noite. Aliás, eles não se viram desde aquela noite. Honestamente, o único contato que eles têm é pelo Facebook, onde ele tratou de procurar no mesmo dia em que voltou do cinema. O nome dela é Lena, de cabelos com luzes e de rosto pequeno e fino.


Sim, ela é uma fadinha.


– Tudo bem, acho que por hoje chega de ofensas.


Ele roda a chave prateada nos dedos e se levanta. É aí que me arrependo de um dia ter confiado a chave do meu moquifoao Derek. De repente ele acha que aqui é a casa da mãe Joana e que ele pode entrar e sair sempre que desejar. Eu fui bem clara no dia em que lhe dei a chave e quase escrevi na minha testa “APENAS EMERGÊNCIAS”.


A porta da geladeira é aberta e enfim me levanto. Tiro a minha cal- cinha daquele lugar me perguntando como ela foi parar lá dentro e rezando para que o Derek não tenha visto o meu traseiro.


Não que eu me importe. Somos irmãos de almas. Conhecemo-nos desde que me entendo por gente.


As pessoas da minha rua até achavam que um dia a gente se casaria, mas é obvio que isso nunca irá
acontecer (ainda existiam outros boatos). Que nojento! Quer dizer, não que ele seja feio, ele é até lindinho.


Fofinho demais. Cabelo a escovinha, pele morena e olhos negros feitos breu e, ah, quando ele sorri, as covinhas nascem em seu rosto.


Nunca nos separamos desde então. Não imagino a minha vida sem o Derek... É como se de repente eu não fosse eu se ele não existisse.


– A Silvia me enviou o slide do nosso seminário e também pediu para que a gente estude todo o
assunto, e não apenas leia a nossa parte, oquei? – Isso é uma indireta. – E nada de esquecer o jaleco,
como sempre.


Concordo com a cabeça e sopro o ar sentindo o gosto de cabo de guarda chuva em minha boca.


Preciso escovar os dentes. Enquanto alegro a minha boca, penso que a Silvia é uma vaca! Eu estudo sempre para os seminários. A última vez foi um contratempo, quer dizer, foi uma tragédia. Li todos os slides e tirei nota baixa! Por que mesmo? Porque deixei de estudar para o seminário e decidi estudar as falas de Julieta.


Estava tentando o papel numa peça ridícula, mas que alavancaria a minha carreira. Não que eu já tenha uma carreira.


Sou uma fracassada. Bem, atualmente estou estudando Biomedicina. De início, foi só uma tentativa, uma maneira de não abandonar o Derek. Gosto dele de verdade! Ah, estou gostando muito do curso, mas nunca abandonarei a minha carreira de atriz – que ainda não começou. Até já sei o meu futuro: primeiro, uma peça vagabunda. Depois, a uma grande emissora brasileira e, enfim, Hollywood. Pode apostar!


Enxáguo a boca.


– Dulce, sua meretriz! Essa geladeira está tão vazia! Que diabos! Você anda passando fome? É isso?!


– É claro que não, seu idiota! Só não tive tempo de fazer compras. Estive ocupada, ensaiando as falas do meu novo teste. Dessa vez é sério. Pegarei esse papel!


– E eu estarei lá na primeira fileira com um buquê de rosas e, depois que acabar a peça, vamos ao pub e beber muito para comemorar. Depois vamos ter uma noite louca de sexo. Não. Uma orgia louca até o amanhecer!


– Derek, você é totalmente nojento!


Sinto meu hálito de pasta de dente fluir. Pego uma maçã e me sento de frente ao Derek, colocando meu pé branqueloe pequeno em seu colo. Ele me faz massagens enquanto dou guinchos porque não tem nada melhor do que uma massagem. Deve até ser melhor do que sexo, fala sério!


– Derek? – Ele olha pra mim e, sim, estou com aquele olhar de cachorro molhado. – Se daqui a três anos eu não me casar, você se casa comigo?


Ele sabe que eu estou falando sério por que tenho passado os dias amargurada, sonhando com um príncipe encantado... Mas não existe um príncipe encantado de verdade, nem mesmo um Shrek!


– Acho que sim... Se daqui pra lá você não estiver famosa e mais gostosa e...


– Eu não sou gostosa?! – Eu abro a boca num escandaloso “O”. É tudo encenação. Estou apenas testando um novo drama. – Ah, isso só prova que você é, de fato, gay! – Faço um sinal esnobe com a mão e uma careta de patricinha mimada.


Derek empurra o meu pé. Sim, ele se ofendeu.


– Eu não sou gay! – protesta.


– É claro que sim. – Continuo encarnando a Patrícia, minha personagem mental – Você não tem uma
namorada, se veste bem, não gosta de beber, ama filmes e diz que eu não sou gostosa. Fala sério!


Sem falar...


– Oquei, meretriz, pode sair do seu mundinho. Você não é a Angelina Jolie e eu não sou gay. Você que não quis provar da fruta aqui.


– Nem faço questão...


– Isso, continue BV e torça muito para que consiga esse papel, assim você vai fazer uma encenação
romântica e beijar um estranho. Desejo-lhe sorte, querida.


Não digo nada. A ideia me estremece. Sim, sinto vontade de beijar outro cara, mas a ideia é devastadora e começo a imaginar coisas como, por exemplo, que o meu beijo é ruim e, bem, como vou saber qual à hora de colocar a minha língua na boca de outro cara? A gente se beija e lentamente empurro a minha língua... Ou enfio a língua assim que os lábios dele toquem os meus? Sim, devo parar de pensar essas coisas porque está ficando muito nojento.


– Onde está o meu vestido?


Pergunto enquanto jogo o miolo da maçã no lixo. Quanto ao vestido, é o da Alice no País das Maravilhas que pedi ao Derek para ir buscar na loja. Achei que seria perfeito se eu encarnasse a personagem por completo no meu teste hoje! Oh, meu Deus! Mal dá para acreditar! Desta vez estou tão confiante de que o papel será meu! Interpretarei uma Alice do século 21, com gírias e tudo mais.


Sem falar que eu já sou uma Alice, tirando as gírias!


– Está perdurada atrás da porta! – Ele me olha com aqueles olhos reprovativos. – Ainda não sei porque diabos você tem de ir fantasiada. As pessoas vão falar! Ninguém faz um teste vestindo fantasias!


– Cala a boca, Derek! Já conversamos sobre isso. Sem falar que eu não sei qual é a graça de querer sabotar todos os meus testes! Sinto-me bem, fantasiada... Sinto-me livre, entende? É como se existisse apenas a cena e eu!


Derek concorda com a cabeça e eu me levanto dando pulinhos. Vou até a porta, pego o vestido azul e penso que, dessa vez, dei uma resposta merecida, mas ele começa a falar de novo.


– Sim, claro! E quantas testes você fez? – Faço as contas mentalmente – Quinze, dezesseis... Ah, perdi as contas! E em quantas peças você ganhou um papel? Ah, sim, lembrei daquela no ensino médio em que você estava vestida de árvore e no fim dizia “viva a primavera!”


Oquei. Aperto o vestido em meu corpo e faço cara de dor. Não sei exatamente se estou encarnando algum personagem, mas a vontade que tenho é de acabar com a vida do Derek! Eu o odeio, hoje e sempre. Talvez porque ele sempre fala a verdade e nem sempre gosto de ouvir a verdade.


E mais uma vez sou uma fracassada.


Sento-me no chão com as pernas abertas.


– Então, é isso. Eu sou um fracasso total. – Meus olhos ardem. Deve ser por isso que a minha mãe me
abandonou. A Belle sempre foi melhor do que eu... Ela conseguia tudo (não sei por quê).


– Dulce, eu não quis dizer o que disse...


– O problema é esse, Derek. Você sempre diz uma coisa e eu acabo interpretando errado ou, quer dizer, interpretando o que você realmente quis dizer, mas não diz com todas as letras.


Ele caminha na minha direção, se ajoelha e me abraça. É um abraço fraternal e ele nem se importa se estou cheirando a lençóis.


– Você não é uma fracassada, tá legal? Eu nem sei por que digo essas coisas. A verdade é que eu tenho medo dessas suas fantasias; tenho medo de que um dia quebre a cara. Então... É isso. Também estou confiante.


Algo me diz que hoje a sua vida vai mudar para sempre. – Controverso, penso.


Sorrio desanimada e lembro-me da aula de Anatomia, do meu músculo risonho se esticando por baixo da pele.


– Derek? – chamo. Não quero parar de ouvir o som do seu coração batendo ritmado. Tum. Tum. Tum.


– Hum?


– Você vai comigo hoje? Isso me dá uma força, sabe?


– Não dá. Preciso ir ao laboratório e, bem, eu já deveria estar a caminho. – E eu quero desaparecer.


Ele nunca vai comigo aos testes, a não ser para aquele das Chiquititas. Isso porque eu prometi beijálo e eu o beijei, quer dizer, dei um selinho. Não podemos esquecer que não sei quando usar a língua.


– Muito bem, eu sou sozinha mesmo neste mundo e só me resta ir sozinha, como sempre. Mas eu te prometo que darei o melhor de mim. – E eu dou um riso nervoso. – Sabe, seu desgraçado arrogante, espero sinceramente que você nunca consiga beijar a Lena.


Ele apenas ri, pois até eu sei que estou falando disso da boca para fora. Espero realmente que ele consiga tudo com a Lena, porque não conheço nenhum outro cara melhor do que o Derek. Ele sim sabe como tratar uma mulher, embora algumas idiotas não percebam isso. Se bem que o Derek não é muito de se mostrar, sentimentalmente falando – pelo menos por enquanto.


– Eu te amo, Dulce.


No silêncio do meu antro, eu sorrio imaginando que eu poderia me casar com o Derek, com exceção dessa coisa de sexo e blá, blá, blá.


– Eu também te amo, você sabe disso.


Então eu dou um selinho nele e sorrimos. Sempre trocamos selinhos, eu mesma quem teve essa ideia.


Foi logo depois que a minha mãe foi embora e eu passei uma temporada na casa dele e, sim, sei que um dia isso vai terminar. Cedo ou tarde ele vai arranjar uma namorada e me abandonar.


– Agora vá, seu calhota, e me deixe sozinha. Preciso de um tempo sozinha.


– Quem sabe eu não apareça por lá quando terminar tudo no laboratório? Prometo que vou fazer o máximo para estar presente. – Ele se levanta e parece que se esqueceu de algo. Olha pra mim. – Vá lá e mostre para todos quem é que manda, minha adorável meretriz!


Sim. Sinto-me poderosa! Vesti o meu vestido da sorte, um de marca que comprei numa liquidação, mas não deixa de ser caro e nem todo mundo precisa saber que eu comprei pela metade do preço.


Enfim, estou com os monólogos na ponta da língua e com o pressentimento de que, se eu e a Anne Hathaway disputarmos esse papel, eu, literalmente, ganharia de lavada!


Apanho a minha bolsa e o vestido azul e branco. Suspiro. Pego a minha pasta com os scripts (a gente nunca sabe quando será preciso revisar as falas). Suspiro de novo porque agora estou com medo.


Prometi a mim mesma que, se eu não passar no teste, abandonarei tudo e, bom, se eu passar – E SEI QUE IREI PASSAR -, nunca mais colocarei um só grama de chocolate na boca!


Fecho porta do meu cubículo, antro ou sei lá o quê, e saio. O meu sapato alto desliza um pouco, mas nada que eu não possa resolver. Meu cabelo castanho cor de merda voa contra o vento. Eu queria têlo pintado de loiro, mas sei que irei me arrepender, não quero parecer uma vadia – não que as loiras sejam uma vadia, eu é que iria parecer uma vadia. Aí o Derek teria um bom argumento para me chamar de meretriz.


Falando em meretriz, vou explicar bem rápido de onde saiu esse apelido. Foi numa festa a fantasia do ensino médio em que eu insisti ir de dançarina de cabaré comportada. Aquestão é que eu não fiquei muito com- portada, tão pouco uma dançarina de cabaré, e sim a cara de uma meretriz.


Pensando melhor, existe mesmo uma diferença entre dançarina de cabaré e meretriz?


De repente algo chama a minha atenção. Parece que tenho um vizinho de verdade! Faz algum tempo em que eu e o Derek estamos apostando que tenho um vizinho. Eu nunca o vejo, para falar a verdade.


Às vezes vejo sombras quando chego tarde, refletidas na janela. Ah, nem mesmo sei se é homem, mulher ou, quem sabe, uma família. Hum... Não é uma família, senão o movimento seria grande.


Mas eu não vou me apegar a esses pormenores; não me importa de verdade quem mora ali.


Começo a andar me perguntando quando eu tinha parado. Uma das vantagens de morar no antro/cubículo é que ele fica perto de tudo, ou seja, não preciso gastar um dinheiro que não tenho para pegar um táxi e, na pior das hipóteses, um ônibus lotado de pessoas chatas que acham que as coisas devem ser do seu jeito – não que eu esteja generalizando mas, às vezes, é bom encontrar alguém no ônibus para bater um papo. E, ainda voltando ao antro/cubículo, vamos chamar só de antro, porque combina mais comigo.


Ando devagar por que tenho medo de borrar a minha maquiagem. Não sou nem um pouco fútil, mas é preciso ter uma boa aparecia quando o lance é ser atriz. Estou muito feliz porque até o meu cabelo resolveu cooperar e, das duas, uma: ou eu estou começando a achá-lo lindo, ou acho que merda tem uma cor linda. Oquei, essa é a última vez em que faço essa analogia.


É só nesse instante, quando finalmente acho que tudo está lindo, que sinto o baque. O pneu da bicicleta empurra as minhas pernas, algo atinge a minha cintura e o meu vestido escapa das minhas mãos. Apoio o meu braço com força no chão e a dor toma conta do meu corpo. Logo percebo que estou caída no asfalto negro com milhões de pessoas me observando. Estou totalmente à deriva. Não gosto que sintam pena de mim! E, por favor, eu acabei de ser atropelada por uma bicicleta, é isso?!


– Deus! Desculpe, eu realmente não vi você!


Eu devo ter batido a cabeça com muita força – não me lembro de ter batido a cabeça -, porque estou vendo o rosto de um cara lindo preso no corpo perfeito e escultural monumental. Quero gritar! O cara se agacha e olha pra mim, as sobrancelhas formando um arco.


Ele ergue a mão e o sangue escorre do meu braço direito latejando de dor, manchando o meu vestido da sorte.


Arruinando a minha vida. Não sei quando, mas tenho a impressão que quebrei muitos espelhos quando criança.


– Você está bem? – Ele pergunta.


Não. É obvio que não estou bem. Estou derrotada no chão, fui atropelada, meu corpo está urrando de dor e ele ainda pergunta se estou bem? Fala sério! E me esqueço totalmente da sua beleza...


– É obvio que não estou bem. – Tiro o cabelo da boca. – Você não olha por onde anda?! – Grito, histérica.


– Ei, foi você quem atravessou a rua e, além do mais, isso é uma via para ciclistas, e não para pedestres – ele faz um muxoxo.


– Não importa, você me atropelou!


– Eu não fiz isso!


– É claro que fez, seu babaca!


Ele encolhe os olhos em tom escuro e seu cabelo está totalmente desgrenhado. Tenho a impressão que ele vai me bater. Sorri e diz:


– Tecnicamente, eu fiz isso. Eu parei pra ver se você estava precisan- do de ajuda – ele se levanta -, mas parece que está muito bem.


E ele se vira, me deixando no chão. Eu quero gritar. Preciso muito gritar. E é isso que faço, não por que eu quero, mas por que sinto dores horríveis em meu braço, como se milhares de espinhos estejam me espetando.


O cara se vira pra mim.


– Tudo bem, vai. – Ele estende a mão, mas sou ordinária demais para me levantar sozinha.


Olho para o meu vestido de Alice no chão, vou até ele e, quando levanto o tecido, não sei se choro, se rio ou se faço os dois, por que o meu lindo vestido está sujo de cocô de cachorro!


– Não!


– Sim!


– Não!


– Sim!


– Claro que não! – grito.


Sim, ele está com um sorrisinho nos lábios e se diverte com a minha desgraça. Se pelo menos ele soubesse como isso é, era, importante para mim, com certeza não estaria sorrindo.


O sangue pinga do meu braço.


– Parece que foi sério. Acho que vou te levar para dá uma olhada nisso. É a única coisa que posso fazer para me redimir. Tem um postinho de saúde aqui perto.


Eu sei que tem um posto de saúde perto, mas isso não importa. A minha vida acabou para sempre.


Estou morta, podem me enterrar viva! Adeus ao meu papel de Alice do século 21.


– Você não tem ideia do quanto arruinou a minha vida!


E começo a chorar porque é só isso que consigo fazer enquanto o homem me olha, as mãos na cintura e os olhos cerrados por conta do Sol. O suor escorre do seu rosto, molha a camisa colada no corpo e, quando me pego observando aquele corpo, digo a mim mesma que “ele não”. Desse eu só quero uma coisa: a sua morte.


Imagino-me correndo atrás dele com uma peixeira e enfiando-a no seu coração enquanto dou macabros sorrisos e espero que ele morra. Mas não faço nada disso.


– Ei, eu realmente sinto muito... Posso te pagar um novo? Ou quem sabe levar para a lavandeira, mesmo que eu não seja o culpado, enfim. – Acho que ele tem um sotaque meio estranho.


Limpo a garganta. Mas as mãos dele tocam o meu braço ferido. Mãos quentes que provocam uma explosão em meu corpo. Lambo meus lábios e paro de chorar e tenho a impressão que quero me perder nesse galã de TV...


– Acho que não foi fundo; você deve ter se arranhado no asfalto. Mesmo assim é melhor irmos ao postinho e depois resolvemos a nossa pendenga, combinado?


Não concordo mas, mesmo assim, me deixo levar. O que está feito, está feito.



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): jessica_ponny_steerey

Este autor(a) escreve mais 86 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
- Links Patrocinados -
Prévia do próximo capítulo

Estamos esperando a enfermeira me dar alta. Estou sentada em um banco ao lado dele, lado a lado, olhando para algum ponto qualquer, pois ele está com vergonha de olhar para mim depois de tudo que eu disse. Eu estou com muita raiva para olhá-lo porque sou capaz de começar outra briga e, Jesus!, perdi as contas de quantas vezes eu o chamei d ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 64



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • stellabarcelos Postado em 14/01/2016 - 06:55:27

    A história foi tão linda! Linda e surpreendente! Nada mais lindo do que ler sobre o amor de verdade. Amei

  • maianamr Postado em 13/12/2014 - 10:50:12

    Ameeeei a fic, muito linda *---* parabens

  • vondy4everponny Postado em 19/09/2014 - 00:03:58

    Parabéeeens mana, mais uma fic maravilhosa sua que eu acompanhei! *-----* Tu é bandida menina, foi tudo tão perfeeeeito, o casamento, eles dando entrevistas, os babys vondy .. Aaaaawn, sou sua fã amiga, tu sabe né? Mas não vou ficar falando muito não porque seu ego cresce demais ai ja era pra mim KKKKKKK Parabéns amiga, te adoro muito doidinha <3 Até a proxima fic! u.u

  • juhcunha Postado em 18/09/2014 - 23:38:31

    poxa acabou to triste por te acabado mais feliz porque no deu tudo certo sua web foi maravilhosa Ei qual vai ser sua outras web ????

  • vondy4everponny Postado em 18/09/2014 - 17:40:21

    Sério, é muita tragédia pra dois capitulos e o pior, que ao invés de me emocionar com o discurso dela no teatro, eu quis rir da situação KKKKKKKKKK! E ela e o Derick? PQP, os doidos não conseguiam manobrar um carro, meu Deus! Nãaaao, Chris não pode ir embora :/ Diz que ele fugiu do avião e viu a Dulce sendo levada pelos seguranças! :/ Pleaaaase!

  • gabivondy Postado em 18/09/2014 - 08:39:54

    tadinho do christopher tudo que ele sofreu chorei serio que ele foi embora eles tem que ficar juntos :(

  • vondy4everponny Postado em 16/09/2014 - 22:40:46

    Gzuis, tadinho do Christopher, pqp , que história mais triste :/ Sofri horrores com ele contando a história dele, te falei ne? Nossa, espero que ele e a Dul se resolvam, porque ela é a unica felicidade dele tadinho :/

  • juhcunha Postado em 16/09/2014 - 20:22:25

    coitado do christopher sofreu muito posta mais quero saber o que vai acontece com eles

  • vondyh Postado em 16/09/2014 - 19:38:15

    continua

  • nandafofinha Postado em 15/09/2014 - 15:15:39

    Nossa nem sei o que disser to branca igual papel kkkkkkk POSTA MAIS


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais