Fanfics Brasil - 22 Verdade ou consequência(Adaptada) Dulce & Christopher TERMINADA

Fanfic: Verdade ou consequência(Adaptada) Dulce & Christopher TERMINADA | Tema: DyC Romance e hot


Capítulo: 22

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Eu nem preciso dizer onde a minha noite com o Christopher acabou. Não, claro que não fui para a cama dele.


Quer dizer, eu fui, mas nada aconteceu. Apenas dormi abraçada por ele, embora tenha que confessar que suas investidas em tentar me beijar foram constantes. Faltou bem pouco para que eu me rendesse aos seus encantos malignos.


Observo o cara deitado ao meu lado e preciso conter o meu riso. Bem, eu não queria dizer nada, mas tenho que dizer que adoro essa nova ideia de dormir na casa do meu vizinho gostosão-que-está-afim-de-mim.


Encaro-o. Chego mais perto do seu rosto e faço um esforço desgraçado para não beijá-lo. Enfim, quem quer perder uma aposta? Oquei, pararei de enfatizar isso. Todos vocês já sabem da minha aposta.


– Achou?


Surpreendo-me com aqueles olhos castanhos abertos e, embora o Christopher tenha acabado de acordar, seu sorriso incólume está lá!


– O quê? – Acho que gritei, não sei.


– O que você estava procurando, ora bolas.


Afasto meu rosto do seu e tiro uma mecha enorme do meu cabelo desgrenhado do rosto. Reviro os olhos.


Como não digo nada, ele resolve falar.


– Pelo menos você tem que admitir que sou um colírio – dá uma gargalhada.


A camisa do Christopher que eu vesti na madrugada passada está enrolada em minhas pernas e eu a
desemboco dali. Ele me puxa e eu me desvencilho, o que é uma tarefa ridícula. Suas mãos hábeis me
espremem feito uma laranja.


– Então, está preparada para o desafio do dia? – Me arrepio com a sua boca perto da minha nuca. – Roubar.


Calcinha. Sex shop. - Ele sussurra cada palavra.


Ainda estou presa em suas mãos e tremo porque só agora percebo a magnitude da minha aposta. Eu não estava preparada para roubar nada, tampouco uma calcinha.


Consigo me virar para ele. Faço cara de santa.


– Pensando bem, a gente precisa mesmo fazer isso?


– Eu parei de fumar, não foi? Fiz aquele tal de bolinho também.


Acho que é tarde demais para voltar atrás, e no fundo quero descobrir suas habilidades de roubo, muito embora você já seja uma ladra nata. Afinal, conseguiu roubar algo meu...


Levo as minhas mãos até a sua boca porque não quero ouvir o fim da frase. Não quero ouvir a sua hipérbole barata. Eu não roubei o seu coração. Ele só quer fazer com que eu acredite nisso – ou não.


– Muito bem, Christopher, eu vou fazer o que está me pedindo. Eu também não quero dar para trás. – Limpo a garganta. – Mas acho que vou passar em casa antes. Preciso de um belo banho.


– Você pode tomar banho comigo, se quiser.


Reviro os olhos.


– Dulce. – Sua voz é uma suplica. – Deixa eu te beijar, por favor. Cristo Salvador, isso é o que eu mais quero no mundo! Quero que ele me beije da cabeça aos pés e do avesso. Quero que ele beije os meus lábios e o meu corpo completamente nu até que o mundo exploda.


– Somos amigos, Christopher, apenas isso.


– Você é uma mentirosa. Eu já saquei a maneira como me olha e como me deseja. E é exatamente igual a mim. A diferença é que eu nunca desejei uma mulher tanto quanto te desejo e se vamos ser só amigos, então é melhor a gente acabar por aqui. É melhor cada um ir para o seu lado, pois não quero sofrer mais do que sofro. É um sofrimento te ver todos os dias e não te beijar; dói saber que você não é minha.


Sinto todos os meus pensamentos encobertos por uma película turva e estou muito embaraçada. Se isso não foi um “eu te amo”, então já nem sei o que pode ser. Ele me ama? Ele me quer? Ele me deseja de verdade? É isso?


– Vamos lá. E se eu acreditar nisso tudo? O que me diz?


– Sou o homem mais feliz do mundo. - Ele sussurra.


– E se eu não acreditar?


– Sou o homem mais azarado do mundo porque deixei a mulher mais linda, inteligente e gostosa do escapar dos meus dedos. É como eu disse: é melhor cada um ir para o seu lado.


– Então prefiro não acreditar.


Christopher se levanta da cama. Suas partes estão dentro de uma cueca preta e de barra vermelha. Ele
caminha de um lado para o ouro antes de se virar para mim.


– É melhor você ir embora, Dulce. Eu... Eu cansei dessa porra! Não dá mais! – Berra. – Acho... Hum, eu não quero te ver mais, Dulce.


Sou apunhalada por uma faca afiada e transparente. Eu não esperava ser mandada embora. Estava sempre à espera de mais e mais pedidos do Christopher. A verdade é que gosto de ser adulada e me pergunto quando ou como me transformei na Lena e quando o Christopher se transformou no meu melhor amigo Derek.


Levanto-me derrotada da cama e tiro a sua camisa. Christopher não diz nada. Visto a minha roupa de ontem e procuro em minha memória quando essa conversa começou e por que terminou assim, com o Chrstopher
chateado. Não encontro nada.


Antes de sair do quarto, paro por um instante. Ele não me olha. Saio, cruzo a sala, rodo a chave na maçaneta e abro porta. Entro na luz do dia, no Sol que me chicoteia e não faço ideia que horas seja.


Eu deveria ter perguntado a ele se isso é para valer, ou pelo menos ter acreditado que ele realmente sente algo por mim e que tudo isso não faz parte do jogo. Das duas, uma: ou eu sou uma idiota, ou a mulher mais inteligente do mundo.


Acabo aceitando o fato de que sou uma anta. Contenho-me a não retroceder, a não correr para a casa do Christopher e dizer que estou pronta para ser amada por ele. Sou uma fraca e posso sentir isso pelas lágrimas que começam a rolar por meu rosto.


Paro no meio do caminho ao sentir um aperto no coração. Talvez ele tenha falo sério. Talvez eu tenha sido banida da sua vida para sempre. Será que é assim que a Lena se sentiria caso o Derek abrisse mão do amor que ele sente por ela? Destruída, duplamente mutilada.


Um arquejo escapa dos meus lábios e começo a andar de volta ao antro. Olho para trás. Tento entender o que significa este vazio em meu peito. Nada. Deus sabe que eu quero muito acreditar que o Christopher realmente sente tudo isso por mim.


Entro no antro e deixo as minhas costas escorrer pela porta. Choro sozinha e faço o máximo para não ecoar nenhum ruído. Eu queria que a minha vida fosse um filme agora, nesse exato momento. Se fosse, com certeza tudo o que o Christopher disse seria verdade e não tardaria para que ele me procurasse assim que saí da sua casa ou quando parei no meio do caminho. Até aposto que iria chover quando ele me abraçasse e sorriríamos um para o outro depois de um turbilhão de beijos.


Quando finalmente consigo fixar meus olhos num ponto qualquer, vejo o Derek parado segurando um copo d’água.


Franzo o cenho. Sei que deveria perguntar o que ele está fazendo aqui, mas não consigo. Gosto de têlo aqui.


– Ele partiu o seu coração? – Derek pergunta.


Essa é a pergunta de um bilhão de dólares. Quem partiu o coração de quem? Isso é cabível? Éramos dois amigos que trocavam alguns beijos, dormiam abraçados, tomavam banho de piscina pelados e trocavam experiências bizarras.


– Não. Eu parti o coração dele. – Limpo o nariz e faço um careta. – Eu acho.


Derek se senta ao meu lado e me entrega o copo d’água.


– Uau! Dulce, a destruidora de corações. – Bebo um gole da água. – Nunca pensei que viveria para isso. É estranho, sei lá.


– Engraçado, não estou para brincadeira hoje, Derek.


– Desculpe. Só pensei que você estivesse totalmente na dele. Até pensei que você sairia ferida nessa
história toda.


– Pois é, digamos que eu sei me cuidar.


– Não, você só faz burrada. Uma atrás da outra.


E o Derek tem razão mais uma vez, para variar. Coloco o copo no chão e me aconchego ao meu melhor amigo.


As coisas não deveriam ter acabado assim. Já não sei o que pensar, tampouco sei quem sou. Eu poderia ir até lá e aceitar o fato de amar e ser amada e pronto. A verdade é que lá no fundo do meu ser algo me diz que um cara lindo e maravilhoso como o Christopher não pode se interessar por mim. É quase que um erro. É como dizer que um gato se apaixonou por um vira-lata sem eira e nem beira, com o perdão do trocadilho.


– Vai me contar o que aconteceu, afinal?


Conto tudo para o Derek, a começar pela noite passada quando o Christopher resolveu revelar um pouco dos seus sentimentos e quando nadamos pelados, assim como as noites que temos passados juntos desde o racha de motos. Exponho meus sentimentos malucos. Acredito que estou apaixonada pelo meu vizinho, mas tenho medo de me entregar. Isso se chama insegurança. Se você nunca se apaixonou, se nunca sentiu isso, bem, então é melhor não me julgar e dizer que sou uma tola e que estou deixando a história completamente enfadonha. Isso faz parte do clímax, do que eu sou, do que eu realmente quero para mim.


– Sabe, Dulce, eu não conheço muito bem o Christopher e você sabe que no fundo não vou com as fuças dele
desde que ele te abandonou naquele jantar... Só que eu acho que você deveria dar uma chance a esse cara.


Rio.


– Você só está falando isso porque está familiarizado com esse tipo de história. O que precisamos deixar claro aqui, Derek, é que você não é o Alec. Você não fez uma aposta para fazer com que eu me apaixone por sua pessoa... Já pensou que isso pode ser um belo de um drama e, quando a semana chegar ao fim, o Christopher pode rir de mim?


– Não sei. O que eu sei é que você está levando essa coisa de aposta muito a sério. Aquilo foi uma
brincadeira, Dulce, não tem nada a ver com essa coisa entre vocês dois, pelo menos em parte. Ele não está te obrigando a nada, muito menos você assinou algum contrato e, pelo que eu entendi, o Christopher já quis jogar essa aposta para o alto.


– É. – Murmuro.


É verdade. Até agora ele quis atirar a aposta no lixo, mas eu tive medo de que se a aposta chegasse ao fim logo, eu o perderia (como acabei de perder).


– Eu sou uma idiota que faz tudo errado.


– O mundo se ajeita, o mundo se ajeita.


Depois de quase meia hora chorando as pitangas resolvo me levantar e tomar um belo de um banho.


Arrependo-me por não ter aceitado tomar banho com o “Christopher-não-mais-meu”. Ao desligar o chuveiro e me enxugar, visto um short jeans curto e uma bata branca. Sentada no sofá com o Derek a assistir TV, desembaraço meu cabelo. Ao terminar, deito-me na cama com os olhos vidrados no nada.


Vejo em meu celular. Três chamadas perdidas da Laura. Expilo bufas porque não quero falar sobre o meu quase namorado com mais ninguém.


Eis que ouço batidas na porta.


Pulo da cama e passo pelo Derek, agora dormindo. Bato meu pé esquerdo no sofá e dou três pulinhos antes de abrir a porta desengonçadamente.


Quando abro a porta, qual não é a minha surpresa?


– O que você está fazendo aqui? – Quero saber.


– Oi – diz o Christopher dentro de sua camiseta regata, bermuda e tênis. Seu cabelo está molhado e seu
perfume é uma droga para mim. – Hum...


Ele não sabe o que dizer e ficamos ali parados um olhando para o outro, desta vez ambos sendo levados ao constrangimento.


– Queria te pedir desculpas por hoje de manhã. Eu não deveria ter gritado com você só porque não me escolheu ou porque você não consegue acreditar que eu...


Christopher para no meio da frase e matuto com a minha cachola se era agora que ele iria dizer de uma vez
que me ama. Eu te amo. Três palavras que muda o mundo de uma pessoa – ou destrói – para sempre.


– Você me perdoa? Nesse meio tempo em que passei sem ouvir a sua voz cheguei à conclusão de que fui um puto de um grosso com você e não podia de jeito nenhum te perder. E se não me quer como homem, posso ao menos ter o prazer de ser o seu amigo. Gosto de você e agradeço a Deus pelo dia em que eu te atropelei e destruí o seu vestido. Sou feliz por te conhecer e isso me parece o bastante.


Não digo nada. Não tem nada a ser dito. Eu simplesmente o abraço e sinto seus braços corresponderem o meu abraço, assim como os seus lábios tocam o meu pescoço.


– Por um tempo achei que tinha feito a maior besteira da minha vida.


– Por um tempo achei que tinha te perdido para sempre, Dulce, e é obvio que não quero isso. Aceito qualquer condição que você me impor. Não que eu seja masoquista, mas por você eu faço tudo.


Algo dentro de mim se movimenta de um jeito errôneo. Apesar de ele estar aqui e de ter dito o que disse, não quero, de jeito nenhum, que o Christopher aceite tudo o que eu impor.


Depois que finalmente fizemos as pazes, Christopher resolveu que iríamos até o shopping para a minha ação
de roubo. Claro que eu não disse nada ao Derek. De certo modo ele não ficou de cara feia quando o Christopher apareceu no antro para me pedir desculpas. Ou seria eu quem deveria pedir desculpas? Não sei.


Ele anda no meio-fio do estacionamento tentando se equilibrar como se estivesse numa corda bamba.


Olho para o Christopher e é um tanto estranho um rapagão lindo se comportando como uma criança. Em meio ao silêncio resolvo perguntar um pouco sobre a sua vida.


– Estou aqui me perguntando por que você tem uma guitarra e um violão – murmuro. A minha curiosidade é tipo tão patética que resolvo acrescentar: - Quer dizer, qual é a sua?


Christopher continua andando no meio-fio, agora mantendo o seu olhar em mim.


– Sei lá, gosto de música.


– Então você é um aspirante a músico?


– Talvez – ele ri e pula quando o meio-fio chega ao fim. Como se não fosse o bastante estar ao seu lado, ele segura a minha mão. – Sei tocar uma coisa ou outra, mas eu só toco para mim. Não acho que estou preparado para as críticas do mundo. Prefiro manter assim.


Mordo o canto da boca. Digamos que agora estou em êxtase por imaginar o meu Christopher tocando violão
exatamente como nas cenas de filmes.


– Você também canta?


– No banheiro – ele sorri para mim. Quando vejo seu rosto se aproximar para planar um beijo em meus lábios, viro-o. – Tudo bem, tudo bem.


– Volto o meu olhar para ele. – Não sou o melhor cantor do mundo, mas dá para enganar um pouco, se é isso que quer saber.


Entramos no shopping e o ar-condicionado choca-se contra o meu rosto quente. É quase tão bom quanto a sensação de nadar pelada. Tento libertar a minha mão das garras do Christopher e não consigo: ele me prende mais como se estivesse lendo meus pensamentos.


– De onde você é? – Pergunto.


O sorriso estonteante do Christopher se desfaz e tenho a intuição de que acabei de cortar o clima. Se me
lembro bem, ele não gosta de falar do seu passado... Até que ouço a palavra ser cuspida de sua boca:


– Bolívia.


Não sei o que fazer com essa informação extra. Era o que eu queria saber, não era? A questão é que o nome “Bolívia” não para de oscilar no interior do meu cérebro instigando, procurando, querendo entregar mais informações aos meus neurônios que estão a mil. Afinal, estou segurando a mão de um boliviano. Não que isso seja coisa de outro mundo, é apenas... Curioso.


Dou um sorriso nervoso.


– Está falando sério?


– Sim, como nunca fui tão sério em toda a minha vida.


Paramos. Ele segura o meu rosto em suas mãos grandes, hábeis e quentes e me transformo em um chocolate derretido. O seu olhar é um tanto sombrio. Consigo enxergar algo que só vi uma vez, quando sofri o acidente no racha de motos: dor. É isso que vejo no Christopher. Dor.


– Eu não quero falar sobre isso, DUlce. Juro por tudo o que é mais sagrado que o meu desejo é poder despejar a minha história toda em você, mas não consigo. Não ainda... Mas, acredite ou não, você a é a única pessoa que, pela primeira vez, quero contar de onde eu vim e sobre quem eu realmente sou...


– As palavras em sua boca são atropeladas por um caminhão tanque. – Ainda não consigo. Tudo bem pra você?


Concordo com a cabeça. Que outra opção tenho eu? Nenhuma. Assim como não quero me afastar do Christopher, seja lá o que ele for. Não sei como, é estranho, mas ele é a única pessoa que faz com que eu
seja eu o tempo todo; que faz com que eu me sinta bem, triste, amada, desiludida etc. Acredite ou não, gosto dessa insegurança.


Seus lábios cálidos tocam a minha testa e somos dois retardados abraçados no meio da praça de
alimentação. De uma maneira ou de outra o Christopher consegue chamar a atenção de uns e outros por que
a sua carranca parece querer chorar. Entretanto, ele é forte demais para chorar na frente dos outros e isso me preocupa.


Sinto um aperto desnecessário em meu peito. Decido abandonar essa história de passado e esquecer a Bolívia por um tempo.


– Oquei. Não vamos falar sobre isso agora ou nunca, se é isso que quer. – Sorrio para ele na tentativa de destruir o clima pesado. Sei que é mentira. Uma hora irei querer saber. – Para ser sincera, quero saber quando vai cantar para mim.


– O quê?


– Isso mesmo. Aposto meu dedo mindinho que você já cantou para várias outras garotas e agora estou me sentindo literalmente deslocada.


– Se eu fosse você, pararia com esse lance de apostar, pelo menos parar de apostar coisas desnecessárias.


Não sei o que a minha ilustre pessoa poderia fazer com o seu dedo mindinho. Que tal apostar um beijo?


– Acho que não.


– Vamos lá, Dulce. Onde está aquela garota determinada do Secret Five e louca por uma aposta?


– Sucumbiu no exato momento em que ela descobriu que roubar calcinha não está, de verdade, em seus planos de vida. Francamente, a que ponto estou chegando?


– Quanto drama! Você não vai ser crucificada por isso e eu até peg- uei leve com você. Geralmente as apostas lá no Secret Five são um tanto estranhas. Já pensou se eu desafiasse você a fazer sexo oral em mim na frente de todos?


Eu iria adorar. A ideia de fazer sexo oral no Christopher é abominável, em parte. Quanto à outra, a minha parte safada e meretriz está maluca.


– Credo. Está me dizendo que já apostou isso? – Pergunto sem desviar os meus olhos do Christopher, não me parecendo nem um pouco intimidado.


– Não, mas vários outros caras já apostaram na maioria das vezes. A verdade é que eu não posso crucificar as garotas. Quem sou para julgá-las? Se estou em meu juízo perfeito, sou tão vadia quanto elas a partir do momento em que coloquei os meus pés naquele bordel disfarçado de irmandade.


Confesso que a ideia de ter uma mulher lambendo todo o corpo do Alec me deixa bastante chateada e com uma pitada de inveja. É claro que ele faz isso periodicamente, como naquela noite em que a estilista estava saindo de sua casa. Com certeza rolou sexo e ela o lambeu todo com a sua língua periguete.


Afasto meus pensamentos malucos e dou uma estancada na mulher erótica dentro de mim, louca para se libertar. Prefiro acreditar que desde que passamos a dormir juntos que ele não deixa nenhuma garota envolver o seu corpo, exceto eu.


Sejamos indulgentes. Não sei como, mas no fundo do meu ser, sei que a desiludida aqui sou eu.


– Afinal, vai ou não vai apostar um beijo? – Ele me desemboca de meus pensamentos.


– Claro que não. Ou vai o meu dedo mindinho, ou nada feito.


– Acho que vou me sujeitar a criar um boneco vodu seu. Só assim para você ser minha.


– Engraçadinho.


Resolvemos sair do nosso ponto morto. Procuramos pela loja de sex shop e revelo a todos o quanto me sinto uma mersalina. Paramos defronte a loja em tons vermelho e branco, totalmente picante. Seis manequins estão na vitrine usando sua peça sexy. Arrependo-me por não ter vindo de bolsa. Poderia enfiar a calcinha dentro dela.


– Eu quero aquela – o Christopher aponta para a calcinha vermelha e transparente vestida na manequim.


– Não. Claro que não vou roubar a calcinha da manequim.


– Vai sim. Seria muito fácil enfiar a calcinha no bolso e pronto... Se bem que posso facilitar para você.


– Estou louca para saber – reviro os olhos.


– Deixo você roubar qualquer calcinha se me der um beijo. O que acha? Vamos lá, seja inteligente.


– Agora, mais do que nunca, é questão de honra roubar a calcinha da manequim, seu bobão.


– Droga! Eu te odeio, garota! – Ele diz como uma criança birrenta - Vou te ajudar. Não quero que seja presa no fim das contas.


Ótimo. Tenho quase a certeza de que ele disse isso para me deixar ainda mais nervosa. Começo a imaginar o meu rosto estampado no telejornal local como “a ladra de calcinhas”.


Entramos na loja e faço o máximo para esconder o meu nervosismo. Além do mais, essa é a hora de invocar toda a minha alma de atriz. Uma moça de sorriso largo e olhos penetrantes, cabelo em rabodecavalo e nuca à amostra – do jeito que o Christopher gosta – nos atende com o seu gracioso bom dia.


– Hum, a minha namorada gostaria de dá uma olhada nos lingeries. Algo sexy e provocante capaz de subir a minha libido assim que eu avistála. – A moça sorri para ele. Das duas, uma: ou ela está envergonhada ou está encantada com o meu “namorado”. – Sabe como é, tenho um fetiche louco por esse tipo de coisa. A senhorita me entende?


Claro que entende. A mulher olha para mim de um jeito torto como se eu não fosse digna de ser namorada do Christopher. Sorrio para ela. Agora todos vão saber que sou uma incubada. Mordo meu lábio inferior.


– O senhor está procurando algo sexy e que não seja uma fantasia, certo? – Indaga ela.


– Isso mesmo. Como eu disse, o garoto aqui – ele aponta para o seu pênis coberto certamente pela cueca e a bermuda – adora esse tipo de coisa. Nunca, mas nunquinha brocha.


Cruzes. Se eu fosse um avestruz certamente enfiaria a minha cabeça dentro da terra e nunca mais a tiraria de lá, embora a garota pareça gostar da conversa. Posso apostar que ela está imaginando como ele deve ser pelado - o que eu também faria se não estivesse na posição em que me encontro.


Ela sorri para ele.


– Muito bem, vocês vieram ao lugar certo. Podem me acompanhar? Vou mostrar algumas peças que acabaram de chegar. Se quiserem, podem dar uma olhada na loja.


É isso que eu faço. Dou uma olhada em toda a loja. Não há muitos funcionários aqui, o que é bom. A garota que nos atendeu some atrás de uma cortina. Uma outra garota atende a uma mulher horrorosa e cheia de maquiagem enquanto duas outras atendentes estão conversando sobre a novela das nove.


Ótimo!


Decido colocar meu roubo em prática. O Christopher migra em direção as atendentes e, se escuto bem, ele está dizendo alguma piadinha picante pois todas não param de olhá-lo de cima a baixo com um sorriso malicioso. A barra parece limpa. Vou até a manequim e matuto uma estratégia de roubar a idiota da calcinha.


Sei que me arrependerei deste ato. Fecho os olhos. Não acredito no que terei de fazer. Não me resta muita escolha. Abro os olhos e me concentro. Pelo menos a manequim é a ultima da fileira. Suspiro.


Puxo a minha calcinha azul de rendas. Ela escorre das minhas pernas e pousa no chão. Olho para os lados. A barra ainda está limpa. Começo a parte mais difícil: despir a manequim. Enfio meus dedos no elástico fino da calcinha ver- melha e o desço até os pés da manequim, o que é uma tarefa um pouco chata: ela está em uma posição desconfortável para a atividade que faço no momento.


Apanho a calcinha vermelha e faço uma careta por ela ser tão pequena. Penso que isso não é bem uma calcinha, e sim uma tira de roupa. Não dá tempo para pensar no assunto. Enfio as minhas pernas dentro da coisa mais depravada e a subo fazendo com que o meu vestido embole um pouco.


Aproveito e me pergunto se paguei calcinha. Santo Deus!


Meu coração palpita loucamente. A diaba da calcinha é tão pequena e esdrúxula que tenho a sensação de estar vestindo nada por baixo, além de ser muito desconfortável. Ela entrou naquele lugar, caramba!


Inicio a segunda etapa do meu crime: vestir a manequim. Pego a minha calcinha azul e passo pelas pernas duras da infame boneca. Solto um arquejo ao me abaixar e sentir a calcinha recém-roubada crucificar as minhas partes baixas. Que desconfortável!


Tudo acabado. Limpo a fina camada de suor que brotou do alto da minha cabeça. Viro-me ao ouvir uma voz atrás de mim.


– O que acha dessas, amor?


Posso ver a ironia estampada no rosto do Christopher enquanto ele olha para a manequim roubada e depois
para mim. É notável que a calcinha azul e o sutiã vermelho não combinam em nada.


Entro de gaiata no navio.


– Não sei, amor. Você acha que o “Júnior” vai gostar?


– Com toda a certeza! Já posso senti-lo pressionando a minha cueca!


– Ele sussurra alto o bastante para que a atendente fique constrangida e finja olhar para os lados, pensando talvez que este seja o casal mais tarado que ela já atendeu.


Apanho cinco calcinhas e sorrio. Queria fazer uma careta. Não me imagino dentro delas, apesar de me encontrar dentro de uma nesse exato momento.


– Vamos ficar com elas – diz Christopher ao puxar a carteira.


Queria dizer a ele que não era para gastar dinheiro com essas coisas asquerosas, mas não consigo.


Estou assustada demais com o que acabei de fazer para poder dizer que odiei todas elas. Sou uma namorada safada.


Ele paga pelas calcinhas e, antes de sair, dá tchau e sorri para as suas novas amiguinhas que, sem dúvidas, suspiram por dentro. Quando estamos a mais ou menos dez passos da loja, Christopher entra em uma crise de risos. Passam-se uma eternidade e ele continua rindo. Fico irritada. As pessoas passam e nos olham a fim de desvendar o motivo da sua risada.


Christopher finalmente pausa.


– Sério, não acredito que você trocou de calcinha com a manequim! Isso é...


– Vergonhoso! – Digo.


– Não, é surreal! Agora, todas as vezes que eu passar por essa loja eu vou me lembrar disso!


Ele volta a rir histericamente.


– Isso não tem graça Christopher, para de rir. Agora que já conseguiu a sua calcinha, podemos ir para casa.


Ela não é nada confortável.


– Com certeza, posso apostar. – E então Christopher assume uma expressão seria. – Não passou por sua
cabeça aquela linda frase “sorria, você está sendo filmado” presa na parede?


Franzo o cenho.


– Não!


– Sim! Claro que sim! Vi sorrateiramente duas câmeras. Pensei que você fosse mais esperta e iria para o provador usurpar. Pelo menos era o que eu faria.


Não poderia ser melhor. Fui filmada e logo serei presa por furtar algo deplorável! Francamente, o que me tornei? Em quem estou me tornando desde que o Alec cruzou as fronteiras da minha vida pacata?


– Ei, vocês dois!


Meus neurônios entram em sinal de alerta ao reconhecer a voz. É da atendente. Entro em pânico. Eles viram as gravações, sacaram a manequim e viram a minha calcinha azul!


– Corre! – Diz Christopher.


É isso que faço. Corremos até os pulmões não aguentarem mais. Driblamos as pessoas em suas marchas de tartarugas e logo nos transformamos nos loucos do shopping, na atração principal. Posso ver pelo sorriso no rosto do Christopher que ele está claramente se divertindo com tudo isso. E é ai que resolvo rir também. Isso é, de longe, engraçado.


As portas automáticas de vidro se abrem e nós nos lançamos para fora como uma bala de canhão cuspida do cano. Sinto dores de facão no meu abdômen. Paramos no estacionamento. Christopher continua a rir, e a calcinha continua a me castigar.


Como estamos perto do seu carro, desço a calcinha entre as pernas e faço uma pequena bola. Em seguida a enfio na boca do Christopher sem pensar duas vezes!


– Muito bem, seu desgraçado, ai está a sua calcinha! Pare de rir! Agora é questão de honra, Christopher:
você não ganhará essa aposta! – Estou irritada, principalmente com medo de ser presa.


Ele me segue até o carro se controlando para não rir.


– E, a propósito – murmura ele quando já estamos dentro do carro -, eu nunca cantei para uma garota antes.


Você será a primeira.



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Autor(a): jessica_ponny_steerey

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Enquanto estamos dentro do carro, o Christopher dá uma pausa em seus risos frenéticos e atende ao telefone. O sorriso se desfaz e, seja lá quem esteja do outro lado da linha, as únicas respostas que ele dá são: sim, aham e oquei. Não sei, mas a impressão que tenho é a de que ele não queria que eu escutass ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 64



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  • stellabarcelos Postado em 14/01/2016 - 06:55:27

    A história foi tão linda! Linda e surpreendente! Nada mais lindo do que ler sobre o amor de verdade. Amei

  • maianamr Postado em 13/12/2014 - 10:50:12

    Ameeeei a fic, muito linda *---* parabens

  • vondy4everponny Postado em 19/09/2014 - 00:03:58

    Parabéeeens mana, mais uma fic maravilhosa sua que eu acompanhei! *-----* Tu é bandida menina, foi tudo tão perfeeeeito, o casamento, eles dando entrevistas, os babys vondy .. Aaaaawn, sou sua fã amiga, tu sabe né? Mas não vou ficar falando muito não porque seu ego cresce demais ai ja era pra mim KKKKKKK Parabéns amiga, te adoro muito doidinha <3 Até a proxima fic! u.u

  • juhcunha Postado em 18/09/2014 - 23:38:31

    poxa acabou to triste por te acabado mais feliz porque no deu tudo certo sua web foi maravilhosa Ei qual vai ser sua outras web ????

  • vondy4everponny Postado em 18/09/2014 - 17:40:21

    Sério, é muita tragédia pra dois capitulos e o pior, que ao invés de me emocionar com o discurso dela no teatro, eu quis rir da situação KKKKKKKKKK! E ela e o Derick? PQP, os doidos não conseguiam manobrar um carro, meu Deus! Nãaaao, Chris não pode ir embora :/ Diz que ele fugiu do avião e viu a Dulce sendo levada pelos seguranças! :/ Pleaaaase!

  • gabivondy Postado em 18/09/2014 - 08:39:54

    tadinho do christopher tudo que ele sofreu chorei serio que ele foi embora eles tem que ficar juntos :(

  • vondy4everponny Postado em 16/09/2014 - 22:40:46

    Gzuis, tadinho do Christopher, pqp , que história mais triste :/ Sofri horrores com ele contando a história dele, te falei ne? Nossa, espero que ele e a Dul se resolvam, porque ela é a unica felicidade dele tadinho :/

  • juhcunha Postado em 16/09/2014 - 20:22:25

    coitado do christopher sofreu muito posta mais quero saber o que vai acontece com eles

  • vondyh Postado em 16/09/2014 - 19:38:15

    continua

  • nandafofinha Postado em 15/09/2014 - 15:15:39

    Nossa nem sei o que disser to branca igual papel kkkkkkk POSTA MAIS


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