Fanfics Brasil - 27 Verdade ou consequência(Adaptada) Dulce & Christopher TERMINADA

Fanfic: Verdade ou consequência(Adaptada) Dulce & Christopher TERMINADA | Tema: DyC Romance e hot


Capítulo: 27

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Muito tempo depois, ele vai embora e eu corro até o meu telefone celular.


– Alô, Derek, será que tem como você me encontrar em meia hora?


Seguro o copo de milk-shake enquanto espero o Derek pagar a conta. Meu cabelo chicoteia devido ao vento, e mesmo depois de horas ainda sinto uma ardência – bastante fraca – em meu baixo ventre.


– Eu não sou mais virgem! – Digo.


Ele une as sobrancelhas e morde a casquinha de seu sorvete.


– O que você disse?


– Ah, Derek, você ouviu muito bem. A sua querida amiga foi deflorada na madrugada. Diz que não é o máximo!


– É... Acho que é... Mas, só por curiosidade, quem foi o cara? Es pera... Foi o Christopher? Claro que foi. – Ele dá um tapa na própria testa. – Como aconteceu?


Faço um breve resumo de como tudo aconteceu. O “NAMORA COMIGO, DULCE” em neon; a certeza que eu tive de que estava preparada e de como o Christopher foi super carinhoso comigo, diferentemente do modo
como eu imaginava. Ele não me chamou de cadela, o que de fato me faria brochar.


– E vocês estão namorando?


– É.


– Qual é, Dulce, você nem ao menos conhece o cara direito. Nem sabe de onde ele veio, para aonde ele vai, no que trabalha, onde está sua família, se tem irmãos, entre outras coisas. Você simplesmente não sabe.


– Se você não fosse o meu melhor amigo, poderia jurar que está com ciúmes e, além do mais, já conversamos sobre isso. Essas coisas a gente não controla. Você bem deveria saber disso, Derek.


Vejo-o concordar com a cabeça e atirar o guardanapo no lixo. É impossível deixar de lado o que ele me disse – para variar. Realmente não conheço a história de vida do Christopher. Eu deveria ao menos saber como ele
ganha dinheiro, certo? Sim, certo.


– Podemos sair hoje à noite?


– Hum... Já combinei de sair com o Christopher.


Ele lambe os lábios e concorda com a cabeça, frustrado por minha causa. Sinto-me culpada.


– Sinto falta de estar com você, Dulce – Derek desabafa, já que não teve coragem de fazer isso noite passada. – Desde que ele apareceu, sinto que não somos mais os mesmos. Ele está te tirando de mim e você está aceitando. Prometemos um ao outro que nunca iríamos fazer isso. Prefiro ficar calada porque as palavras desaparecem de mim. Lembro- me dessa promessa. Lembro que prometemos um ao outro que ninguém nos separaria. Eu sempre estaria em primeiro lugar na vida do Derek, e o Derek sempre estaria em primeiro lugar na vida da Dulce. O pedido de desculpas está pendurando em minha língua.


– Se bem que eu entendo. Você cresceu e eu também. Entendo de verdade, só acho inevitável não notar isso.


Poderia ser eu, enfim. É, poderia ser ele com essa Lena ou com a garota que ele anda saindo. Poderia ser eu estar sendo colocada para escanteio. Não gosto disso.


– Oquei, vou cancelar com o Christopher. Vamos aonde hoje à noite? Ele sorri para mim e meneia a cabeça
em sinal de negação. O seu olhar grita para mim: boba!


– Ha-ha, melhor sair com seu namorado. Podemos sair outro dia...


Além do mais, tenho coisas para resolver mesmo.


– Posso te ajudar, como antes.


Como antes. Derek me abraça.


– Dulce, Dulce, a quem estamos tentando enganar?


A verdade é que a frase do Derek fica bailando em minha mente por bastante tempo. A quem estamos
tentando enganar? O que ele quis dizer com isso? Será que agora é a nossa vez de dizer adeus?


Resolvo deixar de lado minhas incógnitas e procuro em minha bolsa as chaves da casa do Christopher.


Entro. Lá dentro está tudo em perfeita ordem. Respiro o cheiro abafado da casa misturado com o perfume dele.


Sem saber exatamente que diabos vim fazer aqui, vou até o quarto dele e me deito em sua cama, rindo.


Pergunto-me onde ele está agora e por que faz tanto mistério de sua vida. Quero que o Christopher me conte sobre ele quando assim desejar, no entanto sei que a cada dia que passa eu chego a pensar que não irei mais suportar todo esse mistério.


Giro na cama e esbarro num CD com a seguinte etiqueta: Minhas Músicas. Passo o dedo na caligrafia caída do Christopher e me levanto. Procuro no quarto um aparelho em que eu possa escutar essas benditas
músicas. Vou até a sala e ligo o aparelho de DVD, junto com a TV.


O que escuto é algo totalmente inédito. Reconheço a voz de imediato. Não é uma playlist com as músicas prediletas dele. São músicas dele gravadas por ele. Meu Deus! Fico entorpecida com a voz do Christopher.


Quando termino de ouvir o CD, vou até o notebook no quarto do Christopher, procuro uma mídia virgem e tiro uma cópia do CD. Será que o Alec ficaria chateado se descobrisse que não só ouvi suas músicas, mas como também fiz questão de tirar uma cópia do seu CD? Vai saber.


Decido que irei para o antro. Encontro um pedaço de papel e caneta e deixo um bilhete: Obrigada por ter sido maravilhoso comigo. Espero-te à noite. Sua Dulce.


Bato a porta.


Estou suada por ter resolvido correr. Se bem que nem sei quando essa vontade de ser esportiva nasceu em mim. Como estou perto de casa, passo no mercado e compro um pote de sorvete e cauda de caramelo sem me importar se vou engordar. Afinal, perdi muitas calorias. Em meus ouvi- dos, I Kissed a Girl, da Katy Perry, explode. Saio do mercado.


Dobro a esquina e avisto o Christopher andando e espreguiçando o braço. Adianto os passos e pulo em suas
costas fazendo-o se assustar. Ele logo ri ao notar que sou eu. Suas mãos apertam as minhas coxas para que se fixem mais ao seu corpo.


Arranco os fones de ouvido e a Katy Perry continua cantando – para o além.


– Por onde você esteve? – Pergunto.


– Por aí, você sabe.


Não, eu não sei, Christopher.


Noto que a sua pele esta corada e pegajosa. Se não estou enganada, ele andou correndo também, só que as suas roupas dizem outra coisa. Quem corre de calças jeans?


Ele vira o pescoço para me ver ainda montada em suas costas com a sacola de sorvete presa no pulso
esquerdo.


– A propósito, fui à sua casa hoje – digo, mais ele não parece se importar. – Digamos que andei com
saudades de você.


– Oh, quem diria! Dulce Saviñon com saudades de mim? Quanta evolução! – Reviro os olhos. – O que tem na sacola?


– Sorvete de bombom, gosta?


– Se compartilhamos do mesmo pote, é obvio que gosto. Hum... Melhor corremos ou ele vai derreter.


Ele corre comigo ainda pendurada em suas costas feito uma macaca que não aprendeu a andar.


Quando chegamos ao antro, corro para o banheiro e arranco a roupa suada. Christopher opta por pegar as colheres. Termino e enrolo o cabelo numa toalha. Vou de short e top para o sofá. Jogo as minhas pernas no colo do Christopher que está sem camisa.


– Para onde vamos hoje à noite?


– Vai ter um racha de motos hoje, pensei em ir lá... Sei que a última vez não foi nada legal e deve abominar o local, só que dessa vez não permitirei que você monte.


Franzo o cenho sem gostar da ideia. É obvio que nunca mais voltarei naquele lugar horrível. A lembrança daquela maldita queda ainda está presa em minha parte occipital da cabeça e lá ficará por um bom tempo.


– Eu não vou.


– Ah, Dulce, vai ser divertido. Eu vou correr hoje. Será muito importante para mim que você esteja lá.


– Sério, Christopher, eu não vou. Além do mais, não consigo entender por que faz essas coisas e por que
gosta desse maldito perigo!


– Se fosse só a questão do gostar do perigo... Sinto-me bem lá, Dulce. Toda essa adrenalina me ajuda a pensar, principalmente quando tenho um problema bem grande para resolver.


Ele enfia uma colherada de sorvete na boca.


– Hum, por acaso você tem um problema muito grande para resolver e que eu não saiba?


Christopher chupa um lado da bochecha e sei que ele está pensando a respeito. Lança uma piscadela e beija
os meus lábios rapidamente. Sei que tenta mudar de assunto.


O sorvete derrete da sua colher e pinga em minha barriga. Ele dilata as pupilas e rapidamente lambe a coisa gelada em minha pele, e é impossível negar a explosão de desejo que isso faz brotar em meu corpo.


– Por favor, Christopher, para – sussurro.


Obediente, ele para. Não estou com cabeça para pensar em sexo agora quando meu namorado diz ter um grande problema para resolver.


– Sinceramente, odeio quando esconde as coisas de mim. Você está com problemas, é isso? E não quer me contar...


– Dulce... – Roga.


– Se vamos ser um casal, acho bom começar a compartilhar as coisas comigo, Christopher. Eu gosto de você, de verdade. Mas às vezes a impressão que tenho é a de que estou convivendo com um desconhecido. Você não se abre, fica sempre nesse seu mundinho particular. Preciso te entender, preciso que fale comigo, que seja honesto.


Sem alternativas, ele se levanta do sofá e anda de um lado para o outro. E agora mais do que nunca sei que é uma coisa bem cabeluda e que definitivamente não posso saber.


– Já te pedi, Dulce, por favor. Quando chegar a hora, irei contar. Reviro os olhos.


– E quando é a hora, Christopher? Quando vai abrir essa maldita boca e me dizer de uma vez o que te aflige?


De repente eu posso te ajudar.


– A questão não é essa. Não preciso de sua ajuda. É outra coisa.


– Santo Cristo! Preciso saber de uma vez. Do que você tem medo? Hum? Seja lá o que for prometo não te julgar, prometo entender...


– Cala a boca, Dulce! – Berra ele. – Será que não percebeu que tenho medo de te perder? Não tenho medo de ser julgado por você nem por ninguém, só tenho medo de te perder, tá legal?


A esta altura do campeonato estou perdida no deserto sem saber que direção tomar. Devo aceitar o fato de que ele esconde algo de muito podre e conviver como se nada estivesse acontecendo? Ou devo confrontá-lo e torturá-lo até que o Christopher revele de uma vez toda a sua história?


Levanto do sofá e encontro um Christopher transtornado. Decido ceder. Decido que isso é o melhor a fazer.


Afinal, eu já não tinha aceitado o fato dele me contar quando estivesse pronto?


Caminho até ele e o abraço. Seus braços não me envolvem como espero. Seu queixo aperta o alto da minha cabeça e sei lá o que sou. Só sei de uma coisa:


– Estou com medo. – Murmuro.


– Garanto que a única pessoa a temer nessa história toda sou eu, Dulce. Eu e mais ninguém.


Era uma vez uma garota idiota que se apaixonou por um lindo cara, porém muito misterioso e, por mais que ela diga a si mesmo que isso não é nem de longe nocivo, mais ela se enterra e se entrega a essa paixão. Essa garota sou eu.


Decidimos que não iríamos ao racha de motos. Em vez disso, convenço o Christopher a irmos ao cinema.


Sei que é um programa um tanto chato, no entanto é bem melhor do que praticar algo ilícito.


Estou na casa dele esperando-o terminar o banho. Varro meus olhos pela casa e pela primeira vez noto que não há porta fotos espalhados e nada que revele sobre a família dele. Começo a ficar mais intrigada com a história do cara que está separado a um cômodo de mim.


– Você acha que ainda vamos achar ingresso? Esse filme pratica - mente foi o assunto mais comentado da mídia.


– A gente sempre acha ingressos, Dulce. Alguém sempre desiste na hora H. – Diz ele do quarto.


Fico um tempo em silêncio quando o telefone cai direto para a caixa eletrônica.


Bip. Oi, Christopher, sei que deve estar com a agenda lotada esse fim de semana, mas será que não tem como me encaixar? Beijos, Amanda. E é claro que você se lembra de mim. Bip.


Sinto-me enjoada momentaneamente. Giro a cabeça e ele está parado na soleira da porta de seu quarto.


Tento processar o que acabei de ouvir. A minha cabeça dá um nó.


– “Agenda lotada”? “Beijos Amanda”? “É claro que você lembra de mim”? – Digo o mais calma que consigo ser.


Levanto do sofá. Não acredito que ele ainda anda saindo com as garotas. E quem diabos é Amanda?


– Sou uma idiota – falo para mim. – Sou uma burra por cair no conto do vigário!


– Ei, você entendeu tudo errado. É por isso que tenho medo de te dizer...


– Dizer o que, Christopher? – Berro. – Que você continua saindo com outras garotas? Que continua sendo o
gostosão da mulherada? Que não passa de um patife que usa os sentimentos das pessoas e depois os joga fora? De verdade, eu não sou um objeto.


– Pare de tentar entender o que não sabe! – Ele grita – Deixe que eu fale, que me explique... Essa...


Isso que acabou de ouvir não é nada!


– Claro que não é nada. Ela é só mais uma. Ninguém é páreo para você. Oquei, conseguiu o que queria.


Levou-me para cama. Agora, tchau Christopher. Fico feliz por ter conseguido ganhar um bônus na aposta.


Seus dedos apertam o meu braço, dominando-me.


– Eu amo você, sua imbecil!


– Não! – Grito – Me solta! Estou cheia disso tudo. Estou cheia dessas mulheres dando em cima de você o tempo todo, dessas trocas de olhares e dessas conversas escondidas. Chega! Cansei!


Tremo e me seguro para não explodir e estapear o Christopher. Faço o que posso para que o meu pavio
continue longo.


– Está entendo tudo errado!


Resolvo dar uma chance para ele.


– Oquei. Então diz para mim. Diz que não está saindo que com mais ninguém e que você é só meu como me disse. Olha nos meus olhos e diz isso, Christopher.


Ele até que tenta me olhar, mas logo seu olhar se desvencilha do meu e sei de suma que estou sendo
enganada. Ele não me ama como diz. Essa devoção que o Christopher demonstra na verdade é só uma mera
encenação. Estou diante de um verdadeiro ator enquanto eu sou apenas uma aspirante que não sabe nada de nada.


– Não precisa me dizer mais nada.


Dou de ombros e abro a porta. Ele vem atrás de mim.


– Dulce... – Sussurra.


Fujo. Abro o portão e ouço um grito que escapa da casa. Olho para trás só para ter certeza de que está tudo bem. Não está. Christopher está batendo a cabeça com força na porta.


Acho que vou desmoronar. Tenho vontade de voltar atrás. Tenho vontade de dizer que não me importo. O aperto em meu coração implora enquanto observo-o transtornado, louco. Parte de mim confirma: ele é doente.


O Christopher é um alguém depressivo, dessas que não aceita uma perda, que nunca teve amor de verdade e que precisa de alguém. Precisa de um amor, e está disposto a fazer qualquer coisa por isso.


Choro. Choro porque essa pessoa sou eu, e eu mesma estou arrancando isso dele. Quero ser maldosa.


Ele não me ama, repito para mim mesma.


Escondo-me no antro e rezo para que ele não faça escândalos dessa vez.


Na manhã seguinte, quando vou à padaria, encontro o Christopher com a mesma roupa de ontem sentado na
porta do antro. Meu coração dispara. Não acredito que ele dormiu aqui de novo. Pergunto-me se todas as vezes em que brigarmos - se é que vai ter uma outra vez - ele dormirá na porta como um vira-lata sarnento enxotado após roubar o bife do açougueiro.


Fecho a porta atrás de mim e tento fazer a linha “tô nem aí para você”. Aperto a sacola dobrada em minhas mãos e coloco os óculos de sol, o que me ajuda a causar indiferença.


– Espera, Dulce - ele diz e vem atrás de mim.


Não paro. Em vez disso, adianto os meus passos embora eu saiba que isso é sem dúvida a coisa mais infantil que eu poderia fazer.


– Por favor, me deixe explicar – continua ele.


Suspiro fundo e paro. Volvo.


– Sinceramente? Não quero ouvir as suas explicações. No fundo do meu âmago eu já sabia que seria difícil, que não daria certo. Vamos acabar por aqui antes que alguém saia machucado. Seremos amigos, está bom para você?


– Quero ser muito mais que um amigo seu. Qual foi? Você me ama, esqueceu?


Reviro os olhos. Claro que não esqueci.


– Você, como um bom galinha, deveria saber que, na cama, as mulheres costumam mentir quando querem alguma coisa de verdade.


Ele fica calado como quem está pensando a respeito. Oquei, acho que dessa vez peguei pesado.


Vejo-o encolher, e nem mesmo sei quem sou para dizer uma coisa como essas!


– Que eu me lembre, você nunca quis nada de mim. Então não tem por que mentir.


– Aí que você se engana, Christopher. Eu menti. Tudo o que eu queria era um cara como você para perder a
virgindade. Um cara bonito, apenas.


– Por que está dizendo esse monte de asneiras, Dulce? Estava tudo bem entre nós, caramba! Deus!


Não tenho culpa se pegou aquela chamada, se ouviu o que ouviu. As pessoas dão em cima de mim como dão em cima de você. É a coisa mais normal!


É ai que me lembro do Jonathan e que tenho um ensaio agendado para hoje. Droga! Pior que ele tem razão! As pessoas dão em cima. É a lei da espécie humana. Talvez eu esteja sendo dura o bastante...


Mas então o nome Amanda me vem à mente, me entorpece e me enoja pensar que ele esteja com outra
quando eu posso estar fazendo sabe o que lá.


É a Amada, você sabe quem é. ARGH!


– Eu sei lá, Christopher, estou confusa. Aquele telefonema me pareceu íntimo demais. E a voz dela, putz!


Sério, eu não sei. Nunca estive em um relacionamento antes, então você aparece e eu faço tudo acontecer em minha vida com um cara cobiçado. É muita coisa para digerir. Agora, por favor, me deixe ir.


Ele coça a cabeça daquele jeito sexy e irresistível e me pondero para não acabar pulando nos braços dele e dizendo que o perdoo, seja lá qual o seu crime. Aproveitando que estou de óculos, lanço um último olhar para ele. Analiso-o. Droga! Não posso sentir tanta pena dele quando a única prejudicada sou eu. Bato em retirada e sigo para a padaria.


Então essa é a pergunta que vale um bilhão de dólares: o que eu vou fazer da minha vida sem o Christopher?


Sei que isso pode parecer muito desesperado, mas a verdade é que eu nunca, em toda a minha vida, me senti tão apegada a uma pessoa quanto me sinto em relação ao Christopher. Nunca achei que um dia poderia sentir tanta coisa por um cara quanto sinto por ele. E tenho a plena sensação de que se um dia eu fosse escolher entre tê-lo e ter a minha mãe e irmã de volta, eu ainda o escolheria. Então por que diabos eu não fico com ele de uma vez? Por que eu não esqueço esse telefonema banal?


Por que você sabe que irá sofrer um dia, cedo ou tarde.


Coloco a mecha de cabelo revolto atrás da orelha. Como ando com a cabeça no mundo da lua, acabei
esquecendo-se de dizer que hoje, final- mente, é o meu teste! Parte de mim está feliz por ocupar a minha cabeça com alguma coisa que não seja o fim do meu relacionamento o qual teve fim no início da aventura.


Como o Titanic que afundou no Oceano Atlân- tico...


Calço o meu Sneaker e apanho uma maçã em cima da fruteira antes de sair de casa. Como não quero mais ocupar o Derek com os meus devaneios, chamo um motoboy, muito embora o Jonathan tenha dito um milhão de vezes que iria me buscar, se assim eu quisesse. É claro que isso é uma atitude muito educada de sua parte, mas algo dentro de mim se revira com a ideia de que, caso ele banque o meu motorista particular, mais tarde terei que lidar com problemas sérios e, modéstia à parte, todo mundo sabe a facilidade que eu tenho de carregar problemas para casa. Fala sério, não preciso de mais um!


Pago pela corrida e migro para o interior do teatro. Não está lotado como no meu primeiro e desastrado teste, no entanto já posso ouvir vozes, murmúrios e risos assim que atravesso uma porta estreita, já que as entradas principais estão fechadas.


Meu coração dá pulos de Mortal Kombat ao imaginar que o meu sonho está prestes a se concretizar.


A qualquer momento posso me tornar uma atriz de verdade! É por isso que resolvo dar o melhor de mim.


Desligo o celular para evitar pequenos infortúnios. Não quero receber uma ligação desnecessária.


Sento-me em uma das poltronas perto do palco e os meus olhos varrem o local à procura do Jonathan. Parece ainda não ter chegado. Observo os casais conversando amigavelmente, mas é impossível não notar seus ares de competitividade presos em seus lábios forçando sorrisos.


Percebo que não estou nervosa, embora desejasse muito estar. Uma voz ao microfone diz que faltam dez minutos para os testes começarem. Resolvo ir até o banheiro retocar a minha maquiagem.


Já dentro do toalete, penteio o meu cabelo com os dedos e chego à conclusão de que eu deveria ter me arrumado mais, sei lá, para causar uma boa impressão coisa e tal.


Uma garota loira sai das cabines e faz biquinhos em frente ao espelho e é claro que acho isso ridículo.


– Você é a vadia que foi abandonada pela mãe, certo?


Limito-me em não escancarar a boca. Olho para a garota. Lembro-me dela. Natália. Sua história de vida não é muito comovente, muito menos algo que um dia possa estar nos tabloides.


– Olha quem fala. – Literalmente, macaco não olha para o rabo. – Se for comparar, não sou eu quem está vestida como uma vadia. Mas se isso responde a sua pergunta, sim, sou eu.


Ela leva o dedo indicador até a boca e faz cara de nojo.


– Fique sabendo que não engoli a sua história. Acho, de verdade, que você resolveu dar um drama só para poder ser escolhida.


Reviro os olhos e resolvo ignorar a garota. Afinal, quem é ela no jogo do bicho? Retoco o meu batom meretriz.


– Boa sorte para você, vadia. Irá precisar – digo.


Saio do banheiro e migro pelo corredor em direção ao auditório. Meus pensamentos se perdem.


Onde estará o Christopher agora? Inspiro. Espiro. Inspiro. Espiro.


Avisto o Jonathan consternado em uma apostila presa entre suas mãos. Paro por um momento e o admiro. Ele é lindo. Sexy também. Pergunto a mim mesma por que não me apaixonei por ele. Por que o Jonathan não apareceu na minha vida antes do Christopher? Por que fui me apaixonar por um cara tão complicado? Seria esse o momento de oferecer uma chance ao Jonathan?


Seus olhos voam das páginas e pairam em mim por um segundo. Depois volta para as páginas, e no mesmo instante para mim. Ali um sorriso nasce tão magicamente grandioso!


Sento-me na poltrona vazia ao lado dele quando recebo um beijo próximo aos lábios.


– Nervoso? – Pergunto.


– Pra caralho. – Ele meneia a cabeça em um sinal de concordância.


– Acho que não vou conseguir, enfim.


– Fala sério. Como não? Você está apenas sendo modesto. Afinal, quem foi o primeiro colocado no primeiro teste?


– Mesmo assim, não estou preparado. Hum, se quer mesmo saber, só ensaiei aqueles scripts com você. Fora isso, nada.


A verdade é que eu não ensaiei muita coisa, no entanto resolvo omitir essa parte da história.


– E por que não?


– Por que passei esses dias ouvindo as lamúrias do meu amigo garoto de programa que incrivelmente se apaixonou por uma garota. Acho que já te falei dele, certo?


Acho que sim, por isso confirmo... Não estou com cabeça para recor- dar dessas coisas agora.


Preciso muito focar na minha apresentação hoje. É tudo o que me importa agora – acho.


– Bem, pegando um atalho, como eu disse, ele se apaixonou por uma garota qualquer aí e, pelos relatos, ela parecia estar apaixonada por ele também, muito embora tenha terminado com ele... Ele sabe que não é para ela, na verdade ele é que não para nenhuma garota. Mas o que fazer quando se apaixona por alguém?


– Ela sabe que ele é um garoto de programa?


– Não. Pelo menos não até onde eu sei.


– Estranho – faço uma careta. – Para ser sincera, não me imagino namorando um garoto de programa, muito menos sem saber que ele é um garoto de programa. Complicado demais para o meu gosto.


– Sério mesmo?


– Aham.


– Eu não sou um garoto de programa, se quer saber... Então, o que acha? Por favor, Dulce, nem sei mais o que dizer. O que você quer que eu faça para aceitar o fato de que gosto de você de verdade?


Droga! Lá estamos nós navegando naquele mesmo barco. Achei que não tocaríamos mais neste assunto tão cedo. E aqui está o Jonathan, insistindo... Insistindo para que tenhamos algo... Algo...


– Sou eu quem te peço. Por favor – solto o ar –, por favor, pare. Está me sufocando com isso. Eu gosto de você, só não gosto de você do jeito que você quer. É complicado demais assim de entender?


– Saiba que eu nunca me humilhei tanto para ter uma garota quanto estou parecendo me humilhar para ter você. E acredite, Dulce, se estou fazendo isso, é por que sinto que podemos ter algo de verdade, que podemos ser feliz juntos.


– Pare, Jonathan! – Berro. – Não me faça desistir do meu sonho por isso. – Abaixo a voz quando percebo os olhares fixos em nós.


Jogo-me na poltrona totalmente.


– Bravo! – Grita o diretor. – Como sempre dando um show, hein, garota? Qual o seu nome mesmo?


Levo um tempo para processar a ideia de que ele está falando comigo. Oh, minha rainha dos baixinhos cale a boca!


– Ah, Dulce.


– Como a do País das Maravilhas?


– Tão boa quanto! – Murmuro e esboço um sorriso convincente.


Não faço ideia se a Mary Jane teve um momento de distração com o diretor, mas tenho certeza que ela não queria estar no meu lugar, muito menos ter dito o que eu disse. Posso sentir os olhares em cima de mim...



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Autor(a): jessica_ponny_steerey

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– Já que se sente assim confiante, que tal começar por você? Vamos lá, onde está o seu Lucas? Levanto-me e ergo uma das minhas mãos em direção ao Jonathan que se ergue com um sorriso sem graça enquanto eu me sinto a bruxa do João e Maria pelas coisas que eu disse para ele. Por que tudo tem que ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 64



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  • stellabarcelos Postado em 14/01/2016 - 06:55:27

    A história foi tão linda! Linda e surpreendente! Nada mais lindo do que ler sobre o amor de verdade. Amei

  • maianamr Postado em 13/12/2014 - 10:50:12

    Ameeeei a fic, muito linda *---* parabens

  • vondy4everponny Postado em 19/09/2014 - 00:03:58

    Parabéeeens mana, mais uma fic maravilhosa sua que eu acompanhei! *-----* Tu é bandida menina, foi tudo tão perfeeeeito, o casamento, eles dando entrevistas, os babys vondy .. Aaaaawn, sou sua fã amiga, tu sabe né? Mas não vou ficar falando muito não porque seu ego cresce demais ai ja era pra mim KKKKKKK Parabéns amiga, te adoro muito doidinha <3 Até a proxima fic! u.u

  • juhcunha Postado em 18/09/2014 - 23:38:31

    poxa acabou to triste por te acabado mais feliz porque no deu tudo certo sua web foi maravilhosa Ei qual vai ser sua outras web ????

  • vondy4everponny Postado em 18/09/2014 - 17:40:21

    Sério, é muita tragédia pra dois capitulos e o pior, que ao invés de me emocionar com o discurso dela no teatro, eu quis rir da situação KKKKKKKKKK! E ela e o Derick? PQP, os doidos não conseguiam manobrar um carro, meu Deus! Nãaaao, Chris não pode ir embora :/ Diz que ele fugiu do avião e viu a Dulce sendo levada pelos seguranças! :/ Pleaaaase!

  • gabivondy Postado em 18/09/2014 - 08:39:54

    tadinho do christopher tudo que ele sofreu chorei serio que ele foi embora eles tem que ficar juntos :(

  • vondy4everponny Postado em 16/09/2014 - 22:40:46

    Gzuis, tadinho do Christopher, pqp , que história mais triste :/ Sofri horrores com ele contando a história dele, te falei ne? Nossa, espero que ele e a Dul se resolvam, porque ela é a unica felicidade dele tadinho :/

  • juhcunha Postado em 16/09/2014 - 20:22:25

    coitado do christopher sofreu muito posta mais quero saber o que vai acontece com eles

  • vondyh Postado em 16/09/2014 - 19:38:15

    continua

  • nandafofinha Postado em 15/09/2014 - 15:15:39

    Nossa nem sei o que disser to branca igual papel kkkkkkk POSTA MAIS


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