Fanfic: Verdade ou consequência(Adaptada) Dulce & Christopher TERMINADA | Tema: DyC Romance e hot
A semana evaporou como água presa em roupas penduradas no varal sob o Sol escaldante. As provas foram super legais e acredito que estou longe de passar pelas provas finais, levando em conta tudo o que está acon- tecendo comigo ao mesmo tempo. Culminando com isso, estamos a três semanas do Natal. Eu acho que é a primeira vez que sinto que as coisas finalmente estão se ajeitando. Primeiro, porque sei onde a minha irmã está e sei como ela é. Segundo, por que tenho o Christopher e, embora esteja toda amedrontada de estragar tudo graças as minhas grandes besteira, penso estar parcialmente completa. Noventa e nove por cento completa.
Outro dia comecei a fazer novas perguntas ao Christopher e mais uma vez ele não quis dar o que tanto quero: respostas. É estranho estar com um cara há mais de dois meses e não saber em que ele trabalha, de onde vem, se tem família e essas coisas básicas que todo ser precisa. Para ser sincera, estou muito cansada disso tudo e nem sei mais se aguentarei. “Preciso de respostas”, foi o que disse a ele antes que o Christopher desse de ombros e entrasse no banheiro, ficando lá por mais de uma hora, fazendo que diabos eu não sei responder.
Depois disso resolvemos que faríamos as compras de Natal juntos e ele me prometeu que contaria tudo o que quero saber sobre ele. Achei justo, mas também achei sinistro. Ele enfim iria me dizer que é um gangster? Um mercenário como naquele filme que assistir e odiei por achar nojento?
Voltando ao assunto Natal, como hoje é sábado, decidimos ir ao shopping fazer as nossas compras porque, sinceramente, odeio aquela aglomeração na última semana. É a primeira vez que terei um Natal meu, na minha casa. Desde que fui abandonada, minhas ceias foram todas feitas na casa do Derek porque a minha madrinha, apesar de ser uma adorável pessoa, era judia.
Andamos de mãos dadas pela loja percorrendo os olhos nas prateleiras repletas de comidas com rótulos expondo Papai-Noel. Nunca entendi de verdade qual o significado do Natal, a não ser a comida, claro. No fim das contas era só mais um dia de vida nesse planeta. Para mim, Natal significa capitalismo e ponto final.
Mas hoje ganhei um novo sentindo para isso.
– Nunca fiz um peru na vida – protesto. – Até hoje tenho nojo de pegar em galinha, veja lá em uma galinha GG.
– Peru não é uma galinha GG – diz Christopher, supostamente rindo de mim mentalmente. Posso quase ler seus pensamentos.
– Que seja. – Murmuro – O que acha se eu usar calça jeans este ano?
– Sei lá, nunca vi vocês nos anos anteriores. Que tal um vestido? É melhor valorizar essas lindas pernas, amor.
Franzo o cenho e olho para ele com uma careta cômica demais para ser real, e real demais para ser cômica.
Decidam-se por mim.
– Do que me chamou?
– De amor, Dulce. Não gostou? Você é o meu amor.
– Gostei. É só uma novidade. Agora vamos continuar com as compras. Foco, Christopher, foco.
Ele ri e me aperta por trás. Lança desesperados beijos em meu pescoço e andamos feito dois pinguins perdidos.
– Vou amar você para sempre. Acredita em mim? – Ele sussurra em meu ouvido. Pode ser e pode não ser. No entanto, acredito piamente que é verdade.
Meneio a cabeça positivamente como resposta.
Compramos o tal peru, frutas, queijo, vinho, panetone, chocolate, champanhe e decidimos que se faltasse mais alguma coisa, compraríamos depois. Ficamos um bom tempo na fila. De onde eu estava, avistei o Jona- than caminhando ao lado da mãe. Virei de costas morrendo de medo que ele me visse com o Christopher porque, sério, não saberia como agir. Para o Jonathan, deveria ser ele ao meu lado fazendo compras de Natal.
Por sorte ele entrou em outra loja, de certo já deveria estar de saída. Passamos as nossas compras quando me lembrei das nozes e optei por comprá-las outro dia junto com os ingredientes da rabanada.
Saímos da loja com as compras dentro do carrinho. Um casal de verdade. Nossa. Eu sou parte de alguém. Só agora isso se tornou óbvio para mim. Não chore, sua meretriz idiota de uma figa. Vocês ainda não estão nem casados.
– Está afim de fazer uma loucura?
– Vamos pular de um penhasco ou coisa assim?
– Não uma loucura tão grande assim, mas podemos pensar nisso depois. O que tenho em mente é bem
simples. – Ele sorri maliciosamente e para de andar. – É só você entrar no carrinho e eu vou empurrando... Rápido.
Prendo o riso que escapa rapidamente.
– Isso não é uma loucura... É ridículo. O mico do ano.
– Vai ser legal, amor – ótimo, lá vem ele de novo. – Eu sempre quis fazer isso, só nunca encontrei uma pessoa louca o suficiente. E você já me provou que é muito, muito, mas muito louca.
– Cala a boca, Christopher. Prefiro subir em mil garupas de moto a ter que fazer isso. Acho que já estamos
grandinhos o suficiente.
Ele começa a colocar as compras no canto e repito mil vezes a mim mesma que nunca, jamais farei isso.
– Bem, já que negou o meu pedido, irei eu mesmo entrar no carrinho.
– Isso é ridículo. Vai ficar entalado aí dentro!
Só que a grande criança nem me dá ouvidos. Que legal, agora temos diversos curiosos se perguntando o que o lindo rapagão está fazendo colocando sua longa perna sexy dentro de um carrinho de compras. Começo a fantasiar o Christopher entalado ou os ferros que compõem o carrinho se expandindo, só que nada disso acontece. E ele está lá dentro, meio abaixado, meio em pé. Seu ombro não deu para entrar.
Esse cara é completamente louco.
– Agora empurra, Dulce!
– Eu não vou empurrar, não.
– Empurra!
– Empurro não, caramba... Que vergonha!
– Oquei, se não começar a empurrar, em cinco segundos vou começar a gritar.
Idiota! O segurança da loja sai do seu posto a passos largos dizendo algo parecido com “não pode entrar no carrinho, rapaz, está destruindo...”
Penso rápido. Muito rápido. Aperto a barra do carrinho porque não me restam escolhas, e a gente já está na merda mesmo.
– Empurra a porra!
Aceito o seu comando e empurro o carro. No início é um trabalho pesado e até penso que nunca iríamos sair do lugar, mas, conforme eu coloco mais força, as rodas ganham vida no chão de linóleo.
Quem está se sentindo entalada sou eu! Empurro. Empurro. Empurro e o treco ganha velocidade.
Driblo as pessoas no caminho e algumas até saem por conta própria enquanto outras fazem cara feia e acham a maior irresponsabilidade.
– Ele vai nos pegar! – Ele grita. – Saiam da frente! Saiam da frente, a garota é barbeira pessoal!
Empurro com mais velocidade e desvio de um desses balcões que ficam espalhados pelo shopping vendendo celular, sorvete etc. Entro na brincadeira e até confesso que é divertido! Grito!
Estamos fazendo a maior confusão no shopping!
– Tente nos pegar! – Murmuro aos quatro ventos.
– Vocês dois vão acabar ferindo alguém!
Coloco mais velocidade no carrinho e me penduro nele. Assim, as rodas vão deslizando com o Christopher dentro e eu pendurada! Que legal! As pessoas já nem estão na frente. Tenho que descer para fazer a curva! Empurro o carro para direita enquanto o Christopher grita para que todos saiam do caminho.
E eu grito por uma alegria idiota e deliberada. Somos dois idiotas. Deveria ser caso de policia. Dois loucos juntos.
– Como vamos escapar desse bobão? – Grito para o Christopher.
– Foge para o estacionamento. – Ele berra. – Saiam da frente, pessoal!
E eu continuo a empurrar antes de me pendurar outra vez. Somos dois idiotas apaixonados e ninguém deveria se intrometer. O amor é uma loucura!
Ele e eu. Christopher e Dulce. Dois imprudentes. Perfeitos e imperfeitos juntos. Amantes de um crime
perfeito... Nós somos o próprio crime.
Migro para saída quando me dou conta de que as portas de vidros que se abrem automaticamente não abrirão tão rapidamente assim. Quem se importa? Teremos de pagar uma nova vidraçaria e ainda apareceríamos no jornal local. Seríamos presos e tiraríamos fotografias segurando uma plaquinha enquanto ficamos de perfil e de frente.
Desço, coloco meus pés no chão e empurro o carrinho com toda a força enquanto a adrenalina me domina por completa.
– Saiam todos! – Berro.
Avisto as portas que se abrem sozinhas gratas por não estarem no térreo, porém fora da rota onde o carro do Christopher está. E, bem, já estamos ferrados mesmo...
– Segura a porta, moral! – Grita Christopher.
E nós escapamos em rompante pela porta. Christopher desce do carrinho apressadamente, ferindo o calcanhar, e eu apanho as compras. Logo ele me ajuda. Corremos pelo estacionamento rindo feitas
hienas perdidas na selva.
Já no carro, em meio a uma crise histérica, profiro socos no braço do Christopher e digo que ele é a pessoa mais boba que conheci em toda a minha vida. Quando enfim damos por encerrados, decido que irei ao banco usar pela primeira vez a herança da minha madrinha que, honestamente, não chega a ser uma fortuna grandiosa, porém dá para pelo menos pagar uns quatro ou cinco semestres do meu curso, uma vez que ainda estou sem receber o salário do mês e o prazo para rematrícula está se esgotando.
O Christopher bem que fez uma tentativa barata de tentar pagar todos os semestres faltantes. Claro, neguei e
achei um absurdo, sem falar que essa atitude só fez aguçar ainda mais a curiosidade de saber onde ele arranja esse dinheiro todo já que tem passado mais tempo comigo do que com qualquer pessoa deste mundo.
O mais incrível da nossa estranha e simbiótica relação é que ainda não enjoei dele, pois eu sempre pensei que iria enjoar de todos os meus namorados – como se eu tivesse tido mil e um namorados.
Ele estaciona o carro na garagem do banco e saltamos de mãos dadas até passarmos pelas portas giratórias.
Procuro rapidamente pelo gerente e somos mandados aguardar ser chamados.
– Ainda acho uma burrice isso que você tá fazendo, Dulce.
– Eu não. Se eu não gastar esse dinheiro pagando a minha faculdade, com que mais eu vou gastar? – Exibo um sorriso. – E, além do mais, tenho tudo o que preciso bem aqui.
Christopher sorri para mim, mas não chega a ser aquele imenso sorriso que tanto estou acostumada. É sem
graça e mentiroso.
Suspiro.
– Vamos lá, Christopher, uma última vez. O que diabos você ainda não me disse? Sobre quem você é?
– Para com isso! Porra. Eu já disse que vou falar logo, em breve. Preciso de espaço, Dulce. Não pode ficar me cobrando isso o tempo inteiro. Vou falar tudo o que precisar saber depois das festas.
Quantas vezes terei de repetir? E, quer saber? Depois... Depois é bem capaz de você me dar um belo de um pé na bunda.
– Por que eu te daria um pé na bunda? – Fico assustada.
– Porque eu não tenho valor.
Ele levanta da cadeira e leva as mãos ao bolso de um jeito que é absolutamente só dele. Tento fazer o máximo para afastar da mente suas tentativas de dizer que, por trás desse bom moço, tem um alguém desequilibrado e que não merece nem mesmo um pingo de atenção. Veja lá, amor.
Comprimo os lábios e afasto o nó da garganta enquanto o assisto parado de costas ao lado da pilastra.
– Sra. Dulce... – Alguém chama o meu nome.
Vou sozinha porque o Christopher resolveu se emburrar logo hoje. A sala que entro é fria. Um homem de
cabelo castanho, jovem e de queixo proeminente nem bonito e nem feio está sentado em uma mesa defronte ao computador. A impressora não para de engolir e cuspir papel. Explico rapidamente o que fui fazer ali e entrego meus documentos para ele que, agora, por ler seu crachá, sei que se chama Leandro. Ele sorri para mim e diz que eu teria de aguardar cinco minutos para checar todos os dados.
Concordei com a cabeça porque estou muito longe com uma frase que envenena meus pensamentos.
Por que eu não tenho valor.
Minutos depois, Leandro, o gerente, volta com duas folhas de papeis impressas e se senta em sua cadeira de presidente.
– A senhora vai querer retirar tudo do cofre?
– Sim, por favor.
– O dinheiro será depositado na conta corrente da senhora. Quanto aos outros pertences, iremos fazer a retirada agora.
Franzo o cenho porque nem sei que diabo de pertences sejam estes.
Ele me entrega uma caneta e vira as páginas para mim, pedindo que eu assine nas linhas trajadas.
Dou uma lida na papelada, assino e entrego. Leandro carimba o papel e assina. Envia-os via fax e pede para que eu o siga. Sigo-o pelo corredor e entramos em uma sala onde estão dois guardas municipais conversando.
Apanho a chave que me é entregue e sigo rumo ao cofre que, segundo a chave, diz ser o 669A. Abro-o e o gerente se afasta. Retiro três envelopes que lá estão e tenho privacidade para colocá-los em cima de uma mesa.
Abro o primeiro envelope. Nele estão fotos. Pergunto-me por que a minha madrinha guardaria fotos.
Minha e da Belle. Passo rapidamente as fotografias e depois abro o outro pacote que é um tanto pesado.
Acaixinha preta desliza e cai em minhas mãos. Dentro do mesmo estão duas lindas e grossas alianças. Tem cor de ouro. Deve ser ouro porque não faz sentido uma pessoa guardar bijuteria no banco, certo? O terceiro e último envelope é, na verdade, uma carta. Abro-a e encontro garranchos, letras caídas como de uma pessoa que já nem tem forças para escrever.
Penso um pouco e decido que lerei essa coisa em casa apesar de toda a curiosidade. Enfio as coisas dentro de um só envelope e saio. Entrego a chave ao gerente e sorrio para ele antes de agradecer e escapar do corredor para os murmúrios gerais de um banco.
Como não encontro o Christopher em nenhum lugar, suponho que ele já deve estar no carro. Saio da falação e do ar-condicionado para o Sol quente que fustiga o meu rosto. Encontro o carro do Christopher no
estacionamento, mas não encontro a pessoa em questão. Ótimo! Encosto no carro e coloco o envelope na cabeça como se ele fosse um boné improvisado.
E lá vem ele com óculos de Sol e dois côcos gelados em suas grandes mãos. Como se nada tivesse
acontecido, ele sorri para mim ao mesmo tempo em que fios do seu cabelo são soprados pelo pequeno e apropriado vento que por aqui passou.
– Você demorou – diz. Ele me entrega o côco. Penso em me fazer de chateada, mas estou com sede demais para bancar a atriz agora.
– É, tinha umas coisas lá no cofre. O dinheiro vai ser depositado em minha conta, se é que já não está lá.
– Hum. Que coisas tinham lá?
– Umas fotos, duas alianças e uma carta. Um drama familiar completo, verdade? – Sorrio.
Voltamos ao antro e eu acho tudo muito incrível. Essa maneira com a qual nós estamos nos engalfinhando uma hora e se amando minutos de- pois. Com a ajuda do Christopher, guardamos nossas compras de Natal e me deito no chão porque é o lugar mais frio que encontro na casa.
Christopher se deita ao meu lado e ficamos os dois a olhar para o teto do antro que está milagrosamente
silêncioso.
– Você é mesmo a garota mais estranha que já conheci. Estou aqui tentando entender qual a graça de ficar assim – ele diz, e tenho certeza que é mais para quebrar o silêncio do que qualquer opinião sua em relação a mim.
Viro-me em sua direção e tenho a plena certeza do mundo que eu jamais, em toda a minha vida, encontrarei tal beleza em qualquer ser da face da Terra. Christopher se senta e move rapidamente a sua mão direita dentro do bolso. Seja lá o que ele estava procurando, achou. Logo vejo a caixa azul aveludada sendo equilibrada em seus dedos.
– Comprei para você. Eu iria dar daqui a três semanas, daí pensei que três semanas é muito tempo.
Como tempo é uma coisa que não costuma correr a meu favor... – As palavras desaparecem em sua boca e seus olhos migram para a caixinha estendida em minha direção.
Fico temerosa enquanto observo aquela pequena coisa em sua mão. Meu coração bate forte, chicoteia em meu peito. Se for o que penso ser, não posso aceitar. Não tão cedo assim.
– Pega logo, Dulce.
Apanho a caixinha e abro. Alívio. O que encontro lá é só uma dessas correntes que parecem brasão.
Seguro o cordão dourado em meus dedos e tenho certeza que é ouro. Eu deveria protestar, dizer que nunca poderia aceitar aquilo, no entanto sei que nada adiantaria. Abro o pingente e nele encontro duas fotos. Uma minha, e uma dele. Cada uma disposta em um lado.
– Para você ter sempre um pedaço de mim ao seu lado.
– Oh, Christopher, isso é tão...
– Ridículo? Terrivelmente melodramático?
– Não seu bobão. Isso é terrivelmente lindo. – Faço uma careta. – O chato é que ainda nem comprei o seu presente.
– Tudo bem, ainda não está na semana de trocar os presentes. Eu é que sou apressado mesmo e, além do mais, você já é um presente, pode apostar. Agora vem cá que vou ajudar colocar isso aí.
Entrego o cordão para ele e sento-me de costas. Ergo meu pequeno cabelo cor de merda. Christopher coloca a cordão em mim e sinto o gélido toque da joia contra a minha pele que, modéstia à parte, fica bem
lindo em meu colo. Faz um contraste que antes não estava lá.
– Obrigada – digo.
– Imagina. Agora, por favor, vamos deixar essa coisa melosa para lá. Isso meio que... Sei lá. Por que não lemos aquela carta?
Enfim me lembro da carta. Aquele pedaço de papel que até o mo- mento é só uma coisa sem sentido para mim, mas que – grita parte de mim – pode ser algo que responda alguma de minhas perguntas.
Levanto-me do chão e tento me lembrar onde foi que coloquei os objetos que trouxe lá do banco.
Encontro-os em cima da mesa e despejo todo o conteúdo no tampo de vidro. Miro as fotos quando na verdade tenho que pegar a carta. A carta.
Seguro o papel dobrado em seis partes, que nem ao menos está dentro de um envelope de cartas.
Volto a me sentar, desta vez entre as pernas abertas do Christopher que, particularmente, é aconchegante.
Atrapalhada, abro a carta de caligrafia torta e respiro fundo.
Querida e amada Dulce,
Espero que não seja tarde demais assim como espero que um dia es- teja lendo esta carta. Prefiro acreditar que, se não estiver lendo isto, é por que era para ser assim.
Sinceramente estou peRdida sem saber por onde começar.
Assim, decido que não irei me prolongar. Estou cansada demais e temo que consiga chegar ao fim do meu propósito.
Então, minha pequena, aquela noite em que a sua mãe foi embora deixou muitas lacunas na sua vida e, mais do que isso, deixou dor. Sim, eu sentia a sua dor só de olhar para você. Eu me perguntava por quê. Por quê? Não sei como dizer isso de uma forma menos dolorosa, por isso irei direto ao ponto.
Averdade dessa história toda é que você foi vendida, Dulce. Havia semanas que a Cloe vinha tramando isso quando um casal rico disse que dava quanto ela quisesse por você depois que eles te viram cantar no coral da igreja. No início ela achou a ideia horrível. Eu até a aconselhei a não fazer essa monstruosidade. Mas então apareceu o Cristiano. Ele prometeu uma vida de luxo à Cloe se assim ela abrisse mão de suas filhas, uma vez que ele não suportava crianças.
Assim, sua mãe ficou tão tentada às ambas propostas como acredito que Eva se sentiu quando lhe foi oferecido à maçã. E ela decidiu que te venderia, Dulce, se assim Cristiano aceitasse levar ao menos a Belle. E foi o que o homem fez. Aceitou a sua proposta assim como Cloe aceitou a proposta de te vender.
Na época eu disse que a denunciaria se assim ela fizesse, mas ela jurou, chorou como uma louca que se eu a denunciasse, mataria a si própria. Mas antes mataria você e a Belle. Eu sei que não deveria ter cedido às suas chantagens, que deveria denunciá-la, no entanto fiquei completamente amedrontada, principalmente porque na última semana em que ela enfim fechou o acordo com o casal, ela estava completamente transtornada.
Ela vendeu você por uma quantia bastante considerável e decidiu ir embora uma semana antes do casal te levar - por conta de passaporte, es- sas coisas -, porque, para ela, parecia ser mais fácil para você assim. Cloe se foi naquela noite com a Belle não porque você era a mais forte ou coisa do tipo, e sim porque você foi vendida para que ela pudesse ter uma vida que sempre sonhou antes de conhecer o seu pai, antes de vocês nascerem.
Neste momento você deve estar se perguntando onde está este tal casal, certo?
Ironias à parte, dois dias antes de consumar o acordo, este tal casal sofreu um acidente terrível de carro e morreram no local.
Sabe, Dulce, não sei você, mas acredito que isso tenha sido um sinal. Um livramento. Só Deus sabe o que teria de passar com este casal, dois estranhos que de repente se encantou por uma garotinha.
Como sua mãe desapareceu no mundo, decidi que eu mesma te cri- aria. Assim, pelo menos, eu tiraria um peso das costas por ter, em parte, aceitado o que ela fez com você. Por fim, não quero que me perdoe ou coisa parecida, só quero que tenha encontrado a resposta que sempre dese- jou e que você seja muito feliz. Afinal, ninguém mais do que você merece essa tal proeza.
Antes de por um ponto final, quero que saiba, minha pequena, que te amo muito.
Sempre te amei e te criei como se tivesse saído de mim mesma. É uma lástima que a Cloe não tenha conhecido a pessoa maravilhosa que você se tornou. Outra coisa: não quero que fique se lamentando pela sua mãe porque, de certa forma, eu sou a sua mãe e, seja lá onde eu estiver, estarei sempre olhando para você.
Com amor, Margarida.
Releio as palavras com um pesar no coração enquanto grossas e inúteis lágrimas cambaleiam pelo meu rosto e um ruído que mais tarde percebo estar saindo de mim. Olho para o Christopher, que está assustado e... Chorando. Aperto um de seus braços até que seus ossos virem farinha em minhas mãos, mas o Christopher não se mexe. Apenas olha para mim, ainda assustado.
Passamos um tempo bastante longo em silêncio e todas as palavras da carta reviram em minha mente sendo jogadas para lá e para cá como um peixe morto sem saber para onde ir já em estado de putrefação.
Mas, as únicas palavras que escapam de mim são:
– Cachorra! Ela... Ela fez muito pior do que me abandonar para ir atrás de um homem rico. A Cloe me vendeu, Christopher! Vendeu-me como se eu fosse um bicho, um pedaço de carne!
Ele não diz nada. Está mudo.
– Como aquela mulher pôde ter feito isso?! – Choro. – Eu era apenas uma criança! Eu era sua filha.
Saí de dentro dela. Será que isso não conta? Deus, como alguém pode ter um coração tão... Perverso e podre?
Autor(a): jessica_ponny_steerey
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+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
A imagem da minha mãe Cloe deitada numa cama, rindo, dizendo coisas legais de repente me é terrivelmente promíscuo. Saio correndo de onde estou e corro para o banheiro ao me sentir nauseada. Vomito. Vomito uma coisa ácida que vem da minha garganta, escorre da boca e espatifa no vaso sanitário. Tusso e limpo a boca com as costas ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 64
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stellabarcelos Postado em 14/01/2016 - 06:55:27
A história foi tão linda! Linda e surpreendente! Nada mais lindo do que ler sobre o amor de verdade. Amei
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maianamr Postado em 13/12/2014 - 10:50:12
Ameeeei a fic, muito linda *---* parabens
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vondy4everponny Postado em 19/09/2014 - 00:03:58
Parabéeeens mana, mais uma fic maravilhosa sua que eu acompanhei! *-----* Tu é bandida menina, foi tudo tão perfeeeeito, o casamento, eles dando entrevistas, os babys vondy .. Aaaaawn, sou sua fã amiga, tu sabe né? Mas não vou ficar falando muito não porque seu ego cresce demais ai ja era pra mim KKKKKKK Parabéns amiga, te adoro muito doidinha <3 Até a proxima fic! u.u
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juhcunha Postado em 18/09/2014 - 23:38:31
poxa acabou to triste por te acabado mais feliz porque no deu tudo certo sua web foi maravilhosa Ei qual vai ser sua outras web ????
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vondy4everponny Postado em 18/09/2014 - 17:40:21
Sério, é muita tragédia pra dois capitulos e o pior, que ao invés de me emocionar com o discurso dela no teatro, eu quis rir da situação KKKKKKKKKK! E ela e o Derick? PQP, os doidos não conseguiam manobrar um carro, meu Deus! Nãaaao, Chris não pode ir embora :/ Diz que ele fugiu do avião e viu a Dulce sendo levada pelos seguranças! :/ Pleaaaase!
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gabivondy Postado em 18/09/2014 - 08:39:54
tadinho do christopher tudo que ele sofreu chorei serio que ele foi embora eles tem que ficar juntos :(
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vondy4everponny Postado em 16/09/2014 - 22:40:46
Gzuis, tadinho do Christopher, pqp , que história mais triste :/ Sofri horrores com ele contando a história dele, te falei ne? Nossa, espero que ele e a Dul se resolvam, porque ela é a unica felicidade dele tadinho :/
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juhcunha Postado em 16/09/2014 - 20:22:25
coitado do christopher sofreu muito posta mais quero saber o que vai acontece com eles
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vondyh Postado em 16/09/2014 - 19:38:15
continua
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nandafofinha Postado em 15/09/2014 - 15:15:39
Nossa nem sei o que disser to branca igual papel kkkkkkk POSTA MAIS