Fanfic: Cidades de Papel - Adaptada Vondy | Tema: Vondy / RBD
E depois, quando
saímos para ver sua lanterna já pronta
da rua, eu disse que gostava do jeito como a luz
brilhava no rosto que bruxuleava na escuridão.
— “Jack O’Lantern”, Katrina Vanderberg, em Atlas
As pessoas dizem que amigos não destroem uns aos outros
O que elas sabem sobre amigos?
— “Game Shows Touch our Lives”, The Mountain Goats
PRÓLOGO
Na minha opinião, todo mundo recebe uma dádiva. Por exemplo, muito provavelmente eu nunca vou ser atingido por um raio, nem ganhar um Prêmio Nobel, nem virar ditador de uma pequena ilha do Pacífico, nem ter um câncer terminal de ouvido, nem sofrer combustão espontânea. Mas, se você levar em conta todos os eventos improváveis, é possível que pelo menos um deles vá acontecer a cada um de nós. Eu poderia ter presenciado uma chuva de sapos.Poderia ter pisado em Marte. Poderia ter sido engolido por uma baleia. Poderia ter
me casado com a rainha da Inglaterra ou sobrevivido meses à deriva no mar.Mas minha dádiva foi diferente. Minha dádiva foi a seguinte: de todas as casas em todos os condados em toda a Flórida, eu era vizinho de Dulce María Espinosa Saviñon
O bairro planejado onde morávamos, Jefferson Park, havia sido uma base da Marinha. Mas aí a Marinha já não precisava mais dela e devolveu o terreno para os cidadãos de Orlando, na Flórida, que decidiram construir um bairro gigante, porque é isso que se faz com os terrenos na Flórida. Meus pais e os de Dulce acabaram se mudando para casas vizinhas assim que as primeiras foram construídas. Dulce e eu tínhamos dois anos.Antes de virar uma Pleasantville e antes mesmo de ser uma base da Marinha, Jefferson Park pertencia, de fato, a um sujeito de nome Jefferson, um tal de Dr. Jefferson Jefferson. Há uma escola batizada em homenagem a
Jefferson Jefferson em Orlando, além de uma grande instituição de caridade, mas o detalhe fascinante e inacreditável, porém verdadeiro, a respeito do Dr. Jefferson Jefferson é que ele não era médico coisa nenhuma. Era apenas um vendedor de suco de laranja chamado Jefferson Jefferson. Quando ficou rico e poderoso, entrou com uma ação judicial, fez de “Jefferson” seu sobrenome e então mudou o nome para “Dr.”. D maiúsculo, r minúsculo e ponto final.
E então Dulce e eu tínhamos nove anos. Nossos pais eram amigos, por isso brincávamos juntos de vez em quando, de bicicleta, pelas ruas sem saída a caminho do Jefferson Park propriamente dito, no coração do bairro.
Quando descobria que Dulce estava prestes a chegar eu sempre ficava muito nervoso, pois ela era a criatura mais fantasticamente linda que Deus já havia criado. Na manhã em questão, ela estava de short branco e camiseta cor-de-rosa com a estampa de um dragão verde soprando um fogo de glitter alaranjado. É difícil explicar que na época achei aquela camiseta incrível.
Dul, como sempre, pedalava em pé, os braços rígidos enquanto se inclinava sobre o guidom, os tênis roxos formando um círculo borrado. Era um dia quente e úmido de março. O céu estava claro, mas havia uma acidez no ar, como se um temporal fosse iminente.
Naquela época eu gostava de imaginar que era inventor, e depois de prendermos nossas bicicletas e iniciarmos uma curta caminhada até o parquinho, contei a Dul minha idéia para uma invenção chamada Fazedor de Anéis. O Fazedor de Anéis era um canhão gigante que atiraria pedras enormes e coloridas até uma órbita baixa, conferindo a Terra anéis como os de Saturno.
(Ainda acho a idéia ótima, porém construir canhões capazes de atirar pedregulhos em uma órbita baixa é um tanto complicado.)
Eu já fora ao parque tantas vezes que tinha um mapa dele no cérebro, então mal havíamos entrado e comecei a sentir que o mundo estava fora de ordem, embora não soubesse de imediato o que estava diferente.
Gostou?Comentem que posto a 2 parte e o 1. capítulo
Autor(a): Ree Vondy
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— Chris — chamou Dul baixinho, devagar. Ela apontava. Foi então que percebi o que havia de diferente. A poucos metros de nós havia um carvalho. Grosso, retorcido e com jeito de muito antigo. Aquilo não era novidade. O parquinho à nossa direita. Também não era novidade. Já o cara de terno cinza largado junto ao tr ...
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