Fanfics Brasil - 1ª Parte - Os Fios II Cidades de Papel - Adaptada Vondy

Fanfic: Cidades de Papel - Adaptada Vondy | Tema: Vondy / RBD


Capítulo: 1ª Parte - Os Fios II

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Girei na cadeira de rodinhas quando ouvi a janela ser aberta, e os olhos castanhos de Dulce me encaravam. No início eu só consegui enxergar os olhos dela, mas logo minha visão se ajustou e eu percebi que ela havia pintado o rosto de preto e vestia um moletom com capuz também preto.


— É s*xo virtual? — perguntou ela.


— Estou no chat com Alfonso Herrera.


— Não foi o que perguntei seu pervertido.


Soltei uma risada esquisita, então caminhei em direção a ela, me ajoelhei junto à janela, meu rosto a poucos centímetros do dela. Eu não fazia ideia de por que ela estava ali, na minha janela, daquele jeito.


— A que devo a honra de sua visita?


Dulce e eu ainda éramos cordiais, acho, mas não amigos do tipo que se encontravam no meio da noite usando tinta preta na cara. Dulce tinha amigos para isso, tenho certeza. Só que eu não era um deles.


— Preciso de seu carro — explicou ela.


— Não tenho carro — respondi, o que eu encarava como um ponto fraco.


— Bem, preciso do carro da sua mãe.


— Mas você tem o seu — argumentei.


Dulce encheu a boca de ar e bufou.


— É, só que meus pais pegaram a chave do meu carro e trancaram em um cofre que eles guardam debaixo da cama deles, e Rosseta — a cadela de Dulce — está dormindo lá dentro. E Rosseta tem uma porcaria de um aneurisma toda vez que me vê. Quer dizer, eu poderia entrar lá, roubar o cofre, descobrir a combinação, arrombar, pegar minhas chaves de volta e ir embora, mas o problema é que nem vale a pena tentar, porque se eu abrir uma frestinha da porta Rosseta vai latir feito louca. Então, como eu disse, preciso de um carro. E também preciso que você dirija, porque tenho que fazer onze coisas hoje à noite e para pelo menos umas cinco delas é necessário um piloto de fuga.


Quando desfoquei a visão, ela se transformou apenas em olhos, olhos flutuando no etéreo. E então focalizei o rosto dela de novo, e enxerguei o contorno, a tinta ainda úmida na pele. As bochechas formando um triângulo com o queixo, os lábios negros quase se curvando em um sorriso.


— E isso envolve algum delito grave? — perguntei.


— Hum… arrombamento e invasão de domicílio são delitos graves?


— Não — respondi com firmeza.


— Não, não são delitos graves, ou não, você não vai ajudar?


— Não, não vou ajudar. Nenhuma de suas lacaias pode dirigir para você? — Anahí e/ou Vicky sempre faziam as vontades dela.


— Na verdade, elas são parte do problema — respondeu Dulce.


— E qual é o problema? — perguntei.


— São onze problemas — respondeu ela, meio impaciente.


— Nenhum delito grave — afirmei.


— Juro por Deus que você não vai ter que cometer nenhum delito grave.


E naquele instante os holofotes em volta da casa de Dulce se acenderam.


Em um movimento rápido, ela deu uma cambalhota para dentro de meu quarto e se enfiou embaixo de minha cama. Em questão de segundos, o pai dela estava de pé no quintal do lado de fora.


— Dulce María! — gritou ele. — Eu vi você!


— Ai, Jesus. — Ouvi um murmúrio abafado vindo de debaixo da cama. Ela saiu de lá, ficou de pé, foi até a janela e disse: — Fala sério, pai. Só estou tentando conversar com Christopher. Você vive me dizendo que ele poderia ser uma influência maravilhosa para mim.


— Só conversando com Christopher?


— Só.


— Então por que você está com a cara pintada de preto?


Dulce fraquejou por apenas um breve instante.


— Pai, explicar isso levaria horas e horas de contextualização, e eu sei que você provavelmente está muito cansado, então por que você não volta pa…


— Já para casa — explodiu ele. — Agora!


Dulce me agarrou pela camisa e sussurrou ao meu ouvido:


— Volto em um minuto.


E então pulou a janela. 


Assim que ela saiu, peguei na mesa minhas chaves do carro. As chaves são minhas; o carro, infelizmente, não. Quando completei dezesseis anos, meus pais me deram um presente pequenininho, e no instante em que o peguei eu soube que era uma chave de carro, e quase mijei nas calças de emoção porque eles já estavam cansados de dizer que não tinham dinheiro para me dar um carro. Mas, quando me entregaram aquela caixa pequenininha embrulhada para presente, eu percebi também que estavam tentando me enganar, e que, no final das contas, eu ia ganhar um carro. Rasguei o embrulho e abri a caixa. E sim, tinha uma chave lá dentro.


Olhando com mais atenção, vi que era a chave de um Chrysler. A chave de uma minivan Chrysler. A mesma minivan de sempre da minha mãe.


— Meu presente é uma chave do seu carro? — perguntei a ela.


— Victor— ela se virou para meu pai —, eu avisei que ele ia se encher de esperanças.


— Ah, não venha colocar a culpa em mim — respondeu ele. — Você está só sublimando sua frustração com meu salário.


— Esse diagnóstico precipitado não é nem um pouquinho passivo-agressivo? — perguntou minha mãe.


— E acusações retóricas de agressão passiva não são inerentemente passivo-agressivas?


— retrucou meu pai, e eles continuaram assim por um tempo.


Resumindo: eu tinha autorização para usar a maravilha automobilística que é uma minivan da Chrysler, exceto quando minha mãe estivesse com ela. E, como ela ia de carro para o trabalho todos os dias de manhã, eu só podia usá-lo nos fins de semana. Bem, nos fins de semanas e no meio daquela maldita noite. Dulce María levou mais do que o minuto prometido para voltar à minha janela, mas não muito mais. No entanto, assim que ela voltou, recomecei com os pretextos:


— Amanhã tem aula.


— É, eu sei — respondeu ela. — Amanhã tem aula, e depois de amanhã também, e pensar muito nisso pode enlouquecer qualquer garota. Ok, tudo bem. Amanhã tem aula. É por isso que a gente tem que ir logo, para voltar antes de o dia nascer.


— Não sei, não.


— Chris — disse ela, pois só ela costumava me chamar assim. — Chris. Meu Chris. Há quanto tempo somos amigos?


— Não somos amigos. Somos vizinhos.


— Ai, Jesus, Chris. Eu não sou legal com você? Eu não mando todos os meus diversos discípulos serem legais com você na escola?


— Ahã — respondi, na dúvida, embora na verdade eu sempre tivesse suspeitado de que Dulce tinha sido a responsável por fazer Mike Parson e sua laia parar de sacanear a gente.Ela piscou. Tinha pintado até as pálpebras.


— Chris,bebê — disse ela — a gente tem que ir.


E então eu fui. Abri a janela, e corremos pela lateral lá de casa, cabeças abaixadas até abrirmos as portas da minivan. Dul disse em um sussurro para não batermos as portas — faz barulho demais —, e assim, com as portas abertas, coloquei a marcha em ponto morto, pus o pé para fora, dei impulso no chão e deixei o carro descer pela entrada. Deslizamos em ponto morto por mais algumas casas, até que dei partida no motor e acendi o farol. Batemos as portas e então dirigi pelas ruas sinuosas da imensidão de Jefferson Park, as casas ainda com aspecto de novas e artificiais, como uma vila de brinquedo que abrigava dezenas de milhares de pessoas de verdade.


— O problema é que eles sequer ligam — começou Dulce a falar. — Eles acham que eu faço tudo só para estragar a reputação deles. Agora mesmo, sabe o que ele me falou? Ele disse: “Eu não ligo a mínima se você destruir sua vida, mas não nos envergonhe diante dos Uckermann, eles são nossos amigos.” Ridículo. E você não tem idéia de como eles dificultaram a minha vida para sair daquela maldita casa. Já viu que nos filmes de fuga da prisão colocam um monte de roupas debaixo das cobertas para fingir que tem uma pessoa ali? — Assenti. — Pois é, minha mãe colocou uma merda de babá eletrônica no meu quarto, para ouvir minha respiração a noite toda. Então tive que pagar cinco pratas para Roberta dormir no meu quarto, e aí botei o montinho de roupas no quarto dela. — Roberta é a irmã mais nova de Dulce. — Agora é como Missão Impossível. Antes eu podia sair de casa feito uma cidadã normal. Era só sair pela janela e pular do telhado. Mas, Deus, agora é como se eu vivesse em uma ditadura fascista.


— Você vai me dizer aonde a gente está indo?


— Bem, primeiro a gente vai ao Publix. Por razões que vou explicar depois,preciso que você faça umas compras para mim. Depois seguiremos para o Wal-Mart.


— O quê? A gente só vai fazer um tour por todos os supermercados da Flórida Central? — perguntei.


— Hoje, bebê, vamos acertar um monte de coisas que estão erradas. E vamos estragar algumas que estão certas. Os últimos serão os primeiros; e os primeiros serão os últimos; os mansos herdarão a terra. Mas, antes de redefinir completamente o mundo, precisamos fazer compras.


E assim entrei no estacionamento quase vazio do supermercado Publix e estacionei.


— Escute — disse ela — Quanto dinheiro você tem aí?


— Zero dólares e zero centavos — respondi.


Desliguei o carro e olhei para ela. Ela enfiou a mão no bolso da calça jeans preta justa e sacou várias notas de cem.


— Felizmente, o bom Deus distribuiu sua graça.


— Que merda é essa? — perguntei.


— O dinheiro do meu bar mitzvah. Não tenho acesso à conta, mas sei a senha dos meus pais porque eles usam “ross3t4” para tudo. Então eu fiz um saque. — Tentei disfarçar meu espanto, mas ela reparou o jeito como eu estava olhando e sorriu maliciosamente para mim. —  Basicamente — disse ela — Esta vai ser a melhor noite da sua vida.


 



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Autor(a): Ree Vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 3



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  • viciorbd Postado em 25/08/2014 - 14:25:59

    Posta mais

  • plopes Postado em 22/08/2014 - 11:46:01

    Leitora nova posta mais :)

  • dulcemariaeanahi Postado em 21/08/2014 - 19:54:48

    posta posta


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