Fanfics Brasil - 1ªParte - Os fios IV - I Cidades de Papel - Adaptada Vondy

Fanfic: Cidades de Papel - Adaptada Vondy | Tema: Vondy / RBD


Capítulo: 1ªParte - Os fios IV - I

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Estávamos dirigindo pela rodovia I-4, felizmente vazia, e eu seguia as orientações de Dulce. O relógio no painel indicava 1h07.


— Bonito, não é? — disse ela. Estava olhando pela janela, o rosto distante do meu, então eu mal podia vê-la. — Adoro dirigir depressa sob a luz dos postes.


— Luz — declamei —, o lembrete visível da Luz Invisível.


— Que bonito isso — disse ela.


— T.S. Eliot. Você leu também. Na aula de inglês, ano passado.


Na verdade, eu não conhecia o poema inteiro, mas os poucos versos que li haviam ficado em minha cabeça.


— Ah, é uma citação — disse ela, um tanto decepcionada. Vi a mão dela no espaço entre os bancos. Eu poderia ter colocado minha mão ali, e então nossas mãos estariam no mesmo lugar ao mesmo tempo. Mas não coloquei. — Recite de novo — pediu ela.


— Luz, o lembrete visível da Luz Invisível.


— É. Caraca, a frase é boa. Deve ajudá-lo com sua amiguinha.


— Minha ex-amiguinha — corrigi.


— Belinda largou você? — perguntou Dulce.


— Como você sabe que foi ela quem me largou?


— Ah, foi mal.


— Mas foi — admiti, e Dukce riu.


O término já tinha acontecido alguns meses antes, mas eu não culpava Dulce por não prestar atenção ao mundo romântico da simples plebe. O que acontece na sala de ensaios fica na sala de ensaios.


Dulce colocou os pés no painel e ficou balançando os dedos no ritmo da própria fala. Ela sempre falava daquele jeito, com aquela cadência perceptível, como se estivesse recitando poesia.


— Certo, bem, que pena! Mas eu entendo você. Meu querido namorado há muuuitos meses está comendo minha melhor amiga.


Voltei o olhar para ela, mas o cabelo vermelho lhe cobria todo o rosto, então não dava para saber se ela estava brincando.


— Sério? — Ela não respondeu. — Mas você estava rindo com ele hoje de manhã. Eu vi vocês.


— Não sei do que você está falando. Fiquei sabendo antes do primeiro tempo, e aí vi os dois conversando e comecei a gritar feito uma louca, e aí Vicky correu para os braços de Diego Gonzáles , e Derick ficou lá de pé como um retardado, a saliva pingando daquela boca fedida.


Obviamente eu tinha interpretado mal a cena no corredor.


— Estranho, pois Mike Parson me perguntou hoje de manhã o que eu sabia a respeito de você e do Derick.


— É, bem, Mike só faz o que mandam, acho. Provavelmente estava tentando descobrir para o Derick quem ficou sabendo.


— Meu Deus, por que ele iria querer ficar com Vicky?


— Bem, ela não é conhecida por sua personalidade ou generosidade de espírito, então deve ser porque é gostosa.


— Não tanto quanto você — soltei sem pensar.


— Isso sempre me pareceu tão ridículo, que as pessoas pudessem querer ficar com alguém só por causa de beleza. É como escolher o cereal de manhã pela cor, e não pelo sabor. A propósito, a gente vai pegar a próxima saída. Mas eu não sou bonita, não de perto, pelo menos. Normalmente, quanto mais as pessoas se aproximam de mim, menos me acham atraente.


— Isso… — comecei.


— Tanto faz — respondeu ela.


* * *


Acho um tanto injusto que um babaca feito Derick James consiga tr***r com Dulce e Vicky, enquanto sujeitos perfeitamente agradáveis como eu não conseguem tr***r com nenhuma das duas — nem com ninguém, aliás. Dito isso, gosto de pensar que não sou do tipo de pessoa que sairia com Vicky Paz. Ela pode ser gostosa, mas também é 1) agressivamente insípida, e 2) uma absoluta e completa filha da mãe. Há muito tempo que o grupo que frequenta a sala de ensaios suspeita que ela mantém a boa forma se alimentando somente da alma de gatinhos e dos sonhos de crianças carentes.


— Vicky é meio mala — falei, tentando puxar Dulce de volta para a conversa.


— É — respondeu ela, encarando a janela do carona, o cabelo refletindo as luzes da rua. Pensei por um segundo que ela pudesse estar chorando, mas ela se aprumou depressa, subiu o capuz e tirou a trava The Club da sacola do supermercado. — Bem, vai ser divertido de qualquer forma — disse, abrindo a embalagem da trava.


— Já posso saber para onde estamos indo?


— Para a casa de Vicky — respondeu.


— Ah, não.


Parei em um sinal. Coloquei a marcha do carro em ponto morto e comecei a dizer a Dul que ia levá-la de volta para casa.


— Nada de delitos graves. Eu juro. A gente precisa achar o carro de Derick. A rua de Vicky é a próxima à direita, mas ele não iria estacionar na rua dela, porque os pais dela estão em casa. Tente a próxima. Isso é a primeira coisa.


— Tudo bem — falei. — Mas depois a gente vai para casa.


— Não, aí a gente vai para a parte dois das onze.


— Dul, essa é uma péssima ideia.


— Apenas dirija bebê — ordenou, e não tinha como eu não fazer.


Encontramos o Lexus de Derick a duas quadras da rua de Vicky, parado em uma rua sem saída. Antes mesmo que eu parasse o carro, Dul saltou, com a trava na mão. Ela abriu a porta do motorista do Lexus e pôs a trava no volante.


Em seguida bateu a porta de leve.


— Babaca burro que nunca tranca o carro — balbuciou enquanto entrava de volta na minivan, guardando as chaves da trava no bolso. E então se aproximou e acariciou meu cabelo. — Parte um: resolvida. Agora, para a casa de Vicky.


Enquanto eu dirigia, Dul me explicou as partes dois e três.


— É genial — comentei, embora, lá no fundo, estivesse tremendo de nervosismo.


Entrei na rua de Vicky e parei duas casas antes da Mansão Paz. Dul pulou para a parte de trás do carro e voltou com um binóculo e uma câmera digital. Primeiro, ela olhou pelo binóculo, depois o passou para mim.


Dava para ver uma luz no porão da casa, mas não havia movimento. Eu estava impressionado com o simples fato de a casa ter um porão — não dá para cavar muito fundo em Orlando sem atingir o lençol freático.


Enfiei a mão no bolso, peguei meu celular e liguei para o número que Dulce havia ditado para mim. O telefone tocou uma, duas vezes, e então uma voz masculina sonolenta atendeu:


— Alô?


— Sr. Paz? — perguntei.


Dul quis que eu ligasse porque ninguém jamais reconheceria minha voz.


— Quem é? Meu Deus, que horas são?


— Acho que o senhor deveria saber que, neste momento, sua filha está transando com Derick James no porão de sua casa.


E então desliguei. Parte dois: concluída.


Dulce e eu abrimos as portas do carro e corremos rua abaixo, e nos deitamos de bruços atrás da cerca viva ao redor do jardim de Vicky. Ela me passou a câmera, e eu fiquei observando enquanto uma luz foi acesa em um quarto do segundo andar, depois na escada, e então na cozinha, até que, finalmente, na escada do porão.


— Lá vem ele — sussurrou Dul.


Eu não entendi muito bem o que ela queria dizer até que, pelo canto do olho, notei um Derick James sem camisa pendurado na janela do porão.


Ele correu, atravessando o gramado só de cueca, e, quando se aproximou, levantei e bati uma foto dele, completando a parte três. Acho que o flash surpreendeu a nós dois, e ele piscou na escuridão por um instante antes de sair correndo pela noite.


Dul me puxou pela calça; olhei para baixo, e ela estava sorrindo de maneira tola. Estiquei a mão, a ajudei a se levantar e nós corremos de volta para o carro. Eu estava enfiando a chave na ignição quando ela disse:


— Quero ver a foto.


Passei a câmera para ela e, juntos, vimos a foto surgir na tela, nossa cabeça quase se tocando. Ao ver a cara assustada e pálida de Derick James, não consegui segurar o riso.


— Ai, meu Deus — disse Dulce, apontando.


Na pressa, parece que Derick não conseguira enfiar o Pequeno Derick dentro da cueca. E lá estava ele, pendurado, capturado digitalmente para a posteridade.


— É um p*nis — disse Dulce —, do mesmo jeito que aquela titica de Rhode Island é um estado: pode até ter uma história ilustre, mas certamente não é grande.


Olhei de volta para a casa e notei que a luz do porão estava apagada. Percebi que me sentia meio mal por Derick — não era culpa dele ter o p*nis pequeno e uma namorada ardilosamente vingativa. Mas no sexto ano Derick prometera não socar meu braço se eu comesse uma minhoca viva, então eu comi, e ele me socou na cara. Por isso não me senti mal por muito tempo.


Quando olhei de novo para Dulce, ela estava observando a casa pelo binóculo.


— A gente precisa ir — disse Dul. — Entrar naquele porão.


— O quê? Por quê?


— Parte quatro. Pegar as roupas dele caso ele tente retornar. Parte cinco.Deixar um peixe para Vicky.


— Não.


— Sim. Agora — mandou ela. — Ela está lá em cima, levando uma bronca dos pais. Mas, tipo, quanto tempo esse sermão deve durar? Quer dizer, o que se diz nesses casos? “Você não devia tr**sar com o namorado de Dulce María no porão de casa.” É basicamente um sermão de uma frase só. Então a gente tem que correr.


Ela saiu do carro com a tinta spray em uma das mãos e um bagre na outra.


— Essa é uma péssima ideia — sussurrei, mas eu a segui de perto, agachado como ela, até chegarmos à janela ainda aberta do porão.


— Eu vou primeiro — disse ela.


Ela passou uma das pernas pela janela para entrar, e, quando estava de pé na escrivaninha de Vicky, metade dentro da casa, metade fora, perguntei:


— Posso ficar só vigiando aqui fora?


— Enfia logo essa bunda magra aqui dentro — respondeu ela, e eu obedeci.


Rapidamente peguei as roupas masculinas que vi jogadas no carpete lilás de Vicky: uma calça jeans com cinto de couro, um par de chinelos, um boné de beisebol do time da Elite Way e uma polo azul-bebê. Voltei-me para Dulce, que me passou o peixe enrolado em jornal e uma das canetinhas roxas de Vicky. Ela me mandou escrever o seguinte:


Uma mensagem de Dulce Maria Saviñon: a amizade de vocês dorme com os peixes.


Dul escondeu o peixe no armário, entre os shorts dobrados de Vicky. Ouvi passos no andar de cima e dei um tapinha no ombro de dul, arregalando os olhos para ela. Ela apenas sorriu e sacou devagar a tinta spray. Enfiei-me pela janela e me virei para observar enquanto Dul se debruçava sobre a mesa e sacudia a lata de tinta calmamente. Com um movimento elegante — do tipo que você associaria a calígrafos ou ao Zorro —, ela pichou a letras DM na parede acima da mesa.


Ela esticou as mãos, e eu a puxei pela janela. Ela estava se levantando quando ouvi uma voz estridente gritando:


— QUE CACETE!


Peguei as roupas e saí correndo com Dul em minha cola.


Apenas ouvi, porém sem ver, a porta da frente da casa de Vicky se abrindo, mas não parei, nem me virei, nem mesmo quando uma voz grossa gritou:


— PARADOS!


E nem quando ouvi o som inconfundível de uma arma sendo engatilhada.


Ouvi Dul balbuciar a palavra “arma” atrás de mim — ela não parecia exatamente chateada a esse respeito, estava só fazendo uma observação —, e então, em vez de contornar a cerca viva, mergulhei por cima dela. Não sei muito bem como eu esperava aterrissar — talvez com um salto mortal artístico ou algo assim —, mas, de qualquer forma, eu me estabaquei no asfalto, pousando no ombro esquerdo. Por sorte, o montinho de roupas de Derick acertou o chão primeiro e amorteceu a queda.


Xinguei um palavrão e, antes que pudesse ao menos começar a me levantar,senti as mãos de Dul me puxando, e então estávamos de volta ao carro, eu dirigindo de ré com os faróis apagados. E foi assim que quase atropelei um cara seminu, a começar pela ausência do boné de beisebol do time do Elite Way.Derick estava correndo bem, mas não parecia estar indo para nenhum lugar em especial.



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Autor(a): Ree Vondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 3



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  • viciorbd Postado em 25/08/2014 - 14:25:59

    Posta mais

  • plopes Postado em 22/08/2014 - 11:46:01

    Leitora nova posta mais :)

  • dulcemariaeanahi Postado em 21/08/2014 - 19:54:48

    posta posta


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