Fanfic: O duque e eu ~ Adaptada | Tema: Vondy
A ama Hopkins se mostrou fiel à promessa. Quando o duque de Hastings se mudou para Londres e tentou fingir que não tinha um filho, ela passava o tempo inteiro com Christopher, preferindo palavras e sílabas, sem poupar elogios quando ele acertava e o encorajando quando errava.
O progresso foi lento, mas a fala do menino melhorou. Quando ele fez 6 anos, “n-n-n-n-n-n-não” havia virado “n-n-não”, e aos 8, conseguia dizer frases inteiras sem hesitar. Ele ainda se enrolava quando ficava nervoso e a ama tinha que lembrá-lo com frequência de que ele precisava se manter tranquilo e focado se quisesse que as palavras saíssem completas.
Mas Christopher era determinado, inteligente e, talvez o mais importante, muito obstinado. Aprender a tomar fôlego antes de cada frase e a pensar nas palavras antes de tentar pronunciá-las. Ficava atento à sensação em sua boca quando falava de maneira correta e tentava analisar o que dava errado quando não conseguia.
E finalmente, aos 11 anos, ele se virou para a ama, fez uma pausa para organizar os pensamentos e disse:
— Acho que está na hota de irmos ver meu pai.
A ama olhou para ele apreensiva. O duque não via o menino havia sete anos. E não respondera a nenhuma das cartas que Christopher lhe enviara. Tinham sido quase cem.
— Você tem certeza? — perguntou ela.
Christopher assentiu.
— Muito bem, então — concordou a ama. — Vou solicitar uma carruagem. Partiremos para Londres amanhã.
A viagem durou um dia e meio, e já era quase noite quando a carruagem parou diante da Casa Uckermann. Christopher olhava maravilhado para as movimentadas ruas da cidade enquanto a ama o conduzia pela escadaria da entrada. Nenhum dos dois jamais estivera na Casa Uckermann antes, de modo que, quando chegou à porta da frente, a ama não sabia o que fazer a não ser bater. A porta se abriu em segundos e eles foram observados de cima a baixo por um mordomo bastante imponente.
— Entregas são feitas pelos fundos — informou ele, estendendo o braço para fechar a porta.
— Espere um pouco! — disse a ama rapidamente, colocando o pé entre a porta e o batente. — Não somos criados.
O mordomo olhos com desdém para as roupas dos dois.
— Bem, eu sou, mas ele não — completou ela. Agarrou o braço de Christopher e o empurrou para a frente. — Este é o conde de Clyvedon, e seria prudente tratá-lo com o devido respeito.
O mordomo ficou boquiaberto e piscou várias vezes antes de dizer.
— Até onde ser, o conde de Clyvedon está morto.
— O quê? — gritou a ama.
— Com certeza eu não estou morto! — exclamou Christopher, com toda a justificada indignação de um menino de 11 anos.
O mordomo examinou o garoto, reconheceu imediatamente que ele tinha os traços dos Uckermanns e os fez entrar.
— Por que você pensou que eu estivesse m-morto? — perguntou Christopher, amaldiçoando a si mesmo por gaguejar, mas sem se surpreender. Era comum que isso acontecesse quando ficava com raiva.
— Não cabe a mim dizer — respondeu o mordomo.
— Certamente cabe — rebateu a ama. — Não se pode dizer uma coisa dessas a um menino da idade dele e não se explicar.
O mordomo ficou em silêncio por um instante e então finalmente falou:
— Sua Graça não se refere ao senhor há anos. Da última vez que alguém tocou no assunto, disse que não tinha filhos. Como pareceu muito triste com isso, ninguém levou a conversa adiante. Nós, os criados imaginamos que o senhor tivesse falecido.
Christopher sentiu as mandíbulas se apertarem e a garganta arder.
— Ele não teria ficado de luto? — questionou a ama. — Vocês não pensaram nisso? Como podem ter suposto que o menino estava morto se o pai não ficou de luto?
O mordomo deu de ombros.
— Sua Graça veste preto com bastante frequência. O luto não teria alterado esse costume dele.
— Isso é um ultraje! — decretou ela. — Exijo que vá chamar Sua Graça imediatamente.
Christopher não disse nada. Estava se esforçando muito para manter as emoções sob controle. Precisava fazer isso. Nunca conseguiria falar com o pai com o sangue fervendo daquela maneira.
O mordomo assentiu.
— Ele está no andar de cima. Vou avisá-lo agora mesmo da vossa chegada.
A ama começou a andar de um lado para o outro, descontrolada, resmungando baixinho e se referindo a Sua Graça com todas as palavras vis de seu surpreendentemente extenso vocabulário. Christopher permaneceu no centro da sala, plantado ali com os braços esticados ao lado do corpo enquanto respirava fundo.
Você vai conseguir!, gritava mentalmente. Você vai conseguir!
A ama se virou para ele, viu-o tentando dominar a raiva e deu um suspiro.
— Sim, isso mesmo — disse ela rapidamente, ajoelhando-se e tomando as mãos do menino nas suas. Sabia melhor do que ninguém o que aconteceria se Christopher tentasse encarar o pai naquele estado de espírito. — Respire fundo. E pense bem nas palavras antes de falar. Se você conseguir controlar...
— Vejo que ainda está mimando o menino — comentou uma voz imperiosa que vinha do vão da porta.
A ama Hopkins se endireitou e se virou devagar. Tentou pensar em algo respeitoso para dizer. Pôs-se a imaginar qualquer coisa que aliviaria aquela terrível situação. Mas ao olhar para o duque, viu Christopher nele e sua raiva se renovou. O homem podia ser igual ao filho fisicamente, mas com certeza não era um pai para ele.
— O senhor é desprezível — disparou ela.
— E a senhora está despedida — descretou ele enquanto a ama recuava — Ninguém fala assim com o duque de Hastings. Ninguém!
— Nem mesmo o rei? — provocou Christopher.
O duque deu um rodopio, sem sequer notar que o filho havia falado claramente.
— Você — disse ele em voz baixa.
Christopher assentiu. Havia conseguido dizer uma frase corretamente, mas uma frase curta, e não queria abusar da sorte. Não enquanto ainda estava tão perturbado. Em geral conseguia passar dias sem gaguejar, mas agora... a forma como seu pai o encarava fazia como se sentisse um bebê. Um bebê idiota. E de repente sua língua parecia estranha e grossa.
O duque sorriu de forma cruel.
— O que tem a dizer, menino? Hein? O que tem a dizer?
— Está tudo bem, Christopher — sussurrou a ama Hopkins, lançando um olhar furioso para o duque. — Não deixe que ele o perturbe. Você consegue, querido.
E de alguma maneira o encorajamento dela piorou tudo. O garoto fora até ali para provar seu valor ao pai, e agora sua ama o estava tratando como um bebezinho.
— Qual é o problema? — provocou o duque. — O gato comeu a sua língua?
Os músculos de Christopher ficaram tão tensos que ele começou a tremer.
Pai e filho se encararam pelo que pareceu uma eternidade, até que o duque praguejou e partiu em direção à porta.
— Você é meu pior fracasso — sibilou ele. — Não sei o que fiz para merecer isso, mas se Deus quiser nunca mais o verei novamente.
— Vossa Graça! — repreendeu a ama Hopkins , indignada. — Isso não é maneira de falar com uma criança!
— Tire-o da minha frente! — gritou ele. — Você pode ficar no emprego desde que o mantenha longe de mim.
— Espere!
O duque se virou lentamente ao som da voz de Christopher.
— Você disse alguma coisa? — perguntou ele com a fala arrastada.
O garoto respirou fundo pelo nariz três vezes, com os lábios ainda apertados de raiva. Forçou a mandíbula a relaxar e passou a língua no céu da boca, tentando lembrar a si mesmo a sensação de falar corretamente. Por fim, quando o duque estava prestes a mandá-lo embora de novo, ele abriu a boca e disse:
— Eu sou seu filho.
O menino ouviu a ama suspirar de alívio e algo que ele nunca vira antes brotou nos olhos de seu pai. Orgulho. Não muito, mas algum, espreitando nas profundezas. Algo que deu a Christopher uma centelha de esperança.
— Eu sou seu filho — falou mais uma vez, agora um pouco mais alto. — E não estou m...
De repente, a gargante fechou. E ele entrou em pânico.
Você vai conseguir. Você vai conseguir.
Mas a garganta estava apertada, a língua parecia grossa, e o pai começou a estretitar os olhos...
— Eu não estou m-m-m...
— Vá para casa — disse o duque em voz baixa. — Não existe lugar para você aqui.
Christopher sentiu no âmago a rejeição do pai. Experimentou uma espécie peculiar de dor tomando conta de seu corpo e envolvendo o coração. E, conforme o ódio lhe invadia e transbordava por seus olhos, ele fez uma promessa solene.
Se não podia ser o filho que o pai queria, então seria exatamente o oposto.
Sejam bem-vindas, meninas! É, alice_dul7_vondy1, o pai do Christopher é realmente um homem cruel :(
xx.
Autor(a): ny.carol
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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alice_dul7_vondy1 Postado em 30/08/2014 - 23:14:12
continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaa pfvr
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camilla_gabriel Postado em 30/08/2014 - 14:38:17
Oii, leitora nova amando,
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alice_dul7_vondy1 Postado em 30/08/2014 - 07:59:12
q susto pensei q chris era mudo com q um homen desse q q uma criançao fassa coisa de adulto
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gigi_rbd Postado em 24/08/2014 - 09:16:04
oi,sou leitora nova ja estou amando.continua