Fanfics Brasil - Capítulo 02 - V • Um Romance Inesquecível - Ponny - Adaptada

Fanfic: • Um Romance Inesquecível - Ponny - Adaptada | Tema: Rebelde


Capítulo: Capítulo 02 - V

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               Na manhã seguinte, ela caminhou pela sala de estar da mansão até chegar à beira de um tapete Aubusson que estava sobre o chão. Parou em frente a um antigo espelho americano e ficou olhando para o próprio reflexo. Seu rosto ficou desfigurado pelo vidro chumbado e a contorção pareceu-lhe correta.


                Tal como o espelho refletia, Anahí não se sentia muito ela mesma.


                Ela passou a mão pela saia e ajeitou a camisa de seda, embora nenhuma das peças precisasse de qualquer ajuste. Ela tinha colocado a mesma roupa que estava usando quando chegara. Afinal, aquilo era um negócio e qualquer peça da Chanel a fazia sentir-se sob controle.


                Anahí usava muitas roupas da Chanel.


                Sentindo-se inquieta, ela verificou as roscas dos pesados brincos de diamantes que estava usando. As duas estavam bem ajustadas. Olhou para seus sapatos. Nenhum sinal de sujeira neles. Não teria notado se houvesse algum rasgo ou alguma mancha que necessitasse de um jato de água. Sem nada em que pudesse se concentrar, ela manteve o pensamento focado na falta de oxigênio naquele cômodo arejado e banhado pela luz do sol.


                Foi até uma janela e abriu-a, sentindo a brisa fria e agradável do outono tocar o seu rosto. Do lado de fora, o lago estava calmo, o sol brilhava e o dia parecia cheio de promessas. Desejou com muito fervor que estivesse chovendo.


                – Ele acabou de chegar – avisou Dulce pela porta da sala.


                Anahí virou-se no mesmo momento em que Chistopher se aproximou da esposa e colocou as mãos sobre os ombros dela.


                – Está pronta? – perguntou ele.


                – Traga o sr. Herrera – respondeu Anahí quando a aldrava de bronze emitiu um ruído semelhante ao de um trovão.


                Tudo aquilo estava errado, pensou ela, enquanto Chistopher abria a porta. Ela não queria um segurança particular. O que ela desejava era que Vick estivesse viva. Desejava poder voltar para aquela noite de quinta-feira no Plaza para ver Vick sentada entre o marido e o embaixador, enquanto eles se serviam da sobremesa.


                Anahí brincava com o seu relógio, olhando para o mostrador de platina. Não contrataria quem quer que entrasse por aquela porta e lamentou ter aceitado participar de um encontro como aquele. Chistopher deve ter tido a melhor das intenções, mas ela sentia como se tivesse sido forçada.


                O que a fazia se sentir tão babaca nas mãos de homens controladores? Seu pai se dedicara totalmente a ela, mas também fora um homem controlador e opressivo. Ela havia aprendido a aceitar os lados bons e ruins dele, e lembrava a si mesma do quanto ele a amava mesmo quando fazia exigências incabíveis ou quando tentava controlar a vida dela. Mas ser capaz de enxergar ambos os lados do pai não era o mesmo que defender a si mesma – o que a levara a se casar com o homem errado.


                Seu marido, Rodrigo, tinha sido igualmente uma pessoa difícil. Com suas opiniões intransigentes sobre o que as mulheres devem ou não devem fazer, ele provou ser igual ao pai dela quando o assunto era dar ordens.


                Anahí emitiu um suspiro curto ao ouvir o som de vozes masculinas e, em seguida, o ruído de passos pesados.


                Já passava da hora de parar de ser polida e começar a assumir o controle de sua própria vida. Como consequência do seu desabafo na noite anterior, algum pobre rapaz tinha vindo sabe Deus de onde para desperdiçar seu tempo. Ela não queria esse tipo de ajuda. E não permitiria que a preocupação extrema de Chistopher Uckermann ou a preocupação mais ponderada de sua velha amiga a fizesse adotar um guarda-costas.


                Anahí fez uma careta. Em relação ao homem que viera para ser contratado, ela seria muito franca e se desculparia, dizendo a ele que aquilo havia sido um erro. Pagaria as despesas dele, claro. Sim, era a melhor coisa a ser feita.


                Anahí ergueu a cabeça e prendeu a respiração. Teve de piscar para se certificar de que não estava sonhando.


                – É você… – sussurrou ela, enquanto olhava para a expressão séria do homem que a beijara.


                Seu coração começou a bater acelerado.


                O que ele estaria fazendo aqui? Seria ele um…


                Claro, ele estava protegendo o embaixador naquela noite. Esse era o motivo pelo qual ele estava no baile. Era por isso que ele se destacava dos outros homens, como alguém mais forte, mais resistente, diferente.


                Pena que não era Vick a pessoa que ele estava protegendo.


                Ela engoliu em seco, sentindo um aperto na garganta. Ele estava exatamente da mesma maneira como se lembrava: mais forte que a existência e mais frio que gelo. O rosto dele era desenhado com traços arrojados, ancorados por um queixo em formato quadrangular e um nariz que parecia ter sido quebrado pelo menos uma vez. O corte de cabelo era curto, como o de um militar, e seus olhos eram penetrantes, intensamente azuis. Dessa vez, ele vestia uma jaqueta de couro preta e um jeans surrado, mas parecia tão autoritário quanto se estivesse vestindo um smoking.


                Quando ele ficou parado na frente dela, ela se lembrou exatamente de como se sentiu ao ser beijada por ele, mas não conseguiria decifrar o que ele estava pensando. O homem não esboçou a mínima emoção. Não houve o menor sinal de surpresa ou dúvida quando ele a olhou, nem mesmo curiosidade. Seu olhar obscuro não revelava nada, exceto inteligência e uma ligeira e velada ameaça.


                – Vocês se conhecem? – perguntou Chistopher.


                Como o homem não respondeu, Anahí murmurou:


                – Nós nos conhecemos… em uma festa. Recentemente.


                Chistopher arqueou uma das sobrancelhas quando Anahí aproximou-se do homem, estendendo a mão para cumprimentá-lo. Ela ficou nervosa por ter de se aproximar de Alfonso Herrera, com medo de acabar demonstrando o que havia acontecido entre eles.


                – É bom vê-lo novamente.


                Logo que ele tocou a palma de sua mão, ela sentiu como se estivesse sendo atingida por uma descarga elétrica. A sensação correu por entre os dedos, foi para o braço e atingiu-lhe o peito. Ela afastou-se dele rapidamente.


                Da mesma forma como fizera da primeira vez em que tocara a mão dele.


                – Você quer que a gente fique aqui com você? – perguntou Dulce. – Enquanto vocês conversam?


                Anahí balançou a cabeça e os dois a deixaram sozinha. Com ele.


                – Você não vai se sentar? – perguntou ela.


                Anahí notou um traço de deboche no olhar do homem quando ele pegou uma cadeira que estava em frente ao sofá e inclinou-se para sentar. Mesmo sentado, ele ainda parecia alto, pensou ela.


               


                 – Você não parece surpreso em me ver – afirmou Anahí no sofá, ao cruzar as pernas. Os olhos dele acompanharam o movimento e continuaram sobre as pernas de Anahí, antes de subirem para o rosto dela.


                – Não me coloco em posições nas quais eu possa ser surpreendido – a voz dele soou profunda e grave, demonstrando total confiança.


                Ele era todo másculo, orgulhoso, arrogante e com o ego elevado, resultado de uma sobrecarga de testosterona. Claro, ele parecia mais duro que uma pedra, e talvez isso justificasse o excesso de autoconfiança. Certamente ela não gostaria de provocar a sua raiva. Afinal, já tinha feito isso uma vez e tudo o que aquilo lhe causara fora uma ilusão – e ela poderia muito bem viver sem.


                – Então, vamos falar do motivo que me trouxe até aqui – ele cruzou os braços. Ondas de impaciência invadiam seu corpo e perpassaram seu tom de voz baixo.


                Anahí colocou os dedos sobre sua aliança e começou a girá-la no próprio dedo. Quando ele manteve o olhar afiado sobre o movimento que ela fazia, Anahí teve de se esforçar para permanecer parada.


                Ela deveria apenas pedir que ele fosse embora, como havia planejado e como faria se houvesse um estranho sentado naquela cadeira.


                Ele era um estranho, ela tratou de lembrar a si mesma.


                – Temo que você tenha perdido o seu tempo – quando ela encerrou a frase, ele ergueu as sobrancelhas. – Quero dizer, não acho que você possa me ajudar. Eu… eu não acho que preciso de ajuda.


                Ao tropeçar nessas palavras, ela se perguntou onde diabos estava com a cabeça naquele momento. Provavelmente no mesmo buraco negro no qual a vida dela tinha caído.


                – Posso reembolsar a sua viagem até aqui – acrescentou ela, rapidamente.


                – Tenho certeza disso – respondeu ele com a voz arrastada, olhando para os anéis dela. Havia um desprezo sutil em seus olhos e uma compressão em seus lábios que sugeriam que existiam outros lugares onde ele gostaria de estar naquele momento.


                Ela se irritou com o tom de voz e a expressão dele. Diria que ele não pensou propriamente nela. Então por que ele veio? Para fazer um favor a Chistopher?


                – E peço desculpas por qualquer inconveniente.


                 – Que gentil de sua parte…


                O silêncio pairou entre eles.


                – Apenas acho que não estou em perigo o suficiente para precisar de um guarda-costas.


                – É mesmo?


                – Sim. Chistopher insistiu em chamar você. Não foi ideia minha.


                – Ah! Sério?


                Anahí o fitou. Ele retribuiu com um olhar entediado.


                Ele poderia pelo menos fingir interesse, pensou ela.


                Ela cruzou os braços, percebeu que estava imitando o gesto dele e tratou de colocar as mãos sobre o colo. Anahí tinha uma vontade absurda de gritar; já estava se irritando com o silêncio fúnebre dele, que a fazia se sentir como uma tola, uma pessoa qualquer.


                Ela estreitou o olhar e cedeu ao desejo ingênuo de falar com ele. Apenas para provar que ela podia.


                – Moro em Nova York e trabalho lá também. Você já ouviu falar da Puente Foundation? – antes que ele pudesse responder, ela continuou falando, como se as palavras fossem uma maneira de conter um pouco a ansiedade. Um pouco de frustração. Talvez o impulso sexual. Ela quase recuou. – Minha família deu início às atividades da Fundação no final dos anos 1800. Oferecemos subsídios a estudiosos, historiadores de arte, arqueólogos e a qualquer pessoa que esteja estudando seriamente a história americana…


                Ele ergueu a mão para interrompê-la. Havia uma cicatriz no meio da palma da mão dele e ela se perguntou o que teria causado o ferimento. Uma luta corporal?


                – Vamos pular o óbvio. Conte-me algo que eu não sei. Você pode pular qualquer informação que seja de domínio público.


                Anahí franziu a testa quando ele cortou a fala dela.


                – Moro na Park Avenue…


                – Eu sei.


                – Meu escritório é na…


                Ele arqueou uma sobrancelha.


                Anahí lançou-lhe um olhar comedido.


                – Odeio musicais e comida mexicana me dá gases. Mas como esse tipo de comida mesmo assim.


                Para surpresa dela, ele contorceu um canto da boca.


                Então o sr. Durão pode amolecer um pouco, pensou ela com uma sensação de contentamento.


                – Você não sabia dessas informações? – ela o desafiou.


                Herrera não desviou o olhar dela.


                – Não.


                – Bom. Vamos ver. Sou fã de romances. Gaelen Foley escreve histórias fabulosas…


                – Não quero saber o que você lê – interrompeu ele, escarnecendo. – E não me importo nem um pouco com o seu funcionamento intestinal. Por que não vamos direto ao ponto?


                Anahí contraiu os lábios. Qualquer possibilidade de desprezar o serviço dele de uma maneira polida e pensada foi por água abaixo. Seu temperamento estava começando a fervilhar seus pensamentos e ele, enquanto modelo de tranquilidade, parecia perfeitamente satisfeito por observá-la em ebulição.


                Bem, os dois poderiam jogar o mesmo jogo de frieza e arrogância. Graças ao exemplo ártico de sua mãe, Anahí era mestra em congelamento.


                Ela limpou a garganta.


                – Vou lhe propor algo: por que não compartilha o que desenterrou sobre mim? Assim eu paro de aborrecê-lo.


                Seus olhos se chocaram enquanto ela esperava que ele se pronunciasse.


 
 Esporte de origem norte-americana em que os jogadores utilizam um bastão chamado de crosse. (N.T.) 



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Autor(a): barbieruiva

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 7



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  • beca Postado em 12/11/2014 - 16:41:56

    Sumiu?

  • barbieruiva Postado em 11/09/2014 - 09:27:02

    Olá meninas, estão gostando? Leitores fantasmas, apareçam :(

  • barbieruiva Postado em 04/09/2014 - 10:11:52

    Oii Beca, fico feliz que esteja gostando! Seja bem-vinda! Vou postar :)

  • beca Postado em 04/09/2014 - 08:49:09

    Leitora nova continua

  • iza2500 Postado em 22/08/2014 - 16:34:16

    amando a fic, amei o beijo de los A <3, postaaaaaaaaaa mais!!!!!!

  • barbieruiva Postado em 22/08/2014 - 14:16:52

    Olá Iza, seja bem-vinda! Vou postar sim, essa história é super bacana!Creio que vai adorar ;) Obg por comentar!

  • iza2500 Postado em 22/08/2014 - 11:52:11

    Continuaaaaaaaaaaaaa...


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