Fanfic: • Um Romance Inesquecível - Ponny - Adaptada | Tema: Rebelde
Ela virou-se bruscamente.
– A sala de jantar é por aqui.
Mas ele caminhou até o piano, contornando-o. Era um Steinway, e sua superfície preta laqueada brilhava sobre a luz suave. Ele ergueu a proteção que cobria as teclas e, com o polegar e o dedo mínimo, dedilhou facilmente toda uma oitava, de um dó ao outro. O som era rico e rebuscado. A mão dele mudou de posição e ele tocou um acorde maior e, em seguida, um acorde menor. Bom movimento, perfeitamente sintonizado.
Excelente instrumento.
– Você toca? – Anahí ficou surpresa ao ouvir o som das notas.
Herrera fechou a proteção das teclas.
– Não.
Ele não contaria a ela que a música tinha sido sua salvação quando era jovem e que era também uma das poucas maneiras de encontrar paz como adulto.
Na maior parte do tempo, a vida dele não era tranquilidade. Pelo contrário: vivia atento, concentrado, vigilante. Contudo, nas raras ocasiões em que necessitava de um tempo, o piano podia acalmá-lo, levá-lo a águas mais tranquilas. Tai chi talvez fosse a única forma de fazê-lo relaxar totalmente.
Herrera foi até a sala ao lado, onde havia uma grande mesa de mogno e doze cadeiras. O lustre de cristal pendurado em um medalhão de gesso ornamentado brilhou quando ela acendeu as luzes. Tal qual na sala de estar, havia cortinas pesadas de seda na cor creme penduradas nas janelas, presas por cordas de cetim com borlas.
Herrera olhou para ela do outro lado da mesa reluzente. Naquele vestido vermelho, com aqueles diamantes, ela pertencia àquela sala real.
Ele teve que se perguntar como ela ficava com o cabelo solto. Fazendo amor. Imaginou-a com a cabeça para trás no auge da paixão, aquelas unhas bem-feitas agarrando o lençol enquanto seu corpo estremecia no momento do orgasmo, sua boca exalando palavras roucas repletas de desejo.
Isso era algo que ele desejava ver.
E era uma pena constatar que aquela cena nunca se realizaria, disse para si mesmo com determinação. Porque a menos que ela se engasgasse com um osso de galinha e fosse necessário executar a manobra de Heimlich, ou que ela desmaiasse e precisasse ser reanimada, ele não se aproximaria dos lábios nem do corpo dela novamente.
Quando ele a agarrara naquele corredor, ela não era sua cliente. Era uma mulher desejada que tinha brincado com ele e que precisava de uma lição. Agora, ele tinha aceitado a responsabilidade de mantê-la viva. Isso significava que as suas fantasias poderiam criar todos os tipos de ficção que desejassem, mas que ele não faria droga nenhuma para torná-las realidade.
Herrera a seguiu até uma porta vaivém que levava até a gigantesca cozinha. Havia um fogão enorme em um canto, uma geladeira grande de aço inoxidável em outro e muitas bancadas de granito entre eles. O ambiente era surpreendentemente repleto de alta tecnologia, considerando o estilo velho mundo que o resto do apartamento tinha.
– Agora você já viu tudo – ela estava com a voz esgotada.
– Você tem alguma empregada que dorme aqui?
Anahí balançou a cabeça.
– Tenho uma empregada que vem durante o dia. Agora, se você não se importar, vou lhe mostrar o seu quarto.
– E vou ter de ver onde você dorme.
Ela desviou o olhar dele.
– Claro.
No caminho até a outra extremidade da cobertura, ela pegou os sapatos e ele ficou surpreendido ao perceber o quanto ela parecia humana. Em vez dos diamantes e dos vestidos extravagantes, ela era apenas uma mulher exausta que provavelmente passaria a noite inteira com os pés doloridos.
– Há quanto tempo você mora aqui? – perguntou ele.
– Aproximadamente cinco anos.
Ela o levou até um quarto grande onde havia um conjunto de camas de casal. As paredes eram revestidas de seda azul-escura e o tapete oriental no chão de madeira estava coberto com plástico.
Ela hesitou antes de abrir uma das portas duplas. Lá dentro, ele avistou uma banheira clássica com pés de garra e várias toalhas.
– Como eu disse, você vai ter de usar o meu banheiro. Estou reformando o outro.
Ao observá-lo, os olhos de Anahí brilharam, mas logo ela desviou o olhar.
– Meu quarto é por aqui.
Ela o levou um pouco mais adiante no corredor.
O quarto principal era decorado com vários tons de creme. Havia um conjunto de portas francesas que levavam até o terraço e muitas janelas. Ele ficou satisfeito com os sensores de movimento.
Ao olhar ao redor, Herrera viu uma fotografia numa cômoda de estilo americano antigo. Ele se aproximou da foto e olhou firmemente para o rosto do conde Rodrigo Portilla.
– Cara bonito – comentou o segurança.
– Do que está falando? Ah! Disso. Continuo querendo jogar fora essa foto.
– Guardando as lembranças de ilusões passadas, condessa?
Ao olhar para Anahí, ele ficou surpreso. Ela estava com os lábios cerrados e seus olhos verdes brilhavam com furor e raiva, embora aquele mero comentário tivesse sido algo completamente superficial para ele.
Ela ainda não tinha superado o fim do casamento, pensou ele. Por mais que ela afirmasse que não amava mais aquele homem.
– Permita-me ser bem clara, sr. Herrera. Não gosto de ser ridicularizada.
Ao olhar para ela, Herrera gostou da forma como ela demonstrou força de vontade.
– Por favor, me chame de Alfonso. Esse negócio de senhor é irritante.
Com um movimento rápido, ela pegou a calda do vestido luxuoso e caminhou firmemente até ele, com a cabeça erguida.
Quando ela o olhou com indignação, Herrera sentiu um arrepio percorrendo o seu corpo. Eram poucas as pessoas que ousavam enfrentá-lo. Christian era uma delas. Talvez Eddie. As pessoas ricas que o contratavam sempre o tratavam com consideração e respeito, como os agentes governamentais e os líderes políticos com os quais ele lidava. Os cidadãos comuns geralmente se mantinham bem longe dele.
Ainda assim, aquela mulher, que era quase treze centímetros mais baixa que ele, esta dama descalça e com um vestido luxuoso, estava olhando-o com tamanha autoridade e senso de controle que ele se lembrou do seu comandante do batalhão Ranger6, em Fort Benning.
Ele a achava atraente quando estava toda arrumada e bem vestida. Enfurecida, ela era incrivelmente espetacular.
– Sr. Herrera, se vamos viver juntos e dividir a mesma casa, você terá de diminuir o seu ego e a arrogância que o acompanha. Já tive de suportar um pai que queria me dominar e um marido que tentou. Não tolero mais homens autoritários.
Deus do céu! Ele sentiu vontade de beijá-la de novo. Ele realmente desejou, desejou muito beijá-la novamente.
Herrera sorriu. Algo semelhante à luz do sol estava correndo pelas suas veias como se estivesse despertando partes adormecidas há anos. Ele sentiu certa vontade de sorrir. Jogar a cabeça para trás e gargalhar a ponto de ficar com o abdômen dolorido.
Quem poderia imaginar que todo aquele fogo estava escondido debaixo de uma pele tão fria e rija? E por que ele estava tão surpreso? Já tinha sentido um desejo intenso por ela uma vez.
– E então? Estamos entendidos? – insistiu ela. – Estou disposta a colocar a minha vida em suas mãos e a seguir as suas ordens, mas não vou aceitar ser ridicularizada.
Herrera inclinou a cabeça num gesto que poderia significar absolutamente nada.
Ele estava pensando que depois que tudo aquilo acabasse, talvez pudessem passar a noite juntos. Dessa forma, suas fantasias não se transformariam em uma fonte de frustração. Elas seriam simplesmente um prelúdio.
Não é uma má ideia, decidiu ele, sentindo-se satisfeito consigo mesmo.
Ela emitiu um som de aborrecimento e inclinou a cabeça em direção à porta aberta.
– Este é o meu banheiro.
– O que tem ali? – ele apontou para uma porta dupla.
Anahí caminhou em direção às portas e abriu-as. Uma luz acendeu deixando à mostra fileiras de roupas penduradas. Ternos, camisas, calças e vestidos de gala. No chão, sapatos de todos os formatos e cores imagináveis.
Anahí respirou fundo e Herrera observou enquanto ela aliviava os ombros ao se virar para ele. Agora que toda a raiva tinha passado, ela parecia exausta por suportar o peso do próprio corpo.
– Quando foi a última vez que você dormiu a noite inteira? – perguntou ele.
A expressão dela encheu-se de surpresa.
– Antes de o meu pai morrer – ela fez uma pausa. – Na verdade, mais especificamente um pouco antes do meu casamento.
Anahí olhou ao redor, e aparentemente se deu conta de que não tinha para onde ir, então ficou num impasse.
– A que horas você vai se levantar amanhã? – Herrera perguntou.
– Cedo. Às seis. Vou fazer corrida.
– Vou com você.
– Tudo bem – ela hesitou. – Vai ficar comigo o dia todo?
– Sim.
– Não vai ser chato?
– Estarei ocupado.
– Fazendo o quê?
– Observando você.
Os olhos dela reluziram. Estavam repletos de vulnerabilidade e de uma indagação inconsciente que o excitava.
Ela franziu a testa, como se algo tivesse lhe ocorrido.
– Me diga uma coisa. Você gosta do que faz?
Quando se tratava de proteger alguém como ela, sim, ele gostava muito, pensou Herrera. Mas ele não respondeu a pergunta.
– Você vai dormir bem essa noite – afirmou ele em vez de responder a pergunta, ao sair do quarto. – E mantenha a porta aberta. Preciso ouvi-la daqui.
– Herrera?
Ele parou e olhou para trás.
– Obrigada. Eu realmente fico muito…
Ele a interrompeu, falando a mesma coisa que dizia a todos os seus clientes.
– Não perca o seu tempo com demonstrações de gratidão. Temos um acordo profissional. Tudo o que você precisa fazer é me pagar no final e eu ficarei satisfeito.
O olhar dela se desvaneceu.
– Tudo bem.
Uma sensação estranha invadiu o peito de Herrera enquanto ele se afastava.
Ocorreu-lhe que ele tinha ferido os sentimentos dela. De novo.
E, de alguma forma, machucá-la também o feria. Enquanto entrava no seu “novo” quarto, ficou se perguntando o que diabos havia de errado com ele. Quando foi que começou a se preocupar com os sentimentos dos outros?
E particularmente com os sentimentos da condessa?
UniPascoal States Army Rangers, os Rangers, são os membros de elite do exército americano. (N.T.)
Autor(a): barbieruiva
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Capítulo 7 Anahí acordou num movimento súbito, remexendo os braços no lençol da cama. Esticando o corpo tenso diante da luz fraca do amanhecer, ela esperou por algum sinal do que poderia ter perturbado o seu sono e despertado-a daquela forma. ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 7
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beca Postado em 12/11/2014 - 16:41:56
Sumiu?
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barbieruiva Postado em 11/09/2014 - 09:27:02
Olá meninas, estão gostando? Leitores fantasmas, apareçam :(
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barbieruiva Postado em 04/09/2014 - 10:11:52
Oii Beca, fico feliz que esteja gostando! Seja bem-vinda! Vou postar :)
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beca Postado em 04/09/2014 - 08:49:09
Leitora nova continua
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iza2500 Postado em 22/08/2014 - 16:34:16
amando a fic, amei o beijo de los A <3, postaaaaaaaaaa mais!!!!!!
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barbieruiva Postado em 22/08/2014 - 14:16:52
Olá Iza, seja bem-vinda! Vou postar sim, essa história é super bacana!Creio que vai adorar ;) Obg por comentar!
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iza2500 Postado em 22/08/2014 - 11:52:11
Continuaaaaaaaaaaaaa...