Fanfic: • Um Romance Inesquecível - Ponny - Adaptada | Tema: Rebelde
Seus olhos desviaram-se do rosto bem conservado da mãe e percorreram o salão que ela conhecia tão bem. O lugar a fazia pensar no pai. Adorava jantar sozinha com ele. A primeira vez tinha sido para comemorar um aniversário quando ela era menina e, depois que ela cresceu, os dois faziam isso com maior regularidade.
O pai a observava atentamente enquanto ela falava, e ficava o tempo todo passando o cabo de uma colher de chá de prata na toalha pesada de linho. Ela ainda podia ouvir o som áspero que aquele gesto provocava. Seu pai mexia a colher em círculos ao mesmo tempo em que a escutava. Quando ia falar, desenhava quadrados invisíveis e ressaltava os cantos ao emitir suas opiniões.
Esses momentos tinham sido a melhor parte do relacionamento entre pai e filha. A sensação de perda a fez levar as lembranças para outro momento. Um momento de maior privacidade.
Olhou para Herrera novamente e enrijeceu o corpo. Ela percebeu que as suas maneiras e o seu sorriso forçado eram cuidadosamente observados por aqueles olhos misteriosos. Herrera sabia, Anahí imaginou, que ela estava exausta, tensa e solitária. Será que ele também sabia que ela tinha odiado aquele prato que a mãe pediu para ela?
– Anahí – chamou a mãe com a voz ríspida.
Ela virou a cabeça.
– Desculpe. O que você estava dizendo?
– Perguntei de Rodrigo.
Anahí apertou o garfo.
– Ah, ele está bem.
– Seu marido é um homem maravilhoso. Você sabia que ele escreveu para mim?
– Quando? – ela tentou manter o rosto relaxado. Livre de qualquer expressão de raiva. Agradável.
Por dentro, perguntava-se por que diabos Rodrigo tinha entrado em contato com a mãe dela. Agora que eles estavam separados, ele poderia voltar para a própria família. Fez um lembrete mental para conversar com o seu advogado sobre isso.
– A carta chegou na semana passada. Ele disse que estava indo para a cidade e que nós três poderíamos ficar juntos.
O tom de desaprovação, o mesmo que já tinha feito Anahí comprimir os ombros como se estivesse com um torninho ao redor da coluna, regressou.
– Achei que você o traria hoje.
– Ele está ocupado.
– Bem, eu imaginei. Pode dizer a ele que mandei lembranças?
– Claro.
– Agora me diga, quando vocês vão ter filhos?
Anahí engasgou com o peixe. Ao tossir, ela se atrapalhou para levar o guardanapo à boca.
A mãe não perdeu tempo:
– O aniversário de um ano de casamento de vocês está chegando. Está na hora de um bebê, você não acha? Seu pai perdeu a chance de conhecer os netos. Não quero que aconteça o mesmo comigo.
Anahí tomou um gole d´água. Depois outro.
– Estou bastante ocupada com a Fundação agora. Não posso…
Uma mão impaciente interrompeu as palavras dela.
– Deixe Gastão cuidar dos negócios. Era isso que o seu pai queria.
Os olhos de Anahí reluziram. Devagar, ela colocou o copo de volta à mesa.
– O que você disse?
– Sinceramente, você não pode achar que ele gostaria de ver você enfiada naquele escritório o tempo todo, triste. Foi por isso que ele preparou Gastão. Além disso, o que você pode saber sobre a administração da Fundação? Eu estava conversando com Charles Bainbridge outro dia e falando que você realmente estava sofrendo muita pressão pelo estresse. Você precisa cuidar de Rodrigo agora e não se preocupar com os negócios. Charles concordou.
Anahí sentiu o sangue correr pelas bochechas. Bainbridge era o presidente do conselho e o líder dos homens que estavam se virando contra ela na Fundação.
A mãe parecia preocupada.
– Querida, você não está comendo. O peixe não está do seu gosto? Vou chamar Edward.
Quando a mãe começou a levantar a mão, Anahí interviu:
– Não, não, o salmão está ótimo.
No silêncio que se seguiu, Anahí tentou manter o temperamento sob controle.
– Mamãe, como você pôde fazer isso? – perguntou ela, com calma.
A mãe a olhou com surpresa.
– Como?
– Como você pode me comprometer desse jeito?
– Meu Deus! Você está falando de Bainbridge? Eu lhe fiz um favor. Você realmente não pode assumir a responsabilidade…
– Eu sou a única que decidirá sobre isso.
Marichello Puente franziu o cenho. Enquanto a expressão da mãe se tornava gélida, Anahí se esforçou para não ser absorvida pela censura da mulher.
– Acho esse comentário e a sua atitude muito indelicados.
Anahí respirou fundo.
– Sinto muito, mamãe. Mas sei que posso ser o que a Fundação precisa e quero uma chance de provar isso. Falar sobre mim para Bainbridge pelas minhas costas não vai me ajudar a atingir os meus objetivos – enquanto a mãe a olhava fixamente, ela jogou a carta mais forte do baralho. – Além disso, você realmente quer ver alguém que não seja um Puente administrando a Fundação?
Aquilo fez a ficha cair. Devagar, ela abaixou a guarda.
– Você e o seu pai sempre foram iguais. Quando ele metia na cabeça que ia fazer alguma coisa, nada poderia detê-lo. Porém, ainda acredito que o seu foco deva ser Rodrigo e a família que você deseja ter com ele. Era assim que eu agia com o seu pai, e veja como o nosso casamento foi bem-sucedido. Você não almeja esse tipo de realização?
Como se o casamento fosse um jogo a ser ganho, uma quadra onde se obtém a vitória sobre o adversário.
Se as coisas fossem assim, pensou Anahí, ela preferiria ter apenas uma boa parceria a ter algo digno de um troféu social.
Anahí fez um esforço para mudar de assunto.
– Mamãe, sabia que vamos fazer uma homenagem ao papai no baile desse ano?
– Ah, minha linda. Você sabe que foi seu pai quem começou a tradição do baile.
– Eu sei – Anahí retrucou com a fala esgotada.
– Era 1962 quando ele teve a ideia. O primeiro baile aconteceu na nossa própria casa…
Quando os pratos foram retirados, o garçom perguntou se elas gostariam de sobremesa.
– Não, não queremos – respondeu a mãe. – Só café. Puro.
Anahí desejou que tivessem pulado a parte do café quando sua mãe disse:
– Você não parece bem.
– Não? – ela pegou seu copo d’água novamente e racionou a quantidade que bebeu. Queria poupar o último centímetro de água ou mais para o caso da mãe lançar outra bomba e ela se sentir sufocada de novo.
– Não. E você parece muito distraída hoje. Não está dormindo direito, não é?
– Ando muito ocupada.
– Está sofrendo por causa da morte do seu pai?
As palavras foram ditas em som tão baixo que Anahí quase não as ouviu.
Ela ergueu a cabeça, surpresa.
– Sim, estou. Sinto muita falta.
O café chegou com a conta. Marichello assinou cuidadosamente a parte inferior seguida de WH110. Ela ficou um tempo com a caneta na mão, olhando para o pedaço de papel.
Depois, a mãe de Anahí elevou o olhar e o repousou sobre a chama da vela que queimava e que estava entre elas na mesa.
– Vocês eram muito próximos. Você venerava o seu pai. Lembro que, quando você era uma garotinha, te encontrei escondida dentro do closet. Ele estava viajando havia uma ou duas semanas, a negócios. Você tinha ido até o closet dele, pegado umas roupas e vestido um dos ternos dele. Colocou uma gravata no pescoço que chegava quase até o chão. Acho que você tinha uns cinco ou seis anos.
Anahí lançou um sorriso triste.
– Eu me lembro disso. Você ficou furiosa porque eu não podia entrar no quarto de vocês…
– Eu fiquei? Não me lembro. O que lembro é da sua explicação. Você me disse que, como ele estava viajando, precisava fazer o trabalho dele, mas não tinha uma roupa adequada para ir trabalhar. Aquilo foi muito emocionante.
Os olhos da mãe de Anahí se encheram de lágrimas – uma mudança pequenina e fácil de deixar escapar. Anahí estendeu a braço até o outro lado da mesa e segurou a mão de sua mãe. Ficou surpresa porque as duas permaneceram ali, segurando a mão uma da outra por alguns momentos.
– Você sempre respeitou muito ele – murmurou a mãe. – A confiança entre vocês era invejável.
Anahí fez uma careta. Invejável? Que maneira estranha de se expressar, pensou ela. Sobretudo partindo da mãe, que passou sua vida inteira apoiando o homem.
Marichello se recompôs, colocou a caneta sobre a mesa e levou a xícara de café à boca. Em poucos segundos, ela piscou uma série de vezes.
– Você sente a falta dele? – perguntou Anahí em voz baixa.
– Claro que sim. Vivi com aquele homem quarenta e seis anos. Você se acostuma a ter a pessoa sempre por perto. Como está o seu café? O meu esfriou um pouco.
Anahí suspirou. Ela nunca tomava nada à base de cafeína àquela hora da noite e não tinha a menor intenção de experimentar o que estava na xícara à sua frente.
– O meu está bom – murmurou ela.
– Lembrei-me de uma coisa – disse a mãe. – Vamos fechar a Willings mais tarde esse ano por causa da morte do seu pai. Quero que você venha para o Columbus Day, que será num final de semana em Newport.
– Ok.
– Venha com Rodrigo – os olhos da mãe penetraram a borda da sua xícara de café.
Anahí tencionou o corpo.
Deveria apenas ouvir a frase e passar por cima daquilo, pensou ela. Não mudaria de ideia em relação ao divórcio e o tempo não mudaria a reação da mãe.
– Mamãe, preciso falar com você sobre uma coisa.
Uma voz masculina e familiar a interrompeu.
– Sra. Puente! Como vai?
– Dérrick James! – exclamou Marichello, retribuindo o beijo na bochecha. – Estava esperando que você viesse falar comigo. Como você está?
– Estou bem – Dérrick sorriu e seu rosto de realeza pareceu menos austero.
– Como está Blair?
– Ótima, em vários sentidos.
Anahí viu a mãe sorrir e deixou a conversa de lado. Aproveitou para olhar para Herrera, que estava tomando café enquanto mantinha o olhar fixo sobre ela.
– Você ouviu isso, Anahí?
– Desculpe. O quê?
– Dérrick e Blair também vão para o Columbus Day.
– Que ótimo!
Anahí ofereceu um sorriso entusiasmado para o velho amigo, mas ao olhar nos olhos dele, ela sabia que não poderia enganá-lo.
Quando ele se virou para sair, colocou a mão sobre o ombro dela.
Ao inclinar o corpo para beijá-la, ele sussurrou:
– Pode me ligar se quiser conversar, ok?
Ela assentiu, colocando a mão sobre a dele.
– Obrigada.
Dérrick caminhou em direção à saída do restaurante, acenando para alguns dos outros clientes.
– Que cavalheiro esse Dérrickson – disse a mãe de Anahí. – Sabe, se você não tivesse encontrado Rodrigo, ele seria o homem perfeito para você se casar. Os James são uma família excelente e ele é muito bem-sucedido.
– Sim, ele é.
A mãe olhou para o relógio de pêndulo.
– Já está tarde. Preciso ir.
Enquanto caminhavam para a chapelaria, Marichello Puente perguntou:
– Você ia me dizer alguma coisa antes de Dérrick chegar?
– Não era nada, mamãe. Nada de importante.
A sigla refere-se às iniciais do sobrenome Puente Portilla, e o número 1 à primeira titular. (N.T.)
Autor(a): barbieruiva
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 7
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beca Postado em 12/11/2014 - 16:41:56
Sumiu?
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barbieruiva Postado em 11/09/2014 - 09:27:02
Olá meninas, estão gostando? Leitores fantasmas, apareçam :(
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barbieruiva Postado em 04/09/2014 - 10:11:52
Oii Beca, fico feliz que esteja gostando! Seja bem-vinda! Vou postar :)
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beca Postado em 04/09/2014 - 08:49:09
Leitora nova continua
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iza2500 Postado em 22/08/2014 - 16:34:16
amando a fic, amei o beijo de los A <3, postaaaaaaaaaa mais!!!!!!
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barbieruiva Postado em 22/08/2014 - 14:16:52
Olá Iza, seja bem-vinda! Vou postar sim, essa história é super bacana!Creio que vai adorar ;) Obg por comentar!
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iza2500 Postado em 22/08/2014 - 11:52:11
Continuaaaaaaaaaaaaa...